No carnaval de Veneza, a Camélia não quebra a espinha

Máscara do carnaval veneziano

Máscara do carnaval veneziano

Adeus à carne! Que comece o carnaval! Festa popular de muita alegria, de amores feitos e desfeitos, de gente com samba no pé, swing do axé ou que desfila no afoxé; de mulatas estonteantes com quadris articulados, de foliões animados com confete grudado no corpo suado e de carnavalesco rouco – mas não menos entusiasmado – de tanto cantar seu samba-enredo pra lá de animado; de multidões ensandecidas atrás de trios elétricos pela Bahia; de passistas pernambucanos mostrando que o frevo é pura euforia, e de plateia assistindo aos desfiles das escolas de samba até o último dia. O carnaval é 10! Nota 10!

Só se for para você. Detesto o carnaval! Além de não me alinhar com toda essa algazarra que para o Brasil por cinco ou mais dias, desde criança, mantenho uma relação psicológica com alguns fatos que me fazem gostar menos da festa mais tradicional do país. A TV intercala notícias de enchentes, desabamentos e acidentes nas estradas com flashes das principais festas e desfiles. E se você é um contemporâneo meu, deve se lembrar da quantidade de carnavalesco que caía dos carros alegóricos e morria. Eu perguntava para minha mãe “O que aconteceu com ele?”, e ela dizia “Caiu do carro, quebrou a espinha e morreu”. Meu Deus, quanta tragédia! Minha psicose era tanta que, ao ouvir a marchinha A Jardineira, de Orlando Barros, eu entendia “Foi a Camélia que caiu do galho, quebrou a espinha e depois morreu“.

Loja e fábrica de máscaras Ca' Macana, em Veneza

Loja e fábrica de máscaras Ca’ Macana, em Veneza

Se cresci carnavalfóbico ou não, o fato é que não estou disposto a incluir despesas com analistas no meu orçamento para tentar curar o trauma. Prefiro gastar dinheiro com viagens, que são meu melhor remédio. São antidepressivas, potenciais produtoras de serotonina, adrenalina, dopamina e noradrenalina.

O Élcio, que também tem aversão à folia de despedida da carne, reconhece esse poder curativo do sumiço pelo mundo. No último carnaval, propôs uma terapia de choque: enfrentar a festa pagã junto a mais de mil palhaços no salão. Mas em Veneza.

Movimento de foliões na Riva degli Schiavoni, em Veneza

Movimento de foliões na Riva degli Schiavoni, em Veneza

Na verdade, não foi proposto nenhum tratamento de choque. Nosso destino era a Polônia. Numa varredura obcecada pela internet, meu amigo encontrou uma passagem bem em conta pela Swiss, partindo de São Paulo, com escalas em Zurique e Veneza. Para mim, pingar de aeroporto em aeroporto deixou de ser um problema faz tempo. Numa entrevista publicada na revista Trip (n.º 230, março de 2014), o diretor de cinema Karim Aïnouz disse “Amo aeroporto, conexão longa, tudo. É um momento bom, porque a gente não tem que controlar nada“. É a mais pura verdade. Passei a pensar da mesma forma. De mais a mais, a sensação de estar viajando já é uma das melhores. Adoro arrastar malas pelos aeroportos, sondar free shops, comer e ver filmes no avião, fingir – nem sempre – que estou impaciente por estar plantado num saguão à espera do voo, entre outras “mazelas” a que o turista tem que se submeter. Obviamente, os atrasos me estressam, pois extorquem preciosas horas dos roteiros já planejados.

O Élcio aproveitou esse longo trajeto de ida à Polônia e o destrinchou, reservando três dias para conhecermos a cidade italiana dos canais. Contudo, não atinou que a viagem aconteceria no início de fevereiro de 2015, auge do carnaval veneziano. Não que a festa fosse indesejada, mas, como se sabe, o turismo em Veneza nessa época do ano é caro. De passagens já compradas, não tivemos outra alternativa senão fazer a tal terapia de choque.

Na Piazza San Marco, em Veneza

Na Piazza San Marco, em Veneza

PRIMEIRO DIA – Sexta-feira, 6/2/2015

Noite no entorno da Piazza San Marco

Uma série de contratempos e intempéries fez com que perdêssemos o voo de São Paulo para Veneza. A história é longa e complicada, prefiro não importunar você com os detalhes comitrágicos de um melodrama que só teve fim quando a Swiss nos colocou no próximo voo, que partiria horas mais tarde. Com isso, perdemos um dia de passeio.

Chegamos a Veneza. Fizemos o traslado do Aeroporto Internacional Marco Polo até o centro histórico no ônibus 5 da companhia de transportes ACTV. Descemos no ponto final, que fica na Piazzale Roma. Ali, pegamos o vaporetto (balsa) e desembarcamos no porto Rialto “C”, que era o mais próximo do Hotel Canaletto, onde ficamos hospedados.

Dica balao 2

Se você deseja saber mais sobre o traslado em Veneza, clique aqui e confira um guia completíssimo do blog Mulher Casada Viaja. Outras sugestões bacanas podem ser encontradas no blog Viaje na Viagem. Clicando aqui, você terá acesso ao site da ACTV, com informações sobre bilhetes simples, especiais, turísticos, entre outras formas de locomoção na cidade. Por fim, se você deseja um pacote completo, adquira o Venezia Unica City Pass, que provém acesso não somente ao transporte público, mas também a atrações turísticas e culturais, além de outros serviços. Acesse www.veneziaunica.it e saiba mais sobre esse passe.

O bilhete do vaporetto custa caro, mas é uma atração à parte. Navegando pelo Canal Grande, o principal da cidade, já era possível ter uma amostra do que seria nossa curta estadia naqueles dias de carnaval. Veneza é maravilhosa!

Museo di Storia Naturale (Museu de História Natural), no Canal Grande

Museo di Storia Naturale (Museu de História Natural), no Canal Grande

Desembarcamos do vaporetto e começamos uma caminhada nada simples até o hotel. Mesmo com o mapa do smartphone ativo, levamos algum tempo decifrando os becos labirínticos e congestionados. Para piorar, Veneza é pouquíssimo acessível. Puxar as malas em meio à multidão não foi uma tarefa fácil. Cruzávamos canais, subíamos e descíamos pequenas escadas e continuávamos perdidos, sempre arrastando a bagagem com uma mão e conferindo o mapa com a outra.

Chegamos ao hotel por volta das 17h15. Perder o voo da Swiss nos custou um dia de passeio, então tínhamos que compensar de alguma forma. Rapidamente, tomamos um banho e saímos para bater perna.

Estávamos famintos, e nada melhor do que spaghetti alla carbonara, um de nossos pratos prediletos, para saudar a visita à Itália. A comida estava perfeita, e o vinho também.

Spaghetti alla carbonara

Spaghetti alla carbonara

Após o jantar, seguimos para a Piazza San Marco (Praça de São Marcos). O trajeto era curto, mas, em Veneza, nada é perto até que você aprenda a se locomover por lá. Muito se aconselha a perder-se por seus becos, pois circular sem rumo definido é uma das atrações da cidade. Querendo ou não, assim fizemos.

Canal de Veneza

Canal de Veneza

Canal de Veneza

Canal de Veneza

A praça estava vazia, bem como as adjacências.

Piazza San Marco, com Basilica di San Marco à direita

Piazza San Marco, com Basilica di San Marco à direita

Piazza San Marco

Piazza San Marco

Gôndolas ancoradas na Riva degli Schiavoni

Gôndolas ancoradas na Riva degli Schiavoni

Depois desse tour noturno, paramos em um bar para uma taça de vinho e outra de Aperol Spritz. Exaustos por causa da longa viagem quase mal sucedida, não esticamos noite afora. Descansar era imprescindível, porque o dia seguinte seria bastante corrido.

SEGUNDO DIA – Sábado, 7/2/2015

Ponte di Rialto, Piazza San Marco, Basilica di San Marco, Campanile di San Marco, Palazzo Ducale, Ponte dei Sospiri, Prigioni Nuove, Riva degli Schiavoni, Dorsoduro, Santa Maria del Rosario, Santa Maria della Salute, Punta della Dogana, Gallerie dell’Accademia, Ca’ Rezzonico, Ca’ Macana, Campo Santo Stefano, Chiesa di San Moisè, Arsenale di Venezia

Canal de Veneza

Canal de Veneza

Com a jornada anterior praticamente perdida, tivemos que ajustar nosso roteiro. Sacrificamos algumas atrações e encurtamos a permanência em outras, assim conseguiríamos conhecer bem Veneza e tirar proveito do carnaval, que já havia começado. Sem tempo para pestanejar, começamos o dia indo à belíssima Ponte di Rialto (Ponte de Rialto), a mais antiga da cidade.

Ponte di Rialto

Ponte di Rialto

Sua estrutura atual data de 1591. Até 1854, foi a única ligação permanente entre os dois lados do Canal Grande. Para concebê-la, foi promovido um concurso público em 1587, que contou com a participação de sumidades da arquitetura como Michelangelo e Andrea Palladio. Para a surpresa de todos, o vencedor foi Antonio da Ponte.

Canal Grande visto da Ponte di Rialto

Canal Grande visto da Ponte di Rialto

Ao pé da ponte, na margem leste, está o Mercato di Rialto (Mercado de Rialto), local de comércio de frutos do mar e produtos sazonais como cerejas, uvas, ervilhas e aspargos. Como os italianos dizem, é um lugar para mangiare con gli occhi (comer com os olhos). Sem tempo para uma visita, abrimos mão de conhecê-lo e rumamos para a Piazza San Marco.

Piazza San Marco, com Basilica di San Marco à Direita

Piazza San Marco, com Basilica di San Marco à Direita

A praça é um espetáculo! Sua dimensão atual data de 1177, sendo o ponto mais baixo de Veneza. Quando a água do Mar Adriático sobe, seja por tempestades, chuva excessiva ou pelo próprio movimento das marés, é o primeiro lugar a se inundar.

Piazza San Marco

Piazza San Marco

Antes de uma volta pela praça, fomos à Basilica di San Marco (Basílica de São Marcos), uma das mais esplêndidas manifestações da arquitetura bizantina. Sua construção data de 1071, porém muitas reformas e adições ornamentais foram sendo feitas ao longo dos anos. No século 14, principalmente, poucas foram as vezes em que um navio veneziano vindo do oriente deixou de ostentar uma sobrecarga de elementos decorativos retirados de edifícios antigos, tudo para adornar a basílica. Imagino o tanto que Deus ficava satisfeito com isso.

Mosaicos bizantinos da Basilica di San Marco

Mosaicos bizantinos da Basilica di San Marco

É impossível não se encantar com as paredes e teto minuciosamente cobertos por belíssimos mosaicos em ouro, bronze e pedras diversas. Toda essa riqueza é arrematada com o Pala d´Oro, um retábulo de metal bizantino de 1105.

Pala d´Oro, retábulo da Basilica di San Marco

Pala d´Oro, retábulo da Basilica di San Marco

A vistia à Basilica di San Marco dura de 10 a 20 minutos. Para saber sobre horários, tarifas e demais informações, acesse www.basilicasanmarco.it.

Retornamos à praça, que estava bem movimentada.

Piazza San Marco

Piazza San Marco

Piazza San Marco

Piazza San Marco

Entre turistas e pombos, alguns foliões já exibiam a sofisticação de seus trajes carnavalescos. Não demorou e eu já estava pedindo para tirar fotos ao lado de alguns deles. Para essas pessoas, que passam meses planejando e confeccionando suas fantasias, é uma ofensa serem ignoradas por qualquer tipo de máquina fotográfica – penso eu. O narcisismo tem seu lado bom.

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Mais do que belas, as fantasias do folguedo veneziano têm uma qualidade expressiva fascinante. As máscaras ou maquiagens que escondem as feições dos foliões concedem a eles um personagem que dificilmente conseguiriam interpretar se estivessem de rosto nu. A leveza dos gestos, a sutileza dos trejeitos e a interação silenciosa com o público parecem um ritual que vem sendo ensaiado há décadas. Possivelmente seja.

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Se você se aventurar por uma análise mais profunda dessas pessoas e suas indumentárias, talvez concorde com Oscar Wilde, que disse que “O homem é menos ele mesmo quando fala de sua pessoa. Mas deixe que se esconda por trás de uma máscara, e então ele contará a verdade“.

A Piazza San Marco abriga outras grandes atrações. Ao lado da basílica, está um dos principais símbolos de Veneza: o Campanile di San Marco (Campanário de São Marcos), uma torre de 98,6 metros de altura construída em 1514. Com a escassez de tempo, preferimos não subir ao topo do monumento, abrindo mão de uma vista panorâmica espetacular.

Campanile di San Marco

Campanile di San Marco

Dica balao 2

O Campanile di San Marco fica aberto para visitação de outubro a março das 9h45 às 16h, de abril a junho das 9h30 às 17h e de julho a setembro das 9h45 às 20h. Esses horários estão sujeitos a variações, e qualquer mudança é informada logo na entrada.

Outra atração que deixamos de visitar foi o Museo Correr (Museu Correr), que exibe uma coleção muito bacana de obras de arte, documentos, objetos antigos e mapas históricos. Situa-se na Ala Napoleônica da praça, parte oposta à basílica. Para mais informações, acesse correr.visitmuve.it.

Deixamos a Piazza San Marco e seguimos para o Palazzo Ducale (Palácio Ducal), outro ícone arquitetônico de Veneza.

Palazzo Ducale

Palazzo Ducale

Também conhecido como Palácio do Doge, esse edifício no estilo gótico foi erguido entre 1309 e 1424. Foi a sede do Doge de Veneza e da Sereníssima República de Veneza. Hoje, abriga o Museo di Palazzo Ducale (Museu do Palácio Ducal).

Pátio interno do Palazzo Ducale

Pátio interno do Palazzo Ducale

Palazzo Ducale

Palazzo Ducale

Um dos pontos mais marcantes da visita ao palácio é a Sala del Maggior Consiglio (Câmara do Grande Conselho), onde ocorriam as reuniões da legislatura. O vasto salão é completamente adornado por pinturas de antigos doges e pela Paraíso, uma monumental obra de arte em tela do pintor maneirista Tintoretto.

Sala del Maggior Consiglio (Câmara do Grande Conselho), no Palazzo Ducale

Sala del Maggior Consiglio (Câmara do Grande Conselho), no Palazzo Ducale

Para mim, a parte mais emocionante da visita é a Ponte dei Sospiri (Ponte dos Suspiros), ligação entre as Prigioni Nuove (Prisões Novas) e o Palazzo Ducale, que se encontram separados pelo Rio de Palazzo e de Canonica. Possui esse nome porque, em épocas antigas, os condenados que eram trazidos do palácio para as prisões suspiravam ao atravessar a ponte e ver Veneza, certos de que aquela seria a visão derradeira do mundo exterior. Duvido que, hoje, alguém olhe pelas frestas da ponte e não se coloque no lugar dos prisioneiros.

Ponte dei Sospiri

Ponte dei Sospiri

Rio de Palazzo e de Canonica visto de dentro da Ponte dei Sospiri

Visão que os condenados tinham de dentro da Ponte dei Sospiri

Rio de Palazzo e de Canonica

Rio de Palazzo e de Canonica. No alto da foto, detalhe da Ponte dei Sospiri

Dica balao 2

O Palazzo Ducale abre diariamente. De 1º de abril a 31 de outubro, funciona das 8h30 às 19h, e de 1º de novembro a 31 de março, das 8h30 às 17h30. A última entrada é feita uma hora antes do encerramento. Encontra-se fechado nos dias 1º de janeiro e 25 de dezembro. Para mais informações, clique aqui.

Deixamos o palácio e seguimos para a Riva degli Schiavoni, minha parte favorita da cidade. É a mais espetacular representação de Veneza, pois reúne, em um único ponto, maravilhas arquitetônicas, gôndolas ancoradas, foliões fantasiados e a magnificência do Canal Grande, com vistas para a Punta della Dogana (Ponta da Alfândega), ponta triangular que marca o encontro dos canais Grande e Giudecca, e para a Chiesa di San Giorgio Maggiore (Igreja de São Jorge Maior), belíssima igreja renascentista que abriga as obras A Última Ceia, Recolha do Maná e A Deposição, últimas pinturas de Tintoretto.

Gôndolas ancoradas na Riva degli Schiavoni. Ao fundo,

Gôndolas ancoradas na Riva degli Schiavoni. Ao fundo, está a Chiesa di San Giorgio Maggiore

Chiesa di San Giorgio Maggiore

Chiesa di San Giorgio Maggiore

O carnaval veneziano, que dura 10 dias, havia começado naquele sábado, então o movimento de pessoas fantasiadas ainda era tímido. A festa duraria até 17 de fevereiro, então havia tempo de sobra para o povo se preparar. Ali na Riva degli Schiavoni, a celebração estava mais adiantada.

Dica balao 2

Não chegamos a participar dos eventos promovidos durante o carnaval de Veneza. Lá, fomos apenas “foliões de rua”, o que não deixou a festa menos bacana. Para saber sobre a programação e demais informações do próximo carnaval, acesse www.carnevale.venezia.it.

Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Estudantes de belas artes pintam os rostos dos visitantes, na Riva degli Schiavoni

Estudantes de belas artes pintam os rostos dos visitantes, na Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Foliões na Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Banca de máscaras, na Riva degli Schiavoni

Banca de máscaras, na Riva degli Schiavoni

Banca de máscaras, na Riva degli Schiavoni

Banca de máscaras, na Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni (via Instagram)

Riva degli Schiavoni (via Instagram)

Dica balao 2

Deixamos para explorar o lugar em outro momento. Aproveitamos que estávamos próximos a um guichê da empresa Alilaguna, que fica de frente para o porto San Marco, e adquirimos o pacote Tour delle Isole, uma excursão de meia jornada pela Laguna di Venezia (Lagoa de Veneza) com paradas nas ilhas de Murano, Burano e Torcello, passeio obrigatório para quem vai a Veneza. Compramos o bilhete Linea Verde. No trajeto de ida, o barco contorna a ilha de San Giorgio Maggiore, os jardins de Sant’Elena e a costa de Veneza. Em seguida, faz paradas de 40 minutos em cada uma das ilhas e retorna no final da tarde. O tour dura por volta de quatro horas e meia, com partidas ao longo do dia. Para saber mais sobre esse passeio, clique aqui.

Comprados os bilhetes, seguimos até a Ponte dell’Accademia e atravessamos o Canal Grande para conhecermos Dorsoduro, um dos seis bairros do centro histórico de Veneza.

Canal Grande, visto da Ponte dell'Accademia

Canal Grande, visto da Ponte dell’Accademia

Primeiro, demos uma passada na Santa Maria del Rosario (Santa Maria do Rosário), igreja situada às margens do Canal Giudecca.

Santa Maria del Rosario

Santa Maria del Rosario

Também conhecida como I Gesuati (Os Jesuatos), a Santa Maria del Rosario é uma construção no estilo rococó, erigida em 1725 e consagrada em 1743. Após uma visita super-rápida ao seu interior, caminhamos alguns quarteirões às margens do Giudecca até a lindíssima Santa Maria della Salute (Santa Maria da Saúde), igreja barroca construída entre 1631 e 1687 como ex-voto à Virgem Santíssima pelo fim da peste que dizimou a população em 1630. Sua silhueta imponente é um dos elementos visuais mais marcantes do horizonte veneziano.

Santa Maria della Salute

Santa Maria della Salute

Infelizmente, a basílica estava fechada. Restou-nos apenas conhecê-la por fora.

Canal Grande, em Dorsoduro

Canal Grande, em Dorsoduro

Continuando o passeio por Dorsoduro, rumamos para a parte mais extrema do bairro, a Punta della Dogana, que possui uma das vistas mais fenomenais da cidade.

Punta della Dogana

Punta della Dogana

De lá, retornamos pela margem do Canal Grande em direção à Gallerie dell’Accademia. Ver de perto o Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci, era o momento mais esperado por mim em toda a viagem. Antes desse instante glorioso, no percurso, eu não conseguia caminhar 10 metros sem tirar fotos das gôndolas que navegavam pelo canal. Não era nossa intenção embarcar numa delas, pois o tour custava em torno de 80 €, além de que não é nosso estilo atravessar a cidade em pequenas embarcações enquanto a turistada espera que você acene para fotos. Mesmo assim, indico o passeio.

Gôndola no Canal Grande

Gôndola no Canal Grande

Gondoleiro no Canal Grande

Gondoleiro no Canal Grande

Dica balao 2

Se lhe disserem que andar de gôndola é brega, clichê ou atração pega turista, não se intimide. É passeio imprescindível em Veneza, principalmente para os casais apaixonados. É claro que você estará sujeito a uma trilha sonora cafona ou à condução de um gondoleiro menos inspirado. Para evitar infortúnios, procure pelos profissionais credenciados, que, geralmente, partem da Ponte di Rialto e da Piazza San Marco. Os trajetos são variados, e caberá ao turista escolher por onde deseja navegar. Há passeios de 40 minutos e de uma hora. Alguns gondoleiros, mais espertos, costumam encurtar o caminho, mas, como todo bom brasileiro, acostumado às investidas do jeitinho tupiniquim, não se deixe ser passado para trás. Fique atento ao cumprimento da tabela e combine o preço e a duração do passeio antes de embarcar. E se o romance a dois puder ser deixado para uma outra ocasião, embarque em grupo de seis pessoas, o máximo comportado em uma gôndola, dividindo o valor da viagem com os outros passageiros.

Finalmente, chegamos à Gallerie dell’Accademia, instituição fundada em 1750 como escola de pintura, escultura e arquitetura. Também conhecida como Accademia, é especializada na arte do período anterior ao século 19. Entre as obras de sua exposição, destacam-se criações de monstros como Canaletto, Carpaccio, Tintoretto, Tiziano, Veronese, Luca Giordano, Vasari, e Francesco Guardi. Mas não fui lá por nenhum deles. Como eu já disse, queria mesmo era babar diante do feito do mestre Da Vinci.

Painéis dos séculos 14 e 15, na Gallerie dell'Accademia

Painéis dos séculos 14 e 15, na Gallerie dell’Accademia

Durante a visita à galeria, pude conter minha obsessão, pois a figura do célebre renascentista não sairia correndo dali. Assim, segui curtindo o que via pela frente. De mais a mais, é de se esperar que o melhor fica sempre por último. Já estava imaginando minha chegada à sala mais importante da Accademia, ao som imaginário de um coro angelical anunciando minha aproximação a uma das peças mais importantes da história da arte.

Gallerie dell'Accademia. Ao fundo está a obra de Paolo Veronese Ceia na casa de Levi, de 1573

Gallerie dell’Accademia. Ao fundo, está a obra de Paolo Veronese Ceia na casa de Levi, de 1573

Passei por todos os cantos do museu, e nada da figura. Já meio receoso, refiz o percurso. Sem sucesso. Resolvi perguntar a um segurança sobre onde encontrar a obra de Da Vinci. Antes de me atender, ele auxiliava outras duas visitantes, que percebi estarem fazendo a mesma pergunta: “Onde encontro o Homem Vitruviano?”. O senhor respondeu “A figura não está disponível para exposição. Fica mantida aqui, mas somente para conservação. É uma peça de papel muito delicada. Talvez no dia em que descobrirem uma técnica de preservação e proteção, a obra possa ser exposta. Talvez.”.

Dica balao 2

A Accademia abre às segundas-feiras das 8h15 às 14h e de terça a domingo das 8h15 às 19h15. A última entrada é feita uma hora antes do encerramento. Encontra-se fechada nos dias 1º de janeiro, 1º de maio e 25 de dezembro. Para mais informações, acesse www.gallerieaccademia.org.

Fui embora do museu não tão puto, pois nem sempre se ganha. Mas eu merecia um agrado. Entramos em um pequeno restaurante e enfiamos a cara num delicioso panino. E fiz pouco! Na Itália, se a atração é comida, o turista tem que se matar de comer.

Panino

Panino

O André, irmão do Élcio e amigo meu, é gastrônomo (tenha um amigo gastrônomo!). Ele sugeriu que, em Veneza, experimentássemos spaghetti alla vongole, prato em que os moluscos do tipo amêijoa são o ingrediente principal. Sugeriu também que comêssemos le capesante gratinate, iguaria à base de vieiras bem tenras cobertas por uma camada de farinha de rosca crocante. Por fim, indicou um ensopado à base de tripa, tomate e funghi porcini, servido com polenta. Bem, entre mim e os frutos do mar, da lagoa ou de qualquer outro meio molhado existe uma relação nada amistosa. Também não me apetecem miúdos ou partes internas de qualquer bicho. Agradeci a sugestões do amigo, mas preferi ficar com o que a Itália tem de mais tradicional: massas, pizzas ou gulodices do tipo cucina della nonna.

Dica balao 2

Eu jamais aconselharia a um turista que vai à Itália fugir da previsibilidade das pizzas, panini, e massas. São sensacionais em qualquer ponto do país. Devo também encorajá-lo a experimentar a culinária veneziana. Infelizmente, a correria impediu que degustássemos a cozinha local como deveríamos. Todavia, não posso deixar de indicar algumas iguarias mais célebres da região, como o risi e bisi, que é um risoto com ervilhas e pancetta, preparado na manteiga e servido com caldo de vegetais; o baccalá mantecato, que é um purê feito de bacalhau, alho e azeite (experimente com polenta grelhada); os baicoli (delícia!), que são saborosos biscoitos preparados com manteiga, farinha, açúcar e clara de ovo; o risotto nero, feito com lula, cebola, alho e vinho branco e enegrecido com tinta de lula; o fegato alla veneziana, que é um fígado de vitelo (pobre criatura) preparado com manteiga, azeite, vinagre, cebola e salsinha; a sarde in saòr, que é sardinha frita e marinada num preparado agridoce feito de cebolas suavemente cozidas em vinagre, uva passa e pinoli, e, por fim, a połenta e schie, prato composto de pequenos camarões fritos servidos sobre uma polenta bem macia. Como se percebe, o cardápio veneziano é extenso e tudo é provavelmente muito bom. Até a sopa de pão preparada com caldo de vegetais, queijo e erva-doce é algo para se comer cerimoniosamente. Disso tudo, experimentei somente os baicoli, mas vai por mim: se a comida é italiana, não tem erro.

Após o delicioso panino (acho que tomamos uma taça de vinho também…), seguimos atravessado os canais de Dorsoduro.

Canal em Dorsoduro

Canal em Dorsoduro

Canal em Dorsoduro

Canal em Dorsoduro

Dorsoduro (via Instagram)

Dorsoduro (via Instagram)

Dorsoduro

Dorsoduro

Chegamos ao Ca’ Rezzonico, um dos palácios mais famosos de Veneza. Foi construído em 1649 pela família Bon e comprado pelo banqueiro e mercante Giambattista Rezzonico em 1751. Sua fachada principal está voltada para o Canal Grande, na junção com o Rio di San Barnaba.

Sala da Ballo (Salão de Baile, no Ca' Rezzonico

Sala da Ballo (Salão de Baile), no Ca’ Rezzonico

O palácio abriga o Museo del Settecento Veneziano (Museu Setecentista Veneziano), que expõe quadros, afrescos, esculturas e móveis do século 18. Entre as obras, destacam-se preciosidades de Tintoretto, Bonifazio VeroneseCanaletto e Giandomenico Tiepolo.

Candelabro em um dos salões do Ca' Rezzonico

Candelabro em um dos salões do Ca’ Rezzonico

Canal Grande visto do Ca' Rezzonico

Canal Grande visto do Ca’ Rezzonico

Dica balao 2

O Ca’ Rezzonico abre de quarta a segunda, exceto em 1º de janeiro, 1º de maio e 25 de dezembro. De 1º de abril a 31 de outubro, funciona das 10h às 18h, e de 1º de novembro a 31 de março, das 10h às 17h. A bilheteria encerra suas atividades uma hora antes do fechamento do museu. Para mais informações, acesse carezzonico.visitmuve.it.

Deixamos o palácio e continuamos cruzando canais e nos perdendo por becos estreitos. Passamos pela Ca’ Macana, uma das mais antigas fábricas de máscaras artesanais de Veneza. A técnica utilizada na sua produção é a mesma de 800 anos atrás, em que as peças são criadas sem repetir os desenhos ou as formas. Em meio a uma infinidade de artigos carnavalescos vistos pela cidade, essa fabriqueta não aparenta ser grande coisa, mas atraiu a atenção de Stanley Kubrick, que escolheu a Ca’Macana como fornecedor dos adereços para o filme De olhos bem fechados, utilizados na famosa cena da festa.

Ca' Macana

Ca’ Macana

Ca' Macana

Ca’ Macana

Dica balao 2

Prefiro não ocultar minha cara feia. Mas se você curte se esconder por trás de um personagem exclusivo em papier-mârché ou ir do id ao superego na forma ou no desenho que bem entender, compre uma das máscaras produzidas na Ca’ Macana ou participe dos workshops oferecidos pela empresa. Clique aqui e informe-se sobre modalidades de cursos, horários, reservas, entre outros.

Continuamos nossa caminhada quase sem rumo pela cidade. Sempre a pé, é claro, pois carros, ali, são proibidos de circular, o que impede a existência de trios elétricos (que maravilha!). Eu só me preocupava com a hipótese de um enfarto, derrame ou qualquer outro piripaque iminente. Como me socorreriam?! Felizmente, as ambulâncias navais de veneza são super rápidas e eficientes, portanto, lá, ninguém morre por falta de socorro.

Inevitavelmente, cruzávamos com mais gente fantasiada. Desfilavam sem rumo, à procura de uma lente fotográfica nervosa e superindiscreta para deixarem o registro de seus modelitos.

Campo Santo Stefano

Foliões no Campo Santo Stefano

A tarde havia caído, e naquele ponto do dia eu já me encontrava apaixonado pelo carnaval veneziano. Lá, além da Camélia não cair do galho, não há calçadas fedendo a urina, ninguém berra na sua cachola, mulheres não são bolinadas ou agarradas à força e sua carteira é infinitamente menos visada. Pois é, amigo leitor, sou um chato, e o carnaval brasileiro falha ao tentar encher meu coração nativo com lantejoulas, confetes e serpentinas. Aceito críticas por não gostar da festa verde-amarela, mas não admito que me julguem por me sentir bem mais atraído pela folia dos italianos. Embora tanto no Brasil quanto na Itália ou no resto do mundo católico o motivo da comemoração seja o mesmo, são folguedos com características bem distintas. O carnaval brasileiro é celebrado com euforia exacerbada, ao passo que os italianos conduzem a festa de maneira mais serenada, sem muito barulho ou comportamentos extravagantes.

Campo Santo Stefano

Folionas no Campo Santo Stefano

Pode ser que o carnaval veneziano tenha surgido antes mesmo de sermos descobertos pelos portugueses. Há registros de folguedos ocorridos no século 13, porém a celebração atual teve início somente no século 16, quando os nobres venezianos se disfarçavam para festejar junto ao povão. Assim surgiram as máscaras.

Folião no Campo Santo Stefano

Folião no Campo Santo Stefano

Tanta beleza e tradição foram interrompidas em 1797, quando Veneza foi tomada pela França e, sucessivamente, pela Áustria. Temendo rebeliões e desordem por parte da população, as autoridades proibiram o uso das máscaras. Dessa forma, os festejos também foram impedidos, e os foliões viveram quase duzentos anos longe das alegorias. A celebração foi retomada somente em 1979.

O cansaço já havia batido horas antes. A missão de conhecer Veneza em um curto período nos demandava canelas fortes e colunas sólidas, mas não podíamos nos deixar abater. Assim, redobramos o vigor, mascaramos a fadiga e continuamos a caminhada.

Chiesa di San Moisè

Chiesa di San Moisè

Novamente, passamos pela Piazza San Marco. E dá-lhe mais carnaval! O glamour das fantasias clássicas dividia espaço com o despojamento de trajes menos tradicionais, mandando o protocolo ralo abaixo.

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Retornamos à Riva degli Schiavoni, que estava empapuçada de gente. A noite se aproximava, mas não tirava o brilho da moçada.

Foliões na Riva degli Schiavoni

Foliões na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Seguimos beirando o Canal Grande até o Rio de l’Arsenal. Viramos à esquerda e caminhamos até o Arsenale di Venezia (Arsenal de Veneza), onde, às 19h, teria início a Notti all’Arsenale, uma festa com muita música, teatro e show pirotécnico sobre a água.

Rio del Greci, visto da Riva degli Schiavoni

Rio del Greci, visto da Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Ponte sobre o Rio de l'Arsenal

Ponte sobre o Rio de l’Arsenal

Rio de l'Arsenal

Rio de l’Arsenal

O Arsenale di Venezia é um estaleiro e base naval de extrema importância para a cidade. A data de sua construção não é precisa, estima-se que seja do século 12. No século 16, atingiu o auge da sua atividade, com uma produção em massa de navios de guerra bastante desenvolvida, alcançando uma eficiência vista somente décadas mais tarde, na Revolução Industrial.

Arsenale di Venezia

Arsenale di Venezia

Poucas pessoas circulavam por ali. Eram 19h05, mas não havia indício de festa. Quando pesquisei sobre a Notti all’Arsenale, a informação era clara, portanto não acredito que eu tivesse me enganado. Somente agora descubro que estivemos apenas na Porta Magna, a entrada principal do estaleiro. A festa aconteceria a muitos metros dali, na Darsena Grande. Segundo o site do evento, o acesso ao lugar se dá pelo porto Celestia, por barcos da ACTV ou táxis aquáticos.

Enfim, nada de festa para nós. Deixamos o Arsenale di Venezia e seguimos de volta para o entorno da Piazza San Marco. Já na praça, pedi ao Élcio que déssemos uma pausa no roteiro. Eu precisava comprar uma jaqueta ou outro agasalho urgentemente. Não esperava que naquela cidade fizesse tanto frio! Como seus becos são apertados, supus que não houvesse correntes de ar, porém as sopradas eram capazes de dobrar duas, três, quatro ou dez esquinas sem deixar a temperatura subir. Lá, o vento faz curva, literalmente! Também supus que um par de jaquetas seriam suficientes para toda a viagem – iríamos ainda a Cracóvia, Varsóvia e Berlim –, no entanto, para suportar as baixas temperaturas de Veneza, tive que me enfiar nas duas ao mesmo tempo, caso contrário, cairia duro de hipotermia. Fútil que sou, evitei me fotografar ao máximo, afinal de contas não estava afim de estrelar nos relatos desta longa jornada usando sempre a mesma roupa. De duas uma (quiçá as duas): ou os leitores criticariam minha falta de estilo (se é que tenho algum) ou poderiam pensar que sou um encardido. Brincadeira! Não sou tão imbecil assim, mas uma jaqueta nova para ficar menos feio na fita seria uma boa opção. Encerrando essa baboseira, os preços estavam altíssimos, então não me restou outra alternativa senão posar pouco para fotos, com a mesma jaqueta verde, guerreira de várias viagens.

Prosseguimos circulando pelas imediações da Piazza San Marco, onde atolamos a cara em massa para, em seguida, sair à procura de birita e finalizar a noite. O Élcio não se decepcionava a cada taça de vinho, e eu me mantive fiel à tradição veneziana do Aperol Spritz.

Penne con polpeta

Penne con polpeta

Aperol Spritz

Aperol Spritz

TERCEIRO DIA – Domingo, 8/2/2015

Excursão às ilhas de Murano, Burano e Torcello, Riva degli Schiavoni, Piazza San Marco, Chiesa di San Zaccaria

O passeio às ilhas de Murano, Burano e Torcello teria início às 11h. Antes de embarcar, curtimos um pouco do astral carnavalesco, que deixava a cidade cada vez mais interessante.

Foliões na Piazza San Marco (via Instagram)

Foliões na Piazza San Marco (via Instagram)

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Uma pena que perderíamos o Volo dell’Angelo (Voo do Anjo), que aconteceria às 12h, na Piazza San Marco. Nessa performance acrobática, que abre oficialmente o carnaval de Veneza e é transmitida para o mundo inteiro, uma bela ragazza cruza os ares suspensa por um cabo desde o Campanile di San Marco até o centro da praça.

O barco do Tour delle Isole deixou o porto San Marco pontualmente. Ver Veneza se distanciando foi uma atração à parte!

Palazzo Ducale visto do barco

Palazzo Ducale visto do barco

40 minutos depois, ancoramos na ilha de Murano, famosa por seu artesanato em cristal. A produção dessas mercadorias teve início em Veneza, mas, em 1291, os vidreiros tiveram que deixar a cidade, pois as fornalhas utilizadas na confecção das peças ofereciam riscos de incêndio para os edifícios, em sua maioria feitos de madeira. Eles se exilaram em Murano, e por lá foram obrigados a permanecer, sob pena de perder a própria vida. Felizmente, a tradição não foi interrompida, e os artesãos continuam soprando seus vidros até hoje, com técnicas mais apuradas e peças cada vez mais originais. A mulherada enlouquece!

Murano

Murano

Murano

Murano

Murano

Murano

Mas cristal não era nosso negócio. Se não liberei recursos para comprar uma jaqueta, não seria com vidros que eu satisfaria minha sede de consumo. Ademais, esses estabelecimentos de Murano me lembraram quando estive em Caracas visitando a Icet Arte Murano. Nesta fábrica venezuelana, entre outros souvenirs, comprei um palhaço lindíssimo para minha irmã. Já em Belo Horizonte, antes mesmo que eu lhe dissesse “Toma, isso eu trouxe especialmente para você”, ela olhou para a figura cômica nas minhas mãos e disse “Que marmota!”. Tremi os lábios, marejei os olhos, engoli o choro e fingi que o havia comprado para mim. À parte a dramatização da minha tristeza, o resto é pura verdade. Por certo, não fiquei nada magoado. O azar foi só dela, vítima do próprio mal gosto. Mas que deu o maior trabalho trazer várias peças ultrafrágeis da Venezuela para o Brasil, deu.

Enquanto os turistas da excursão visitavam a Vetreria Ducale, fábrica situada bem de frente ao porto onde o barco ancorou, eu e o Élcio seguimos pela cidade tentando tirar o máximo de proveito da visita. Fomos até a Chiesa dei Santi Maria e Donato (Igreja de Santa Maria e São Donato), construída originalmente no século 7. Sua forma atual data de 1040, mas acredita-se que fora remodelada posteriormente.

Chiesa dei Santi Maria e Donato

Chiesa dei Santi Maria e Donato

A igreja destaca-se pelo mosaico bizantino do século 12 situado na sua abside. Como estava fechada para visitação – se não me engano, acontecia uma missa –, não pudemos conhecer as belezas e as relíquias do seu interior. É obviamente belíssima, mas a inclinação do seu campanário deixa angustiada qualquer pessoa com transtorno obsessivo compulsivo.

Campanário da Chiesa dei Santi Maria e Donato

Campanário da Chiesa dei Santi Maria e Donato

Aliás, em Veneza e nas ilhas adjacentes, muitos campanários são assim, com destaque para o da Basilica di San Pietro di Castello (Basílica de São Pedro de Castello), o da Chiesa San Giorgio dei Greci (Igreja São Jorge dos Gregos) e o da Chiesa di Santo Stefano (Igreja de Santo Estêvão). Eu acreditava que as inclinações possuíam motivações religiosas ou eram meros desafios arquitetônicos. Entretanto, pendem por causa da instabilidade do solo lamacento, que cedeu ao peso das torres.

Murano possui outras atrações importantes como a Chiesa di San Pietro Martire (Igreja de São Pedro Mártir), o Palazzo da Mula (Palácio da Mula) e o Museo del Vetro (Museu do Vidro). Sem tempo suficiente para conhecê-las, seguimos para a Vetreria Ducale e assistimos à exibição de um mestre vidreiro.

Demonstração na Vetreria Ducale, em Murano

Demonstração na Vetreria Ducale, em Murano

Deixamos Murano e navegamos pela Laguna di Venezia até Burano. Tentávamos absorver toda a informação transmitida pela guia multilíngue do barco, que falava em italiano, inglês, francês e espanhol. Aparentemente habituada a fazer isso há vários anos, a mulher proferia na mesma velocidade de um locutor que adverte ao final de uma propaganda de medicamento na TV, fato agravado pela má qualidade do áudio. Mas era possível entender a maioria das coisas.

Burano é o paraíso dos fotógrafos profissionais ou amadores. Suas casas intensamente coloridas são como um colírio alucinógeno, em que um sentimento de satisfação emerge inevitavelmente. Se a cromoterapia é de fato eficaz, ali está a cura para todos os distúrbios psíquicos e fisiológicos. Uma corrida de olhos equivale a uma infinidade de estímulos que só são interrompidos pelo azul profundo do céu.

Burano

Burano

Burano

Burano

Essa inquietude prazerosa a que o visitante é submetido em Burano faz da ilha uma atração imprescindível para quem vai a Veneza. O contraste cromático das construções é reforçado pela não repetição das cores. Cada casa se difere da vizinha em tons vívidos e quase opostos, rendendo aos fotógrafos e admiradores belíssimas combinações. Aproveito e faço um alerta aos instagramers: em Burano, a utilização de filtros fotográficos é um sacrilégio!

Burano

Burano

Burano

Burano

O colorido das casas é tão criterioso que um morador que deseja pintar sua residência deve enviar uma solicitação às autoridades, que irão notificá-lo sobre as tonalidades permitidas no lote onde ele mora.

Burano

Burano

Burano

Burano

Burano

Burano

Burano (via Instagram)

Burano (via Instagram)

Burano

Burano

Burano também é conhecida como a “ilha colorida das rendas”. Esse tipo de confecção artesanal vem sendo tradicionalmente mantido desde o século 16, e a história do ofício pode ser conferida no Museo del Merletto (Museu da Renda).

Além das casas coloridas, a arquitetura de Burano é marcada pelo também pendente campanário da Chiesa di San Martino (Igreja de São Martinho), erigida no século 16. A torre encontra-se tão inclinada que se tornou um símbolo da ilha. Não sei se atrai minha atenção pelo fascínio ou pela aflição.

Torre da Chiesa di San Martino, em Burano

Torre da Chiesa di San Martino, em Burano

A San Martino abriga as relíquias de Santa Bárbara. Ali pertinho, está o oratório dedicado a esta santa, onde se podem ver obras importantes como a Crucificação, do artista veneziano Giambattista Tiepolo.

Antes de retornar ao barco, comemos uma deliciosa fatia de pizza na Via Galdassarre Galupi. Prestes a embarcar, presenteamo-nos com um chocolate quente perfeito acompanhado de um saboroso baicoli

Pizza em Burano (via Instagram)

Pizza em Burano (via Instagram)

Seguimos para Torcello, ilha que foi um dos assentamentos mais antigos e prósperos da Laguna di Venezia. Seu declínio se deveu à ascensão de Veneza e às mudanças ambientais. Atualmente, conta com míseros 17 residentes, mas seu patrimônio arqueológico atrai um grande número de turistas.

Torcello

Torcello

A caminhada do porto de Torcello até a minúscula comunidade é uma atração à parte.

Torcello

Torcello

Torcello

Torcello

Torcello

Torcello

O principal atrativo da ilha é a Basilica di Santa Maria Assunta, erguida, originalmente, em 639 no estilo bizantino e remodelada em 1008.

Torcello. Basilica di Santa Maria Assunta ao fundo

Torcello. Basilica di Santa Maria Assunta ao fundo

Campanário pendente da Basilica di Santa Maria Assunta, em Torcello

Campanário pendente da Basilica di Santa Maria Assunta, em Torcello

Por muitos anos, entre os séculos 11 e 12, a belíssima igreja recebeu os mosaicos mais importantes do norte da Itália. Mas nossa permanência na ilha era curtíssima, então preferimos não conhecer o interior da basílica. Aproveitamos para passear pelas redondezas.

Torcello

Torcello

Ao lado da Santa Maria Assunta, está o Museo di Torcello (Museu de Torcello), que possui uma coleção preciosa de obras antigas e achados arqueológicos, os quais, em sua maioria, foram encontrados no local. Também não o visitamos, mas, no lado de fora, uma pequena amostra de estátuas e peças em ruínas foram suficientes para termos uma noção da importância de Torcello em sua época mais próspera.

Museo di Torcello

Museo di Torcello

Museo di Torcello

Museo di Torcello

Deixamos a ilha e retornamos a Veneza. No trajeto, belas paisagens da Laguna di Venezia encerravam o Tour delle Isole.

Ilha da Madonna del Monte, na Laguna di Venezia

Ilha da Madonna del Monte, na Laguna di Venezia

Veneza

Veneza

Desembarcamos no porto San Marco. O movimento de pessoas pela Riva degli Schiavoni era enlouquecedor! O carnaval florescia em fantasias e no congestionamento de visitantes. Não sou fã de aglomerações, mas o burburinho diante do Palazzo Ducale era sensacional! Ainda eram 15h20 e tínhamos tempo para conhecer outras atrações, mas como não participar daquela agitação?!

Riva degli Schiavoni

Riva degli Schiavoni

Folião na Riva degli Schiavoni (via Instagram)

Folião na Riva degli Schiavoni (via Instagram)

Folião na Riva degli Schiavoni

Folião na Riva degli Schiavoni

O narcisismo dos mascarados era ainda mais evidente. Entre trajes luxuosíssimos e outros bem bagaceiros, a turistada lutava por uma foto diante dos olhares mais expressivos desses fantasiados, que ocupavam pontos estratégicos do local para exibir suas indumentárias.

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Se fosse aqui no Brasil, seria bem provável que flanelinhas e outros oportunistas estariam marcando postes, pilastras, esquinas, pontes ou outro lugar cenográfico para vender aos foliões sedentos por ostentar uma pose bem ensaiada. Eu não duvidaria se me dissessem que teve gente que madrugou em Veneza para reservar um local mais adequado ao tema de sua fantasia.

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni. Chiesa San Giorgio Maggiore ao fundo

Foliona na Riva degli Schiavoni. Chiesa San Giorgio Maggiore ao fundo

Foliões na Riva degli Schiavoni. Chiesa San Giorgio Maggiore ao fundo

Foliões na Riva degli Schiavoni. Chiesa San Giorgio Maggiore ao fundo

No detalhe da alegoria de uma foliona, turistas se amontoam por uma fotografia, na Riva degli Schiavoni

No detalhe da alegoria, turistas se amontoam por uma fotografia, na Riva degli Schiavoni

Nossa, estávamos adorando passear por ali! Eu mal tirava uma foto e o Élcio me indicava outra fantasia para registrar. Haja bateria!

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliona na Riva degli Schiavoni

Foliões na Riva degli Schiavoni (via Instagram)

Foliões na Riva degli Schiavoni (via Instagram)

Foliões no Palazzo Ducale, de frente para a Riva degli Schiavoni

Foliões no Palazzo Ducale, de frente para a Riva degli Schiavoni

Foliões no Palazzo Ducale, de frente para a Riva degli Schiavoni

Foliões no Palazzo Ducale, de frente para a Riva degli Schiavoni

Folião no Palazzo Ducale, de frente para a Riva degli Schiavoni

Folião no Palazzo Ducale, de frente para a Riva degli Schiavoni

A diversidade de trajes e alegorias se estendia até a Piazza San Marco.

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Foliões na Piazza San Marco

Folião na Piazza San Marco

Folião na Piazza San Marco

Foliona na Piazza San Marco

Foliona na Piazza San Marco

Piazza San Marco

Piazza San Marco

Já era hora de dar um basta no frenesi de cliques fotográficos. Deixamos a muvuca e adentramos a cidade procurando por mais atrações. Contrariando nossos planos, resolvemos fazer um tour de gôndola. Se conseguíssemos nos juntar a outras quatro pessoas para dividir o custo, o passeio sairia em conta. Para tanto, ficamos plantados próximo ao embarque aguardando os possíveis companheiros, porém os gondoleiros logo perceberam nossa estratégia – não vejo mal algum em dividir a conta – e, grosseiramente, cortaram nosso barato. Poderíamos ter insistido, mas aqueles homens não estavam dispostos a negociar. Que peguem suas gôndolas e enfiem no canal!

Embarque para passeio de gôndola

Embarque para passeio de gôndola

Continuamos caminhando. Um negroni e uma taça de vinho não fariam mal a nenhum de nós dois, então paramos para beber. Já mais “simpáticos”, deixamos o bar e seguimos perdidos pela cidade. Adivinha quem encontramos pelo caminho! O inimigo voraz da esquerda, Diogo Mainardi. Numa exaltação coxinhesca, o Élcio disse “Oi  Diogo!” e eu pedi uma selfie.

Instante coxinha, com Diogo Mainardi (via Instagram)

Instante coxinha, com Diogo Mainardi (via Instagram)

Após essa rápida manifestação de extrema direita, fomos à Chiesa di San Zaccaria (Igreja de São Zacarias). A construção original data do século 9, erguida para acolher os restos mortais de São João Batista, doados por Leão V, o Armênio. Em 1105, um incêndio levou a igreja ao chão, sendo reconstruída entre 1458 e 1490.

Chiesa di San Zaccaria

Chiesa di San Zaccaria

O edifício gótico e renascentista abriga uma coleção magnífica de pinturas. Obras de expoentes como Tintoretto, Giovanni Bellini, Antonio Balestra, Giandomenico Tiepolo e Van Dyck decoram as paredes da igreja.

Interior da Chiesa di San Zaccaria

Interior da Chiesa di San Zaccaria

Dica balao 2

Estávamos muito próximos da Piazza San Marco. A noite começava a cair, e as atrações que deixamos de visitar por causa do roteiro apertado ficavam distantes dali. Havíamos planejado de conhecer – e aqui fica minha sugestão – o Museo Correr (Museu Correr), o Teatro la Fenice (Teatro A Fênix), a Chiesa di Santo Stefano (Igreja de Santo Estêvão), a Basilica di Santa Maria Gloriosa dei Frari (ou simplesmente dei Frari), a Scuola Grande di San Rocco (Escola Grande de São Roque), a Chiesa di San Sebastiano (Igreja de São Sebastião), o Squero di San Trovaso (estaleiro de gôndolas), a Chiesa di San Giorgio Maggiore (Igreja de São Jorge Maior), a Chiesa di Santa Maria dei Miracoli (Igreja de Santa Maria dos Milagres), a Basilica dei Santi Giovanni e Paolo (Basílica de São João e São Paulo), a Galleria Giorgio Franchetti alla Ca’ d’Oro, o bairro Cannaregio, entre outros pontos turísticos, todos marcados no mapa disponível ao final deste post. Obviamente, não conseguiríamos cumprir metade desse roteiro, mesmo se tivéssemos um dia a mais. Contudo, são locais consagrados em Veneza, indicados nos principais guias turísticos. Se eu tivesse que escolher? Iria ao Correr, ao La Fenice, à Santo Stefano, à Basilica dei Frari, à Scuola Grande di San Rocco e à San Giorgio Maggiore. Talvez eu até tentasse uma reserva para uma noite de música ao vivo no Venice Jazz Club, mas temo que seja uma atração pega turista. Confesso que continuo tentado a ir lá.

Sem muita opção, preferimos ficar ali, no entorno da San Marco, de preferência na Riva degli Schiavoni.

Riva degli Schiavoni. Santa Maria della Salute ao fundo

Riva degli Schiavoni. Santa Maria della Salute ao fundo

Riva degli Schiavoni. Santa Maria della Salute ao fundo

Riva degli Schiavoni. Santa Maria della Salute ao fundo

De lá, caminhamos até a Ponte di Rialto e finalizamos o dia.

Ponte Rialto

Ponte di Rialto

Não daria para esticar a noite, afinal partiríamos para Cracóvia bem cedo, tendo que pegar o vaporetto das 3h50 até o aeroporto.

Chiesa di San Giorgio Maggiore, vista do porto San Marco

Chiesa di San Giorgio Maggiore, vista do porto San Marco

Dica balao 2

Para retornar ao aeroporto, pegamos o vaporetto da Alilaguna. Compramos a passagem horas antes, na mesma banca em que adquirimos o pacote para o Tour delle Isole. O bilhete é do tipo corsa semplice intera (one-way ticket, em inglês). Pode ser comprado no próprio barco, mas em dinheiro e na quantia certa. Neste caso – se não me engano –, não dão troco. A viagem, partindo do porto de San Marco, dura pouco mais de uma hora. Clique aqui e confira horários, tarifas, tipos de bilhete, entre outros.

Cartão Corsa semplice intera, da Alilaguna

Cartão Corsa semplice intera, da Alilaguna

Eu já tinha ido nove vezes à Itália, incluída a temporada em que morei em Roma. Mesmo assim, nunca havia nem passado perto de Veneza. E agora que conheço os becos, canais e quase todos os encantos da capital de Vêneto, quero voltar sempre, de preferência dez dias ante da Quaresma. Se curei meu trauma do carnaval brasileiro? Claro que não! A imagem desoladora da Camélia de espinha quebrada ainda me consterna.

Fui e vou voltar - Alessandro Paiva

contato@fuievouvoltar.com


Para ajudá-lo no planejamento do seu roteiro, marquei no mapa abaixo as atrações discorridas neste post e algumas não visitadas. Acesse o mapa e escolha os pontos turísticos desejados. Não se esqueça de calcular o tempo de permanência em cada local, levando em consideração se a visita é interna ou somente externa.

Sobre Alessandro Paiva

A graphic designer who loves cocktail and travelling. Check my cocktail blog at pourmesamis.com, my travelling blog at fuievouvoltar.com and my graphic design portfolio at www.alessandropaiva.com.

Um Comentário

  1. eliane maria alvarenga maia

    Fui á Veneza duas vezes mas não fui em tantos lugares assim.So fui onde o guia levava.Porem achei maravilhoso passear de gondola pelos estreitos canais.Adoro seu blog e fico sempre esperando o próximo.Muita saude para enfrentar tantas viagens.Um abraço.

    • Alessandro Paiva

      Oi, Eliana! Muito obrigado! Tenho a sensação que perdi muito tempo olhando para as fantasias, rsrsrs! Chegou uma hora que não dava vontade de sair da praça, de tão bom que estava. Enfim, adorei Veneza e preciso voltar lá. Abraço e muita saúde e viagens para você também 🙂

  2. Priscila Guglielmin

    Que relato bacana! Quando fomos a Italia optamos por não conhecer Veneza (problemas de orçamento hahaha) mas a vontade de conhece-la só aumentou depois de ler seu post. Ah, no quesito “adoro aeroportos, comer e ver filmes no avião” só te digo que tamojunto! rs..Abraços, muitas viagens muitos posts!

    • Alessandro Paiva

      Oi, Priscila! Mais uma vez, muito obrigado 🙂 Eu enrolei bastante até conhecer Veneza. Como pude perder tanto tempo assim?!?! Sigamos unidos na saga por voos longos, escalas “exaustivas” e filmes de avião, rsrs!

      Abraço!

  3. Escuta, qual pacto vocês têm com São Pedro? kkkk Que céu azul é esse?! E outra, vocês têm rodinhas nos pés? Ou eu sou muito contemplativa ou muito mole – ou os dois! Seus roteiros são sempre tão recheadinhos… Depois deste post, vou ter que voltar a Veneza para aproveitar as dicas (rsrsrs).
    Adorei o momento coxinha! kkkk
    Abraços e parabéns pelo texto e… que fotos!

    • Alessandro Paiva

      Rsrsrs! Márcia, é raro, viu! Pego sempre céu acinzentado 🙂 Por sorte, tenho tido o privilégio de curtir dias ensolarados. Quanto às rodinhas nos pés, eu gostaria de ter asas, porque acho sempre que não vi coisa suficiente.

      Mais uma vez, muitíssimo obrigado! Abraço!

  4. Stéphanie

    Eu quero iiiiiiiirrrrrrrrr!!!!!!!!!!!!
    Rapaz, já sabia que Veneza era linda. Mas não imaginava que havia tanta coisa assim. Muito bom o post, Alessandro! Parabéns!! (Pena que demoraram tão pouco na cidade.)
    Já brinquei muito carnaval onde moro, mas confesso já estar de saco cheio de tanta multidão, insegurança e gente feia, suada e pegajosa roçando em mim! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk…. (quanta maldade! hahahahahahhahahah) Enfim, desisti dos dias de folia do Recife, principalmente de Olinda (e do resto do Brasil também…rs). Porém, esse carnaval de Veneza parece fantástico!! Quanta fantasia liiinda!!! As fotos ficaram magníficas!! Fiquei louca para conhecer pessoalmente.

    (Estou aqui imaginando o quão gorda voltaria da Itália…kkkkkkkkkkkkk.. Delícia!!) 🙂

    Tudo de bom aos dois!! Viajem sempre! Grande abraço!

    • Alessandro Paiva

      Rsrsrsr! É por aí, Stéphanie 🙂 E não é só a Itália que engorda! Abraço e desejo muitas viagens para você também 🙂

  5. Maíra

    Gosto muito dos seus relatos tão ricos e cheios de informações!! tenho a sensação que vc está na minha frente contando. Inclusive, entre outras coisas, só soube como chegar de ônibus às catacumbas de Roma pela sua info!
    Agora, poxa, Mainardi?! aff… hahaha

    • Alessandro Paiva

      Ah, Maíra, muito obrigado! Contar sobre viagem é bom, né?! E que bom que a dica do ônibus deu certo.

      Pois é, encontrei com Mainardi, rsrs! Meus amigos de esquerda quiseram me matar 🙂 Abraço!

  6. Ah como eu amo seu blog!
    Seus posts realmente são muito interessantes … Amei seu relato sobre Veneza, tenho o sonho de conhecer esse lugar mas infelizmente ainda não tive oportunidade. Obrigada por compartilhar suas aventuras conosco nota 10 para Fui e vou voltar. Beijooos ❤

    • Alessandro Paiva

      Oi, Thamires! Muuuuuuuuuito obrigado 🙂 Não se preocupe. as oportunidades aparecem quando você menos espera, e com bônus! Sonhar é preciso, faz parte do processo 🙂 O negócio é a gente ter foco no que tem vontade de fazer.

      Abraço!

  7. Fernanda

    Veneza sem dúvida é uma das cidades que mais gostei de visitar. Durante o meu intercâmbio na Itália tomei um curso de italiano em Florença e aproveitei a minha estadia no país e fui até Veneza. Tive a sorte também de curtir os últimos dias de Carnaval de Veneza e é bem diferente do Brasil. O meu intercâmbbio em Florença foi apenas de 3 meses e espero voltar a fazer outro curso de italiano na Itália. Me identifiquei muito com o seu blog. Ah passo aqui também a dica da escola onde estudei. Sprachcaffe: http://www.sprachcaffe.com/portuguese/study_abroad/language_schools/florence/main.htm . Muito legal o seu blog. Adoro as suas dicas de viagem.

    • Alessandro Paiva

      Ah, joia, Fernanda 🙂 Muito obrigado! E que bacana seu intercâmbio, hem?! Vou ler sobre a escola. Abraço e ótimas viagens sempre! 🙂

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