Em Riga batem três corações

Edifício da Academia de Ciências da Letônia e Ponte Ferroviária sobre o Rio Duína Ocidental, em Riga

Edifício da Academia de Ciências da Letônia e Ponte Ferroviária, em Riga

Aceita uma dica para ver um país com olhos mais críticos? Visite primeiro sua biblioteca nacional. A inspiração desponta nos lugares menos prováveis.

Eu não dava muito crédito à Letônia, república báltica em que eu e o Élcio estivemos em novembro do ano passado. Chegamos à capital Riga numa quarta-feira à tarde. Sem roteiro a ser cumprido naquele dia, decidimos aproveitar o restinho da luz do sol para conhecer algumas poucas atrações não previstas no nosso itinerário. Mal nos acomodamos no hotel, atravessamos o Rio Duína Ocidental (Daugava) para visitar a Biblioteca Nacional da Letônia (Latvijas Nacionālā bibliotēka).

Conhecer a instituição, mesmo sem tocar em uma obra literária sequer, foi uma pequena amostra do que veríamos e sentiríamos nos próximos três dias na cidade. Pessoas compenetradas usufruíam as amenidades do moderno edifício, que contava com uma equipe atenta a cada detalhe, reflexo de uma nação detentora de alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e com analfabetismo praticamente zero. A enorme biblioteca e seus versados frequentadores eram uma premissa de que Riga não poderia ser menos do que grandiosa.

PRIMEIRO DIA – Quarta-feira, 11/11/2015

Praça da Prefeitura, Ponte de Pedra, Rio Duína Ocidental e Biblioteca Nacional da Letônia

Nos dias anteriores, curtimos uma jornada sensacional em Vilnius, capital da Lituânia, primeira república a ser visitada nessa viagem aos países bálticos. Dessa forma, as expectativas em relação à bela cidade letã eram altas, e de fato foram superadas.

Estávamos animadíssimos! Desde que deixamos o Brasil, o sol não dava o ar de sua graça, mas em Riga ele resplandecia forte e solitário num céu infinitamente azul. O dia era ainda mais especial porque o Élcio contabilizava mais uma primavera. Saudações ao rapaz!

Fizemos o check-in no hotel pouco antes das 15h. Ficamos hospedados no Centro Histórico de Riga (Vecrīga), na parte medieval, também conhecida como Cidade Velha. Minutos mais tarde, já estávamos caminhando em direção à Biblioteca Nacional. Primeiro, passamos pela Praça da Prefeitura (Rātslaukums), que visitaríamos com mais calma na manhã seguinte. Contudo, uma foto da belíssima Casa dos Blackheads (Melngalvju nams) não atrasaria nosso roteiro improvisado.

Praça da Prefeitura, com destaque para a Casa dos Blackheads e a Torre da Igreja de São Pedro

Praça da Prefeitura, com destaque para a Casa dos Blackheads e a Torre da Igreja de São Pedro

Na Ponte de Pedra (Akmens tilts), sobre o Rio Duína Ocidental, a vista era espetacular! Já à distância, a Cidade Velha era retratada em tons pastéis, terracota e verde cobre, sustentados pelas sutis gradações do azul do céu e da água.

Ponte de Pedra (via Instagram)

Ponte de Pedra (via Instagram)

Torre da Catedral de Riga vista da Ponte de Pedra

Torre da Catedral de Riga vista da Ponte de Pedra

Ponte Pênsil sobre o Rio Duína Ocidental vista da Ponte de Pedra

Ponte Pênsil sobre o Rio Duína Ocidental vista da Ponte de Pedra

À nossa esquerda, o emblemático arranha-céus da Academia de Ciências da Letônia (Latvijas Zinātņu akadēmija) e a torre de rádio e TV disputavam o horizonte por trás da Ponte Ferroviária (Dzelzcela tilts).

Edifício da Academia de Ciências da Letônia por trás da Ponte Ferroviária

Edifício da Academia de Ciências da Letônia por trás da Ponte Ferroviária

Torre de rádio e TV por trás da Ponte Ferroviária

Torre de rádio e TV por trás da Ponte Ferroviária

Finalmente chegamos ao outro lado do rio. Nossos olhares foram arrebatados pela fachada monumental do Palácio da Luz (Gaismas Pils), que abriga a Biblioteca Nacional da Letônia. Conforme relatei, a visita a essa instituição foi um estímulo e tanto, um balde de água fria que acendeu nossos ânimos e elevou nossas expectativas em relação a Riga.

Palácio da Luz

Palácio da Luz

Não bastassem as boas impressões da biblioteca, o panorama da Cidade Velha visto dos andares mais altos do Palácio da Luz era uma atração à parte!

Cidade Velha vista do Palácio da Luz

Cidade Velha vista do Palácio da Luz

Deixamos a biblioteca e retornamos à Cidade Velha.

Ponde de Pedra

Ponde de Pedra

Edifício da Academia de Ciências da Letôni

Edifício da Academia de Ciências da Letônia

Torre de rádio e TV por trás da Ponte Ferroviária

Torre de rádio e TV por trás da Ponte Ferroviária

A noite começava a cair. Embora fosse uma quarta-feira comum, havia um grande número de pessoas na Praça da Prefeitura, especialmente no trecho da Avenida 11.Novembra krastmala, principal via da cidade.

Élcio, na Avenida 11. novembra krastmala

Élcio, na Avenida 11.Novembra krastmala

Nosso aniversariante se sentiu até honrado, mas a aglomeração de cidadãos celebrava o dia 11 de novembro de 1918, quando o Império Alemão e os aliados da Primeira Guerra Mundial assinaram o Armistício de Compiègne e a Letônia se tornou independente. Havia uma chama enorme no meio da praça, que, segundo um espectador ao nosso lado, era uma homenagem ao “soldado desconhecido”.

Homenagem ao "soldado desconhecido", na Praça da Prefeitura

Homenagem ao “soldado desconhecido”, na Praça da Prefeitura

Deixamos a praça e fomos procurar um bom bar para brindar mais um ano de vida do Élcio. Queijos, vinhos e cervejas foram ótimos pedidos, finalizando a curta jornada daquele 11 de novembro.

Petiscando na Cidade Velha

Petiscando na Cidade Velha

SEGUNDO DIA – Quinta-feira, 12/11/2015

Cidade Velha, Basílica de São Pedro, Igreja de São João, Sinagoga Peitav-Shul, Praça da Prefeitura, Monumento da Liberdade, Museu da Ocupação da Letônia, Parque da Colina do Bastião, Jardins Vērmanes, Edifício da Academia de Ciências da Letônia, Maskavas Forštate e Mercado Central

O dia não amanheceu tão azul, mas as cores da Cidade Velha ditavam o tom, literalmente. Tombada como Patrimônio Mundial pela UNESCO, a região é caracterizada por singulares edifícios medievais incrivelmente bem preservados, apesar dos incêndios e guerras sofridos ao longo dos séculos.

Rua Skārņu, na Cidade Velha

Rua Skārņu, na Cidade Velha

Rua Skārņu, na Cidade Velha

Rua Skārņu, na Cidade Velha

Praca Līvu (Līvu laukums), na Cidade Velha

Praca Līvu (Līvu laukums), na Cidade Velha

Rua Mazā Smilšu, na CIdade Velha

Rua Mazā Smilšu, na Cidade Velha

Edifício da Rua Mazā Smilšu, na Cidade Velha

Edifício da Rua Mazā Smilšu, na Cidade Velha

Iniciamos o roteiro pela majestosa Basílica de São Pedro (Rīgas Svētā Pētera baznīca), igreja luterana construída originalmente em 1209 nos estilos românico e gótico, tendo passado por algumas reformas e adquirido traços barrocos. Sua fachada é espetacular, mas decidimos não desembolsar 9 euros para visitar o interior.

Basílica de São Pedro

Basílica de São Pedro

Dica balao 2

A São Pedro é um dos monumentos medievais mais antigos e mais importantes dos países bálticos. Situa-se na Rua Skārņu n.º 19. Além de conhecer objetos e ambientes históricos expostos no seu interior, o turista pode subir até a plataforma de observação localizada na torre de 72 metros de altura. Abre de terça a sábado, das 10h às 18h entre setembro e abril e das 10h às 19h de maio a agosto. Nesses mesmos meses, aos domingos, abre às 12h e encerra no mesmos horários. A bilheteria fecha uma hora antes do final do expediente. Para mais informações, acesse peterbaznica.riga.lv/en.

Escultura Os Músicos de Bremen, ao lado da Basílica de São Pedro

Escultura Os Músicos de Bremen, ao lado da Basílica de São Pedro

Logo ao lado, no número 7 da Rua Jāņa, está outra igreja luterana, a de São João (Svētā Jāņa draudzes kanceleja). É a igreja mais antiga da cidade e a mais antiga em funcionamento da Letônia, onde os cultos são realizados no mesmo local desde 1213. Sua arquitetura mescla harmoniosamente elementos góticos, classicistas, renascentistas e barroco. É sem dúvidas belíssima! Infelizmente, estava fechada.

Igreja de de São João

Igreja de de São João

Deixamos a São João e caminhamos até a Rua Peitavas, onde passamos brevemente pela Sinagoga Peitav-Shul (Peitavas ileas sinagoga), único templo judeu da cidade sobrevivente ao holocausto.

Sinagoga Peitav-Shul

Sinagoga Peitav-Shul

De lá, fomos novamente à Praça da Prefeitura, dessa vez para visitá-la com mais tempo. A sempre fotogênica Casa dos Blackheads é a estrela do local, um dos principais cartões postais de Riga. 

Casa dos Blackheads, na Praça da Prefeitura

Casa dos Blackheads, na Praça da Prefeitura

Conhecido inicialmente como Casa Nova, o edifício original datava de 1334. No século 17, tornou-se sede da Irmandade dos Blackheads, uma corporação de mercadores alemães solteiros. Foi severamente bombardeado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, e o que restou de suas ruínas foi demolido pelos soviéticos em 1948. Por sorte, seu projeto arquitetônico sobreviveu aos ataques, e uma réplica exata do ostentoso edifício foi erigida entre 1995 e 1999.

Circulando pela praça, deparamo-nos com uma marcação octogonal bastante curiosa. A inscrição em cada uma das 8 faces daquela placa de metal diz, em línguas diferentes, “Primeira árvore de Natal de Riga, 1510”.

Marco da primeira árvore de Natal de Riga, na Praça da Prefeitura

Marco da primeira árvore de Natal de Riga, na Praça da Prefeitura

Decorar e incinerar uma árvore no inverno é uma antiga tradição pagã da Livônia (hoje Letônia e Estônia), que os alemães mercantes de Riga adotaram para celebrar o 1510º aniversário de Cristo, erguendo a primeira árvore de Natal da cidade.

Ao lado do casarão está o Museu da Ocupação da Letônia (Latvijas Okupācijas muzejs). Contudo, na portaria, havia um aviso dizendo que a exposição estava funcionando temporariamente na Boulevard Raiņa n.º 7. Para lá seguimos. Aproveitamos o deslocamento e visitamos primeiro o Monumento da Liberdade (Brīvības Piemineklis), um dos principais ícones de Riga, erguido em homenagem aos soldados mortos durante a Guerra de Independência da Letônia (Latvijas brīvības cīņas), luta marcada por vários conflitos ocorridos entre 5 de dezembro de 1918 e 11 de agosto de 1920.

Monumento da Liberdade

Monumento da Liberdade

O Museu da Ocupação da Letônia é simples, mas espetacular. Foi fundado em 1993 para exibir artefatos e documentos que remontam ao período entre 1940 e 1991, quando a Letônia esteve sob domínio dos soviéticos e dos nazistas. Sua exposição relata fatos estarrecedores sobre o que aconteceu no país nesses 51 anos de ocupação totalitária, mostrando os crimes cometidos contra o estado e contra a população letã, relembrando as vítimas que morreram, foram perseguidas, deportadas ou que fugiram.

Exposição do Museu da Ocupação da Letônia

Exposição do Museu da Ocupação da Letônia

Dica balao 2

O Museu da Ocupação da Letônia é atração imprescindível para quem vai a Riga. Para informações sobre horários, tarifas, exibições temporárias, entre outros, acesse okupacijasmuzejs.lv/en. E somente agora tomei conhecimento do edifício da KGB, que fica na Rua Brīvības esquina com Stabu, a um quilômetro da Cidade Velha. Clique aqui e saiba mais sobre esse outro museu.

No lado oposto da Boulevard Raiņa está o Parque da Colina do Bastião (Bastejkalna parks), que deve seu nome à Colina do Bastião (Bastejkalns), uma elevação erigida a partir dos restos das muralhas antigas demolidas na década de 1860. As más línguas apregoam que o monte foi construído sobre um aterro sanitário para eliminar o mau odor.

Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Hoje, o local é frequentado por românticos e habitantes à procura de lazer; uma área verde elegante decorada com cascatas artificiais, flores coloridas, esculturas e outros componentes paisagísticos e arquitetônicos. Uma dica: leve um cadeado para prendê-lo na balaustrada da pequena ponte, selando uma relação amorosa, ou traga migalhas, biscoitos ou outro alimento miúdo para dar de comer aos patos, que, junto aos cisnes e pombos, habitam o parque.

Ponte de cadeados, no Parque da Colina do Bastião

Ponte de cadeados, no Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Ópera Nacional da Letônia (Latvijas Nacionālā opera), no Parque da Colina do Bastião

Ópera Nacional da Letônia (Latvijas Nacionālā opera), no Parque da Colina do Bastião

Saímos do parque e fomos até os Jardins Vērmanes (Vērmanes Dārzs), a poucos metros dali. É o jardim público mais antigo da cidade, mas não achamos grande coisa. Poderíamos ter poupado as canelas seguindo direto até a próxima atração, o tenebroso edifício da Academia de Ciências da Letônia.

Stalin – que o capeta o tenha –, em seus constantes surtos de megalomania, ordenou a construção de uma série de edifícios colossais no bloco do leste com o propósito de aludir a sua figura poderosa e de insuflar um sentimento de grandeza na população. Com a queda do regime, muitas dessas edificações restaram como calabouços assombrados por fantasmas de uma época de abusos e perversidade. Na cidade de Moscou, as Sete Irmãs, um conjunto de edifícios de estrutura similar à do Empire State, são exemplos dessa arquitetura stalinista. Outra amostra é o Palácio da Cultura e Ciência, em Varsóvia, um “presente” do ditador soviético aos poloneses, que têm ojeriza à construção e a tudo aquilo que ela ressuscita em suas memórias. O prédio da Academia de Ciências da Letônia desperta a mesma repugnância nos letões.

Edifício da Academia de Ciências da Letônia

Edifício da Academia de Ciências da Letônia

O edifício marca elegantemente a linhas do horizonte de Riga. À medida em que se aproxima dele, um outro cenário vai se descortinando, revelando uma região sombria e uma sensação de insegurança. A vivacidade do centro histórico cede espaço a uma amplidão pardacenta, e o famigerado arranha-céus é o protagonista do bairro. Construído entre 1951 e 1961 com recursos provenientes dos kolkhozes letões e de “doações voluntárias” extraídas dos bolsos da população rural, o “Bolo de Aniversário de Stalin”, como também é conhecido, possui 108 metros de muito concreto armado.

Subimos até o mirante, que fica no 17º andar, a 65 metros de altura. A vista de 360º é um espetáculo!

Biblioteca Nacional, Ponte Ferroviária, quarteirão de Spīķeri e Mercado Central vistos do edifício da Academia de Ciências da Letônia

Biblioteca Nacional, Ponte Ferroviária, quarteirão de Spīķeri e Mercado Central vistos do edifício da Academia de Ciências da Letônia

Torres da Igreja de São Pedro e da Catedral de Riga vistas do edifício da Academia de Ciências da Letônia

Torres da Igreja de São Pedro e da Catedral de Riga vistas do edifício da Academia de Ciências da Letônia

Panorama visto do edifício da Academia de Ciências da Letônia. Destaque para a torre de rádio e TV

Panorama visto do edifício da Academia de Ciências da Letônia. Destaque para a torre de rádio e TV

O bairro onde o prédio se encontra chama-se Maskavas Forštate, uma vizinhança povoada por russos, bielorrussos e imigrantes judeus, caracterizada por típicas casas de madeira. O estado de deterioração de muitas dessas moradias dá um ar um tanto sombrio à região. Durante a ocupação nazista, Maskavas foi transformado num gueto judaico, o que não torna sua história mais encantadora. Costumava ser a área mais perigosa de Riga, mas hoje passa por um processo de revitalização com vistas ao tombamento.

Igreja da Anunciação de Nossa Senhora Santíssima (Rīgas Vissvētās Dievmātes Pasludināšanas pareizticīgo baznīca), no

Igreja da Anunciação de Nossa Senhora Santíssima (Rīgas Vissvētās Dievmātes Pasludināšanas pareizticīgo baznīca), no Maskavas Forštate

Após a visita ao Bolo de Aniversário de Stalin, seguimos pelo Maskavas até o notável Mercado Central de Riga (Centrāltirgus). Seus pavilhões foram construídos entre 1924 e 1930 nos estilos neoclássico e art déco, utilizando restos de hangares destinados a zeppelins.

Mercado Central de Riga

Mercado Central de Riga

No interior do mercado, uma miríade de bancas vendiam alimentos, flores, vestuário, produtos de limpeza e de higiene pessoal, entre outros. Estávamos certos de que adentraríamos um universo saboroso de tendas gastronômicas, onde encontraríamos iguarias típicas quiçá exóticas e trafegaríamos de negócio em negócio comendo com as mãos e encharcando as bochechas de gordura. Sim, ali havia alimentos suficientes para suprir toda a Letônia, desde que fossem adquiridos para o preparo doméstico. Contudo, o que queríamos mesmo era comida pronta, deliciosa, quentinha e temperada, servida à maneira letã e acompanhada de bebidas – de preferência alcoólicas. Ou os nativos de lá não bebem vodca?!

Mercado Central de Riga

Mercado Central de Riga

Mercado Central de Riga

Mercado Central de Riga

Mercado Central de Riga

Mercado Central de Riga

No mercado, eram raros os restaurantes almejados por mim e pelo Élcio. Todavia, não saímos de lá insatisfeitos. Num estabelecimento chamado Pelmeņu Stūrītis, tivemos uma experiência memorável! Segundo o atendente, o local é especializado na culinária russa. Pedimos sopa de frango com noodles e saborosos pelmeni de carne e tomate, ambos servidos com creme azedo e temperados predominantemente com endro. Put%#&*@riu, aquilo estava muito bom! Bom e barato!

Sopa de frango com noodles servida no Pelmeņu Stūrītis

Sopa de frango com noodles servida no Pelmeņu Stūrītis

Pelmeni de carne e tomate servido no Pelmeņu Stūrītis

Pelmeni de carne e tomate servido no Pelmeņu Stūrītis

No lado de fora, um comércio dominado por negociantes (acho que russos) sisudos inundava o Mercado Central de artigos Made in China e bugigangas diversas. Nada inspirador, mas uma experiência antropológica.

Uma chuva forte começou a cair, então decidimos encerrar a jornada daquela quinta-feira. De acordo com nosso planejamento, ainda visitaríamos o quarteirão de Spīķeri, a poucos metros do mercado, mas preferimos conhecê-lo no dia seguinte. Retornamos, portanto, ao hotel. Após um merecido descanso, à noite, saímos pela Cidade Velha contornando esquinas, penetrando ruelas, caçando bares. Lugar para beber havia aos montes! A cada boteco frequentado, meu acervo de bolachas de cerveja aumentava.

Bolachas de cerveja coletadas nos bares de Riga

Bolachas de cerveja coletadas nos bares de Riga

Existem turistas que colecionam cartões postais. Outros preferem bilhetes de metrô. Alguns guardam os ingressos das atrações visitadas. Eu junto bolachas de cerveja.

TERCEIRO DIA – Sexta-feira, 13/11/2015

Casa do Gato, Rua dos Três Muros, Museu Letão da Guerra, Rua Torņa, Castelo de Riga, Igreja de Nossa Senhora das Angústias, Catedral de São Tiago, Três Irmãos, Praça da Catedral , Rua Rozena, Catedral de Riga, Museu da História de Riga e da Navegação, quarteirão de Spīķeri e Museu do Gueto de Riga e do Holocausto Letão

Que saudades eu sentia da minha filha Flor e de minhas sobrinhas Trinity, Lua e Piquirrucha, gatas pretas que sempre me proporcionaram a maior sorte do mundo, mesmo nas sextas-feiras 13! Coincidentemente, a primeira atração visitada naquela sexta-feira 13 foi a Casa do Gato (Kaķu nams), um edifício situado no encontro das ruas Zirgu e Meistaru.

Casa do Gato

Casa do Gato

Construído em 1909, sua arquitetura mescla traços medievais e art nouveau. Tanta beleza é ofuscada pelas figuras icônicas de dois bichanos pretos de caudas eriçadas trepados no telhado, posicionados com os fiofós virados para a sede de uma extinta agremiação chamada Grande Aliança (Lielā Ģilde), que se encontra na mesma direção da prefeitura.

Detalhe do telhado da Casa do Gato

Detalhe do telhado da Casa do Gato

Há duas versões que explicam por que o proprietário do edifício colocou os gatos daquela forma. Uma reza que a Grande Aliança o recusou como membro, então ele se vingou apontando os cus dos gatos para o prédio da associação. A outra diz que o rico comerciante enfrentou uma série problemas junto ao conselho da prefeitura, que dificultou a cessão das permissões para a construção do edifício. Cu neles, então!

Tempos mais tarde, os gatos foram girados para parecerem menos ofensivos. O edifício fica no encontro das ruas Zirgu e Meistaru.

Em seguida, após uma breve espiada nos prédios da Grande e da Pequena Aliança (Mazā Ģilde), seguimos para a Rua Vaļņu, também conhecida como Rua dos Três Muros. Na entrada do edifício de número 3, um mapa conta três séculos de história da Cidade Velha.

Rua Vaļņu (Rua dos Três Muros)

Rua Vaļņu (Rua dos Três Muros), com destaque para a Torre de Pólvora do Museu Letão da Guerra

Na extremidade da Rua Vaļņu, está o Museu Letão da Guerra (Latvijas Kara muzejs), majestosamente representado pela Torre de Pólvora.

Museu Letão da Guerra

Museu Letão da Guerra

Fundado em 1919, o museu possui a maior exibição sobre a história militar do país. Os mais de 25.000 itens dividem-se em documentos, fotos, armas, uniformes, entre outros objetos. Com 25,6 metros de altura por 14,3 de diâmetro, a Torre de Pólvora, já mencionada em documentos de 1330, quando era conhecida como Torre de Areia, é o principal setor da exposição. Passou por várias reconstruções, e sua forma atual data de 1892.

Exposição do Museu Letão da Guerra

Exposição do Museu Letão da Guerra

Exposição do Museu Letão da Guerra

Exposição do Museu Letão da Guerra

Dica balao 2

O Museu Letão da Guerra fica na Rua Smilšu n.º 20. Não é meu tipo predileto de atração, mas vale a pena conhecê-lo. Funciona diariamente de abril a outubro das 10h às 18h e de novembro a março das 10h às 17h. Para mais informações, acesse www.karamuzejs.lv.

Após a visita ao museu, seguimos pela charmosa Rua Torņa até o Castelo de Riga (Rīgas pils), residência oficial do Presidente da Letônia. A primeira edificação foi erigida em 1330, tendo sofrido várias remodelações ao longo dos séculos. Sua forma atual data de meados de 1930.
Rua Torņa

Rua Torņa

Portão Sueco (Zviedru vārti), na Rua Torņa

Portão Sueco (Zviedru vārti), parte das muralhas medievais, na Rua Torņa

Castelo de Riga

Castelo de Riga

Ao lado do castelo, no número 5 da Rua Pils, está a Igreja de Nossa Senhora das Angústias (Sāpju Dievmātes Romas katoļu baznīca), templo católico construído em 1785.

Igreja de Nossa Senhora das Angústias

Igreja de Nossa Senhora das Angústias

A igreja não é grande coisa, mas já que estávamos por ali, não custava conhecê-la. E ficava ainda menos interessante se considerada a singularidade arquitetônica ao seu redor. É improvável ser imparcial e descrever sobre aquela e outras partes da Cidade Velha apenas com adjetivos do tipo “bonita” ou “formosa”. As ruas históricas de Riga incitam um entusiasmo entorpecente que hiperboliza relatos e faz exceder em elogios, entretanto tais manifestações jamais deixarão de ser sinceras.

Rua Pils

Rua Pils

Rua Pils

Rua Pils

Rua Anglikāņu

Rua Anglikāņu

Uma atração que não estava prevista em nosso roteiro, mas que valeu a pena conhecer, foi a Catedral de São Tiago (Svētā Jēkaba katedrālē), sede da Igreja Católica em Riga, dedicada em 1225 a São Tiago Maior. Tão histórica e tão bonita! Localiza-se na Rua Jēkaba n.º 9.

Catedral de São Tiago

Torre da Catedral de São Tiago

Da igreja, passamos diante de um conjunto de prédios chamado Três Irmãos (Trīs brāļi), o mais antigo complexo de casas de habitação na cidade. Localizados nos números 17, 19 e 21 da Rua Mazā Pils, os edifícios foram erguidos entre os séculos 15 e 17, representando vários períodos da construção habitacional. Hoje, abrigam o Museu Letão de Arquitetura (Latvijas Arhitektūras muzejs) e o departamento do Ministério da Cultura responsável pela fiscalização do patrimônio cultural.

Três Irmãos

Três Irmãos

Continuamos a perambular entre casas, edifícios e monumentos fascinantes. Encantava-nos ver um lugar não somente gracioso, mas também limpo e bem preservado. Aplausos para a prefeitura! E para os cidadãos, que aprenderam em casa – e talvez na Biblioteca Nacional – a exercer a cidadania e zelar pelo patrimônio histórico.

Rua Krāmu

Rua Krāmu

Jauniela

Jauniela

Fachada de uma loja de souvenirs da Jauniela

Fachada de uma loja de souvenirs da Jauniela

Praça da Catedral (Doma laukums)

Praça da Catedral (Doma laukums)

Atrás da Catedral de Riga (Rīgas doms) existe uma viela adorável chamada Rozena, que lembra muito um cenário medieval. Embora eu não a considere um ponto turístico, a estreita rua merece uma visita.

Rua Rozena

Rua Rozena

Minutos depois, dirigimo-nos à Catedral de Riga, a maior igreja medieval dos Países Bálticos, uma das principais representações da cidade, seja em cartões postais, souvenirs ou pinturas. É a sede da Igreja Evangélica Luterana da Letônia.

Catedral de Riga

Catedral de Riga

Seu domo pode ser visto de vários pontos da cidade, delineando solenemente o horizonte da capital letã. Sorte nossa, o telhado estava novinho em folha, irradiando um vermelho acobreado espetacular, que o tempo irá maturar até atingir a inconfundível pátina verde cardenilho.

Claustro da Catedral de Riga

Claustro da Catedral de Riga

Claustro da Catedral de Riga

Claustro da Catedral de Riga

A catedral foi construída em 1211. Sofreu inúmeras transformações, indo do românico ao art nouveau sem perder a essência. Assim como em outros templos da cidade, durante a ocupação soviética, os cultos religiosos foram proibidos na bela igreja, que serviu de sala de concertos entre 1959 e 1989.

Corredores do claustro da Catedral de Riga

Corredores do claustro da Catedral de Riga

Dica balao 2

A Catedral de Riga é atração obrigatória para quem visita a cidade, seja o turista religioso ou não. Situa-se na Praça de Herder (Herdera laukums), no coração da Cidade Velha. Entre 1º de julho e 30 de setembro, abre de sábado a terça das 9h às 18h, às quartas e sextas das 9h às 17h e às quintas das 9h às 17h30. Entre 1º de outubro e 30 de junho, abre todos os dias das 10h às 17h. O ingresso na capela é gratuito. Para mais informações, acesse www.doms.lv.

Deixamos a catedral, dobramos à esquerda e caminhamos alguns metros até o Museu da História de Riga e da Navegação (Rīgas vēstures un kuģniecības muzejs), localizado na Rua Palasta n.º 4. Sua exposição possui mais de 500.000 itens que dividem a história da cidade desde a Riga Antiga (anterior ao século 13) até o início da Segunda Guerra Mundial, exibindo obras de arte, vestuário, mobiliário, entre outros.

Dica balao 2

De 1º de maio a 30 de setembro, o museu abre diariamente das 10h às 17h. Entre 1º de outubro e 30 de abril, abre de quarta a domingo das 11h às 17h. Para mais informações, acesse www.rigamuz.lv.

Era hora de retornar ao bairro Maskavas Forštate para conhecer o quarteirão de Spīķeri, que deixamos de visitar no dia anterior por causa da chuva. Caminhamos uns 15 minutos até lá.

Um dos pavilhões do quarteirão de Spīķeri

Um dos pavilhões do quarteirão de Spīķeri

Originário de meados do século 19, durante décadas, o vasto território ao ar livre e os notáveis armazéns de tijolos vermelhos do Spīķeri eram destinados à atividade portuária. Após um processo de revitalização, concluído em 2013, a área tornou-se um afamado centro cultural, bem servido de galerias de arte, restaurantes e escritórios, onde, em épocas mais quentes, acontece uma infinidade de eventos a céu aberto como concertos, atividades esportivas e outras formas de entretenimento. Lamentavelmente, não presenciamos movimentação alguma.

Pavilhões do quarteirão de Spīķeri

Pavilhões do quarteirão de Spīķeri

O local, que hoje exubera cultura e diversão, foi também palco de um episódio funesto da história da Letônia. Não muito distante dali, encontravam-se as fronteiras do Gueto de Riga, área delimitada durante a Segunda Guerra Mundial para confinar a comunidade judaica. Em memória das vítimas dessa triste passagem, em 21 de setembro de 2010, foi fundado no Spīķeri o Museu do Gueto de Riga e do Holocausto Letão (Rīgas Geto un Latvijas Holokausta muzejs), dedicado aos 25.000 judeus da Europa Ocidental deportados para serem exterminados em Riga.

Vagão de trem em exposição no Museu Museu do Gueto de Riga e do Holocausto Letão

Vagão de trem em exposição no Museu do Gueto de Riga e do Holocausto Letão

Casa original do Gueto de Riga, reconstruída no Museu Museu do Gueto de Riga e do Holocausto Letão

Casa original do Gueto de Riga, transportada integralmente para o Museu do Gueto de Riga e do Holocausto Letão

Dica balao 2

A entrada para o Museu do Gueto de Riga e do Holocausto Letão é gratuita, mas doações são bem-vindas. Funciona de domingo a sexta das 10h às 18h. O site da instituição ainda é deficiente, podendo ser acessado em www.rgm.lv.

Já eram quase 14h, e um prato de comida típica cairia muito bem. Satisfazer nossos desejos gastronômicos em um badalado restaurante do Spīķeri seria uma ótima ideia. Acordamos que a caminhada desde manhã até aquele momento nos dava direito a uma refeição um pouco mais robusta. Fomos ao lugar certo, todavia na hora errada. O centro cultural estava mais monótono que partida de xadrez na lua, e os pouquíssimos estabelecimentos abertos não ofereciam um banquete que atendesse aos nossos anseios.

Dica balao 2

Notadamente, o Spīķeri é um dos maiores pontos de entretenimento de Riga. Conforme relatei, fomos ao local certo, mas na hora errada. Faltou uma pesquisa mais apurada sobre o funcionamento do complexo. Para que você não cometa o mesmo erro, acesse www.spikeri.lv e saiba de tudo o que acontece no célebre quarteirão.

Deixamos o Spīķeri admirados com sua estrutura e com o Museu do Gueto, mas desapontados por não descolar uma boa gororoba. Felizmente, a alguns passos dali, estava o já visitado Mercado Central, onde talvez fôssemos surpreendidos por um restaurante deleitável. E a sorte estava ao nosso lado! Santa sexta-feira 13! Antes mesmo que entrássemos em um dos antigos hangares do histórico mercado, avistamos um lugar chamado Uzbeku Šašliks, em que fomos agraciados com iguarias sensacionais típicas do Uzbequistão.

O Élcio pediu lagman, que é um macarrão com boi, cordeiro e vegetais e um simples – mas não menos saboroso – espetinho de boi.

Lagman, servido no Uzbeku Šašliks

Lagman, servido no Uzbeku Šašliks

Espetinho de boi, servido no Uzbeku Šašliks

Espetinho de boi, servido no Uzbeku Šašliks

Comi um arroz delicioso chamado plovs, servido com carne bovina e vegetais, e o fabuloso manti, uma espécie de trouxinha cozida recheada de boi e acompanhada de creme azedo.

Plovs, servido no Uzbeku Šašliks

Plovs, servido no Uzbeku Šašliks

Manti, servido no Uzbeku Šašliks

Manti, servido no Uzbeku Šašliks

Fazendo o tipo crítico gastronômico de comidas locais, não hesito em classificar o humilde restaurante uzbeque com digníssimas cinco estrelas. A comida estava espetacular! O Uzbeku Šašliks é barato, eficiente e de serviço cortês. Fica no complexo de lojas e tendas situado entre os hangares do Mercado Central e o quarteirão do Spīķeri

De estômagos forrados, deixamos a região do Maskavas Forštate e adentramos a Cidade Velha sem rumo. Passamos em um shopping center, dobramos algumas belas esquinas, tomamos um espresso e retornamos ao hotel para descansar.

Rua Privātīpašums, na Cidade Velha

Rua Privātīpašums, na Cidade Velha

À noite, demos andamento à coleta de bolachas de cerveja nos bares da Cidade Velha.

Por que tanta raiva?! Fazendo pose para descontrair

Por que tanta raiva?! Fazendo pose para descontrair

QUARTO DIA – Sábado, 14/11/2015

Museu Nacional de História Letã, Catedral da Natividade, Galleria Riga, Basílica de São Alexandre Nevsky, Igreja Velha de Santa Gertrude, bairro do art nouveau, Parque Kronvalda, mercado ao ar livre da Rua Kalnciema e Ponte Pênsil

Bateríamos muita perna naquela jornada sabática, o que não era novidade alguma. Entretanto, tivemos que andar muito além do esperado. E não é que foi ótimo!

Dia sem sol, na Cidade Velha (Rua Skārņu)

Dia sem sol, na Cidade Velha (Rua Skārņu)

Começamos o dia indo ao Museu Nacional de História Letã (Latvijas Nacionālais vēstures muzejs), situado na Boulevard Brīvības n.º 32, atrás do Monumento da Liberdade. Infelizmente, as informações estavam todas em letão, assim como o website da instituição. Deixamos o local e caminhamos alguns metros até a magnífica Catedral da Natividade (Kristus Piedzimšanas pareizticīgo katedrāle), uma das atrações mais bacanas da cidade.

Catedral da Natividade

Catedral da Natividade

A edificação, de estilo neobizantino, foi construída entre 1876 e 1883, época em que a Letônia esteve sob o domínio do Império Russo. É a maior igreja ortodoxa dos Países Bálticos. Assim como em outros templos ortodoxos, não é permitido fotografar no seu interior. Uma pena, pois a catedral é lindíssima! Sua decoração conta com uma importante coleção de ícones (arte pictórica religiosa), muitos pintados pelo renomado artista russo Vasily.

Na Primeira Guerra Mundial, as tropas alemãs converteram a catedral em igreja luterana, e no início da década de 1960, os soviéticos cancelaram os cultos e converteram o edifício num planetário. Com o fim do comunismo na Letônia, em 1991, a catedral voltou a ser uma igreja ortodoxa.

Catedral da Natividade

Catedral da Natividade

A Catedral da Natividade e outras instituições religiosas de Riga ilustram a beleza do sincretismo na Letônia. Segundo dados divulgados em 2011 pelo Ministério da Justiça, no país, os luteranos ocupam uma parcela de 34,4% da população, os católicos romanos 25,1% e os ortodoxos 19,4%. Outros segmentos cristãos representam 1,2% da sociedade letã, e os 20% restantes são divididos em muçulmanos, Hare Krishna, judeus, budistas, mórmons, entre outras congregações, além de ateístas.

Deixamos a Catedral da Natividade e demos uma passada supersônica no Galleria Riga, shopping situado na Rua Dzirnavu n.º 67, a dois quarteirões da igreja. Compras?! Nem pensar! Foi apenas uma parada para satisfazer nossas necessidades fisiológicas. Em seguida, um espresso numa cafeteria requintada do shopping brindou nosso alívio.

Próximo ao Galleria Riga, no número 6 da Boulevard Brīvības, está a Basílica de São Alexandre Nevsky (Svētā Ņevas Aleksandra pareizticīgo baznīca), uma pequena igreja ortodoxa que atraiu nossas atenções pelo amarelo vibrante da sua fachada. Como também não era permitido fotografar o interior do templo, fico devendo registros de sua surpreendente decoração.

Basílica de São Alexandre Nevsky

Basílica de São Alexandre Nevsky

Finalizando nosso tour por instituições religiosas em Riga, rumamos um quarteirão até a Igreja Velha de Santa Gertrude (Rīgas Vecā Svētā Ģertrūdes Evaņģēliski luteriskā baznīca), templo luterano erguido originalmente em 1418. Sua forma atual, modelada no estilo neogótico, data de 1869 e esconde séculos atribulados de construções, destruições, reconstruções e tantas outras reformas. É de fato belíssima! Situa-se na Rua Ģertrūdes n.º 8.

Igreja Velha de Santa Gertrude

Igreja Velha de Santa Gertrude

Igreja Velha de Santa Gertrude

Igreja Velha de Santa Gertrude

Igreja Velha de Santa Gertrude

Igreja Velha de Santa Gertrude

Retornamos pela Rua Skolas, onde iniciamos uma caminhada pela região do Centro Histórico que possui uma das melhores coleções de edifícios art nouveau da Europa.

Rua Elizabetes

Rua Elizabetes

Detalhe da fachada de edifício da Rua Elizabetes

Detalhe de edifício da Rua Elizabetes

Detalhe da fachada de edifício da Rua Elizabetes

Detalhe de edifício da Rua Elizabetes

Edifício da Rua Antonijas

Edifício da Rua Antonijas

O passeio culminou na Rua Alberta, onde as mais expressivas construções disputam lado a lado o título de edifício mais fabuloso. Excentricidade pouca é bobagem!

Edifício da Rua Alberta

Edifício da Rua Alberta

Detalhe da fachada do edifício da Embaixada da Irlanda, na Rua Alberta

Detalhe do edifício da Embaixada da Irlanda, na Rua Alberta

Edifício da Rua Alberta

Edifício da Rua Alberta

Dica balao 2

No número 12 dessa mesma rua, encontra-se o Museu do Art Nouveau (Rīgas Jūgendstila muzejs), que exibe um apartamento residencial típico do início do século 20, onde o exímio arquiteto letão Konstantīns Pēkšēns viveu até 1907. Preferimos não visitá-lo, mas é uma atração bem interessante, especialmente para os aficionados por essa fase da história da arte que marcou o fim do século 18 e início do século 20 com suas formas ultradecorativas. Funciona de terça a domingo, das 10h às 18h. Para mais informações sobre o museu e demais exposições do art nouveau em Riga, acesse www.jugendstils.riga.lv.

Eu começava a visualizar Riga de uma forma bem particular. À parte a porção oeste ao Rio Duína Ocidental, a cidade já demonstrava uma divisão com três características marcantes: ao centro, tem-se a parte medieval, com suas construções típicas inconfundíveis; à direita, está o cinzento Maskavas Forštate, que remete aos anos de ocupação soviética, e à esquerda está o formosíssimo bairro art nouveau, com sua arquitetura megassofisticada e ares bem aristocráticos. Qual das três áreas é o coração de Riga? Todas as três. Se onde há sentimentos intensos há um coração, Riga pulsa forte em cada uma dessas regiões. Na vila medieval, bate um coração alegre, cheio de energia, em ritmo às vezes intenso às vezes moderado. No Maskavas, bate um coração ressentido, dolorido, mas dentro de um peito forte e aberto, à espera de dias melhores. Por fim, no meio da beleza do art nouveau, as batidas cardíacas são compassadas, numa cadência graciosa e distinta.

Ainda no bairro art nouveau, seguimos pela Rua Strēlnieku até a Boulevard Kalpaka. Então dobramos à esquerda e caminhamos ladeando outros tantos prédios e o Parque Kronvalda (Kronvalda parks).

Edifícios da Rua Strēlnieku

Edifícios da Rua Strēlnieku

Boulevard Kalpaka

Boulevard Kalpaka

Edifício da Boulevard Kalpaka

Edifício da Boulevard Kalpaka

Depois, viramos à direita na Rua Krišjāņa Valdemāra e andamos até o Teatro Nacional (Nacionālais teātris), onde pegamos o ônibus 53 no sentido “Zolitūdes D/P” e descemos no ponto “Kalnciema iela”. Nosso próximo destino seria o mercado ao ar livre da Rua Kalnciema (Kalnciema Kvartāls), que acontece todos os sábados das 10 às 16h, no encontro das ruas Kalnciema e Melnsila.

Barraca de tortas do mercado ao ar livre da Rua de Kalnciema

Barraca de tortas do mercado ao ar livre da Rua Kalnciema

Queijos, embutidos, tortas, doces, geleias, biscoitos, bebidas e souvenirs não faltavam naquela feira. Era tanta opção que tínhamos dificuldades de escolher entre um petisco e outro. Fiquei tão perdido, mas tão perdido, que não comi nada. O Élcio ainda beliscou umas linguiças de carne de veado, que, segundo ele, estavam deliciosas. Exótico demais para meu estômago de seda! Para não dizer que não adquiri nada na feira, comprei umas balas bem legais para dar de lembrança aos mais chegados.

Biscoitos vendidos no mercado ao ar livre da Rua de Kalnciema

Biscoitos vendidos no mercado ao ar livre da Rua Kalnciema

Barraca de embutidos do mercado ao ar livre da Rua de Kalnciema

Barraca de linguiças do mercado ao ar livre da Rua Kalnciema

Barraca de queijos do mercado ao ar livre da Rua de Kalnciema

Barraca de queijos do mercado ao ar livre da Rua Kalnciema

Saímos da feira e atravessamos a rua para pegar o ônibus de volta. Não tínhamos moedas ou cédulas menores para pagar a passagem, então entramos numa lanchonete chamada Babur Kebab e pedimos um lanche com o intuito de trocar o din-dim. A balconista quase nos esfaqueou ao ver uma nota tão grande, mas não havia outra alternativa. Ou voltaríamos a pé até a Cidade Velha? Enfim, comemos um kebab (estava delicioso!) e nos dirigimos ao ponto de ônibus. Esperamos uns três minutos, olhamos para a cara um do outro e decidimos voltar caminhando. Nada de transporte público! Antes de começar o trajeto, fechamos os olhos, erguemos os queixos e as mãos postas e emanamos energias positivas para a pobre balconista, que havia esvaziado sua gaveta de moedas e notas pequenas em vão.

Retornar a pé foi uma ótima escolha! Caminhamos pelas ruas Kalnciema e Krišjāņa Valdemāra rente às construções de madeira da região, que possui um dos metros quadrados mais caros de Riga. Melhor que observar as redondezas foi jogar conversa fora. Falamos da viagem; lembramos dos familiares, amigos e inimigos; fizemos comparações entre a Letônia e o Brasil (frustrante, infelizmente), e tecemos previsões em relação a nossa ida à Estônia, para onde partiríamos na tarde do dia seguinte. Só não tivemos tempo para reclamar do cansaço, mesmo porque ele não ousava se manifestar.

Rua Kalnciema

Rua Kalnciema

Atravessamos o Duína Ocidental pelos 595 metros da Ponte Pênsil (Vanšu tilts), de onde a vista para o Castelo de Riga era espetacular. Não menos bacana era a linha do horizonte da Cidade Velha, entrecortado pelas torres agudas das principais igrejas e monumentos da cidade.

Ponte Pênsil

Ponte Pênsil

Castelo de Riga visto da Ponte Pênsil

Castelo de Riga visto da Ponte Pênsil

Chegamos ao hotel e descansamos. O resto, você já sabe: saímos noite afora coletando bolachas de cerveja.

Coletando bolachas de cerveja

Coletando bolachas de cerveja

QUINTO E ÚLTIMO DIA – Domingo, 15/11/2015

Edifício da Rua Vecpilsētas, na Cidade Velha

Edifício da Rua Vecpilsētas, na Cidade Velha

Acordamos mais tarde, dispensamos o café da manhã do hotel e fomos dar uma volta pela Cidade Velha. Eram pouco mais das 10h30 (ou 11h30?), e nosso ônibus partiria para Tallinn no começo da tarde. Deu tempo de tomar um espresso, comprar souvenirs, dar biscoito aos patos e pombos do Parque da Colina do Bastião e enrolar um pouco na rodoviária antes de embarcar. O dia estava ensolarado, e foi muito bacana ver a cidade ainda mais vibrante.

Praça Līvu (Līvu laukums), na Cidade Velha

Praça Līvu, na Cidade Velha

Praça Līvu, na Cidade Velha

Praça Līvu, na Cidade Velha

Cafeteria da Praça Līvu, na Cidade Velha

Cafeteria da Praça Līvu, na Cidade Velha

Rua Kaļķu, na Cidade Velha

Rua Kaļķu, na Cidade Velha

Feira da Rua Kaļķu

Feira da Rua Kaļķu, na Cidade Velha

Parque da Colina do Bastião

Parque da Colina do Bastião

Mercado Central visto do terminal rodoviário de Riga

Mercado Central visto do terminal rodoviário de Riga

Terminal rodoviário de Riga

Terminal rodoviário de Riga

As expectativas criadas pela visita à Biblioteca Nacional nos nossos primeiros momentos em Riga foram confirmadas. Um país tão esplendoroso não teria enfrentado batalhas à base de mediocridade, menos ainda curado feridas profundas. Após anos difíceis, erguer-se, desenvolver-se e manter-se foi uma questão de honra, que fortaleceu o espírito letão e o tornou uma entidade sólida, incorporada num povo que se orgulha de suas raízes, de sua história e de sua cultura e desconsidera quem tentou usurpar sua identidade.

Monumento da Liberdade, em Riga

Monumento da Liberdade, em Riga

Deixamos a Letônia encantados, e olha que conhecemos somente a capital, onde encontramos três corações que batiam em ritmos completamente distintos, mas que irrigavam a cidade com paixão, dignidade e fé e únicas.

Despedindo de Riga

Despedindo de Riga

Fui e vou voltar - Alessandro Paiva

contato@fuievouvoltar.com


Para ajudá-lo no planejamento do seu roteiro, marquei no mapa abaixo as atrações discorridas neste post e algumas não visitadas. Acesse o mapa e escolha os pontos turísticos desejados. Não se esqueça de calcular o tempo de permanência em cada local, levando em consideração se a visita é interna ou somente externa.

 

 

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Sobre Alessandro Paiva

A graphic designer who loves cocktail and travelling. Check my cocktail blog at pourmesamis.com, my travelling blog at fuievouvoltar.com and my graphic design portfolio at www.alessandropaiva.com.

Um Comentário

  1. Excelente! estou remodelando o meu roteiro com as suas dicas!
    obrigada e aguardo mais !

  2. Pingback: Tallinn exubera cultura, cores, formas e sabores | Fui e vou voltar

  3. Heloisa Lima

    Puxa…. descrição primorosa e super útil. Obrigada! Valeu demais! Estamos chegando em Riga (via Tallinn – que adoramos). Muito obrigada!

    • Alessandro Paiva

      Oi, Heloisa!!! Eu é que agradeço 🙂 Aproveita bastante, e dê saudações a Riga por mim 🙂 Saudades daquele lugar…

      Abraço e boas viagens sempre!

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