A ideia era passar o réveillon 2012/2013 em qualquer canto do planeta que não fosse Belo Horizonte, Cabo Frio ou Guarapari. O Élcio vinha pesquisando pacotes desde o início da era cristã, para ter certeza que acharia algo bacana. Cogitou até algumas cidades europeias, mas o mais longe que o nosso orçamento permitiu foi Santiago, no Chile. Eu achei ótimo! Aliás, nós oito achamos ótimo! Nesta viagem, fomos eu, o Élcio, minha irmã Yáskara (Kaká), meu cunhado Tião, a Lívia (irmã do Élcio), o Cristiano, a Juçara e a Lydianne.
Festas de virada não estão na lista de coisas que gosto. Daquelas em que se anuncia open bar, então, nem se fala! A vodca nunca é de qualidade, o povo luta na fila para conseguir uma birita e detona a bexiga na espera do banheiro químico. E as roupas brancas?! Os participantes parecem um bando de almas estrassadas (com “a” mesmo), esperando o momento em que os fogos irão estourar para poderem cantar “Viver e não ter a vergonha de ser feliz…”, trecho da música O que é, o que é, bem lembrada pelo Élcio.
Em Santiago, paguei a língua. Nosso réveillon foi mais ou menos assim, porém foi perfeito. Deixamos para resolver tudo na última hora, no dia 31 mesmo, enquanto fazíamos compras no Shopping Parque Arauco. Primeiro, tentamos ir a Valparaíso ou Viña del Mar, onde acontecem as melhores festas de virada de ano. Entretanto, em cima da hora fica impossível ir para essas cidades. Não se acham passagens, muito menos hospedagem. Talvez o turista consiga alugar um carro, mas vai dormir onde? Se você pensa que rola de dormir na praia, como sugeriram alguns dos meus sábios amigos, sua morte por hipotermia será certa, mesmo no dia mais quente do verão. Tendo em vista todo esse drama, começamos a entrar em pânico e a caçar freneticamente um lugar para passar o ano novo. Depois de muita procura, a Juçara e a Lydianne encontraram, num guichê de informações do shopping, um rapaz que nos sugeriu ir ao Revive 2013, no Club Hipico. A Lydi inclusive tinha ouvido falar dessa festa na internet. Então corremos para o Ticketmaster da loja Falabella, ali no shopping mesmo. Depois de 330 horas esperando uma sem-noção comprar zilhões de entradas para uma peça de teatro, chegou nossa vez de garantir o réveillon. Infelizmente, esgotaram-se os bilhetes all-inclusive. Tivemos que nos contentar apenas com a entrada, que dava direito a todas as pistas de dança. Bebidas deveriam ser compradas no local.
Mais adiante, conto como passamos a festa de Ano Novo, que foi só um pequeno detalhe da nossa bela viagem. Santiago é espetacular e, como eu já disse em um post sobre Buenos Aires, todo brasileiro deveria aproveitar a proximidade geográfica e dar uma passada lá. Não sai caro, a cidade é muito bem estruturada e tudo é muito bacana.
DIA 30/12, DOMINGO – A CHEGADA
Tribunal de Justiça, Antigo Congresso Nacional, Plaza de Armas, Catedral Metropolitana, Museo Histórico Nacional, Paseo Peatonal Ahumada, Casa Colorada, Patio Bellavista
Éramos ainda seis viajantes no primeiro dia. A Juçara e a Lydianne chegariam à noite. De tarde, logo que fizemos o check-in no hotel, deixamos as malas e corremos para a rua. Nosso primeiro tour começaria pela Plaza de Armas, próximo ao hotel. No caminho, aproveitamos e demos uma espiada no Tribunal de Justiça e no Antigo Congresso Nacional.
Não demorou e já estávamos na Plaza de Armas. Como era domingo, o local estava lotado de famílias, que se divertiam. O povo estava bem à vontade, que o digam as crianças que nadavam na fonte.
Na Plaza de armas estão localizados, principalmente, a Catedral Metropolitana e o Museo Histórico Nacional.
Como é grande a catedral! E maravilhosa! Sua primeira construção, de adobe, foi destruída em um incêndio provocado pelos índios mapuche. Reerguida, foi completamente arruinada nos terremotos de 1647 e 1730. Outras duas transformações a deixaram da forma como se encontra hoje.
Visitamos o interior da catedral e de lá seguimos para o Museo Histórico Nacional, que trata da história chilena desde o pré-descobrimento até meados do século XX. Muito charmoso! E não pagamos a entrada! Aos domingos, a visita ao museu é gratuita, assim como em vários outros museus de Santiago. Portanto, nossa tarde nos custou apenas alguns merecidos sorvetes.
Da Plaza de Armas rumamos pelo Paseo Peatonal Ahumada, uma rua fechada lotada de lojas e pessoas. Embora a cidade seja muito limpa e os cidadãos muitíssimo educados, a rua estava bem judiada naquele domingo, com lixo por todo o canto. Nada diferente do centro de Belo Horizonte. Entretanto, Santiago é um exemplo de urbanismo. É tudo muito organizado, bem planejado e sinalizado. Adoramos, inclusive, o semáforo com um homenzinho correndo em contagem regressiva. Ou você atravessa as ruas calmamente ou entra em pânico e corre desembestado para o outro lado, como faz o homenzinho no final da contagem. E no trânsito não vi buzinação de carros, motociclistas abusados ou qualquer outro caos inerente às grandes capitais. Há de se considerar que era quase véspera de réveillon, mas acredito que durante o ano as coisas não mudem tanto. Eu moraria lá fácil! Ou não! Terremotos não me seduzem.
Não demorou muito e já estávamos na Falabella, loja de departamentos onde se encontra de tudo a bons preços. Embora eu tenha procurado evitar um roteiro de compras, não resisti e juntei-me a alguns dos meus queridos amigos na procura de sei-lá-o-quê para comprar. Acho que esse tipo de turismo toma muito tempo, e no final das contas nos pegamos comprando um mundo de quinquilharia que só vai resultar em excesso de bagagem. Como era o primeiro dia da nossa viagem, achamos prudente não cair matando na gastança e saímos da loja de mão abanando, felizmente.
O Paseo Peatonal Ahumada e suas redondezas são bem movimentados. Como éramos brasileiros, achávamos que aquilo era fichinha, que poderíamos caminhar alegremente com nossas máquinas fotográficas, tablets e mochilas nas cosas sem problema algum. Entretanto, fomos abordados várias vezes por policiais e cidadãos comuns que nos alertavam para o perigo de furto. Certamente estávamos dando sopa com nossos pertences e nem percebíamos isso. Então, amigo turista,
quando for a Santiago, não dê bobeira com suas coisas. Conforme orientacão local, máquinas fotográficas, celulares e tablets devem estar, sempre que possível, dentro das bolsas. Ou você vai querer entrar para o rol dos brasileiros espertos e cheios de ginga que foram assaltados no exterior? Embora não tivéssemos sentido alguma ameaça, o perigo existe. Isso é uma característica das cidades grandes e todo cuidado é pouco, mas duvido que Santiago seja mais perigoso que qualquer capital brasileira.
Naquele dia, estavam programados para visitar, ainda, o Museo de Arte Precolombino e a Casa Colorada. Infelizmente encontravam-se fechados. O Museo de Arte Precolombino, que estava sendo completamente restaurado, é o mais famoso da cidade. Seu destaque são as dezenas de múmias chinchorro, povo que viveu há mais de sete mil anos no norte do Chile e sul do Peru. Uma pena não termos conseguido ver isso.
Começamos o passeio daquele domingo megaensolarado por volta das 15h30. Já havíamos rodado bastante e o sol continuava rachando. O tempo passava, passava e lá estava o sol, do jeitinho que eu gosto! Amo o horário de verão, e o de lá é top! Às 20h ainda estava bem claro e só começava a escurecer às 21h.
Retornamos ao hotel. Depois de um breve cochilo, saímos para conhecer a noite de Santiago. A Juçara e a Lydianne tinham acabado de chegar e se juntaram a nós. O que estava ótimo ficou excelente, e nada melhor que uns bons drinques e pessoas simpáticas como nós para celebrar aquela viagem. Fomos ao Bellavista, bairro jovem, vibrante e boêmio. Entretanto, frequentamos somente o Patio Bellavista, um complexo de atividades gastronômicas, culturais, artísticas e turísticas. Ali existem cerca de oitenta estabelecimentos, divididos entre restaurantes, cafés, livrarias, lojas de roupas, de artesanatos, joalheria e galerias de arte.
Sentamos eu um restaurante bem bacana. Enquanto o garçon não aparecia, fizemos todo o tipo de foto juntos. Mil fotos depois, nada de sermos atendidos. Começamos a ficar mal-humorados, pois estávamos famintos e bebintos. Já sem muita paciência, levantamo-nos e procuramos outro lugar ali no complexo. Embora estivesse tudo lotado, encontramos um restaurante muito bom.
Por falar em restaurante, precisamos conversar sobre duas coisinhas. Primeiro, jamais acredite quando um garçom chileno lhe disser que aquele prato que você tanto quer não dá para duas pessoas. Vá por mim, é mentira! Os pratos são fartíssimos! Em Santiago, se o prato é individual, duas bocas fazem a festa. Segundo, não se estresse com o atendimento. O fracasso da nossa experiência naquele primeiro restaurante foi sendo explicada ao longo da viagem. Praticamente em todos os estabelecimentos tivemos que esperar muito para ser atendidos, além de que os pedidos, depois de feitos, também demoravam muito. Só percebi que a coisa era normal ao notar que os clientes chilenos que esperavam, assim como nós, não se incomodavam. Aquele barraco do tipo que só brasileiro sabe armar, não acontece em Santiago. Queria eu ser educado e paciente assim. Portanto, amigo turista, se você for ao Chile e mofar na espera para ser atendido, segure a roda da sua baiana! Nada de faniquitos, como os que estávamos prestes a dar. Acredito que toda essa lentidão é uma questão cultural, potencializada por uma logística deficiente.
No mais, nosso primeiro dia foi ótimo! O seguinte seria véspera de ano novo a tínhamos muito o que fazer ainda naquele restinho de 2012.
DIA 31/12/2012 – SEGUNDA-FEIRA
Compras no Shopping Parque Arauco e festa da virada
Foi um pouco complicado planejar o roteiro para esta viagem. Havia dois problemas. Primeiro, era fim de ano, quando as atrações e os estabelecimentos têm seus horários de funcionamento e abertura alterados. Segundo, a véspera do ano novo ocorreu numa segunda-feira, dia da semana em que muitas atrações turísticas fecham para manutenção ou descanso.
Era segunda-feira, e eu tinha planejado muita coisa para aquele dia. Devido aos contratempos da virada do ano, percebi que não seria possível cumprir o roteiro daquela jornada, que teve que ser diluído no restante da viagem. A solucão foi aproveitar para fazer compras. Os shoppings funcionariam até as 17h, então seguimos para o Parque Arauco, centro comercial que se localiza ao lado do parque de mesmo nome. Pegamos o metrô, descemos na estação Escuela Militar e caminhamos até o shopping. Embora a caminhada tivesse sido longa e debaixo de um solão, foi bem agradável. O bairro é muito bonito e a Cordilheira dos Andes aparece ao fundo quase o tempo todo.
Em meio às compras, bateu em todos o desespero de que não tínhamos a mínima ideia de onde passaríamos o réveillon. Foi quando procuramos um guichê de informações turísticas para sugestões de última hora, conforme contei no início deste post. Depois de uma curta batalha estressante, deixamos o Parque Arauco aliviados e certos que nossa virada de ano seria muito bacana.
Hum… Mais coisas aconteceram antes do réveillon. Já no hotel, antes de irmos para o Club Hipico, meu amigo Igor José Garcez, por meio do Facebook, disse que também havia passado uma virada de ano em Santiago. Perguntei a ele onde comemorou o ano novo e ele disse que, além da festa no hostel em que estava hospedado, foi assistir ao show de fogos na Bernardo O’Higgins. Também conhecida como La Alameda, a Libertador General Bernardo O’Higgins é a principal avenida de Santiago. Comentei sobre esse show com o Tião, que ficou muito animado. Como a festa no Club Hipico começaria somente às 0h30, decidimos ir assitir ao tal espetáculo pirotécnico primeiro. Maaaaaas…, tenho um certo déficit de atenção. Na mensagem do Igor, li “O’Higgings”, e, não sei por quê, repentinamente estávamos eu e o Tião pesquisando no Google Maps sobre como chegaríamos ao “Parque” O’Higgins. Contamos para o pessoal e todos animaram de ir ao show de fogos que nunca acontecera naquele parque. Pegamos um dos últimos metrôs do dia e para lá fomos. Descemos na Parque O’Higgins. Ao sairmos dessa estação, algumas das entradas já estavam sendo fechadas. Estávamos debaixo de um viaduto na Avenida Manuel Antonio Matta. Completamente perdidos, passamos diante de uns sete homens de terno preto. Subimos uma escadaria do viaduto e chegamos a um ponto de ônibus. O clima ficou tenso! Estava bastante deserto. Parecia perigoso e não tínhamos noção nenhuma de para onde seguir, pois as calçadas estavam escuras e em meio a duas avenidas sem muito acesso para pedestres. Assustados, discutimos, discutimos, discutimos e decidimos voltar. Para onde, não sabíamos. Passamos novamente diante da entrada da estação, quando um dos sete homens de preto percebeu nosso pânico e ofereceu ajuda. Já com a ideia do show de fogos no Parque O’Higgins abortada, dissemos a ele que estávamos indo ao Club Hipico, o qual não ficava muito longe dali. Muito gentilmente, o homem disse que eles também estavam indo para lá, propondo que fôssemos a pé junto deles. Somos bem mineiros, portanto desconfiados. Meio tensos e achando aquela abordagem muito estranha, delicadamente dispensamos a ajuda, agradecemos todas as informações que nos deram e resolvemos pegar um táxi até o local.
Por sorte, havia dois táxis no outro lado da avenida, nos quais nos dividimos. No carro em que eu estava, o motorista caprichou na pisada. Se você viveu na década de 80, deve se lembrar do jogo Enduro, da Atari. Nossa corrida foi mais ou menos igual àquele game. Chegamos ao Club Hipico uns três minutos antes dos outros. Quando avistei o outro táxi chegando, notei uma luz azul estranha dentro do automóvel. O taxista daquele carro era um zen/hippie/exotérico/zuado. O carro parou e meus amigos passageiros desceram num riso afobado, sem entender como classificar o condutor daquela máquina exótica. O fato é que, naquele momento, já estávamos começando a relaxar, deixando a tensão do show de fogos do Parque O’Higgins para trás. Ah! Não tem nada de Parque O’Higgins! O Igor foi bem claro: “na” Bernardo O’Higgins. Embora o parque exista, o espetáculo pirotécnico da virada acontece é na avenida de mesmo nome.
No nosso planejamento sem-noção, tínhamos estabelecido que, antes da festa, jantaríamos próximo ao Club Hipico. No Goggle Maps vimos alguns restaurantes nas redondezas. Assim que começamos a procurar alimento (sim, estávamos famintos!), encontramos um casal com uma crianca e os perguntamos se conheciam algum restaurante por ali. Foi quando percebemos o tanto que os chilenos são educados e prestativos. Você pode não acreditar, mas o casal andou conosco por cerca de uns dez quarteirões. A cada restaurante fechado, não se rendiam e insistiam em ajudar. Estávamos até achando que também procuravam um lugar para comer, mas não. Era a mais pura gentileza. E lembra dos homens de preto debaixo do viaduto? Mais tarde, na festa, encontramos todos eles. Eram seguranças do evento. E como manda a educação chilena de primeiro mundo, lembraram-se de nós e agradavelmente perguntaram se tínhamos chegado bem. Simplesmente espetacular! Enfim, encontramos um restaurante chinês e o casal se despediu, seguindo seu rumo. Comemos bastante e retornamos ao Club Hipico.
Já no clube, encontramos algumas famílias com seus carros estacionados de qualquer maneira na entrada do estacionamento. Achamos que também participariam da festa, mas estavam ali somente para assistir à queima de fogos, que aconteceria na bendita Bernardo O’Higgins e podia ser avistada de lá. Foi antropológico! Abriram seus porta-malas, tiraram seus quitutes e bebidas meio afarofados e cantaram altas músicas de ano novo, sempre muito animados. Cantaram inclusive ¡Feliz Año Nuevo!, música que marcou bastante o réveillon dos meus amigos. Beeeeem baranguinha! 🙂 Vixe, marcou o meu também!
Terminado o espetáculo pirotécnico, as famílias limparam toda sua bagunça e foram embora. Mais dez pontos para os chilenos!
Era hora de entrar no clube. A bilheteria estava lo-ta-da! Como havíamos adquirido o bilhete com antecedência, fomos uns dos primeiros a ingressar. As filas para comprar as bebidas ainda encontravam-se vazias. E só tinha bebidas! Felizmente, nossos estômagos estavam forrados com um bom prato chinês. Ainda bem que deu para ficar um pouco chapado no início da festa, porque, mais tarde, ficou impossível enfrentar as filas das biritas. O Club Hipico se entupiu! Nunca vi tanta gente assim! Até quando fomos embora, por volta das quatro da matina, tinha gente chegando.

Lydi e Ju, na festa Año Nuevo Club Hipico Revive 2013 (foto em http://www.facebook.com/ComunidadRevive)
No mais, a festa foi ótima! Eram três pistas de dança. Comemoramos ao som de música internacional, música chilena e músicas brasileiras, como axé, pagode, sertenejo, Ilariê e, para meu terror, Michel Teló. Impossível esse cara ficar de fora! E ainda bem que não conseguimos comprar bilhetes para a área VIP, que parecia estar abarrotada.
Festa terminada, era hora de descansar, pois tínhamos vários dias de viagem à frente.
DIA 1⁰ DE JANEIRO – TERÇA-FEIRA
Retorno à Plaza de Armas, Plaza de la Constitución, Palácio de La Moneda, Plaza de la Ciudadania, Av. Bernardo O’Higgins, Calles La Bolsa e Nueva York e Cerro Santa Lucía
Acordamos bem tarde. Fomos informados que praticamente tudo estaria fechado naquele primeiro dia do ano, até os restaurantes. Segundo os recepcionistas do hotel, existe uma lei que proíbe os comerciantes de abrir seus estabelecimentos no dia 1⁰ de janeiro. Então resolvemos descansar. Porém, mais tarde, começamos a desconfiar dos recepcionistas. Embora fosse bem tarde, resolvemos ir almoçar, e, depois de procurar um bocado, encontramos um restaurante típico peruano aberto. Mais adiante, enquanto passeávamos, lá estavam outros restaurantes em funcionamento. Acho que os recepcionistas queriam mesmo é que almoçássemos no hotel.
Mais uma vez, houve um furo no roteiro. Eu não esperava que a cidade parasse tanto assim no dia 1⁰. Estive em Istambul no réveillon anterior, e lá tudo, exceto os bancos, estava aberto. Imaginei que no Chile haveria um certo movimento turístico. Para compensar o furo, procuramos pelas atrações que demandariam somente uma visita por fora. E quer saber? Foi ótimo assim!
Após almoçarmos, retornamos à Plaza de Armas, pois a Juçara e a Lydi ainda não conheciam as redondezas, que visitamos no primeiro dia antes delas chegarem a Santiago. Impressionante como a praça estava vazia! Sua única parte abarrotada era a fonte, onde crianças e ADULTOS se divertiam.
Da praça, seguimos pelo usualmente frenético Paseo Peatonal Ahumada, dessa vez calminho, calminho. Rodamos por ali até chegarmos à Plaza de la Constitución. Muito bonita!
Bastante patriótica, a praça conta com doze bandeiras nacionais dispostas no formato de um triângulo. Debaixo dela existia um bunker onde o General Pinochet se refugiava nas situações de emergência. Hoje, o local é um estacionamento. Concluo, assim, que gente ruim não merece nenhuma lembrança mesmo! O mesmo destino teve o bunker de Hitler, em Berlim, que também se transformou em estacionamento. Portanto, quanto menos ditadores, mais vagas para estacionar. Foram tarde!
Na Plaza de la Constitucíon encontra-se a fachada norte do La Moneda, atual palácio do Governo. Contornamos o prédio e rumamos até a Plaza de la Ciudadania, onde se localiza a fachada sul. Em ambas as praças acontece, de dois em dois dias, a troca da guarda do La Moneda, sempre às 10h. Naquele dia mesmo aconteceu uma. Como eu sabia que acordaríamos muito tarde – e talvez de ressaca –, programei para assistir à cerimônia na quinta-feira seguinte.
Da Plaza de la Ciudadania, depois de tentar várias vezes fazer uma fotografia da gigantesca bandeira do Chile aberta, seguimos para as Calles La Bolsa e Nueva York, a dois quarteirões dali.
O encontro das Calles La Bolsa e Nueva York é conhecido como o centro financeiro de Santiago. Ouvi dizer que, assim que se entra nessa área, percebe-se uma multidão de executivos de terno e gravata, que dão ao local a sensação de que se está em Nova Iorque. Mas devido à calmaria daquele dia, não vimos nenhum executivo ou qualquer frenesi financeiro. Podia-se andar de skate e pelado que ninguém notaria. De qualquer maneira, o lugar é muito bonito. O destaque é o prédio da Bolsa de Comercio, arquiteturalmente um dos mais interessantes de Santiago.

Comunidad Edificio Ahumada/Moneda, refletido em prédio moderno, no encontro da Ahumada com Moneda e Nueva York
Eram quase 18h, e o sol estava firme e forte. Durante a caminhada, encontramos um casal de brasileiros que insistia em citar o Cerro Santa Lucía, ou Morro Santa Lúcia, atração programada para outro dia. Passamos por eles umas três vezes, e na terceira vez, para variar, perguntaram se já havíamos ido ao tal do Cerro Santa Lucía. Meu Deus! Eles venceram! Já estávamos ali e ainda tinha muita claridade natural pela frente. Seguimos, então, em direção ao morro. Passamos diante da Biblioteca Nacional, dobramos a esquina e começamos nossa subida para um dos passeios imperdíveis de Santiago.
Localizado no bairro Lastarria, o morro andou mal frequentado nos últimos anos, mas foi recuperado e hoje é um dos locais preferidos dos moradores de Santiago e dos turistas. A cidade foi fundada ali mesmo, aos seus pés, no dia 13 de dezembro de 1541, em um acampamento indígena mapuche às margens do rio Mapocho. Hoje, o morro é um parque público, com bosques, jardins e monumentos.
Por questões de segurança, para visitar os 65.300 m² do parque é necessário apresentar um documento de identidade na entrada. Se você resolver ir ao Cerro Santa Lucía e o fizer ao meio-dia, não se assuste com o tiro de canhão pontual e tradicionalmente disparado todos os dias, desde 1825.
Logo que entramos no morro, antes da subida, deparamo-nos com uma fonte maravilhosa. Dizem ser inspirada na Fontana di Trevi. Naquele dia, só não estava mais charmosa por causa de uma bunita e seus filhos que nadavam ali e catavam as moedas jogadas pelos turistas. Ah, não horrorize! Era feriado e o sol estava pelando. Só não me deu vontade de fazer o mesmo porque a água estava com um tom meio mostarda e as moedas já haviam acabado. 🙂
Depois de várias fotos, começamos a subir o morro. Nem me lembro se a subida era pesada ou tranquila, porque a vista era tão bonita que qualquer cansaço era ignorado, assim como as dores musculares. Ou era o Bufferin fazendo efeito?
O ponto mais alto do morro está a mais ou menos 70 m de altura, mas parecem 500! É um mirante um pouco apertado, mas com uma vista espetacular. O destaque fica para a Cordilheira dos Andes, que guarda a cidade com toda sua imponência. Ah, se suas montanhas estivessem cobertas de gelo… Se daquele jeito já estava bunidimais (sou mineiro), imagina ornado com neve!
Fotos, fotos e mais fotos! Fotos em grupo, fotos individuais, fotos da cidade e dos Andes. E não escurecia! Santo horário de verão chileno! Aquilo foi me dando uma felicidade indescritível. A viagem já estava muito boa, mas o passeio no Cerro Santa Lucía, somado à companhia daquelas pessoas de que tanto gosto, foi uma dose de serotonina que durou o resto da estadia em Santiago. Tudo que era bom, ficou melhor ainda.
Foi no Cerro Santa Lucía que experimentamos o mote con huesillos, uma bebida de verão não-alcoólica, com grãos de trigo e pêssego desidratado dentro. O aspecto daquela coisa meio suco meio sopa era horroroso! Fez-me lembrar de quando o meu primo Lelé era criança: ele tomava guaraná e comia arroz com filé à parmigiana. Daí, os grãos de arroz desciam de sua boca suja e se depositavam no fundo do copo. Nojeiras à parte, o mote até que é bom. Apenas continua não fazendo sentido para mim: quem colocaria grãos de trigo no fundo de uma bebida de pêssego?
Descemos o morro e seguimos para o hotel. No caminho, decidimos comer alguma coisa. A procura por alimento (sim, famintos!) seria outra vez complicada devido ao feriado, mas felizmente encontramos uma pizzaria delivery aberta. Felizmente?! Acho que muitos de nós preferiria ter ficado com fome. O pedido mais rápido a ser atendido foi o do Élcio, que creio ter levado uns 35 minutos. O meu demorou 45 minutos e o último chegou em 1h05. Jesus, eram pizzas! O mais estranho é que somente nós, brasileiros, estávamos sem paciência. Os chilenos aguardavam tranquilamente. Ainda não tínhamos nos acostumado com a lentidão no atendimento – de que já falei neste post –, e juntar a impaciência com a fome não estava ajudando. Enfim, o rango chegou, forramos as barriguinhas e, embora tivéssemos passado muita raiva naquela pizzaria, terminamos o dia felizes, mesmo sem direito a uns drinques.
DIA 2/1 – QUARTA-FEIRA
Viña del Mar (Quinta Vergara, Museo Fonck, Reñaca, Relógio de Flores), Valparaíso (La Sebastiana, Calle Almirante Montt, Paseo Atkinson, Paseo Gervasoni, Ascensor Concepcion), Restaurante El Giratorio, Bellavista
Quando fiz o roteiro, planejei a ida a Viña del Mar e Valparaíso como um passeio por conta própria. Não me preocupei com a compra de passagens nem com a locomoção dentro dessas cidades. Apenas marquei as atrações mais importantes e por lá nos viraríamos. Não sei se dessa forma teria dado certo. As cidades possuem tantas particularidades que um passeio de um dia só, feito sem um guia bem informado, poderia não ser tão proveitoso, se é que conseguiríamos cumprir todo o roteiro a tempo. Como nos hotéis em Santiago se vende o pacote para essas duas cidades, preferimos fazer dessa forma. Era mais cômodo e garantido.
Ai, se eu soubesse que Viña e Valparaíso eram daquele jeito!… Teria reservado uns quatro dias só para ficar lá. É muito bacana! No geral, essas simpatissíssimas cidades não têm nada de estupendo, mas o conjunto é fascinante.
A viagem demorou pouco mais de uma hora e meia. Primeiro fomos a Viña del Mar. Como a cidade é litorânea e estávamos em pleno verão, esperávamos ver pessoas andando pelas ruas com suas cadeiras de praia, chapéus de sol, oxscuros (óculos escuros, já disse que somos mineiros!) e cangas. Vimos tudo isso, só que ao contrário! Ainda dentro do ônibus, horrorizamos com a população embrulhada em casacos e descabelada ao vento. O mais bacana foi ver minhas amigas todas de blusinha tomara-que-caia, shortinho curto e rasteirinha. Tenho certeza que elas estavam com biquíni por baixo, cer-te-za! No desespero, a Yáskara se cubriu com um cobertor cor-de-rosa (sei lá onde ela arrumou isso) e a Juçara utilizou uma saia, improvisando um poncho. Ficou bem féxion, por sinal. A Lívia e a Lydi passaram frio. Mas não demorou muito e o céu, que estava encoberto, ficou azulzinho, e o clima esquentou um pouco, para a alegria das trajadas sumariamente.
A primeira atração de Viña foi a Quinta Vergara, um parque muito bonito que, em tempos coloniais, chamava-se Fazenda Sete Irmãs, propriedade da família Carrera. Em 1840, o português Francisco Alvarez comprou a propriedade e nela instalou sua residência.
Os destaques do local são o belíssimo Anfiteatro de la Quinta Vergara e o Palácio Vergara, casarão onde habitou o fundador de Viña del Mar, o português José Francisco Vergara. Depois de ser completamente arruinado pelo terremoto de 1906, o palácio vem sendo restaurado até então. Esse cuidado que os chilenos têm com seus monumentos e prédios históricos é inspirador! Não sei quanto às outras cidades, mas tanto em Santiago como em Viña del Mar e Valparaíso não se veem edifícios decadentes ou abandonados, como acontece em Buenos Aires. A restauração é uma política muito bem desenvolvida e as cidades preservam seu patrimônio com muito orgulho.
Da Quinta Vergara seguimos em um tour pela cidade. A próxima parada foi o Museo Francisco Fonck, que exibe uma coleção de peças arqueológicas e etnográficas relacionadas à Ilha de Páscoa e que se destaca pela estátua Moai original, vinda daquela ilha, disposta logo na entrada. Entretanto, o tempo de permanência ali era curtíssimo e muitos de nós não visitamos o interior do museu. Somente o Cristiano e a Lívia deram uma rápida passada.
Do Museo Fonck continuamos em outro pequeno tour, com parada para almoço e para dar uma voltinha na orla da Avenida Borgoño, no bairro Reñaca. O guia estabeleceu uma hora e meia para essa parada. Também alertou para a administração do tempo de almoço, pois até ele reconheceu que o serviço nos estabelecimentos é lento, sugerindo que não demorássemos na escolha do prato e nem na permanência no restaurante, assim aproveitaríamos mais o passeio pela orla. Nós, muitíssimo espertos, resolvemos comer apenas pastel, conhecido no Chile como empanada. Como todo bom brasileiro, sabemos que o preparo do pastel é bastante rápido e comê-lo não exige muito aparato. Sim, sei que não é um alimento saudável nem muito menos digno de substituir uma refeição balanceada. E a gente tava lá ligando para isso?! Queríamos mesmo era tempo de sobra para curtir aquele marzão maravilhoso!
Da descida do ônibus à escolha da pastelaria não demoramos mais que cinco minutos. Do nosso pedido no caixa até começarmos a comer o pastel não demorou menos que… MEIA HORA! Ai, meu Deus, que moleza! E mais uma vez somente nós brasileiros estávamos desesperados na fila! Vai entender essa paciência chilena! Perdemos um tempão ali. Só a Juçara e a Lydi que preferiram almoçar e foram a outro lugar, mas como a Juçara só dá sorte, seja no Chile, em Mariana, em Belo Horizonte ou na lua, tínhamos certeza de que o pedido dela não demoraria. E assim foi: almoçaram super-rápido e aproveitaram a praia bastante. Sendo assim, preciso deixar uma dica:
se você for a Santiago e resolver comprar esse pacote para Viña del Mar e Valparaíso, NÃO pare para almoçar, lanchar ou ter que depender de qualquer atendimento em Viña! E, por favor, não quero que isso soe como uma grosseria contra os Chilenos, que são extremamente educados e prestativos. Como eu já disse, essa demora parece ser cultural. Não é preguiça, não é má vontade, mas simplesmente uma questão de logística. Nessa pastelaria, por exemplo, havia uma atendente no caixa e quatro funcionários preparando os pastéis. Ninguém enrolava, ninguém trabalhava devagar, mas, inexplicavelmente, o pedido demorava a chegar. Para evitar isso, sugiro que você leve um lanche, um sanduíche ou algo com mais sustância. Leve até um marmitex, mas não perca tempo com a parada para almoçar! A menos que faça questão de ir a um restaurante local ou mesmo apreciar os pratos típicos. Eu prefiro o mar!
Posso falar uma coisa? O pastel estava delicioso!
Da manota do pastel fomos passear pela orla da Avenida Borgoño. E mineiro você sabe como é: não temos praia e adoramos o Oceano Atlântico. Imagina o que seria ver o Oceano Pacífico!
Mas, para a tristeza de alguns dos meus amigos, naquela praia não era permitido banhar-se. Molharam a pontinha do pé e… deram graças a Deus! A água estava gelada! Nem em Cabo Frio é tão frio daquele jeito.
Um pouquinho decepcionados, seguimos nossa caminhada pelo calçadão. E lá vinham a Juçara e a Lydi, de carinha boa e sorriso de quem comeu bem e tirou um monte de foto que eu não pude tirar.
Faltavam uns 20 minutos para mais um city tour. As meninas aproveitaram e foram comprar artesanato. Eu, o Élcio e o Cristiano fomos tomar uma rapidinha. O Élcio pediu uma taça de vinho. Eu e o Cristiano, um pisco sour. Éramos só nos três no bar. Em cinco minutos, nada de bebida. Em dez, nada também. Em quinze, a mesma coisa, até que bateu o desespero, apressamos o garçom e saímos correndo para o ônibus com o vinho num copo de plástico e os piscos sours em uma garrafa de cerveja. É, atendimento não é o forte deles. Felizmente são muito gentis.
Seguimos para Valparaíso. No caminho, ainda em Viña del Mar, passamos diante do Casino Municipal, fizemos uma parada para fotos no maravilhoso Relógio de Flores e vimos alguns carros secando no varal (???). Já em Valparaíso, contemplamos o litoral do alto da cidade e terminamos na La Sebastiana, a casa de Pablo Neruda.
Infelizmente, a fila para visitar o interior da La Sebastiana estava gigantesca. Não havíamos feito reserva e o tempo de permanência no local era curto. Nesse ponto comecei a achar o pacote meio furado, literalmente. O turista quando compra um passeio espera ver as principais atrações do local. Como assim ir a Valparaíso e não conhecer a La Sebastiana?! Quando eu perguntei ao guia sobre o tempo disponível para visitar o interior da casa, logo ele fez uma cara de insucesso e disse que naquele dia estava lotado. É claro que estaria lotado, afinal aquele é o principal ponto turístico da cidade. Por que a agência de turismo não se organizou para essa visita? Bastava cobrar um pouco mais caro pelo pacote, reservar as entradas e deixar os turistas visitarem a atração com tempo suficiente. Pelo menos deu para curtir os arredores da propriedade de Neruda. É realmente inspiradora! Deu até vontade de virar poeta.
Assim como em muitos parques de Santiago, e talvez no Chile inteiro, na La Sebastiana havia alguns pés de ameixa, conhecida, lá, como ciruela. E a Lívia não perdia a oportunidade! Por toda a viagem, bastava ver uma ameixeira para começar a colher frutas, fosse no Cerro Santa Lucía, no Cerro San Cristóbal, no zoológico, em qualquer esquina e lá na La Sebastiana. Debaixo da ameixeira de Pablo Neruda, ela pediu emprestado o canudo da minha recém adquirida gravura de Guillermo Núñez para cutucar a árvore. Turistas brasileiros e estrangeiros foram se amontoando em torno daquela cena, fotografando e torcendo pela nossa macaca brasileira. Depois de muito esforço, ela estava quase desistindo de pegar a frutinha. Foi quando apareceu um ser oriental que, com a força de sua mente mais evoluída, decidiu sacudir a árvore. Bastou um empurrãozinho para a japa derrubar várias ciruelas no chão. Aí todos usufruimos.
Da casa de Pablo Neruda seguimos para uma caminhada ladeira abaixo na Calle Almirante Montt. Olha, aquilo ali à noite deve ser sensacional! São cafés, exposições artísticas e lojas superbacanas localizados nas mais diversas casas antigas e multicoloridas. O local é uma espécie de síntese da arquitetura e da cultura de Valparaíso, uma cidade construída em ladeiras desordenadas e mal planejadas, que, embora passe a impressão de uma comunidade pobre, tem sido escolhida pelos mais abastados como o local perfeito para se viver. Ou seja, morar em Valparaíso é cult. Pablo Neruda que o diga.
Descemos a Almirante Montt até a igreja anglicana Saint Paul. De lá seguimos para o mirante do Paseo Atkinson, onde nos deparamos com uma vista espetacular da cidade.
Mais à frente, caminhamos pelo mirante do Paseo Gervasoni, de onde se tinha outro panorama espetacular, com destaque para o porto de Valparaíso.
A próxima atração foi a mais legal daquele dia: o breve passeio de funicular no Ascensor Concepcion, que liga o Paseo Gervasoni à Calle Prat. Para quem não sabe, funicular é uma espécie de “elevador em trilhos”, utilizado em encostas íngremes. Inaugurado em 1883, o Concepcion é o mais antigo da cidade. A capacidade máxima de cada vagão é oito pessoas, portanto éramos somente nós dentro daquele cubículo antiquíssimo, declarado inclusive patrimônio nacional. Enquanto o maquinista não liberava a nossa descida, esperávamos ansiosos ao mesmo tempo em que contemplávamos a paisagem do porto. Aqueles poucos segundos de tensa espera mais pareciam alguns minutos. De repente, em meio a muita falação, o vagão inicia a descida. Foi um susto só, conforme você pode ver no vídeo abaixo, que não mostra bem o percurso, mas ilustra nossa afobação. Hilário!
Em Valparaíso existem vários funiculares, portanto não deixe a cidade sem antes andar em um. Além do Ascensor Concepcion, os mais famosos são o El Peral (1902), que liga o Paseo Yugoeslavo à Plaza Justicia; o Artillería (1912), que leva ao mirante mais concorrido da cidade; o Espíritu Santo (1911), que liga a Calle Aldunate ao Cerro Bella Vista; o Villaseca (1907), localizado no Cerro Playa Ancha; o Cordillera (1894), segundo mais antigo, que leva ao Cerro Cordillera; o Flórida (1906), que liga a Calle Carrera à Calle Marconi, no Cerro Flórida; o Mariposa (1904), que possui o trajeto mais comprido – 160 m –, ligando a Calle G. Marín à Calle Barbosa, no Cerro Mariposa; o Monjas (1912), que liga a Calle Baquedano à calle Dieciocho, no Cerro Monjas; o Larrain (1909), que liga a Calle Eusebio Lillo ao Paseo Hermanos Clark, no Cerro Larrain; o Barón (1906), primeiro a funcionar com motor elétrico, que liga a Calle España à Avenida Diego Portales, no Cerro Barón; o Polanco (1915), o único que ascende no sentido vertical, ligando a Calle Simpson ao Cerro Polanco. O Reina Victoria (1902), que liga a Calle Elias à Pasaje Dimalow do Cerro Concepción; o San Agustín (1913), localizado no Cerro Cordillera, ligando a Calle Tomás Ramos à Calle Canal, e, por fim, o Lecheros (1906), construído no morro de mesmo nome, que liga a Calle Eusebio Lillo à Calle Lecheros.*
Para que tanto funicular? Valparaíso é um morro só! Se não fossem os terremotos…
Embarcamos para o retorno a Santiago. Aproveitamos e dormimos um pouco no ônibus, pois à noite ainda tínhamos muita programação a cumprir, começando pelo El Giratorio, restaurante localizado no bairro da Providencia, precisamente na Av. 11 de Septiembre, 2250. Como o próprio nome diz, esse estabelecimento funciona como um mirante giratório que dá aos seus clientes a oportunidade de jantar e contemplar um panorama espetacular de 360º da cidade de Santiago.
O El Giratorio é muito bacana! Entretanto, há alguns cuidados que devem ser tomados. Mais que uma atração turística, é um restaurante, portanto espera-se que os clientes vão ali com propósitos predominantemente gastronômicos. Não pense que você poderá subir até lá apenas para drinques e petiscos com direito a uma vista panorâmica, como nós fizemos. Não foi pão-durismo da nossa parte. Ouvimos boas indicações do local e queríamos muito ir lá. Porém não tínhamos intenção de nos fartar em uma refeição cheia de cerimônias. Achamos que uma bebida no balcão nos daria o direito de frequentar o lugar que fosse por quinze minutos. Mas não. O restaurante possui um certo requinte e suas refeições são compostas por entradas, pratos principais e sobremesas. Não queríamos tudo isso, mesmo porque tínhamos uma noite inteira pela frente, regada de cervejas, vinhos, coquetéis e, para a manutenção estomacal, um tira-gosto. Enfim, subimos, esperamos nossa vez de assentar à mesa e fomos praticamente obrigados a jantar. Pedimos alguns petiscos e bebidas. O garçom, quando percebeu que não iríamos bater uma refeição completa, “gentilmente” foi nos dispensando e disse que, caso não fôssemos embora, teríamos que pagar um couvert de permanência de 8.500 pesos chilenos, algo em torno de US$ 17. Disse, ainda, que já tínhamos passado do tempo limite e que ele estava quebrando nosso galho. Fizemos o seguinte: humildemente fomos embora. Simples assim! E se ele achou que nos magoamos com a grosseria, enganou-se profundamente! Desculpe-me se o que vou dizer soará mesquinho ou oportunista, mas já havíamos feito belíssimas fotos panorâmicas e utilizado o wi-fi do local. E tem mais: NÃO saímos sem pagar uma conta que NÃO ficou barata!
Mesmo tendo em vista nosso passeio quase malsucedido, continuo indicando a visita (gastronômica) ao El Giratorio. De lá, rumamos para a Calle Constitución, no bairro Bellavista. Bebemos, comemos, nos divertimos e fechamos a noite com chave de ouro, relembrando o dia em Viña del Mar e Valparaíso.
Com exceção do Élcio e da Lydianne, que esticaram a noite em uma boate muito bacana, pegamos um táxi e fomos embora. E por falar nisso, preciso expor alguns detalhes semissórdidos de alguns taxistas que encontramos por lá. Em se tratando de grandes metrópoles, o assunto costuma não ser diferente, mas cada lugar tem sua peculiaridade. Em Santiago, os taxistas ora cobram de acordo com o taxímetro ora estabelecem o valor da corrida com antecedência. Não sei se isso acontece só à noite ou também durante o dia. Cheguei a pensar que era uma prática exclusivamente turística, mas os cidadãos de lá enfrentam o mesmo problema. No dia em que retornamos do réveillon, por exemplo, vi chilenos negociando a corrida antes de entrar no carro, portanto é normal. O que nos incomodou foi a diferença de valores cobrados em viagens de percurso e horário semelhantes, sem considerar o tanto que a maioria dos motoristas era imprudente. Nesse dia em que o Élcio e a Lydianne ficaram na gandaia, retornamos ao hotel divididos em dois carros, oferecidos por dois taxistas parceiros. O carro em que eu estava, que veio um pouco na frente, tinha o taxímetro ligado. Já o motorista do carro de trás disse ter “esquecido” de ligar o aparelho, cobrando do pessoal o mesmo valor da nossa corrida. No final das contas, a corrida que costumava ficar por volta de 2.000 pesos chilenos (US$ 4), ficou em 8.500 pesos (US$ 17) para cada carro. O aparelho estava certamente adulterado. E o nosso taxista, em uma transação confusa, ainda me furtou 5.000 pesos (US$ 10), praticamente arrebatados das minhas mãos. Descemos e ele arrancou o carro rapidinho. Quando dei por mim, o FDP já estava cantando pneu na esquina. Felizmente, o dia tinha sido muito bom para que isso me abalasse. Viva Viña del Mar e Val Paraíso!
DIA 3/1 – QUINTA-FEIRA
Centro Cultural La Moneda, troca da guarda do La Moneda, Universidad de Chile, Calles Paris e Londres, Museo Colonial da San Francisco, Iglesia San Francisco, Parque Forestal, Museo de Bellas Artes, Mercado Central, Centro Cultural Mapocho, Barrio Brasil
Aquele dia seria bem movimentado, não fossem algumas das atrações que estavam fechadas. Começamos nosso tour pelo Centro Cultural La Moneda, que fica no subsolo da Plaza de la Ciudadania e da sede do Governo, já visitadas na terça-feira. Esse centro abriga mostras de arte e cinema, uma filial do Torres, café mais antigo da cidade, e uma loja de artesanatos da Fundación de Artesanias de Chile. O espaço é espetacular e a visita é obrigatória. Como era cedo, mais ou menos 9h30, não estava totalmente aberto. Visitamos o vão central e vimos algumas pequenas exposições.
Do centro cultural subimos para a Plaza de la Ciudadania para assistir à troca da guarda do La Moneda, que acontece, tradicionalmente, de dois em dois dias precisamente às 10h. Se você for a Santiago e quiser ver a troca da guarda, confira o calendário de apresentações em www.presidencia.cl. Procure por “La Moneda” e “Cambio da Guarda”. A cerimônia, que dura cerca de 40 minutos, não foi meu evento favorito, mas vale a pena assistir a esse espetáculo tão importante na história chilena. Sugiro, também, a visita aos pátios internos do palácio. A entrada é liberada para civis, os quais passam apenas por uma revista.
Do La Moneda seguimos pela Avenida Bernardo O’Higgins até a Universidad de Chile. Seu edifício, em estilo neoclássico francês, data de 1872. O prédio é certamente muito bonito, mas o que atraiu nossa atenção, ou melhor, nossa admiração, foi a visita ao interior da universidade. E não estou falando de arquitetura, paisagismo ou história, e sim de educação na sua melhor concepção. Assim que chegamos à entrada, uma estudante daquela escola nos abordou perguntando se precisávamos de alguma informação. No local, que estava lotado de futuros universitários, acontecia a Semana del Postulante, em que os jovens procuravam informações sobre os cursos de seu interesse, com exposições de grades curriculares e atividades relativas às disciplinas pretendidas. Olha, fiquei impressionado! Primeiro, pela atenção da estudante que nos recepcionou e mostrou toda a exposição, sempre muito atenciosa e numa educação de dar gosto! Segundo, pela própria exposição, que despertava bastante interesse nos futuros alunos daquela universidade. O Élcio, que já se formou há… há… algum tempo, quis saber de tudo um tanto. Bombardeava a estudante voluntária com todo tipo de pergunta e estava quase se matriculando.
Para chegar à universidade, atravessamos a Bernardo O’Higgins na altura da Plaza de la Ciudadania, mas demos bobeira. Deveríamos ter atravessado a avenida pelo túnel do metrô Universidad de Chile, assim veríamos os coloridos painéis de Mario Toral, que mostram cenas da história chilena e fazem parte do MetroArte, um projeto que adorna as estações do metrô da cidade. E vou falar uma coisa: que metrô maravilhoso esse de Santiago! Eficiente, abrangente, bonito, limpo, novinho em folha e cheio de obras de arte. Não importa a estação, lá está uma obra de muita qualidade estética e cultural. Se Deus quiser, Belo Horizonte vai ficar assim! Precisamos só do metrô.

Mural dedicado ao Bicentenário do Chile, da artista Agatha Ruiz de la Prada, na entrada do metrô Bellas Artes
Da visita à universidade, andamos três quarteirões até o encontro das ruas Paris e Londres. O local mais parece a Europa do início do século passado. O calçamento em paralelepípedo e as charmosas mansões de três andares dão àquela pequena região um ar bastante requintado. Pena o local não ser tão movimentado. Ali não há bares, restaurantes ou cafés, embora as redondezas abriguem vários hotéis de mochileiros.
Do encontro das duas ruas seguimos para o Museo Colonial de San Francisco, a um quarteirão dali. Visita obrigatória! No local funcionava um antigo convento. Hoje, o museu abriga uma das mais fantásticas coleções de obras de arte eclesiástica chilena do século XVII. Destaque para as dezenas de telas gigantes que retratam a vida de São Franciso e para uma exposicão sinistra de instrumentos de autoflagelação.
Do museu de São Francisco seguimos para a igreja de mesmo nome, logo ao lado. Muito bonita, mas se você gosta de animais de estimação, não vá ao altar onde estão algumas fotos de bichinhos. É de acabar com qualquer passeio, de tão deprimente! Ali, os donos deixam orações pedindo pela saúde de seus animais debilitados ou pelo encontro daqueles que estão perdidos, além das preces em agradecimento por alguma graça alcançada.
A próxima atração seria o Parque Forestal. Da Iglesia San Francisco seguimos por um pequeno trecho da Bernardo O’Higgins, contornamos o Cerro Santa Lucía pela esquerda, atravessamos mais dois quarteirões e chegamos ao parque.
A área verde do Parque Forestal marca a divisa entre o badalado Bellavista e o intelectual bairro Lastarria. Também conhecido como parque dos descolados, foi lá que Pablo Neruda e Matilde Urrutia se conheceram. É, sem dúvidas, muito bonito, mas o que chamou nossa atenção foram os canis “públicos” no início do parque, bem próximos à Calle Loreto. Impressionante o amor dos chilenos pelos cães! Aonde quer que se vá, lá está um cachorro saudável, amigável e gigantesco. Eles são enormes! Não sei se existe um projeto da prefeitura voltado a esses animais, mas aqueles canis são uma prova de que os bichinhos são muito queridos em Santiago. E não vimos nenhum cão bravo. Pelo contrário, algumas vezes fomos até cortejados por um ou vários deles. Teve um dia em que um cachorro caminhou vários quarteirões ao nosso lado até a entrada do hotel, onde parou e ficou de fora olhando. Afe Maria, aquilo partia o coração!
O Élcio notou outra coisa interessante no Parque Forestal: logo no início, próximo aos canis, existia uma banca onde se alugavam livros e revistas. “Intelectual” que sou, pensei que aquilo fosse uma banca improvisada qualquer. Mas não. O pequeno estabelecimento é um reflexo do nível de cultura e de educação dos chilenos. Coisa de primeiro mundo.
Do parque, atravessamos a Loreto e fomos ao belíssimo Museo Nacional de Bellas Artes. Seu estilo neoclássico com detalhes em art nouveau lembra alguns edifícios parisienses. Se por fora era maravilhoso, por dentro não era diferente, com destaque para o imenso hall e sua cúpula vidrada. O palácio abriga um acervo precioso de 5.600 obras de artistas europeus e chilenos do período entre os séculos XVI e XX, além de exposições temporárias. O melhor de tudo: a entrada foi baratíssima! Outra visita obrigatória em Santiago.
Depois de muita cultura, era hora de mais cultura, porém acrescida de uma boa comida, algo que muito me agrada. Rumamos famintos ao famoso Mercado Central de Santiago. Muitos falavam dele como se fosse o melhor ponto turístico da cidade. Na minha opinião, é, sim, muito bacana, mas não o melhor passeio. Construído em 1864, o prédio é espetacular. Seu teto em estrutura de metal é de uma beleza inigualável. Mas as comparações são inevitáveis. Tenho o péssimo hábito de criticar as atrações daqui de Belo Horizonte, mas o mercado central da minha terra natal é formidável. Seus 14.000 m² são ocupados por restaurantes, cafés, tabacarias, bancas de artesanato, lojas de produtos de limpeza, comércio de bebidas, vendas de especiarias, entre outros. Então esperava que o Mercado Central de Santiago seguisse a mesma linha. Embora lá existam algumas poucas bancas de artesanato, sua proposta é praticamente toda voltada à gastronomia, com especialidade em frutos do mar. Quer comer um peixe estranho vindo das profundezas do Pacífico? Ali tem. Tem inclusive o centolla patagónica, também conhecido como caranguejo rei, uma das iguarias mais famosas da culinária chilena. O crustáceo é monstruoso de grande! Para mim, que tenho pavor de frutos do mar, aquilo é um pesadelo. Para quem gosta, é um megacaranguejo, praticamente tombado pelo patrimônio. Nenhum de nós comeu o monstrengo, mas se você for ao Chile, sugiro incluir a degustação do centolla no seu roteiro, de preferência em um restaurante do Mercado Central. Lembrando de que deverá ter um pouco de paciência com o atendimento. Embora os garçons sejam ligeiros e muito esforçados, você cuuuusta a fazer seu pedido e a comida demoooooora a chegar! Faz parte.
De barriguinha cheia, andamos dois quarteirões até a antiga Estación Mapocho, que hoje abriga um centro cultural. Infelizmente, estava fechada para a organização de uma exposição de design. Visitamos apenas o hall de entrada. De lá fomos embora descansar.
Ainda era de tarde e decidimos ir a pé. Por acaso, passamos de frente ao La Piojera, que fica pertinho daquele centro cultural. Na mesma hora, lembrei-me do meu amigo Pedro, que havia sugerido uma ida a esse estabelecimento 100% chileno. Ele me disse que o La Piojera é muito legal, mas, chegando lá, vi que é muito mais que legal. É legal demais da conta! Embora não havíamos programado, fizemos uma rápida visita ao seu interior. Deu muita vontade de ficar! Naquele momento, éramos apenas cinco pessoas, e precisávamos combinar com os outros, que já estavam no hotel, de passarmos um tempinho ali em uma outra ocasião. Infelizmente, a maioria do pessoal não se interessou pelo lugar. Como assim?! Há muito tempo eu não via algo tão fascinante como o La Piojera! O restaurante foi fundado em 1916 e até hoje é gerenciado pela mesma família. É frequentado por pessoas de todas as idades, que passam por lá e, antes de ir embora, podem escrever seu nome na parede. Há quem diga que muito da história de Santiago está escrita ali. Fantástico, não?! A decoração é bem improvisada: logo na entrada, existe uma área ao ar livre cheia de parreiras, nas quais as uvas ficam bem próximas às nossas cabeças. Já o interior parece uma cantina medieval, não que esse seja o tema do restaurante, mas devido ao amontoado de pessoas, mobílias, pilares e peças decorativas. Parece também a vila do Chaves: tosca, de pintura descascada, porém digníssima. As pessoas estavam muito animadas! E não era por menos. Embaladas por uma música chilena, tomavam uma espécie de bebida com bastante espuma no topo – que acredito ser o terremoto – e comiam porções deliciosas, como uma travessa de batatas fritas cobertas com vários tipos de carne, cebola e, para coroar, dois ovos fritos. Meu Deus! Se não me engano, essa porção é uma do tipo “a lo pobre”. Como é bom ser pobre em Santiago! E pobre no La Piojera tem vez, porque o restaurante é considerado barato.
Portanto, amigo turista, o La Piojera é um passeio gastronômico-cultural mais que obrigatório em Santiago. Vá e divirta-se bastante! Divirta-se por mim e por meus amigos, que deixamos de ir lá por puro descuido. O restaurante fica na Calle Aillavilu, 1.030, atrás do Mercado Central, próximo ao metrô Puente Cal y Canto.
Naquela noite fomos ao Barrio Brasil para tomar uns drinques. O bobo do Élcio, cansado da boate da noite anterior, resolveu ficar no hotel. O bairro não é sofisticado, mas sua principal avenida, a Brasil, possui alguns bares bem bacanas, com destaque para o D’Angelus, que ocupa um casarão de dois andares. Para nossa alegria, lá servia a tal porção a lo pobre. Depois de passar um bom tempo ali, rumamos para outro bar, tomamos outros drinques e fomos embora descansar.
DIA 4/1 – SEXTA-FEIRA
Cerro San Cristóbal, Zoológico, La Chascona, Pío Nono, Rio Mapocho, Parque de las Esculturas, Costanera Center
Começaríamos o dia subindo mais um morro: o Cerro San Cristóbal. Com seus 300 m de altura, é lazer e atividade física garantidos para as centenas de santiaguinos que sobem de bicicleta até seu topo. Ah, se eu tivesse uma magrela e morasse lá!… Iria de funicular mesmo, meio de transporte mais prático para a subida. Infelizmente, esse ascensor estava em manutenção. Tivemos que pegar um ônibus no final da Calle Pío Nono, bem de frente para o terminal do funicular. A passagem é gratuita e a condução passa de 40 em 40 minutos. A espera pelo busu foi tranquila, tirando a pérola elciana, que quase nos matou de VA (vergonha alheia). Foi assim: na fila, havia um casal bem atrás de nós com um lindo bebê. Porque o pai era transparente de branco, o Élcio deduziu que o sujeito fosse estrangeiro e que não entendia a nossa língua. Então, nosso amigo deu-se a liberdade de fazer o seguinte comentário: “Viajar com bebê é um estorvo”. O jovem casal continuou indiferente e na paz, argumentando, entre si, algo que não tinha nada a ver com a situação. Mas em português! Eram brasileiros! Que vergonha! No entanto, não rebateram o comentário elciano. De três uma: ficaram magoados, concordaram ou não deram a mínima. Acho que foram as três coisas juntas, pois, na hora de subir no ônibus, nosso companheiro manoteiro ofereceu-se para ajudar a carregar o trombolho do carrinho. Eles recusaram a ajuda. Ah, Élcio! Siga os conselhos da amiga Elaine: nesses casos, converse em parábola.
Iniciamos a subida. Só para comparar, o Cerro Santa Lucía possui cerca de 70 metros de altura. O San Cristóbal, 280. Este último faz parte do Parque Metropolitano de Santiago, um dos maiores parques urbanos do mundo. Durante o trajeto, ficamos encantados com a vegetação, com a vista de Santiago e com a animação dos ciclistas. Por ser um resquício da Cordilheira dos Andes, a subida de bicicleta naquele morro não é fácil, mas vale a pena para todos, não importa o esforço. Continuo preferindo o funicular e o ônibus. 🙂
Lá em cima é espetacular! Que panorama! Um pena a poluição não permitir uma visão mais distante.
O Terraza Bellavista é o ponto de onde se tem a melhor vista. Perto dali está localizada a estátua da Virgen de la Inmaculada Concepción, com seus 14 metros de altura sobre um pedestal de 8,5 metros, onde o Papa João Paulo II celebrou uma missa em 1987.
Muito bom o passeio! Além de contemplar Santiago lá do alto, compramos artesanatos, a macaca brasileira furtou algumas ciruelas e o Tião bebeu mais mote.
Do Cerro San Cristóbal fomos ao zoológico da cidade, que também faz parte do Parque Metropolitano. Sua entrada é próxima ao terminal do funicular. Embora não seja grande, possui uma variedade muito boa de animais. O bicho de que mais gostei foi o urso polar.
Por se localizar no Parque Metropolitano, o zoológico fica em um morro, e isso o torna bem interessante. As jaulas misturam-se com o panorama urbano e esse contraste é sensacional, embora eu não seja a favor do aprisionamento de animais, nem mesmo das cobras e dos jacarés, dos quais tenho pânico!
Do zoológico descemos para uma curta caminhada pela Pío Nono e para almoçar. Depois disso, seguimos para a La Chascona, uma das três casas de Pablo Neruda. Infelizmente, como aconteceu na La Sebastiana, em Valparaíso, não conseguimos fazer a visita. Havia disponibilidade de um tour guiado somente no período da noite, o que era fora de mão para nós. Entretanto, acho que deveríamos ter sacrificado nosso roteiro e voltado ali mais tarde, pois a atração é muito bacana. A La Chascona (a descabelada) – chamada assim em homenagem à terceira mulher de Neruda, Matilde Urrutia, que vivia descabelada – é considerada o principal ponto turístico da cidade. A casa lembra o formato de um navio, mostrando a adoração do poeta pelo mar. Exibe uma coleção fantástica de bugigangas que só mesmo aquele inspiradíssimo vencedor do Prêmio Nobel de Literatura poderia ter. Existe até uma passagem secreta para o quarto de hóspedes, onde Neruda abrigou o poeta brasileiro Thiago de Mello, exilado da ditadura.
Se você for a Santiago, não deixe de visitar a La Chascona. É imprescindível! Esse passeio requer um certo planejamento, portanto antecipe-se com um roteiro bem organizado. O mais importante: não se esqueça de fazer a reserva! Acesse www.fundacionneruda.org e garanta seu tour guiado de 40 minutos. Caso contrário, terá que visitar a casa apenas pelo lado de fora, como nós fizemos, o que é bastante frustrante. Esta dica vale para a casa de Valparaíso e para a Isla Negra, a outra casa de Neruda, localizada em El Quisco.
Deixamos a La Chascona e passeamos um pouco mais pelo Bellavista. Caminhamos pela Calle Constitución (ótima à noite!) em direção à Plaza Italia, atravessamos o rio Mapocho e pegamos o metrô na estação Baquedano. Descemos na estação Los Leones, no bairro Providencia, e seguimos pela Nueva de Lyon. Mais uma vez, atravessamos o Mapocho (Ponte Padre Letelier) e chegamos ao Parque de las Esculturas, outra atração bastante indicada nos guias de turismo. E adivinha! Parque fechado! Não quero que pense que planejei nosso roteiro tão mal assim. Pesquisei com cuidado os horários e dias de funcionamento de todas as atrações, mas lá em Santiago tínhamos uma surpresa a cada dia. O problema do Parque de las Esculturas, assim como o do centro cultural da Estación Mapocho, visitado no dia anterior, era que ambos os lugares estavam fechados para a organização de eventos que aconteceriam em suas instalações. Isso é quase impossível de se prever. Então, tivemos que nos contentar com uma olhadinha pela grade do parque. Uma pena, viu! O local conta com trinta esculturas de artistas chilenos renomados, todas no estilo contemporâneo, espalhadas por 21.000 m² de área verde.
Do Parque de las Esculturas seguimos para o Costanera Center, shopping onde se localiza o Gran Torre Santiago, prédio mais alto da América Latina até então. O edifício ainda estava em construção, mas já marcava bem a silhueta da cidade. Porém ninguém estava interessado no prédio. O povo queria mesmo era comprar muito vinho e mais umas coisinhas de Laurinha. Ficamos sabendo, por meio de um guia turístico, que ali no Costanera tinha o Jumbo, um hipermercado com preços de bebidas bem em conta. Que beleza! Comprei muito pisco e vodca. Já o Élcio e o Cristiano compraram umas garrafas de Jack Daniel’s. O restante do pessoal achou que o mundo iria acabar em vinho. E não era por menos, pois o vinho chileno – que no Chile é conhecido apenas como vinho – estava superbarato. Aproveito a piadinha para citar um dizer criado por nós lá em Santiago, que é de um orgulho regionalista sensacional:
“No Japão, a comida japonesa é conhecida apenas como comida. No Chile, o vinho chileno é conhecido apenas como vinho. Em Minas, a comida mineira é conhecida como comida mineira.”
Outros dizeres foram surgindo ao longo da viagem. Se não me engano, todos do Tião. Mas não vou publicá-los. Não é justo expor meu cunhado dessa maneira. ERAM PÉSSIMOS!
Depois das compras, retornamos ao hotel. À noite, fomos mais uma vez aos bares da Av. Brasil. Como não poderia ser diferente, foi ótimo! E dá-lhe mais porções a lo pobre!
DIA 5/1 – SEXTA-FEIRA
Vinícola Concha y Toro, Pueblito Los Dominicos, Calle Constitución
Finalmente iríamos à Concha y Toro. Olha, não foi fácil! Reservamos um dia para essa atração, mas algumas negociações durante nossa estadia em Santiago foram adiando o passeio.
De início, compraríamos o pacote para essa vinícola, que era oferecido no hotel e em vários pontos turísticos da cidade. O guia que nos acompanhou no passeio de Viña e Valparaíso sugeriu que fôssemos a outra vinícola, a Undurraga, que, segundo ele, é mais tradicional e o tour pelas instalações é bem menos comercial, mostrando mais detalhes do processo de fabricação do vinho. Esse pacote custava menos que o da Concha y Toro, e poderíamos limitar o grupo em oito pessoas, algo bem mais prático e personalizado. Mas o tal do guia não dava a informação direito. Sugeria que ligássemos para o chefe dele para reservar o passeio, mas nunca dizia o nome ou o telefone do chefe. Foi algo meio estranho, mas, durante aqueles dias em Santiago, fomos percebendo que existe um comércio meio tenso desses pacotes. Creio que, por isso, o guia preferiu ser mais discreto. Enfim, não compramos o pacote na mão dele ou do chefe dele nem fomos à Viña Undurraga. Tendo vista essa complicação, muitos de nós – sabiamente – insistiram em ir à Concha y Toro por conta própria. Pedimos informação no nosso hotel sobre locomoção, reservas e tudo mais, mas os funcionários sempre nos enrolavam. Fomos cozinhados em banho-maria por uns dois dias. Acho que estavam querendo mesmo é que comprássemos o pacote ali na recepção, pois acredito que as agências têm com eles ou com o próprio hotel algum tipo de parceria. Já desistindo da boa vontade desse pessoal, acessei o site da Concha y Toro e dei entrada em uma reserva para o grupo. Depois de alguma pesquisa, encontramos informações na internet sobre como chegar lá. E o passeio foi perfeito! Embora a confirmação da reserva tivesse sido processada de maneira errada, fomos à vinícola assim mesmo e, por sorte, lá nos encaixaram em um horário melhor do que aquele que eu havia tentado reservar. Antes de contar sobre o passeio, deixo a dica:
Dispense os pacotes para Concha y Toro e faça o passeio por conta própria. Primeiro, garanta sua reserva pelo site www.conchaytoro.cl com no mínimo 24 horas de antecedência. Sejamos prudentes: 72 horas. Você pode escolher entre dois tours guiados: um que dura 50 minutos e inclui a degustação de dois tipos de vinho, e outro, mais caro, que dura 1h10 e inclui a degustação de quatro tipos de vinho, além de queijos e frutas secas. Para chegar lá, pegue o metrô e desça na estação Las Mercedes, saindo pelo lado “Concha y Toro Poniente”. Dali, você pode pegar um táxi ou o Metrobús (MB) de número 73, 80 ou 81, que param na porta da vinícola. Preferimos pegar o Metrobús. A passagem pode ser paga dentro do ônibus. Como estávamos no centro da cidade, próximo à estação Santa Ana, levamos cerca de 1h05 na viagem de ida, saindo às 8h40. Portanto é bom prever entre 1h10 a 1h30 para esse trajeto. Para retornar, assim que sair da vinícola, vire à esquerda e à esquerda novamente. Logo você verá um ponto de ônibus do outro lado da rua. Qualquer linha dali passa na estação de metrô Plaza de Puente Alto. E contabilizando nossa economia por termos ido por conta própria, com o dinheiro restante daria para comprar de nove a dez garrafas do vinho Casillero del Diablo, no hipermercado Jumbo.
A excursão à Concha y Toro é sem dúvidas muito bacana. A visita as suas instalações é feita com o acompanhamento de um guia na língua espanhola ou inglesa, dependendo da escolha do turista no momento da reserva. O tour começa pela mansão de Don Melchor, fundador da vinícola. De lá, o grupo segue até um dos vinhedos, onde se tem uma breve explanação sobre a colheita.
Do vinhedo, vai-se até a adega, onde os vinhos estão armazenados e onde se conhece a lenda do Casillero del Diablo, um dos vinhos mais famosos do mundo. A história é contada por meio de uma animação levemente aterrorizante projetada nas paredes de tijolos.
Como optamos pelo tour mais econômico, entre uma exposição e outra pudemos provar dois tipos de vinho. Até fomos presenteados com uma taça. A manhã, que já estava bem tranquila, ficou ainda mais relaxante. 🙂
Porém tenho minhas dúvidas em relação àquele passeio. Espero que eu não esteja sendo ignorante, e corrija-me, amigo turista, se eu estiver dando alguma manota ou várias delas. Analisemos humildemente: se na bodega armazenam-se os vinhos, e aquela vinícola é tão conhecida mundo afora, onde estavam os operários da Concha y Toro naquela manhã de sexta-feira? É muito vinho para ser distribuído, certo? Não vi ninguém trabalhando, a não ser em função do tour, na loja de souvenir e no restaurante. Por que os barris estavam tão limpinhos e novinhos? Nenhum deles estava prestes a ter seu vinho engarrafado? Acho – eu disse acho – que parte daquele tour é simbólico, que o vinho de verdade está sendo armazenado e engarrafado em outro lugar daquela fazenda. Por favor, isso é apenas uma reflexão minha! Não entendo praticamente nada de temporada, produção ou distribuição de vinhos. Simbólica ou 100% real, a visita à Concha y Toro é um passeio imprescindível. E quem sou eu para questionar as estratégias turísticas ou a logística da empresa!
Da vinícola, atravessamos a cidade de metrô até o Centro Artesanal Pueblito Los Dominicos. Que lugarzinho bacana! Localizada no elegante bairro de Las Condes, essa feira é uma réplica de um típico povoado chileno, muito bem caracterizado pela desorganização das vielas, pelo chão de terra batida e pelas casas de estuque. Tem até córrego e viveiro, além dos gatos e cachorros soltos pelas redondezas. E lá se encontra uma boa variedade de artesanato, com destaque para as joias de lápis-lazúli.
A loja de que mais gostei em Los Dominicos foi a da Fundación Artesanías de Chile, uma entidade privada sem fins lucrativos, que tem por objetivo preservar a identidade cultural do país e promover o bem-estar dos artesãos. Ela fica bem no centro da feira. Olhando pela vitrine, parece um bazar de produtos caros, pois são de muito bom gosto. Mas não, os preços são muito em conta. Pena a Lívia ter descoberto essa loja depois de eu ter comprado um monte de coisa. Os melhores presentes estavam lá. Mesmo assim, não resisti e comprei mais.
Depois de passar o dia atravessando a cidade, retornamos ao hotel para descansar. A Juçara e a Lydianne voltariam para o Brasil na manhã seguinte, então aproveitaram para fazer as malas. Para nos despedir das coleguinhas, colocamos a melhor roupitcha; as meninas se maquiaram; todos arrumaram os cabelos (menos eu); nos perfumamos moderadamente (ou não), e seguimos para a Calle Constitución BUNITOS! Mais bonitos ainda ficamos depois de algumas biritas. Até a Kaká, que quase nunca bebe, deu uma desinfetada no esôfago com um pouco de álcool. A noite foi muuuuuito boa, assim como a companhia agradabilíssima da Ju e da Lydi naqueles seis dias no Chile.
DIA 6/1 – SÁBADO
Teatro Municipal, Basilica de la Merced, Parque Quinta Normal, Museo Ferroviario, Museo de Historia Natural, Costanera Center
Nosso roteiro havia sido bastante prejudicado devido aos imprevistos de fim de ano e, mea culpa, a algumas falhas no planejamento. Mas não importou, pois tudo estava dando bastante certo até então. E o que não deu certo foi motivo de muito riso e diversão. Por causa dessas intempéries, aquele sábado se tornou um dia “curinga”, que usaríamos para reparar os lapsos da viagem. Começamos a jornada por uma atração considerada imperdível em Santiago: o Teatro Municipal. Já escaldado pelos vários passeios frustrados, nos quais nos deparamos com monumentais portas fechadas, antes de ir ao Teatro Municipal, conferi cautelosamente os horários e dias de funcionamento do local. Parecia estar tudo certo, então para lá nos dirigimos.
O edifício foi inaugurado em 17 de setembro de 1857. Tem capacidade para 1.500 espectadores na sala principal e 250 na sala Claudio Arrau. Em estilo neoclássico francês, não há nada ali que não seja majestoso. Nem mesmo suas portas, lindas e maravilhosas. E fechadas! Teatro FE-CHA-DO! Ah, nem, que saco! Aquilo já estava me dando “sistema nervoso”! Era mais um lugar em Santiago que interrompeu suas atividades para a organização de um evento cultural. E parecia não ter nada nas imediações que pudéssemos visitar. Já que estávamos ali, circulamos mais um pouco, meio sem rumo. O Tião consultou o mapa e sugeriu uma passada na Basílica de la Merced. Para lá fomos.
A basílica, localizada nas esquinas das Calles Enrique Mac-Iver e Merced, foi erguida originalmente em 1566. Dois terremotos a destruíram nos anos de 1647 e 1730, sendo reconstruída, respectivamente, em 1683 e 1736. É um ícone do centro de Santiago, pois se encontra a dois quarteirões da Plaza de Armas, local de peregrinação católica. Sua fachada neoclássica é espetacular, assim como seu interior. Boa a sugestão do Tião!
Depois da rápida visita à basílica, pegamos o metrô na estação Bellas Artes e descemos na estação Quinta Normal, no bairro Brasil. Ali visitaríamos o Parque Quinta Normal e as atrações ao seu redor.
O parque é uma belíssima área verde de 38 hectares. Abriga quatro museus muito interessantes – além do Artequín, localizado do lado de fora – planejados com o intuito de estimular os mais jovens. Jovens que somos, agradecemos a iniciativa, assim como todas aquelas famílias que se divertiam naquele dia ensolarado. Adivinha onde as crianças se deleitavam! Isso mesmo, na fonte.
Caminhamos um pouco pelo Quinta Normal e avistamos o Museo de Ciencia y Tecnología, um dos quatro museus do parque. Entretanto não era nosso foco e decidimos por não visitá-lo, embora tivéssemos chegado até o hall de entrada para uma espiadinha. Do lado de fora desse museu existe um aparato de comunicação muito legal: são duas parabólicas frente a frente, posicionadas a cerca de 20 metros uma da outra. O que uma pessoa fala em uma delas, seu interlocutor escuta na outra.
Em seguida, fomos ao Museo Ferroviario. Ali existem dezesseis trens a vapor muitíssimo bem preservados, com destaque para um vagão presidencial do início do século XX. Palmas para a curadoria daquele museu! E que ingresso baratinho!
Saímos do Museo Ferroviario e descansamos um pouco à sombra. Dali avistava-se o Artequín, um museu de artes interativo voltado ao público infantil. Seu prédio, em estrutura de aço e ferro e com cúpulas de vidro, foi construído para uma exposição em Paris, em 1889. Com o fim do evento, o edifício foi completamente desmontado e trazido até Santiago, onde foi reconstruído. Muito bonito, mas preferimos não visitá-lo.
Depois daquele breve descanso, rumamos para o Museo Nacional de Historia Natural. Sensacional! Palmas também para sua curadoria!
Bastante instrutiva, a exposição conta com coleções de borboletas, insetos, fósseis, meteoritos e moluscos, além dos espaços voltados às culturas indígenas nativas. Tinha até um taxidermista trabalhando dentro de uma sala-vitrine, que empalhava um bicho cuja espécie não consegui identificar. O ponto alto da exposição é o imenso esqueleto de uma baleia azul, porém estava em restauração e sua visualização ficou um pouco limitada.
Depois de admirarmos o museu, deixamos o Parque Quinta Normal. Como era o último dia da viagem, já estávamos em ritmo desacelerado. Havia, ainda, muita coisa a ser vista na cidade. Ali no bairro Brasil, por exemplo, poderíamos ter dado uma esticada até a Basílica de Lourdes, uma igreja em estilo gótico bizantino e importante centro de peregrinação; até o Centro Cultural Matucana 100, um dos mais badalados da cidade, que ocupa antigos armazéns de tijolos aparentes; até a Estación Central, a última estação ferroviária ativa de Santiago; até as igrejas la Preciosa Sangre e del Santíssimo Sacramento, e até o Yungai, parte do bairro Brasil construída em comemoracão à vitória chilena na batalha de Yungai. É, faltou empolgação. Eu, pelo menos, sofro de um mal que chamo de “síndrome do último dia”, em que meu astral vai lá no chinelo devido à nostalgia antecipada do fim de um passeio que ainda não acabou. Acho que já estávamos todos sofrendo disso.
Aproveito o assunto de passeios que não fizemos para falar de uma atração imprescindível em Santiago: o Valle Nevado, uma estação de esqui a 46 quilômetros da cidade. Como a temporada de esqui vai de junho a outubro, não pudemos incuir esse passeio em nosso roteiro. A estação possui 102 trilhas, sendo 14% para principiantes, 30% para intermediários, 42% para avançados e 14% para experts. Existem outros passeios para a Cordilheira dos Andes que poderíamos ter feito, mas a falta de neve nos desestimulou. Entretanto, como disse o Cristiano, demos bobeira, porque com ou sem neve devem ser passeios bem bacanas. Então, amigo turista, favor incluir essas atrações em seu roteiro. Sugiro uma leitura no site Viagem Decaonline para informacões sobre os Andes e suas estações de esqui.
Embora faltasse energia, muitos de nós queriam comprar mais vinhos e mais badulaques. Fomos, então, ao Costanera Center. De lá, retornamos ao hotel para arrumar as malas, descansar e sumir para a night. Hum, acho que não estávamos tão desanimados assim! Para passar a noite, fomos ao Bellas Artes, na região próxima à estação do metrô. A Ludimila, amiga do Élcio, indicou-nos o The Clinic, bar cujo tema é política de esquerda. Confesso que fiquei com um pouco de receio do bar, pois não sou muito chegado a movimentos políticos, muito menos àqueles mais ativistas. Mas fomos surpreendidos da melhor maneira possível. Primeiro, porque aquela região do Bellas Artes é cheia de bares bacanas. Deveríamos ter frequentado a noite dali antes. Segundo, porque o The Clinic é espetacular! Seu esquerdismo temático é de um senso de humor fora do comum! Era tudo uma brincadeira de bom gosto, sem ofender nenhuma convicção partidária ou ideológica. A decoração era composta de cartazes de cunho político, frases célebres ou de autoria desconhecida, ilustrações, luminárias feitas de roupas íntimas (???) e muito mais. Sensacional!
O cadápio era fantástico! Possuia um formato de tabloide, impresso em papel imprensa (jornal) e com um projeto gráfico impecável, o que muito agradou à minha pessoa, diretor de arte/designer gráfico que sou. Assim como uma publicação periódica, surgem, de época em época, novas edições do cardápio, com um conteúdo sempre bastante criativo.
Por falar em cardápio, não posso esquecer de mencionar a excelente variedade de comidas e bebidas servidas no bar. Eram muitos pratos, vinhos, coquetéis e cervejas. Pedimos um sanduíche monumental, aparentemente impossível de ser comido.
Toda a síndrome do último foi subitamente enterrada, de tanto que gostamos da noite naquele bar. Uma pena a Ju e a Lydi não estarem ali. Elas iriam adorar o The Clinic. O astral era de primeira, a múscia estava perfeita e o povo era que nem a gente: BUNITO!
Do bar voltamos a pé para o hotel. Há quem diga (todos dizem) que não é uma caminhada muito segura, mas demos a cara a tapa. No mais, tínhamos o Tião por perto, que insistia em andarmos agarrados um ao outro e que se revelou um exímio desarmador de bombas. Se ele sabe desarmar algo, eu não faço a mínima ideia, mas, naquela madrugada, encontrou uma pasta preta no caminho e não hesitou em abri-la imediatamente. Sei lá o que passou pela cabeça dele, talvez achou que fossem um milhão de dólares ou algo parecido. Es demasiado alcohol para un solo muchacho!
Que ótima maneira de terminar o dia! Que jeito excelente de encerrar a viagem! Que maravilha de começo de ano! E tive a sensação que faremos outra viagem desse tipo. Hum, na verdade, não havia sensação nenhuma. Era fato! Há poucos dias já estávamos selando outro pacto turístico. Nem sabíamos ao certo para onde iríamos nem se teríamos dinheiro suficiente, mas a união do octeto já estava institucionalizada. Que venha o mundo com todos os seus botequins e pastas pretas!
contato@fuievouvoltar.com
Muito bom!
Foi bom demais, né Élcio!
Santiago é maravilhosa! Os arredores também! Fui duas vezes já e vou voltar.
Abrs.
Oi, Augusto! Fui uma vez só, mas pretendo voltar o quanto antes, de preferência para passar uns três dias em Valparaiso. Abraço!
Alessandro, muito bom o post!! Santiago foi uma grata surpresa para mim. Como assim vocês não ficaram no La Piojera? Esse lugar é fantástico. Quando fui bebi uns quatro terremotos e o lugar estava lotado! Depois, eu, minha amiga que viajou comigo e um amigo nosso Chileno fomos direto para o The Clinic que também é ótimo!!! E espero que eu não tenho tido nenhuma parcela de culpa sobre a ‘confusão’ da noite de Reveillon. 😉 Abração.
Ehehehe! Não se preocupe, Igor! Você foi bem claro, e sua sugestão ainda é muito válida. Ver o show de fogos na O’Higgins é uma ótima opção para se passar a virada de ano em Santiago. Quanto ao La Piojera, nem me fala! Ô arrependimento, viu!
Abraço!
Excelente achado na internet esse roteiro em Santiago! Adoro ler o blog “viaje na viagem” mas esse seu roteiro está muito bem escrito, engraçado, e dá uma vontade louca de ir pra santiago!
Eheheh! Obrigado, Lene! Torço para que você vá a Santiago. É muuuito bom!
Trabalho em uma agência de viagens e adorei o seu blog!! Irei envia-lo para algumas passageiras, pois elas sempre procuram por indicações e, como eu ainda não fui a Santiago, gosto de indicar blogs para que elas possam dar uma olhada 🙂 Parabéns pelo trabalho, encontrei dicas incríveis por aqui! =)
Nossa, quanta honra, Mariana! É para isso que escrevo este blog. Passo noites e noites escrevendo, escolhendo fotos, relembrando os lugares por onde passei, pesquisando, tudo isso porque quero que as pessoas se divirtam tanto quanto eu. Muito obrigado 🙂 E vou precisar de fazer um orçamento. Em breve te procuro. Grande abraço!
Tô sempre dando uma passadinha por aki.
Pretendo ir a Santiago em setembro (acho que verei um restinho de neve nos Andes), fiquei mais animada depois de ver suas dicas e fotos. Só não sei se poderei fazer seu roteiro todo. Depois, conto.
Adorei ver que os cães são bem tratados lá. Já tinha lido alguma coisa num livro da Isabel Allende.
bjs
Oi, Denise! Seja sempre bem-vinda! Infelizmente não pude pisar a neve nos Andes lá no Chile. Tomara que vc veja bastante. Abraço 🙂
Oi, Alessandro. Vou ao Chile no fim do ano e estava pesquisando sobre o réveillon em Santiago. Acabei lendo o post! Morri com “O aspecto daquela coisa meio suco meio sopa era horroroso! Fez-me lembrar de quando o meu primo Lelé era criança: ele tomava guaraná e comia arroz com filé à parmigiana. Daí, os grãos de arroz desciam de sua boca suja e se depositavam no fundo do copo”. Kkkkkkk!
E a Lívia não é a única que cata frutas por aí. Eu já catei manga e acerola em Guarapari e caju em Natal. Nada mais natural… hehehe.
Rsrsrsrs! Alexandre, ela não perdia tempo! Catava tudo! Mas a gente aproveitava e comia da colheita dela. E o irmão dela não é diferente: catou umas azeitonas estranhas em Roma e quase teve um troço. Grande abraço!
Ei, Alê!
Que delícia de texto! Fui lendo e me imaginando em cada lugar descrito. Viajo para Santiago no próximo sábado e vou fazer o meu roteiro seguindo todas as suas dicas. Espero que minha viagem seja tão legal e divertida quanto a sua.
Beijos!
Oi, Cris! Que inveja de você 🙂 Santiago é muuuuito bom! Com certeza sua viagem vai ser divertida! Que seja melhor do que a minha, que foi ótima! Ah, aproveitando, se você tiver iPhone (não sei se tem para Android), baixa o TripAdvisor City Guides. É gratuito. Em seguida, baixa o guia de Santiago. É bastante útil, tem mapas, sugestões e tudo mais, e funciona offline. Você conecta só para fazer atualizações.
Bjs e ótima viagem! E faça bastante Instagram pra gente ver tudo, rsrs!
Olá Xará!
Este ano vou passar o réveillon em Santiago também, na companhia de minha esposa e mais 3 casais de amigos. Vai ser uma viagem bem parecida com a sua (8 amigos no réveillon de Santiago), mas vamos ficar apenas 4 dias…
Conto um pouco do planejamento da viagem aqui:
http://batalhaspelomundo.wordpress.com/2013/08/19/planejando-um-novo-destino-reveillon-2013-2014-em-santiago-do-chile/
Estou um pouco preocupado pq vamos pegar 1 domingo, 1 segunda-feira, 1 véspera de réveillon e um feriado… Isto deve nos gerar uma serie de restrições. Alguma dica especial pra dar pra gente?
Estamos pensando em passar a virada do ano em algum restaurante ou festa de hotel. Mas ainda estamos pesquisando as opções. As opções em Santiago não parecem muito boas…
Grande abraço,
Alessandro Batalha
Nuh, Santiago é bom demais! Geralmente, o pessoal passa em Valparaiso ou Viña del Mar, e isso tem que ser planejado com antecedência. Eu e meus amigos deixamos para a última hora, mas deu certíssimo. Passamos no Club Hipico, em Santiago mesmo. Em hotel você não irá encontrar festas. Tenho um colega que passou a virada na Avenida Libertador General Bernardo O’Higgins, perto da Torre Entel, onde acontece o show de fogos. Os chilenos vão todos para lá. Quando acaba o show é que começam as festas. As pessoas deixam a avenida e seguem para suas comemorações. A do Club Hipico (Festa Revive) é lotada e tem várias pistas de dança. Tem muita gente jovem, mas tinham uns da minha idade também (40), rsrsrssr! Não me senti um peixe fora d’água. Depois, dê uma olhada na página do Facebook http://www.facebook.com/ComunidadRevive. Se vocês decidirem ir lá, compre o ingresso com pelo menos 1 dia de antecedência, assim vocês avaliam que tipo de pacote (camarote, pista etc.) Compramos o mais barato, porque não tinha mais camarote, mas foi muuuuuuito bom! Mais para o meio da festa, ficou difícil comprar as bebidas, porque as filas ficavam gigantescas, mas no início estava bem tranquilo. Bebemos o suficiente, rsrsrsr!
Quanto ao roteiro, na véspera de réveillon não encontramos dificuldades. Inclusive o comércio funcionou até mais tarde. No dia 1º, a cidade praticamente para, mas alguns restaurantes abrem. Nesse dia, vocês devem procurar pelas atrações ao ar livre, como o Cerro Santa Lucia, o Cerro San Cristobal, palácios, igrejas etc. O que me preocupa é que vocês pretendem ir a Valparaiso e Viña del Mar e à vinícola Concha y Toro. Isso tomará um certo tempo do seu roteiro. Tente esgotar Santiago otimizando o tempo ao máximo. A visita à Concha y Toro, embora o local seja mais afastado, vocês poderão fazer em uma manhã. Já Viña e Valparaiso, é uma manhã e uma tarde. Otimize a noite desse dia.
No mais, é isso.
Abraço!
Obrigado pelas dicas! Vou dar uma olhada neste réveillon do Jockey…
Não sei se o pessoal do meu grupo (nem eu) vai ter energia pra esse tipo festa, mas quem sabe? Todo mundo casado, com mais de trinta… Não sei o que eh uma noitada há séculos! Rsrss
Pingback: Planejando um novo destino: Reveillon 2013-2014 em Santiago do Chile [ATUALIZADO em 18/9/2013] | Batalhas pelo mundo
Ôpa! Valeu :-)!
oi, Alessandro!
aqui é Marina irmã da Débora (do André). eles comentaram sobre seu blog e vim dar uma olhada, por que estou indo com meus pais pra Santiago no fim do mês.
adorei o blog, vou anotar várias dicas. suas fotos lindas demais, que isso! 🙂
parabéns!
beijos.
Oi, Marina! Que bom que você gostou 🙂 E vou te falar: vocês vão adorar Santiago! Não deixe de ir aos bares do Belas Artes e do Bellavista. No Belas Artes, vá ao The Clinic.
Bjs!
Adorei o roteiro de vocês, organizando meu roteiro e vou me basear em muitas coisas no de vocês! E otimo saber quer demora vir a comida, rsrsrsrs ! Ir com o psicológico preparado!
Quanto ao cambio, Compraram os pesos aqui ou já em santiago ?
Oi, Theo! Obrigado pelo comentário. Tenho certeza que você vai adorar Santiago, mesmo com o serviço lento, rsrsrs! Ainda assim, os chilenos são simpatissíssimos. Quanto ao câmbio, trocamos os pesos aqui mesmo em Belo Horizonte. Entretanto, a taxa ficou muito alta. Não tenho certeza, mas acho que trocar o dinheiro lá sai bem mais em conta. Verifique isso pela internet, talvez alguém tenha feito dessa maneira. No mais, é isso. Qualquer outra dúvida, não se acanhe.
Abraço e ótima viagem!
Obrigado Alessandro por este blog, vc sera o responsável pela viagem de reveillon !!!! rs…. acabei de decidir que sera em Santiago mesmo !!!!! estou aqui lendo e relendo pra não perder nenhum dica e local, estou indo dia 31 e volto dia 08/01 e pretendo passar a virada na Hipica tb !!!!!! depois posso contar as experiências !!!!!! abraço !!!!!
Ôpa Tiago! Quanta responsabilidade a minha, rsrsrs! A festa do Hipica começa por volta das 0h30, então tente, antes da festa, assistir ao show de fogos da Av. O’Higgins, próximo à Torre Entel. De lá você pode pegar um táxi até o clube. Lembrando que os taxistas costumam combinar o valor da corrida, sem taxímetro. Não fica muito caro. Se você achar o preço alto, dê uma pechinchada.
Abraço e ótima viagem!
Oi, Alexandre: adorei o teu texto, rí muito, mas muito mesmo! Sou brasileira e moro no Chile há uma carrada de anos, no norte (San Pedro de Atacama, Antofagasta). Já marquei o teu blog porque, ainda que conheço Santiago, nunca tanto, etomarei como guia propria a viagem de voces. Obrigada!!!
P.S. a “paciencia” dos chileno esperando serviço nos restaurantes, não é tal, exatamente… o que acontece é que aquí se considera que reclamar (pelo que quer que seja) é demonstração de falta de modos. Voce me entende, não?
Olá! Quanta honra! Eu é que agradeço 🙂 E com certeza entendo a questão do “reclamar”. Mas mantínhamos a paciência, mesmo assim, porque os chilenos são uma simpatia, além de educadíssimos!
Grade abraço e ótima viagem!
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Ôpa! Obrigado 🙂
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Mais uma vez, muito obrigado! 🙂
Fantástica a narrativa e Santiago realmente surpreende a cada esquina. Senti a descrição como se estivesse sentado em uma casa avarandada ouvindo um causo e vendo um belíssimo por do sol que só Minas sabe dar e com uma cachacinha do lado.
Estarei lá no Réveillon, sabem em que ponto da Av. O’Higgins é melhor p ver os fogos?
Deus abençoe suas viagens!
Pôxa, Celso! Valeu pelo comentário! Ler uma mensagem dessa, numa sexta-feira de sol, dá vontade de esperar o fim da tarde, já com a cachacinha à espera, rsrsrs!
Você vai adorar o show de fogos de Santiago. Não pelo espetáculo pirotécnico em si, mas pela energia dos chilenos, que vão para as ruas, cantam, dançam e tudo mais. Sim, o show é melhor visto na O’Higgins, próximo à torre da Entel. Leia também o relato de um xará meu, que descreveu o réveillon dele na torre. http://wp.me/p3f7OQ-11R
Abraço!
Pô, que legal, estarei hospedado na Huerfanos, a 4 quadras da torre, ficarei lá com certeza. Valeu pelo link também!
Ótimas viagens sempre!
Falow! Pra você também! Abraço.
Alessandor, mt bom seu texto! irei passar o reveillon em santiago esse ano, voce poderia me dar uma media de gastos?
Ôpa, Thiago! Obrigado pelo comentário! Fica um pouco difícil precisar gastos. Quando viajo para a Europa (sem contar o valor do pacote), reservo no máximo 100 euros diários. Lá, em lugares mais baratos como Barcelona e Madri, gastei por volta de 60 euros por dia, algo em torno de R$ 180. Santiago possui um custo de vida parecido com o dessas cidades, sendo até mais barato. Acho que com uns R$ 150 (37.626 pesos chilenos) você curte bem a cidade. Para um turismo com mais pompa (almoços mas bacanas, bares super badalados etc.), acho que pode reservar uns R$ 250,00 (62.709 pesos chilenos). Nessa previsão, não incluo compra de souvenirs ou outro artigo. Considero alimentação, ingresso para as atrações e transporte. Lembro que meu pacote para Santiago de 8 dias e 7 noites (passagem + hotel) custou por volta de R$ 1.600,00. As atrações eram na maioria gratuitas, e quando eram pagas, custavam pouco. Faz o seguinte, tenho um xará que também conhece o reveillon de lá. Veja se no blog dele você encontra informações mais precisas. É http://batalhaspelomundo.wordpress.com
Se precisar de mais informações, escreva que tentarei ajudá-lo.
Abraço!
Irei passar 12 dias.. pretendo passar 1 dias em vina e 1 em pucon! ai estou estimando os gastos
É, não sei o custo nessas cidades, mas deve ser mais barato ainda.
valeu pela dica
Olá, em qual hotel você ficou hospedado??! E qual a agencia que fechasse pacote, cvc?
Oi, Iaia! Ficamos no Majestic (http://hotelmajestic.cl), situado no centro da cidade, próximo à estação de metro Santa Ana. Fomos por conta própria, sem agência. Compramos a passagem, se não me engano, pelo decolar.com. Tente pesquisar no skyscanner.com.
Abraço e aproveite bastante!
para quem curte um agito, você indica o clube que passastes o ano novo ou Valparaiso ou Viña del Mar?
Oi, Iala! Não estive em Viña ou Valparaiso na passagem de ano, mas dizem que é um lugar e tanto para se passar o rèveillon. No clube onde comemoramos, foi nem bacana, muita música (de todo o tipo) e muuuuuita gente. Mas chegou um momento que comprar bebidas ficou quase impossível, de tão lotado. Contudo, você pode optar pelo camarote, mas tem que comprar com certa antecedência, porque esgota rápido. Resumindo, nosso rèveillon foi ótimo!
Irei para Santiago este Ano Novo e vou tentar seguir as suas dicas! Valeu! Sobre as passagens para Viña/Valpo, sabe se é difícil encontrar disponíveis nos guichês nestas semanas? Obrigado.
Oi, Denis! Eu é que agradeço! Quanto às passagens, não me lembro bem, mas no dia 31 de dezembro tentamos comprar. Parece que tinha disponibilidade de ida, sem saber se conseguiríamos comprar a volta, além de que não sabíamos onde ficaríamos por lá. Não tínhamos reserva de hotel, ingresso para alguma festa ou qualquer outra coisa planejada. Na verdade, não sabíamos NADA sobre o reveillon em Viña ou Valparaiso, rsrsrsr! De qualquer forma, sugiro que você compre as passagens o quanto antes, o mais cedo que conseguir. Não sei se é possível fazer isso pela internet (provavelmente sim), mas, assim que chegar a Santiago, corra para um guichê e garanta sua passagem de ida e volta, bem como onde irá passar a festa, hospedagem etc. Dê uma olhada em http://www.lacasaroja.cl/transportation.html . Tem algumas informações sobre transporte. Abraço!
me indicaram reveillon em valparaiso dizem que e igual no brasil, mas tem que ser em algum htel, so que nao estou encontrando nenhum!! sabes de algum a indicar?!
Hum, Iaia, infelizmente não conheço… Quando fui lá, passei só uma jornada. Aconselho que faça uma pesquisa na internet. Se você vir alguma indicação, pegue o nome do hotel e pesquise por ele no TripAdvisor.com.br . Verifique o que os hóspedes comentam. Isso ajuda bastante! Se hostel lhe atende, uma amiga minha ficou no Casa Volante Hostal, em Valparaiso (www.lacasavolantehostal.com). Ela gostou do lugar, embora não tenha ficado lá no reveillon. Abraço!
Cara, show de bola esse post, deu vontade de viajar com vcs! Tmb vou pra lá no reveillon, ficamos 5 dias. Algum local de hotel no estilo BBB (bom, bonito e barato)?
Vou deixar meu email, caso tenhas tempo, pode me passar tudo que achas mais “imperdível” em santiago, valparaiso e viña. E se alguém mais quiser me dar dicas, só colocar no titulo do email dica santiago :))
gustavosperry@hotmail.com
Abraços
Fala, Gustavo! Valeu demais!
Passar reveillon no Chile é muito bom! Ficamos em um hotel bom e barato, chamado Majestic (http://www.hotelmajestic.cl). Ele fica no centro, próximo à estação de metrô Santa Ana. O lugar não é requintado, mas atendeu bem aos nossos propósitos e orçamento. Geralmente, os turistas ficam na região da Bellavista, que é mais badalada e cheia de atrações. Contudo, o metrô de lá atende bem, e o Majestic fica próximo a várias atrações. Se quiser mais opções, pesquise hotéis no TripAdvisor.com. Verifique não só os preços e a localização, mas também os comentários postados.
No mais, gostaria muito de te escrever contando mais novidade, mas tudo o que conheço de Santiago, Viña e Valparaiso eu postei no blog. Preciso voltar lá para me inteirar, rsrsr! Dê uma olhada no blog do meu xará, o Alessandro Batalha, em http://batalhaspelomundo.wordpress.com. Ele tem boas dicas sobre a cidade.
Abraço e ótima viagem!
Alessando, fenomenal essa pagina! já estava com vontade de conhecer Santiago, ontem comprei as passagens e vontade só aumentou lendo suas aventuras! Parabéns! também vou passar o Ano Novo lá!
Gisele, muitíssimo obrigado! 🙂 E você fez uma ótima escolha. Santiago é uma delícia! Todo brasileiro deveria aproveitar a proximidade e passar uns dias lá. Nosso reveillon foi excelente, e espero que o seu também seja. Abraço e ótima viagem!
Alessandro, não posso deixar de comentar como tua descrição foi maravilhosa! O texto é longo mas me diverti muito lendo em função dos teus comentários! E as dicas então, são preciosas! Irei à Santiago e arredores em Janeiro de 2015 com uma amiga e me ajudou muito! Parabéns e desejo à vocês maravilhosas próximas viagens!
Oi, Bianca! Eu é que agradeço por prestigiar o blog 🙂 Quando você chegar a Santiago, verá que a cidade é muito melhor do que descrevi. É preciso estar lá para entender. Não vejo a hora de voltar lá! Abraço, ótima viagem e, mais uma vez, muito obrigado 🙂
Adorei o seu blog, também vamos passar o réveillon em Santiago, e vou seguir várias dicas que você deu.
Obrigado, Eliana! Seu reveillon será ótimo, com certeza 🙂 Abraço!
Olá Alessandro
Muito bom seu blog. Parabéns pelo empenho e postagens.
Vou passar o Ano Novo este ano .. chegarei com mais 3 amigos em 30/10/2013 na parte da noite e vou embora em 04/01/2014 pela manhã.
Gostaria de lhe pedir uma ajuda para montar um mini roteiro.
A única certeza que tenho, depois de ler todo seu post sobre Santiago, é a noite da Vira (Bernado O’Higgins e balada depois). Além disso, acho digno pegar um dia para ir para Viña del Mar e Valparaiso.
Se puder me ajudar agradeço.
Abs
Oi, Lucas! Obrigado pelo comentário! Já que você está indo a Santiago na virada de ano, sugiro que faça meu trajeto. Não foi perfeito, mas aproveitamos bastante. Nosso grupo era grande, então ficava difícil seguir um roteiro à risca. Tem o blog do meu xará, Alessandro Batalha (http://batalhaspelomundo.wordpress.com) que também foi lá no réveillon e gostou muito. O relato da virada de ano dele está em http://wp.me/p3f7OQ-11R . No seu caso, você tem menos dias que eu, então sugiro evitar shopping centers, que não apresentam nenhuma novidade, embora sejam excelentes. Eu também tiraria o zoológico, que é bacana, mas temos parecidos aqui no Brasil. Vale a visita a uma viníciola (Concha y Toro é a mais popular). Para isso, reserve uma manhã.
Enfim, dependerá de vocês escolher os pontos que mais gostam. Se eu sugerir muitos cortes, posso deixar de fora uma atração que poderá ser super bacana para vocês. Faz o seguinte: use o meu roteiro como base. Faça suas escolhas, encaixe as atrações em uma grade de horários e me passa esse esquema no e-mail contato@fuievouvoltar.com. Posso fazer umas sugestões/acertos para você otimizar os passeios. Tenho um mapa do Google com as principais atrações de lá marcadas. Vou mandar para seu e-mail o link para acessar esse mapa. Nele, você poderá ver o que fica mais próximo e agrupar as atrações nos dias pretendidos.
Abraço e ótima viagem!
O lugar mais bonito que eu fui nos arredores de Santiago. De carro deve ser aproximadamente 1h a 1:30h até a cidade de San José del Maipo.
Da cidade pega-se uma estrada em direção ao vulcão de San José del Maipo para chegar até Embalse el Yeso, que é uma represa que abastece Santiago e que tem um lago lindo.
Na outra direção tem uma estrada para Baños Colinas e Baños Morales. Eu optei ir a baños colinas que é muito mais bonito, apesar de bem mais longe. Os baños colinas são piscinas naturais abastecidas com água que sai a 60º Celsius. Essa água é quente por passar pelo vulcão da cidade. é um local muito bonito.
Porém tanto para Embalse El Yeso como para Baños Colinas a estrada é de terra depois que passa do centro de San José del Maipo. Cada uma das estradas tem aproximadamente 33 km de terra e portanto eu não aconselho a irem por conta própria, já que não tem ônibus que deixe perto e carro alugado só se for bem alto, pois senão é muito arriscado.
Aconselho a ir por uma agência. Em geral as agências não realizam os dois passeios no mesmo dia, mas eu dei a sorte de conhecer o Maurício Tapia Navarrete, que é quem agencia a entrada a baños colinas (valor da entrada: 8 mil pesos chilenos).
O Maurício fez um preço camarada e buscou a mim e a minha família numa Caravan ( carro alto e extremamente confortável, no qual cabem umas 9 pessoas). Saímos as 6: 45 h da manhã do hotel, fomos direto para o Embalse El Yeso, paramos para fotos. Depois fomos para baños colinas, entramos na água e depois almoçamos numa pensão lá perto. Comida deliciosa, apesar do local ser bem simples. Pagamos 4500 pesos por uma refeição completa, que incluía caldo de frango de entrada e de prato principal frago cozido no vapor ( pechuga de pollo ao jugo) acompanhado de arroz e salada. Para quem não quisesse almoçar, eles vendiam empanadas gigantes assadas no forno a lenha e muito gostosas de pino (carne) e queijo na faixa de 1500 pesos.
Super recomendo esse passeio. No local é bem frio, então recomendo levarem casaco, pois está abaixo da cordilheira dos Andes.
Uma outra curiosidade é que Baños colinas faz fronteira com Mendoza, na Argentina. São aproximadamente 7 km apenas de cavalo entre as duas.
Então a minha dica é: vão com o Maurício que é supergentil, e no dia nos buscou e nos deixou no hotel por volta das 17 h .No dia o motorista foi o Alejandro, supersimpático também. O Maurício adora o Brasil e os brasileiros.
Contatos do Maurício Tapia Navarrete :
whatsapp: + 56 9 862 45 155
email: cajon.maipo.chile@gmail.com
facebook: https://www.facebook.com/mauriciot1 ou Termales Turismo Intereses Especiales
Uau! Que super dica, Vanessa! Você fez o Chile ficar ainda melhor! Eu e os leitores do blog agradecemos 🙂 Grande abraço e boa viagem sempre!
Que post maravilhoso, esse ano irei a Santiago no mês de Maio com meu esposo e suas dicas e sugestão de passeios irão nos ajudar muito. Meus parabéns pela postagem muito divertida e esclarecedora. Mais ansiosa ainda para conhecer Santiago e seus arredores! 🙂
Oi, Samila! Muito obrigado 🙂 A viagem foi realmente muito divertida. Santiago é um dos lugares mais bacanas que conheci, e as companhias que tive ajudaram bastante. Você irá adorar a cidade. É moderna, bonita, cheia de atrações e o povo é muito gentil. Esteja atenta somente aos taxistas. Eles não gostam de taxímetro, portanto é bom saber negociar as viagens.
Abraço e ótima viagem para vocês!
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