Roma: que venha a décima vez

Restaurante em Campo del Fiori

Restaurante em Campo del Fiori

Sou um cidadão muito mais cético do que crédulo, mas, se a lenda me convém, facilmente me torno o mais alegre dos ingênuos. Quem não é assim, que atire a primeira pedra. Ou a primeira moeda, de preferência na Fontana de Trevi. Segundo a lenda – e eu já disse isso em outra postagem –, aquele que jogar uma moeda nas águas dessa fonte terá retorno garantido a Roma. Assim venho fazendo. Desde a primeira moeda, jogada em 1993, o encanto da fonte vem me rendendo belos retornos à Cidade Eterna. Em março de 2012 estive lá pela oitava vez. Para não fazer diferente, arremecei minha moedinha e plim! Lá estava eu de volta pela nona vez, em outubro do mesmo ano. Dando continuidade à minha saga, atirei outra moedinha. Que venha a décima vez!

Entretanto, acho que o encanto da lenda foi um pouco forçado. O plano seria apenas ir a Istambul, mas o Élcio descobriu – ou “descobriu” – um bilhete aéreo mais barato com escala em Roma, que favorecia uma estadia nessa cidade. Tenho minhas suspeitas acerca dessa descoberta, pois o rapaz é alucinado com a capital italiana. Mas por que questionar a veracidade das intenções do nosso companheiro de viagem? Na “pior” das hipóteses, graças a ele curtimos um passeio e tanto. Fomos eu, ele, seu irmão André, nossa amiga Ana e meus pais, Norma e Gilberto.

Utilizei, praticamente, o mesmo roteiro feito na viagem de março, com umas pequenas inclusões, correções e descobertas surpreendentes. Comparando os dois roteiros,

Primeiro dia

Roteiro de março de 2012 Roteiro de outubro de 2012
Villa Borghese Pirâmide de Caio Cestio
Piazza del Popolo Porta de São Paulo
Piazza di Spagna Mercato di Porta Portese
Fontana di Trevi Piazza del Popolo
Via Veneto Piazza di Spagna
Piazza della Repubblica Fontana di Trevi
Santa Maria degli Angeli e dei Martiri Via Veneto
Campo del Fiori Santa Maria della Concezione dei Cappuccini
Piazza Farnese Piazza della Repubblica
  Largo di Torre Argentina
  Campo del Fiori
  Piazza Farnese


Segundo dia

Roteiro de março de 2012 Roteiro de outubro de 2012
Termas de Caracalla Termas de Caracalla
Circo Massimo Circo Massimo
Palatino Palatino
Fórum Romano Fórum Romano
Coliseu Fórum de Trajano
Arco de Constantino Fórum de Augusto
Fórum de Augusto Coliseu (somente por fora)
Fórum Trajano Noite na Piazza Navona
Monumento a Vittorio Emanuele II
Piazza del Campidoglio
Largo di Torre Argentina
Trastevere


Terceiro dia

Roteiro de março de 2012 Roteiro de outubro de 2012
Vaticano Coliseu
Castelo Sant’Angelo Arco de Constantino
Piazza Navona Vaticano
Panteão Castelo Sant’Angelo (somente por fora)
Palácio Montecitorio Piazza Navona
Palácio Chigi Panteão
Open Baladin (bar)


Quarto dia

Roteiro de março de 2012 Roteiro de outubro de 2012
Museus Vaticanos Museus Vaticanos
Pirâmide de Caio Cestio Castelo Sant’Angelo
Porta de São Paulo Noite em Esquilino
Porta de São Sebastião
Via Appia Antiga
Noite na Piazza Navona


Quinto dia

Roteiro de março de 2012 Roteiro de outubro de 2012
Basilica di San Giovanni in Laterano Via Appia Antiga
Mercado de Trajano Catacumba de São Calisto
Teatro de Marcelo Igreja Domine Quo Vadis
Portico de Otávia Basilica di San Giovanni in Laterano
Templo de Vesta Villa Borghese
Igreja de Santa Maria in Cosmedin Trastevere
Bocca della Verità


Sexto dia

Roteiro de outubro de 2012
Basílica de Santa Maria Maggiore
Igreja de Santa Maria in Cosmedin
Bocca della Verità
Templo de Vesta
Teatro di Marcello
Portico de Otávia
Piazza del Campidoglio
Museus Capitolinos
Monumento a Vittorio Emanuele II

Como se percebe, nesta úlltima viagem tivemos um dia a mais na cidade. Um dia, dois dias, três dias que fossem, nunca seriam suficientes. Quanto mais se conhece Roma, mais se descobre uma infinidade de atrações e programas sempre muito atraentes. Passamos a nos sentir parte daquele lugar em que nunca ou pouco estivemos – pelo menos nesta vida – e a vontade de explorar o que vem pela frente ou que está escondido é interminável. Isso só piora o quadro de quem sofre de ecdemomania, conceito hoje mesmo me apresentado pelos meus amigos Cris e Rodrigo, que significa obsessão em viajar e passear. Para os ecdemomaníacos, Roma é um prato cheio.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro Paiva

Como já escrevi um post sobre a minha ida a Roma em março, prefiro não reescrever detalhadamente sobre cada atração já visitada naquela viagem. Discorrerei somente o roteiro da viagem de outubro, com alguns acréscimos, é claro. Portanto, sugiro que você leia o roteiro de março clicando aqui, assim terá informações mais completas. Mesmo as emoções desta última viagem não tendo sido repetidas, as descrições são bem parecidas.

PRIMEIRO DIA – domingo

Pirâmide de Caio Cestio, Porta de São Paulo, Mercato di Porta Portese, Piazza del Popolo, Piazza di Spagna, Fontana di Trevi, Via Veneto, Santa Maria della Concezione dei Cappuccini, Piazza della Repubblica, Largo di Torre Argentina, Campo del Fiori e Piazza Farnese

Assim como na viagem de março, chegamos bem cedo a Roma. Para não fazer diferente, antes de efetuarmos o check-in, deixamos as malas no hotel e começamos o nosso passeio.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro Paiva

Para o transfer do aeroporto de Fiumicino até o hotel, contratamos a Elmocar, empresa pertencente a uma família brasileira e bem reconhecida pelos turistas. O Élcio pegou essa dica em um blog e eu faço questão de repassá-la. O Carlos, motorista que nos buscou, foi bem pontual, assim como no retorno ao aeroporto. Como éramos seis pessoas, ficou mais barato do que se tivésemos pegado o Leonardo Express (trem) ou um táxi comum. Se você for a Roma e quiser contratar a Elmocar, acesse www.elmocar.com e faça a sua reserva.

Nesta viagem, incluí uma ida ao Mercato di Porta Portese, o maior e mais famoso mercado domenical romano, que se estende desde a Piazza di Porta Portese, pela Via Portuense, até a Via Ippolito Nievo. Essa sugestão encontrei no programa Portugueses pelo mundo, episódio de Roma. Para chegarmos lá, pegamos o metrô e descemos na estação Piramide. No caminho, passamos pela Pirâmide de Caio Cestio, que impressiona pelos seus 37 m de altura e excelente estado de conservação, e pela Porta de São Paulo, uma das portas da Muralha Aureliana em Roma. De lá, seguimos pela Via Marmorata até o mercado.

Pirâmide de Caio Cestio

Pirâmide de Caio Cestio

Mercato di Porta Portese

Mercato di Porta Portese

Que decepcão! Aquele local, que nos dias antigos abrigou um espetacular mercado de pulgas, hoje dá lugar a uma gigantesca feira Made in China. Sugestão furada da portuguesa! De qualquer forma, valeu por termos conhecido a Porta Portesi, uma das entradas de Roma, construída em 1644 como parte das muralhas da cidade.

Porta Portese

Porta Portese, uma das entradas de Roma

Em Porta Portesi pegamos um ônibus e fomos à sempre bela Piazza del Popolo.

Uma pena a praça estar delimitada por grades que demarcavam um evento. A mesma coisa aconteceu em março, portanto concluo que domingo é dia de evento na Piazza del Popolo. Também na outra viagem, uma das igrejas gêmeas – como são chamadas a Santa Maria in Montesanto e a Santa Maria dei Miracoli – estava em reforma e coberta de tapumes. Isso também não mudou. A igreja ainda estava em reforma.

Detalhe da Fontana dell'Obelisco, na Piazza del Popolo

Detalhe da Fontana dell’Obelisco, na Piazza del Popolo

Aproveitamos e almoçamos num restaurante dali. E como estávamos contentes! Assim como todos os fregueses, sentamos à mesa, enfileirados lateralmente ombro a ombro, todos de frente para a praça. A disposição era meio estranha, mas, assim que nos acomodamos, entendemos o porquê: comer um delicioso prato italiano – seja acompanhado de vinho, cerveja especial, conhaque ou mesmo refrigerante – e de frente para aqueles monumentos espetaculares, logo no primeiro dia de viagem… não tem nada igual! Ninguém iria querer ficar de costas.

Risoto de frutos do mar

Risoto de frutos do mar

Espaguete à carbonara

Espaguete à carbonara

Satisfeitos com o risoto de frutos do mar, com o espaguete à carbonara e até mesmo com a salada, seguimos o passeio pela Cidade Eterna. Caminhamos até a Piazza di Spagna, um dos pontos turísticos mais famosos de Roma.

Piazza di Spagna

Piazza di Spagna

Embora não estivesse com a escadaria que leva à igreja Trinità dei Monti enfeitada de flores, a Piazza di Spagna estava maravilhosa. Imprescindível uma subida pelos 135 degraus e uma admirada na La Barcaccia, fonte esculpida por Pietro Bernini, situada na base da escadaria. A tradição não manda que o turista jogue moedas na fonte, mas pode. Bernini agradece. 🙂

Piazza di Spagna e escadaria que leva á igreja Trinità dei Monti

Piazza di Spagna e escadaria que leva á igreja Trinità dei Monti

La Barcaccia, fonte esculpida por Pietro Bernini, na Piazza di Spagna

La Barcaccia, fonte esculpida por Pietro Bernini, na Piazza di Spagna

Era hora de visitar a Fontana de Trevi. Eu estava ansioso para ver a reação do meu pessoal ao se deparar com aquela atração. Isso porque, quando estive lá pela primeira vez, fiquei chocado com o contraste daquele monumento tão majestoso com sua praça tão estreita e circundada por prédios. Impossível fazer uma foto que enquadre toda a fonte, de tão apertado que é o local, a não ser que você use uma máquina fotográfica profissional com lente grande-angular e consiga subir em um dos prédios para uma posição privilegiada.

Fontana di Trevi

Fontana di Trevi

Como eu esperava, meu pessoal ficou maravilhado. E não perderam tempo! Posicionaram-se de costas para a fonte, colocaram a mão no bolso e foram logo arremessando suas moedinhas. Todos voltarão a Roma! Além da lenda da moeda, a fonte também é famosa pelo filme La Dolce Vita, de Federico Fellini.

Santa Maria della Concezione dei Cappuccini

Santa Maria della Concezione dei Cappuccini

Da Fontana di Trevi rumamos a pé até a Via Veneto. Ali visitaríamos a Santa Maria della Concezione dei Cappuccini. O museu dessa igreja possui uma cripta com restos de 4.000 freis enterrados entre 1500 e 1870. Em março, devido ao horário e ao incidente com um frei com cara de poucos amigos logo na entrada, não conseguimos conhecer a cripta. Dessa vez, chegamos ao local a tempo e o padre feioso não estava lá. Visitamos o museu e ficamos impressionados com aquele ossuário disposto em forma de obra de arte macabra. O passeio foi rápido, mas espetacular. Embora a igreja e sua cripta não sejam atrações badaladas em Roma, a visita ao local é indicadíssima! O Élcio que o diga.

Encantados com as caveirinhas, seguimos para a Piazza della Repubblica, onde visitaríamos a Santa Maria degli Angeli e dei Martiri, uma basílica construída no local onde, no período entre 306 e 537, funcionava um complexo de banhos chamado Termas de Diocleciano. Infelizmente, algum religioso ou político importante havia falecido e estava sendo velado naquele dia. Que tristeza! Não que tivéssemos nos importado com a morte do excelentíssimo, mas o velório ocupou todo o local, impossibilitando o acesso de turistas à basílica. Será que a cerimônia era para o padre feioso da cripta? Alguém deve ter se irritado e matado o sujeito.

Multidão em velório na Igreja de Santa Maria degli Angeli e dei Martiri

Multidão em velório na basílica de Santa Maria degli Angeli e dei Martiri

La Fontana delle Naiadi, do artista Mario Rutelli, na Piazza della Repubblica

La Fontana delle Naiadi, do artista Mario Rutelli, na Piazza della Repubblica

Era hora de voltar ao hotel. Fizemos o check-in, tomamos um banho e rua! Mesmo cansados do voo e da longa caminhada daquele primeiro dia, fomos à praça Campo del Fiori, onde, de segunda a sábado, ocorre uma das maiores e mais tradicionais feiras de Roma. À noite, a feira se recolhe e dá lugar aos mais variados bares e restaurantes. Para chegar lá, pegamos o ônibus 64, em Termini, e descemos no ponto do Largo di Torre Argentina, praça onde estão as ruínas de alguns templos da época da República Romana e o Teatro de Pompeu. Aproveitamos e circundamos o quarteirão, que é espetacular.

Largo di Torre Argentina

Largo di Torre Argentina

Adivinha o que fizemos na Campo del Fiori! Isso mesmo, comemos muito, além de darmos uma volta pelas redondezas. Ali ao lado está a Piazza Farnese, onde se localizam o Palazzo Farnese, hoje sede da Embaixada da França, e duas fontes que pertenciam às Termas de Caracalla.

Estátua do filósofo Giordano Bruno, na Praça Campo del Fiori

Estátua do filósofo Giordano Bruno, na Praça Campo del Fiori

Uma das duas fontes que pertenciam às Termas de Caracalla, na Piazza Farnese

Uma das duas fontes que pertenciam às Termas de Caracalla, na Piazza Farnese

André e Ana, em restaurante da Campo del Fiori

André e Ana, em restaurante da Campo del Fiori

Bruschetta de tomate

Brusqueta de tomate

Mesmo que nossos olhos estivessem vermelhos de fadiga, nossa empolgação estava em alta. Queríamos era mais! Depois de brusquetas, massas, carnes e vinhos, esticamos para um dos muitos bares da Campo del Fiori. Naquele momento, começava a saga do André em busca da melhor cerveja. Nosso amigo gourmet é um grande entendedor de cervejas especiais. Quando fomos a Roma na vez anterior, ele nos indicou insistentemente uma ida à Open Baladin, uma cervejaria bem conceituada da cidade. Embora sua indicação fosse bem interessante, não fomos ao bar. Já no roteiro desta viagem, incluí uma noite de cervejas 1.000 no tal estabelecimento. Acho que, quando o Élcio convidou o André para viajar conosco, a primeira coisa que veio à cabeça do coleguinha cervejeiro foi a Open Baladin. Mal sabia o coitado… Enfim, isso conto mais adiante.

André degusta sua primeira cerveja em Roma

André degusta sua primeira cerveja em Roma

E assim seguimos pela noite. Os drinques estavam excelentes e as cervejas agradaram bastante o André. Voltei para o hotel com meus pais, enquanto os outros ficaram em outro bar para uma saideira.

SEGUNDO DIA – segunda-feira

Termas de Caracalla, Circo Massimo, Palatino, Fórum Romano, Fórum de Trajano, Fórum de Augusto, Coliseu (somente por fora) e noite na Piazza Navona

Começamos o dia indo às Termas de Caracalla, um gigantesco complexo de banhos construído em 217 e que funcionou até 537, quando os aquedutos que o abasteciam foram destruídos durante as Guerras Góticas. Um dos meus sonhos é poder ter frequentado esse aquaparque imperial e outro é visitá-lo em um dia em que não estivesse chovendo. De qualquer maneira, com chuva ou não, o local é magnífico!

Ruínas das Termas de Caracalla

Ruínas das Termas de Caracalla

Meu pessoal nas Termas de Caracalla

Meu pessoal, nas Termas de Caracalla

Detalhe de piso restaurado, nas Termas de Caracalla

Detalhe de piso restaurado, nas Termas de Caracalla

Das termas seguimos para o Circo Massimo, uma enorme arena de entretenimento frequentada desde o início da história de Roma. Hoje, o local é apenas um terreno descampado, utilizado pelos romanos como área de lazer. Dali tem-se uma vista espetacular para o Palatino, uma das sete colinas de Roma, próxima atração do nosso roteiro.

Circo Massimo

Circo Massimo

Circo Massimo, com Palatino ao fundo (foto tirada no último dia)

Circo Massimo, com Palatino ao fundo

Em março, eu e o Élcio não exploramos o Palatino como deveríamos. Pegamos o percurso errado e saltamos vários pontos importantes daquele local. Dessa vez, fomos bem-sucedidos. Aliás, quase tivemos nosso passeio interrompido devido a uma potencial intoxicação alimentar. O Élcio, acreditando estar em Bom Despacho, resolveu colher umas frutinhas ao longo daquela colina imperial. Algumas eram azeitonas, das quais todos provamos e achamos péssimo! Quando crua, a azeitona é muito amarga. Já uma outra frutinha era desconhecida, mas nosso destemido amigo resolveu experimentá-la assim mesmo. Na hora, ele fez muita cara feia e ficou meio assustado. Acho que até passou mal escondido.

Élcio colhe frutinhas desconhecidas, no Palatino

Élcio colhe frutinhas desconhecidas, no Palatino

Com exceção da caverna conhecida como Lupercal, que, segundo a mitologia romana, foi o local onde os gêmeos Rômulo e Remo foram criados pela loba que os achou às margens do Rio Tibre, visitamos praticamente todo o Palatino. A parte de que mais gostei foi o Hipódromo de Domiciano.

Hipódromo de Domiciano, no Palatino

Hipódromo de Domiciano, no Palatino

O ingresso para o Palatino também dava direito às visitas ao Fórum Romano e ao Coliseu. Visitamos, então, o Fórum Romano.

Domus Augustana, no Palatino

Domus Augustana, no Palatino

Basílica de Magêncio, no Palatino

Basílica de Magêncio, no Palatino

Tempio dei Càstori, no Fórum Romano

Tempio dei Càstori, no Fórum Romano

Arco de Settimio Severo, no Fórum Romano

Arco de Settimio Severo, no Fórum Romano

Templo de Saturno, no Fórum Romano

Templo de Saturno, no Fórum Romano

Garota na chuva

Garota na chuva

Fórum Romano era um dos fóruns imperiais de Roma, que constituíam uma série de praças monumentais construídas pelos imperadores entre 46 a.C. e 113 d.C. Embora lá só se veem ruínas, o local é cinematográfico. Experimente uma passada por ali num domingo à tarde e entenderá o que estou falando. Uma pena a chuva ter atrapalhado um pouco o nosso passeio. Tivemos que visitar o Fórum Romano com um pouco de pressa. Para piorar, nenhum de nós tinha um guarda-chuva. E a Ana que adotou um modelito leggero, com blusa de manga de tecido delicado! Se você visse todas as fotos daquele dia, notaria que minha amiga revisora estava o tempo todo de braços cruzados, um pouco encurvada e com os ombros parciamente cobertos pelos cabelos umedecidos. Estava passando frio! Calada! Mas não resistiu à chuvinha no Fórum Romano e começou a se queixar – ou bater queixo – e a cantar Garota na Chuva, de Edinéia Macedo. E não foi só ela que passou frio: o Élcio também.

Já estávamos famintos, então decidimos dar uma pausa para um delicioso almoço num resturante das redondezas. Sabia que na Itália delicioso almoço é redundância? Pois é, se a comida é italiana, é deliciosa. O Élcio mesmo diz: não tenha dúvida na hora de escolher entre as opções do cardápio. Tudo é gostoso, não tem como errar.

Talharim com molho branco

Talharim com molho branco

Polpettone

Polpettone

Do almoço obviamente delicioso, seguimos pela Via dei Fori Imperiali, passando pelo Mercado de Trajano e pelos fóruns de Trajano e de Augusto. Em seguida, dirigimo-nos ao Coliseu, que pudemos visitar somente por fora. Já era tarde e tivemos que deixar essa atração para o dia seguinte. Felizmente, o ingresso Palatino/Fórum Romano/Coliseu era válido por dois dias.

Ana, meus pais, Élcio e André. Mercado de Trajano ao fundo

Ana, meus pais, Élcio e André. Mercado de Trajano ao fundo

Fórum de Trajano, com destaque para a Coluna de Trajano

Fórum de Trajano, com destaque para a Coluna de Trajano

Coliseu

Coliseu

Olha, o Coliseu é o Coliseu! Assim como não tem jeito de errar na escolha dos pratos italianos, não tem foto daquele monumento que fique ruim. Vou sempre repetir a já chatíssima história que conto de quando fui ao Coliseu de metrô, em 2001: o momento em que saí da estação e me deparei com aquela coisa colossal.

De lá retornamos ao hotel para descansar um pouco. Naquela noite iríamos à Piazza Navona para desfrutar dos bares e restaurantes da redondeza, que são muito bons. A noite terminou em pizza!

Piazza Navona

Piazza Navona

Ana, André e minha mãe, na Fontana dei Quattro Fiumi, Piazza Navona

Ana, André e minha mãe, na Fontana dei Quattro Fiumi, Piazza Navona

Pizza alla diavola, com linguiça picante

Pizza alla diavola, com linguiça picante

Pizza de rúcula com tomate seco

Pizza de rúcula com tomate seco

Pizza com linguiça calabresa e espinafre

Pizza de linguiça calabresa com espinafre

Retornando da Piazza Navona, na Corso del Rinascimento

Retornando da Piazza Navona, na Corso del Rinascimento

Corso del Rinascimento, próximo à Piazza Navona

Corso del Rinascimento, próximo à Piazza Navona

 

TERCEIRO DIA – terça-feira

Coliseu, Arco de Constantino, Vaticano, Castelo Sant’Angelo (visita por fora), Piazza Navona, Panteão e Open Baladin

Acordamos cedo e seguimos direto para o Coliseu, também conhecido como Anfiteatro Flavio. Assim que saímos da estação Colosseo, fiquei de olho nos meus companheiros para ver suas reações ao se depararem com o monumento. Um, dois e… PÁ! Todos impactados, mesmo tendo passado ali no dia anterior. Preciso dar um nome a essa reação, já que falo tanto dela. Seria “síndrome flaviana”? “Impacto monumental”? “Embasbacamento colossal”? Hum, deixa pra lá.

Ana avista o Coliseu

Ana, na saída do metrô Colosseo

Construído entre os anos 70 e 90, o Coliseu era capaz de abrigar por volta de 50.000 pessoas, sendo usado para vários tipos de espetáculos. A visitação interna é obrigatória! O ingresso não custa caro, mesmo porque dá direito às visitas ao Palatino e ao Fórum Romano.

Arena do Coliseu

Arena do Coliseu

Interior do Coliseu

Interior do Coliseu

Templo de Vênus e Roma, no Palatino, visto do Coliseu

Templo de Vênus e Roma, no Palatino, visto do Coliseu

Do Coliseu passamos rapidamente pelo Arco de Constantino. Em seguida, pegamos o metrô para o Vaticano.

Arco de COnstantino

Arco de Constantino

O Vaticano é, sem dúvidas, espetacular! Nele estão a praça e a basílica de São Pedro, além dos Museus Vaticanos, atração que visitaríamos no dia seguinte. Tenho uma certa curiosidade sobre a opinião dos turistas em relação àquele enclave murado, não somente pela magnitude, mas pela questão religiosa. É tanta riqueza, tanta ostentação e tanto mausoléu de papa, que creio que os mais religiosos, principalmente os católicos, deixam a fé um pouco de lado para absorver aquilo tudo. Conforme observado pelo Élcio, quase não se vê a imagem de Jesus Cristo, embora a Pietà de Michelangelo esteja majestosa logo na entrada. Nem mesmo a imagem de São Pedro eu vi, tendo em vista que aquela basílica leva o seu nome e que ali ele se econtra sepultado. Desculpe-me se meu comentáro ofende sua convicção religiosa, mas o Vaticano inspira muito mais política do que fé. Até minha mãe, que não pode ver um santo que logo faz o Nome do Pai, ficou mais impressionada com a beleza da basílica do que se emocionou com as imagens e atmosfera sagradas.

Praça de São Pedro, no Vaticano

Praça de São Pedro, no Vaticano

A parte mais “divertida” da visita à Basílica de São Pedro é a subida à sua cúpula. Por acaso, já falei que gostaria de ressuscitar alguns dos arquitetos daquela belezura, como Bramante, Michelangelo, Rafael e Bernini? Um dos meus maiores desejos é trazê-los de volta à vida para fazê-los subir e descer aquela super-escadaria cinco vezes em um só dia, de joelhos e com uma vela pingando na mão. Que subidinha pesada e apertada, viu! Mas a vista lá de cima é maravilhosa! Roma em 360º é ainda mais linda! Meus sinceros agradecimentos a Michelangelo e sua entourage. 🙂

Escada estreita que leva à cúpula da Basílica de São Pedro

Escada estreita que leva à cúpula da Basílica de São Pedro

Praça de São Pedro, vista da cúpula da basílica, no Vaticano

Praça de São Pedro, vista da cúpula da basílica, no Vaticano

Aproveitando o drama da escadaria de São Pedro, preciso confessar que fiquei preocupadíssimo com meu pai e com minha mãe. Em todas as minhas viagens, sinto dores por todo o corpo, principalmente nos joelhos, canelas e coluna, de tanto que ando. Em Roma, eu tinha certeza de que chegaria um momento em que deveríamos desacelerar para evitar que as dores atrapalhassem o passeio dos dois ou mesmo os impedissem de seguir adiante. PÉÉÉÉNNNN! Enganei-me profundamente! As minhas dores estavam firmes e fortes, perturbando-me e demandando por certa dose de Bufferin, enquanto meus pais estavam mais firmes e fortes de que meu desconforto físico, desde o primeiro dia em Roma até o último em Istambul, cidade que visitaríamos em seguida. Quando crescer, quero ser igual a eles.

Postal que nunca chegou para a namorada, no Vaticano

Postal que nunca chegou para a namorada, no Vaticano

Do Vaticano seguimos até o Castelo Sant’Angelo pela Via dei Corridori, rente ao Passetto di Borgo, nome dado ao muro que liga o Vaticano ao castelo. Deveríamos ter visitado Sant’Angelo por dentro, mas a visita ao Coliseu, que estava agendada para o dia anterior e foi feita neste dia, atrasou nosso passeio. Remarcamos a visita ao interior do castelo para o dia seguinte, sem prejuízos ao roteiro.

Castelo Sant'Angelo

Castelo Sant’Angelo

Dali fomos mais uma vez à Piazza Navona para uma visita à luz do dia. Em Roma, assim como em várias outras capitais europeias, os monumentos são belíssimos tanto de dia quanto iluminados à noite. Portanto, nunca será demais se você incluir em seu roteiro idas diurnas e noturnas aos principais pontos turísticos da cidade.

Piazza Navona

Piazza Navona

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro Paiva

Na minha opinião, a atração que mais merece visitas em dois turnos é a Fontana de Trevi. À noite, ela é belíssima! Outros locais também ficam espetaculares quando iluminados, como o Coliseu, o Circo Massimo, as ruínas no entorno da Via dei Fori Imperiali, a Piazza di Spagna, o Panteão, a Piazza Navona, o monumento a Vittorio Emanuele II, a praça Campo del Fiori, a praça e a basílica de São Pedro, o Castelo Sant’Angelo etc. Portanto, Roma INTEIRA é esplendorosa, mesmo à noite. E que tal um passeio de ônibus, daqueles de teto aberto com hop on hop off (embarque e desembarque), para ver isso tudo? Vale a pena demais! São vários pontos de parada em que o turista embarca e desembarca na hora que quiser. Acesse o site da City Sightseeing e confira esse tipo de passeio/meio de locomoção.

Depois de contemplar mais uma vez a Fontana dei Quattro Fiumi (Fonte dos Quatro Rios), esculpida em 1651 por Gian Lorenzo Bernini, deixamos a Piazza Navona e nos dirigimos ao Panteão.

Panteão de Roma

Panteão de Roma, na Piazza della Rotonda

Meu povo já estava meio cansado, afinal de contas, naquele dia, já havíamos andado mais que pobre na chuva. Fiquei um pouco decepcionado, pois achei que se encantariam horrores com o Panteão. Gostaram, sim, mas não do jeito que eu esperava. O André até posou para algumas fotos na belíssima Piazza dela Rotonda, onde o monumento está localizado, enquanto o restante do pessoal ficava sentado debaixo das colunas colossais da entrada do Panteão, esperando pela hora de seguir adiante.

Quando tentamos sair do local, havia uma obstrução na esquina da Via della Rotonda com a Salita de Crescenzi. Ficamos parados observando, até descobrirmos que o quarteirão havia sido fechado para uma produção cinematográfica. Tentamos andar mais um pouco, mas os assistentes da gravação nos impediram de seguir adiante. Fazer o que, né?! Paramos, então. Estávamos bem próximo da cena. Eu, com minha máquina fotográfica que penso ser megaprofissional, dei uma de paparazzo e comecei a tirar fotos da gravação. Coloquei o zoom no máximo. Vi um nariz colossal, do tipo italiano, só que maior. Continuei tirando fotos, até que o Élcio chegou para mim e disse: é o Adrien Brody! Aí me tornei mais paparazzo ainda! Difícil era enquadrar aquelas narinas do tipo orifício do Panteão (olha o sujo falando do mal-lavado!).

Adrien Brody e Moran Atias gravam cena do filme The Third Person (A Terceira Pessoa)

Adrien Brody e Moran Atias gravam cena do filme Third Person (A Terceira Pessoa), de Paul Haggis

Bullying à parte, estavam gravando Third Person (A Terceira Pessoa), um filme de Paul Haggis. Na cena, Adrien estava dentro um fiatzinho laranja bem capenga, com a atriz israelense Moran Atias. Quero ver!

Adrien Brody

Adrien Brody

Bastou vermos uma celebridade e logo os ânimos se alçaram. Entretanto, o André estava mais animado que o resto do grupo. Bem mais animado! Aquele era o dia em que ele conheceria a tão esperada Open Baladin, uma cervejaria que possui mais de 40 bicos de cervejas artesanais. Custamos a achar o local. Rodamos a região de Campo del Fiori insistentemente e nada! Naquele ponto, o mancebo cervejeiro já havia roído todas as unhas, de tanta ansiedade e medo de não encontrarmos o tal bar. De repente, viramos uma esquina e… UÓÓÓÓHHHHH (tom de resplendor)! Lá estava a Open Baladin!

André, ainda contente, no Open Baladin

André, ainda contente, no Open Baladin

Tudo começou muito bem. Cada um escolheu sua cerveja. Mas o André queria mais. Empolgadíssimo e especialista no assunto, começou a perguntar à garçonete sobre sabores X, tipos de fermentação Y, teores alcoólicos Z, origens A, B e C e por aí em diante. A mocinha, que entende muito pouco de cervejas (???), não fazia a mínima ideia do que era aquilo tudo. Para piorar, o atendimento era lento, diferente daquele brasileiro, em que o garçom traz a cerveja mesmo sem o freguês pedir. Sinceramente, a garçonete era desinformada e nada proativa!

O André já estava pra lá de frustrado e nervoso. Nervoso à sua maneira, porque é extremamente educado e solidário com quem trabalha em restaurantes. Ele mesmo é do ramo e sabe o tanto que garçom passa aperto. Quanto mais nervoso ficava (à sua maneira), menos a garçonete e todos os outros atendentes sabiam o que ele procurava. Só depois de muito tempo é que apareceu um gerente mais esclarecido para saciar sua sede por incríveis cervejas.

Tirando essa deficiência de informação por parte dos atendentes – o que é grave, pois o Open Baladin é famoso por sua variedade de cervejas –, a noite foi muito boa. Adorei minhas cervejas e creio que os outros também.

Ana e Élcio, no Open Baladin

Ana e Élcio, no Open Baladin

Monumento a Vottorio Emanuele II, visto no retorno ao hotel

Monumento a Vottorio Emanuele II, visto no retorno ao hotel

 

QUARTO DIA – quarta-feira

Museus Vaticanos, Castelo Sant’Angelo e noite em Esquilino

Hum, que delícia! Amanheceu chovendo! Adoro quando viajo e chove! Só que não. Sarcasmo à parte, começamos o dia pelos Museus Vaticanos. Que fila majestosa! Regada por aquela chuvinha então… Quando chegamos lá e nos deparamos com aquele contingente enorme e úmido, começamos a pensar em uma alternativa para evitar a longa e molhada espera. Iríamos primeiro ao Castelo Sant’Angelo para mais tarde retornar, quando poderia haver menos gente, ou ficaríamos ali mesmo, perdendo boa parte do dia? Depois de um pequeno surto de estresse, decidimos que era melhor ficar plantado na fila. Olha, já fui a Roma várias vezes, sendo que em uma das idas morei lá por 6 meses, porém nunca vi a fila para os Museus Vaticanos tão grande assim. Enfim, são ossos do papel ofício. Se eu fosse mais esperto teria comprado nossos ingressos pela internet e evitado a fila da bilheteria.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaNas baixas temporadas, a procura pelos museus europeus e demais atrações diminui bastante. Em alguns casos, as filas são praticamente inexistentes. Mas nas altas temporadas a história muda. Nesse caso, comprar o bilhete antecipadamente pode ser um bom negócio. Se seu roteiro estiver bem planejado, defina o dia e o horário exatos de suas visitas e compre seus ingressos online. Assim você vai direto à entrada. E a fila não é o único problema. Existe, ainda, a questão de disponibilidade. Já deixei de conhecer grandes atrações, como a La Chascona, casa de Pablo Neruda em Santiago, por não ter comprado o ingresso com antecedência. Na hora em que chegamos à casa, não havia horários disponíveis. O mesmo aconteceu nesta viagem de Roma, no dia seguinte, quando tentamos visitar a Galleria Borghese. Todos os ingressos para aquela que é uma das melhores galerias de arte da cidade estavam esgotados pelos próximos cinco dias. Então, previna-se. Para comprar o bilhete para os Museus Vaticanos pela internet, acesse biglietteriamusei.vatican.va.

A Escola de Atenas, do pintor renascentista Rafael, nos Museus Vaticanos

A Escola de Atenas, do pintor renascentista Rafael, nos Museus Vaticanos

Embora fosse fim de outubro, temporada considerada baixa, o número de turistas era impressionante. As galerias de todas as exposições que compõem o complexo dos Museus Vaticanos estavam abarrotadas. Os turistas se grudavam ombro a ombro. Dava até para andar sem se cansar, bastando apenas dobrar os joelhos e ser levado pela multidão. Sério! Meu pai, que costuma andar mais à frente, caiu numa enxurrada humana dessas e foi levado, perdendo-se do resto do grupo. Ficava complicado andarmos os seis juntos, pois cada um se interessava por uma coisa, ao mesmo tempo em que a fila andava. Aliás, empurrava. Confesso que estava quase insuportável. Em outro momento, eu e minha mãe também seguimos mais à frente, deixando a Ana, o Élcio e o André para trás, que se entretiveram com detalhes de algumas exposições. O drama maior foi na Galeria dos Mapas, em que ficamos “engarrafados” por uns 20 preciosos minutos. A multidão não fluía!

Museus Vaticanos

Multidão se aglomera no Museu Pio Clementino, nos Museus Vaticanos

Outra coisa que me incomodou nos Museus Vaticanos foi o fluxo de visita definido por sua administração. Muitas exposições importantes, como as Salas de Rafael, estavam com o acesso “meio impedido”. Os turistas, confusos, passavam direto. Para piorar, os museus anteciparam o horário de fechamento. Como eu e minha mãe estávamos mais à frente, conseguimos visitar tudo, principalmente a Capella Sistina. Já meus amigos retardatários… Puó puó puóóóóó… Atravessaram o Atlântico e não visitaram aquela capela que é uma das principais obras de Michelangelo. Meu Pai? Já estava lá fora há muito tempo! Perguntei a ele se tinha passado pela Capella Sistina e ele não sabia. Mas passou sim. Vi pelas fotos que tirou lá dentro, proibidas, por sinal.

Escada Helicoidal, nos Museus Vaticanos, desenhada em 1932 por Giuseppe Momo.

Escada Helicoidal, nos Museus Vaticanos, desenhada em 1932 por Giuseppe Momo.

A visita aos Museus Vaticanos demorou bastante, considerando o tempo em que ficamos na fila. Já era prá lá da hora do almoço e estávamos famintos. Almoçamos e, em seguida, dirigimo-nos ao Castelo Sant’Angelo. Já contei que estava chovendo? Pois é, assim que chegamos à fila do castelo, os pingos engrossaram e ficamos ensopados. Um ambulante tentou insistentemente nos vender uns guarda-chuvas Made in China, mas estávamos tão molhados que não serviriam para nada. Porém a chuva piorou! Aí não teve jeito. Tivemos que adquirir os benditos guarda-chuvas. Ainda bem que a fila estava imensa, porque foi ótimo passar por aquela situação (espero que tenha notado meu sarcasmo mais uma vez).

Enfim entramos. O Castelo Sant’Angelo é visita obrigatória em Roma. Foi construído pelo imperador Adriano em 139 para ser um mausoléu pessoal e familiar. Hoje, abriga um museu. A vista do terraço é sensacional, mas chovia tanto, tanto, que além de não conseguirmos ver um palmo adiante, guarda-chuva algum era capaz de conter a aguaceira.

Rampa no interior do Castelo Sant'Angelo

Rampa no interior do Castelo Sant’Angelo

Roma debaixo de chuva, vista do Castelo Sant'Angelo

Roma debaixo de chuva, vista do Castelo Sant’Angelo. Basílica de São Pedro ao fundo

Roma debaixo de chuva, vista do Castelo Sant'Angelo

Roma debaixo de chuva, vista do Castelo Sant’Angelo. Rio Tibre à esquerda

Depois de passear bastante pelo castelo, fomos embora descansar. Talvez por causa da chuva, decidimos jantar em um restaurante perto do hotel. Não costumo indicar nomes de bares e restaurantes nos meus posts. Muitos fecham, trocam de endereço ou mesmo mudam de nome, aí a dica fica perdida. Mas essa cantina eu gostaria de citar. Chama-se La Mensa di Bacco, um restaurante pizzaria a dois quarteirões da estação Termini, na Via Principe Amedeo, 75 a-b. Os preços são muito bons e a comida é deliciosa. Se você for a Roma e ficar hospedado próximo àquela estação, vale a pena dar uma passada nesse restaurante para conferir os menus combinados. É muuuuita comida! Sem esquecer da Fabiola, uma garçonete ruiva muitíssimo atenciosa. Uma simpatia de pessoa! Procure por ela e será muito bem servido.

Refeições servidas no La Mensa di Bacco

Refeições servidas no La Mensa di Bacco

Achamos que o dia terminaria no La Mensa di Bacco, mas resolvemos dar uma esticada pelas proximidades. Ouvimos dizer que se seguíssemos na direção da Piazza dell’Esquilino, encontraríamos alguns bons bares. Meus pais voltaram para o hotel. A chuva já havia dado uma trégua, mas as ruas ainda estavam molhadas. Eu, o Élcio e o André andávamos um pouco mais à frente, enquanto a Ana, atrás e de bota, tentava coordenar seus passos com certa dificuldade. Em um determinado ponto, ela se cansou da falta de cavalheirismo dos três marmanjos e deu seu recado: “Rapazes, segurem o passo! Tem uma menininha atrás de vocês”. Sabe aquela imagem da internet, de uma menina fantasma que segura uma boneca detonada e flutua no corredor de um hospital? Pois é, em um brevíssimo instante, essa criatura me veio à cabeça. Que menininha normal e terrena estaria andando sozinha naquele lugar semideserto e escuro, tarde da noite? Enfim, virei-me e não vi menininha nenhuma. E nem a Ana! Nossa coleg’s estava esborrachada no chão, com uma perna estendida e outra dobrada, berrando horrores. Do tempo em que ela citou a criança até levar o tombo não se passou um segundo. Bastou pedir para esperarmos por ela e bum! Escorregou no chão molhado e, como narraria o Quico, CATAPLASMA! Entramos em pânico. Achamos que ela tinha deslocado a rótula, fraturado o fêmur ou dobrado o joelho para frente. Felizmente, não foi tão grave. Seu joelho ficou machucado a ponto da calça rasgar, mas bastou um gelinho e a mocinha estava pronta para outro tombo. Ah, a menininha era ela, viu! Não tinha assombração nenhuma. Ou tinha? Acho que sim, pois na manhã seguinte, na estação Termini, pouco tempo depois de falarmos da queda, o André escorrega e cai igualzinho, com as mesmas pernas torcidas, atrás de mim. Venturosamente, também não foi grave. MENININHA DE TERMINI, DEIXE-NOS EM PAZ! NÃO QUEREMOS SUA BONECA CARECA DE UM OLHO SÓ!

Menininha de Termini

Menininha de Termini (imagem da internet)

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro Paiva

É nessas horas que a gente se lembra do tal seguro de viagens. Todo mundo questiona sua utilidade no momento de pagar pelos pacotes turísticos, mas saiba que ele é de extrema importância. Por isso, em sua viagem, tenha sempre consigo o contrato para, no caso de uma emergência, saber como proceder, para onde ligar ou quem procurar. Clique aqui e leia uma matéria da Exame.com explicando resumidamente como funciona esse seguro.

Mesmo não tendo se machucado muito, a Ana preferiu voltar para o hotel. Eu, o Élcio e o André fechamos a noite num bar ali perto. E que dia curto, aquele, viu! Proveitoso, mas curto. Acho que a chuva encolheu nosso roteiro. Ah, mais uma dica importante:

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro Paiva

Tomar chuva só é bom em filme: Gene Kelly experimentou uns passos, Mary Jane deu um balaço no Homem Aranha e Woody Allen prefere Paris assim. Mas vá por mim: turismo com chuva é PHODA! E sem as devidas precauções, pode virar um pesadelo. Portanto, antes de viajar, verifique as condições meteorológicas do lugar para onde está indo. Se o tempo estiver chuvoso, guarda-chuvas, capas e sapatos impermeáveis serão de grande utilidade. E o principal de tudo: proteja sua tiracolo, mochila, pochete etc. Se o material dessas bolsas for impermeável, ok. Se não, embale seus pertences em um saco plástico ou coisa parecida. Caso contrário, um dilúvio irá destruir seus roteiros impressos, seu Guia do Passageiro da Infraero, seu seguro de viagem, seu caderninho de anotações, seu dinheiro e seu passaporte. Neste dia chuvoso de nossa viagem, tirando o dinheiro e o passaporte, que estavam em uma parte mais escondida da minha mochila, todos os outros objetos viraram papel marchê. O Élcio não teve a mesma sorte: algum papel vermelho manchou suas notas de euro, que não eram aceitas por nenhum estabelecimento, os quais tinham suas dúvidas quanto à procedência das cédulas. Isso gerou o maior transtorno, até que fomos a um banco e a moça do caixa substituiu as notas. Tenso!

QUINTO DIA – quinta-feira

Via Appia Antiga, Catacumba de São Calisto, Igreja Domine Quo Vadis, Basílica de San Giovanni in Laterano, Villa Borghese e Trastevere

Este seria o dia em que curaríamos um trauma da viagem passada. Se você leu o post Roma 2012: obrigado, Fontana di Trevi, deve ter sentido muita pena do Élcio com sua vontade inadiável de ir ao banheiro (cocô) no momento em que nos dirigíamos à Via Appia Antiga para conhecer a igreja Domine Quo Vadis e as catacumbas. Resumindo, o coleg’s, após satisfazer suas urgências fisiológicas, teve problemas “técnicos” com o banheiro químico, o que nos impediu de chegar a tempo àquelas atrações. Aproveito o incidente e dou uma dica rápida: tire sempre cópias dos seus vouchers e demais documentos. Elas podem ser úteis em casos de perda, roubo ou falta de papel higiênico. No caso do passaporte, poupe o original.

Seguimos, então, para a Via Appia Antiga, na sua parte mais turística. Fizemos como da outra vez: pegamos o metrô e descemos na estação Piramide, onde embarcaríamos no ônibus 118, que nos levaria até aquela parte da via.

Meus pais e André, no ônibus 118, a caminho da Via Appia. Melancolia de Edward Hopper :-)

Meus pais e André, no 118. Melancolia de Edward Hopper 🙂

A Via Appia, que começou a ser construída em 312 a.C., estendia-se de Roma a Cápua, numa distância de 300 quilômetros, sendo ampliada em 264 a.C. Hoje, um pequeno trecho do seu percurso é um dos principais pontos turísticos de Roma. Imperdoável não ir até as catacumbas e a Domine Quo Vadis!

A principal catacumba é a de São Calisto. Que lugar excepcional! Uma pena não poder fotografar lá dentro, embora peguei minha mãe tentando ser discreta ao registrar a sepultura de Santa Cecília. O local é conhecido por conter a Cripta dos Papas, onde se localizam os túmulos de diversos papas sepultados entre os séculos II e IV. Muito bacana! O tour guiado, que pode ser em espanhol, italiano ou inglês, leva os turistas a uma galeria profunda e cheia de história e curiosidades. Se você não é uma pessoa muito chegada a túmulos, sepulturas ou mausoléus, não se preocupe. Ali não tem sequer um osso. Foram todos transportados para diversas igrejas em Roma. As relíquias de Santa Cecília encontram-se na igreja Santa Cecília em Trastevere.

Deixamos as Catacumbas de São Calisto e rumamos em direção à pequena Domine Quo Vadis. O caminho por onde seguimos é um campo muito bonito, localizado entre a Via Appia e a Via Ardeatina. No encontro dessas duas vias é que está localizada a igreja.

Caminho que leva à igreja Quo Vadis

Caminho que leva à igreja Domine Quo Vadis

A Domine Quo Vadis é conhecida pela lenda que diz que São Pedro, desiludido, estava prestes a abandonar Roma, quando, naquele ponto da Via Appia, encontrou Jesus e perguntou: “Quo vadis, Domine?” (Aonde vais, Senhor?). Jesus respondeu dizendo que retornaria a Roma para ser novamente crucificado, já que São Pedro estava indo embora. Com essa resposta, o primeiro papa abortou sua decisão e retornou à Cidade Eterna.

Igreja Domine Quo Vadis

Igreja Domine Quo Vadis, na Via Appia Antiga

Dali seguimos para a basílica San Giovanni in Laterano. Pegamos o ônibus 218 pertinho da Domine Quo Vadis, na Via Appia mesmo, e descemos na porta da basílica.

Basílica San Giovanni in Laterano

Basílica San Giovanni in Laterano

A maioria das pessoas pensa que a sede do Papa é a Basílica de São Pedro, no Vaticano, mas a San Giovanni in Laterano é a catedral do pontífice. É considerada a “mãe” de todas as igrejas católicas do mundo. É enorme, riquíssima e maravilhosa. Visita obrigatória, embora muita gente não tenha nem ouvido falar dela.

Interior da basílica San Giovanni in Laterano

Interior da basílica San Giovanni in Laterano

Nosso grupo, em San Giovanni in Laterano

Nosso grupo, na San Giovanni in Laterano

Depois de nos imaginarmos possuidores de pelo menos 1 milionésimo de toda aquela riqueza, dirigimo-nos à Villa Borghese. Para chegar lá, pegamos o metrô na estação San Giovanni e descemos na Flaminio Piazza del Popolo. E já que estávamos nas redondezas da Piazza del Popolo, aproveitamos e almoçamos em um restaurante alemão na Via della Fontanella, quase esquina com a Via del Babuino. Se você leu o post sobre minha viagem a Berlim, já sabe o tanto que a culinária alemã não me agrada. Ali em Roma não foi muito diferente, mas a cerveja e os vinhos estavam ótimos! Nada como um brinde à viagem e àquelas pessoas de que gosto tanto. Tim-tim!

Restaurante Alemão, na Via della Fontanella

Élcio, Ana e eu, em um restaurante alemão da Via della Fontanella

Meu pai e André, em restaurante alemão da Via della Fontanella

Meu pai e André, em restaurante alemão da Via della Fontanella

Depois de almoçar, subimos a Colina Pinciana, onde estão localizados os Jardins da Villa Borghese. Eles são parte de um complexo paisagístico composto por edifícios, museus e demais atrações. Em março, eu e o Élcio tentamos visitar a Galleria Borghese, onde estão expostas obras de artistas como Caravaggio, Bernini, Antonello da Messina, Bronzino, Canaletto, Filippo Lippi, El Greco, Rafael, Rubens e Tiziano. Porém, logo na entrada, levamos um coice do bilheteiro que até perdemos o rumo de casa e a vontade de visitar todo aquele acervo. Dessa vez, numa atitude que eu mesmo reprovo, estávamos preparados para rebater uma possível grosseria do bonitão da Bala Chita. Infelizmente, ele não estava lá para enfeiar o ghichê e nem havia ingressos disponíveis. Lembra da dica que dei sobre reserva online de bilhetes? É válida para a Galleria Borghese.

Jardim da Villa Borghese

Jardim da Villa Borghese

Mesmo aquele dia sendo uma quinta-feira, a Villa Borghese estava repleta de famílias romanas e de turistas. E advinha quem também estava lá! Dou três dicas: O Pianista, Oscar e narinas. Isso mesmo! Nosso querido ator e companheiro de gravações – só ele não sabe disso –, Adrien Brody. Ele almoçava com a equipe do filme numa área bem aberta, para quem quisesse ver e fotografar. Bobo que sou e com minha pretensiosa megacâmera, mais uma vez coloquei o zoom no máximo em direção ao artista, chegando a enquadrar seus pelos nasais. Minha atitude foi muito hipócrita, porque vivo criticando a atividade desrespeitosa dos paparazzi. Mas lá estava eu, fazendo o mesmo. Felizmente tive a repreensão que merecia: um membro da equipe veio em minha direção e gritou “Basta! Lascialo pranzare in pace!” (Chega! Deixe-o almoçar em paz!). Resmunguei qualquer coisa, coloquei o rabinho entre as pernas e segui adiante. Bem feito para mim!

Adrien Brody almoça na Villa Borghese

Adrien Brody almoça na Villa Borghese

Piazza del Popolo, vista da descida da Colina Pinciana, onde se localiza a Villa Borghese

Piazza del Popolo, vista da descida da Colina Pinciana, onde se localiza a Villa Borghese

Da Villa Borghese fomos para o hotel descansar. Iríamos a Trastevere, um bairro de ruas bem estreitas, quarteirões irregulares e casas medievais, famoso por sua vida noturna e pelas senhoras que, durante o dia, penduram suas roupas nas fachadas e dão um verdadeiro show italiano de gritos e conversa descompromissada de sacada para sacada. É nesse bairro que estão localizadas a Piazza Santa Maria in Trastevere e sua basílica de mesmo nome, a já mencionada igreja de Santa Cecília e a badalada Piazza Trilussa, por onde começamos o nosso passeio nas redondezas.

Piazza Trilussa, em Trastevere

Piazza Trilussa, em Trastevere

Fachada típicas de Trastevere

Fachadas típicas de Trastevere

Para variar, chovia um pouco. Os irmãos Dos Santos até compraram, para cada um deles, uma capa de chuva muito vendida pelas ruas de Roma. Em dois minutos de uso já estavam rasgadas nas axilas e em outros pequenos pontos, além de ter sido possível coar um café nelas, de tão finas. Inúteis, portanto.

Élcio e André, insatisfeitos com a capa de chuva

Élcio e André, insatisfeitos com a capa de chuva

Acredito que o André estava um pouco ansioso. A frustração por causa do Open Baladin ainda marcava nosso amigo. Eu havia previsto uma ida a uma cervejaria também famosa em Trastevere, a Bir & Fud, mas acho que ele não estava pondo muita fé no local. Antes de chegarmos lá, rodamos um pouco pelo bairro. Coincidentemente, encontrei dois amigos de faculdade, o Luiz e a Nathi, que coincidentemente sempre se encontram comigo nos bares de Belo Horizonte. Despedi-me do casal, andamos mais um pocuo – eu e a Ana tomamos um sorvete (antes de beber!) – e finalmente chegamos ao tal bar.

Sucesso! O Bir & Fud é muito bom, assim como suas cervejas! Conseguimos sanar a frustração do coleguinha!

Cervejaria Bir & Fud, em Trastevere

Cervejaria Bir & Fud, em Trastevere

Tomamos uma cerveja artesanal da melhor qualidade, enquanto o André se enturmava com a staff do local, que indicou a ele uma ida ao Ma Che Siete Venuti a Fà, bar localizado a poucos passos dali. Seu nome, que traduz uma maneira bem romana de se expressar, quer dizer “Mas o que vocês vieram fazer aqui?”. Foi considerado, em 2011, pelo portal europeu Ratebeer, o melhor bar de cervejas do mundo. É bastante pequeno, mas suficiente para comportar seus 16 bicos de cerveja e mais uma grande variedade de engarrafadas. Um brinde a Trastevere e seus bares e restaurantes!

No bar Ma Che Siete Venuti a Fà, em Trastevere

No bar Ma Che Siete Venuti a Fà, em Trastevere

Do Ma Che Siete Venuti a Fà demos outra pequena volta e fomos jantar. Escolhemos a Osteria Pizzeria Margherita, restaurante localizado na estreita e movimentada Vicolo del Cinque, número 31/a. E que escolha! O astral era muito bom! As pizzas e massas estavam perfeitas. Embora eu deteste frutos do mar, o destaque da noite, e acredito de toda a viagem, foi a brusqueta de salmão com tomate seco, segundo classificação dos meus exigentes amigos.

Bruschetta de salmão com tomate seco, na Osteria Pizzeria Margarita

Brusqueta de salmão com tomate seco, na Osteria Pizzeria Margherita

A vontade de comer havia passado, mas a de beber continuava. E meu pai estava sempre junto, acompanhando cada entrada em cada bar. Aproveito e abro um parêntese para dizer que somos moderados quando o assunto é bebida. Bebemos sim, mas, no nosso caso, a qualidade e a variedade são muito mais interessantes do que a quantidade. Mesmo porque ressaca e roteiro do dia seguinte a cumprir são coisas que não combinam. Berlim 2012 que o diga. Fecho o parêtese.

Sentamos em um bar e tomamos umas. Já passava das 23h. Enquanto meu pai ensaiava seus primeiros bocejos, a Ana comprava óculos escuros ali perto (???) e os irmãos Dos Santos não desgrudavam os olhos do bar no outro lado da rua. Mas resolvemos encerrar por ali mesmo.

SEXTO E ÚLTIMO DIA – sexta-feira

Santa Maria Maggiore, Santa Maria in Cosmedin, Bocca della Verità, Templo de Vesta, Teatro di Marcello, Pórtico de Otávia, Piazza del Campidoglio, Museus Capitolinos e Monumento a Vittorio Emanuele II

Bem próximo ao hotel localiza-se a Santa Maria Maggiore, uma das quatro basílicas papais de Roma. Para lá seguimos naquela manhã.

Basílica de Santa Maria Maggiore

A visita à basílica foi muito bacana. Primeiro, por sua beleza e grandiosidade. Segundo, pela missa celebrada ali, naquele 1º de novembro, feriado de Ognissanti (Dia de Todos os Santos). Fomos surpreendidos por clérigos que conduziam a cerimônia em canto gregoriano. Enquanto eu me entretinha com os padrões do piso, das paredes e do teto, meu povo se encantava com aquela maravilha que dificilmente veremos em outra ocasião, igreja ou coral. Era espetáculo gratuito e de primeiríssima qualidade. E eu ali, mais pagão do que nunca, distraído com os aspectos estéticos e arquitetônicos do local. Jesus, chicoteai-me!

Clérigos celebram missa da Festa dei Santi, na Santa Maria Maggiore

Clérigos celebram missa de Ognissanti, na Santa Maria Maggiore

Decoração no interior da Santa Maria Maggiore

Decoração no interior da Santa Maria Maggiore

Da Santa Maria Maggiore seguimos para a igreja de Santa Maria in Cosmedin para espiar a Bocca della Verità (Boca da Verdade). Conforme já contei neste blog, a Bocca della Verità é uma escultura de mármore com o formato do rosto de Tritão. Segundo a lenda, criada na Idade Média, quem mentir e colocar a mão na boca será mordido na mesma hora. Povo honesto!

Logo ali ao lado está o Templo de Vesta, um edifício circular de 15 m de diâmetro, construído na Roma Antiga, dedicado ao culto da deusa Vesta por suas sacerdotisas. Simples, mas bacana.

Templo de Vesta

Templo de Vesta

Dali, subimos a Via Luigi Petroselli até o Teatro di Marcello, outra construção da Roma Antiga, cuja fachada lembra o Coliseu.

Teatro de Marcello

Teatro di Marcello

Ruínas no entorno do Teatro di Marcello

Ruínas no entorno do Teatro di Marcello

Entre as ruínas que ladeiam o teatro está o Pórtico de Otávia, um monumento construído em 27 a.C. por Augusto, fundador do Império Romano, em homenagem a sua irmã Octávia Júlio Turino, a Jovem.

Pórtico de Otávia

Pórtico de Otávia

Passamos rapidamente pelo pórtico e escolhemos um restaurante muito simpático ali ao lado para almoçar. Caprichamos nos pedidos, pois aquele era o nosso último almoço em Roma. Dá-lhe comida italiana! E ao ar livre!

Bruschettas variadas

Brusquetas variadas: tomate, azeitona preta e trufa

Cordeiro

Cordeiro

Risotto de funghi

Risoto de funghi

Do almoço subimos a La Cordonata, rampa que leva à Piazza del Campidoglio, onde estão localizados os Museus Capitolinos. Em março, eu e o Élcio estivemos naquela praça, mas decidimos por não visitar os museus. Dessa vez, não tinha escapatória. Um absurdo passar por ali e não ir àquela belíssima exposição!

Subida para a Piazza del Campidoglio

Subida para a Piazza del Campidoglio, no Monte Capitolino

Os museus inciaram suas atividades em 1471, quando o Papa Sisto IV doou ao povo romano uma coleção de estátuas em bronze de grande valor simbólico. Além dessas esculturas, várias outras preciosidades compõem o arcevo, como mosaicos e pinturas. Obras grandiosas à parte, o meu ponto favorito é o local de onde se tem a melhor vista para o Fórum Romano. Um fato curioso é que não visitei as exposições dos Museus Capitolinos em 2001, quando morei em Roma. Nem mesmo sabia de sua existência. Entretanto, lembro-me perfeitamente ter estado naquela parte voltada para o Fórum Romano. Talvez o local ainda não fosse anexado aos museus, pois, naquela época, cheguei ali sem passar por alguma entrada ou área obstruída. Lembro-me, também, de que para entrar no Fórum Romano não paguei absolutamente nada. Visitei os dois locais em um mesmo dia em um passeio completamente sem rumo. Mal informado que era, achei tudo maravilhoso e adentrei as ruínas como se fossem as ruas do meu bairro aqui em Belo Horizonte. Informar-se faz uma diferença!…

Fórum Romano visto dos Museus Capitolinos

Fórum Romano visto dos Museus Capitolinos

Élcio avista o Fórum Romano, nos Museus Capitolinos

Élcio avista o Fórum Romano, nos Museus Capitolinos

Minha mãe contempla Roma de um dos terraços dos Museus Capitolinos

Minha mãe contempla Roma de um dos terraços dos Museus Capitolinos.

Dos Museus Capitolinos descemos até a nossa última atração da cidade: o monumento em homenagem a Vittorio Emanuele II, muito conhecido como “bolo de noiva” ou “máquina de escrever”. O gigantesco prédio não foi muito bem-vindo pelos romanos em 1911, ano em que foi construído, por destruir parte do Monte Capitolino e seus vestígios medievais. Notam-se, em alguns pontos da base da construção, algumas muralhas que podem ter sido parte de uma história muito importante. Mas creio que hoje todos amam o monumento, que também abriga o museu da Unificação Italiana, conhecida como Risorgimento. Vale uma visita, mesmo porque a entrada é gratuita e a vista do terraço é espetacular.

Monumento em homenagem a Vittorio Emanuele II

Monumento em homenagem a Vittorio Emanuele II

Coliseu visto de um dos terraços do monumento em homenagem a Vittorio Emanuele II

Coliseu visto de um dos terraços do monumento a Vittorio Emanuele II

Fórum de Trajano visto de um dos terraços do monumento em homenagem a Vittorio Emanuele II

Fórum de Trajano visto de um dos terraços do monumento a Vittorio Emanuele II

Caso o turista queira uma vista mais bela ainda, é possível ir até o topo do edifício, mas, para isso, tem que pagar por volta de 7 euros pela subida de elevador. Preferimos ficar só com o terraço mais baixo, onde conhecemos as melhores relações-públicas da cidade. Naquela tarde de céu límpido e naquela que seria a última atração da nossa estadia na Cidade Eterna, duas gaivotas simpatissíssimas pareciam agradecer nossa visita a Roma. Nada intimidadas pela enorme quantidade de turistas, elas posavam para fotos, aceitavam pequenos agrados e dividiam a paisagem com o Coliseu e demais maravilhas da Via dei Fori Imperiali. Uma delas nos olhou e grasnou “Ah!”. Interpretei como “até a próxima”.

Gaivotas no monumento em homenagem a Vittorio Emanuele II

Gaivotas no monumento a Vittorio Emanuele II

Fui e vou voltar - Alessandro Paiva

contato@fuievouvoltar.com


Para ajudá-lo no planejamento do seu roteiro, marquei no mapa abaixo as atrações discorridas neste post e algumas não visitadas. Acesse o mapa e escolha os pontos turísticos desejados. Não se esqueça de calcular o tempo de permanência em cada local, levando em consideração se a visita é interna ou somente externa. Para visualizar o mapa no Google Maps, clique em “View Larger Map“.

Sobre Alessandro Paiva

A graphic designer who loves cocktail and travelling. Check my cocktail blog at pourmesamis.com, my travelling blog at fuievouvoltar.com and my graphic design portfolio at www.alessandropaiva.com.

Um Comentário

  1. élcop

    Saudaaaaaaaaaaaaaaadddddddddddddddeeeeeeeeeeeeeesssssssssssssssss de lá!!! P.q.p.!!!!! Excelente o relato. Vi-me lá de novo!

  2. Fabiano Santos

    Sensacional… Parabéns, já estou procurando passagem pra Istambul. Claro, com parada em Roma…rsrsrsr.

    • Alessandro Paiva

      Valeu, Fabiano! E vou te falar uma coisa: Roma e Istambul têm tudo a ver. Suas histórias se cruzam, são antiquíssimias e o contraste é sensacional. Vale a pena. Abraço e ótima viagem 🙂

  3. Rúbia Guimarães

    Muito bom, Alessandro! Uma observação: vale muito a pena subir no último nível do monumento a Vittorio Emanuelle II. A vista é maravilhosa. Também achei as gaivotas lá uma simpatia…

    • Alessandro Paiva

      Num são, Rúbia?! Rsrsrsr, as bichinhas são muito bacanas, mansinhas mansinhas. Fica sua dica, então. Nunca fui ao terraço do Vittorio Emanuele, mas todo mundo diz que é muito bacana. Bjs!

  4. Gilberto

    E a minha maior alegria e mitidez eu também estava lá. Fui e,
    TAMBÉM VOU VOLTAR.iuhhhhh

  5. Marcelo Augusto

    Oi Alessandro! Muito legal o seu blog, e de uma gentileza ímpar! Minha passagem para Roma está comprada para 19 de janeiro/2014, invernão. E aí, vc acha que dá para encarar um roteiro semelhante ao seu? Abração e obrigado pelas dicas!

    • Alessandro Paiva

      Oi, Marcelo! Valeu pelo comentário! Não se preocupe com Roma. Salvo algumas exceções, o inverno de lá não é tão rigoroso. Tem que ir bem agasalhado, é claro, mas não é nenhum bicho de 7 cabeças. Dá para fazer meu roteiro sim, mesmo porque, nas vezes em que fui lá, estava fazendo frio.

      Abraço e ótima viagem!

  6. Marcelo Augusto

    Obrigado Alessandro!
    Teu blog tá no meu favoritos!
    Abç.

  7. Sandra Monteiro

    Ola,
    tem algum roteiro de Veneza ?
    abs e parabéns de novo !!!!

  8. Alessandro… de longe este foi o melhor relato que li sobre Roma. Estou de partida agora no final de maio e como blogueira também, casal20.wordpress.com, só posso lhe parabenizar pela paixão em cada detalhe da escrita. Ainda nem cheguei em Roma e já quero voltar, pelo jeito, umas dez vezes como você. Abs, Mariana

    • Alessandro Paiva

      Ôôô, Mariana! Muito obrigado 🙂 Vindo de uma blogueira, seu elogio é precioso! Vou ler e seguir o seu. Abraço e ótima viagem para vocês. Aguardo seu relato 🙂

  9. Claudia

    Oi Alessandro,
    Fomos a Roma e vimos o Papa..rs…., agora entendo a sua paixão por Roma, acho que terei que voltar ainda umas cinco vezes para ver tudo que tenho vontade.Mas como conversamos acho que no outro post sobre Roma, nos hospedamos no Camping Village Roma, ficamos em um chalé, muito bem estruturado, bom espaço, o único problema é como vc disse: a distância do centro de Roma, mas eles começaram a disponibilizar transportes do camping até o Vaticano, aí fica mais fácil.Segui muitas das suas dicas, e estava até mais esperta que meu filho, que era segunda vez em Roma.
    A única coisa decepcionante foi a Fontana de Trevi em reforma, completamente seca e cheia de tapumes.
    No mais amei Roma, Pisa, Florença e espero voltar logo, e suas dicas e seus roteiros foram extremamente úteis.
    Abraços,
    Claudia

    • Alessandro Paiva

      Oi, Cláudia!!!! Muito obrigado! Que bom que deu certo 🙂 E que coisa essa Fontana de Trevi, viu! Direto está em reforma 😦 . Recebo muitas mensagens desapontadas como a sua, dizendo que não viram nada da fonte etc. etc. Enfim, que esse seja um motivo para você voltar lá. Roma deixa saudades demais, não vejo a hora de dar “uma passada” por lá para comer muito, que é isso que estou desejando ardentemente agora, rsrsrs! Quero muita massa, molho de tomate, pizza, cafés, sorvetes e tudo mais que eles puderem me oferecer, rsrs! Estive em Veneza no carnaval passado. Deu para matar um pouco dessa saudade das coisas italianas, mas o carnaval foi tão espetacular que não foquei muito na comida. Em breve posto sobre essa viagem. Valeu a pena demais!

      Abraço!

  10. Claudia

    Ah Alessandro, depois da Itália, fomos a Portugal.
    Resolvemos comer uma pizza na região do Algarve, acho que em Faro, que decepção.
    Só vou comer outra pizza quando voltar em Florença, ou Roma. Não é frescura, é muito diferente, tem outro sabor. Engordei só dois quilos na Itália, que comida deliciosa!!!!

    • Alessandro Paiva

      Eheheh! Cláudia, nas vezes em que voltei da Itália, engordei, no mínimo, uns 5 quilos! Isso pode 🙂

      Abraço e obrigado pela visita ao blog!

  11. Juliano

    Olá Alessandro! Estou em Roma com a Samira e seguimos varias dicas do blog. Suas dicas são ricas em detalhes e muito uteis para turistas que como nos, estão em Roma pela primeira vez! Parabéns pelo blog!!!! Juliano – Rima dos Sabores. Obs: Também seguimos algumas dicas de Paris!!!

    • Alessandro Paiva

      Ôpa!!! Bão demais, fi?!!! Aproveitem bastante! Já foram às cervejarias de Trastevere? Se não, dê seu jeito 🙂 Abraço e muito obrigado pela visita ao blog! Abraço na Samira também!

    • Alessandro Paiva

      O chop do bar Ma Che Siete Venuti a Fà já foi considerado o melhor bar de cervejas do mundo. É pequeno, mas a cerveja é boa 🙂

  12. Marcelo Fernandes

    Já estive por lá em duas oportunidades e espero ir mais algumas outras vezes, pois não consegui ver tudo que desejava. Roma é boa demais!

    • Alessandro Paiva

      Ôpa! Já tem muito tempo que não passo por lá, Marcelo. Tô precisando dar uma chegada em Roma! Abraço e obrigado pela visita ao blog!

  13. Oi, Alessandro! Olha eu aqui pegando suas dicas de novo. Ainda estou indo para a terceira vez, mas Roma além de eterna é infinita. Gostoso relato, fotos maravilhosas, como sempre. Abraços

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