Depois de escolher entre vários destinos, finalmente definimos as cidades onde passaríamos as férias em março deste ano. O Élcio deu suas opções. Eu fiz questão de incluir a Espanha, pois há muito tempo vinha propondo um roteiro com Madri e Barcelona, mas sempre acabava como voto vencido. Dessa vez, com o apoio da Clarice, consegui inserir essas duas cidades na nossa viagem. E estava certo de que, mais tarde, o Élcio concordaria conosco.
Primeiro fomos a Barcelona. Hoje, nós três consideramos essa cidade digna de todos os elogios, um deles o retorno, o melhor elogio que um lugar pode receber de um turista. Tibidabeamos bastante por lá. Tibidabear é um neologismo criado pelo Élcio, que significa admirar a capital da Catalunha de cima, por meio dos seus mais variados e sublimes panoramas. O termo vem de Tibidabo, uma montanha barcelonesa com a mais bela visão da cidade.
PRIMEIRO DIA – quinta-feira
Chegamos em uma quinta-feira à noite. O ônibus que fez o transfer do aeroporto até a Plaça de Catalunya (Praça da Catalunha) possuía vidros bem escuros, impedindo que víssemos a cidade com clareza. Comecei a achar que Barcelona não tinha graça alguma, pois não via nada de interessante no caminho. A Clarice sentiu o mesmo. Comecei a projetar a cena do Élcio falando em tom incisivo “eu te disse!”. Na verdade, ele nunca disse ou diria tal coisa, mas o pânico iminente incitava a ideia de que ter escolhido Barcelona foi a maior burrada.
Enfim, chegamos à Plaça de Catalunya. Assim que descemos daquela câmera escura, demos de cara com uma cidade cheia de luz e vibrações positivas. Que alívio! Mal conhecia Barcelona e já estava apaixonado pela cidade.
Embora possuam vidros escuros, os ônibus da Aerobús, empresa que faz o transfer do aeroporto El Prat até a Plaça de Catalunya, são a melhor opção para se chagar à cidade. O preço do bilhete é bem em conta – custou € 5,90 – e o funcionamento vai das 5h30 à 1h05, com partidas de 5 em 5, 10 em 10 e 20 em 20 minutos, dependendo do horário. Os bilhetes podem ser adquiridos nos guichês de frente para o ônibus (dinheiro e cartão de crédito), nas máquinas de venda automática (somente cartão de crédito) ou diretamente com o motorista (somente dinheiro).
Ficamos hospedados a dois quarteirões da Plaça de Catalunya, na Ronda de la Universitat. Fominhas que somos e famintos que estávamos, deixamos as malas no hotel e corremos para a rua. Fizemos um breve reconhecimento do local e escolhemos um pub chamado La Taverna de Barcelona, também localizado na Ronda de la Universitat, n.º 37. Ali já tivemos uma amostra de como seríamos atendidos na cidade. A contrário do que lemos na internet, onde se alerta muito para a grosseira dos espanhóis, encontramos pessoas muito educadas, prestativas e inteligentes. Naquele pub e em toda a Espanha, fomos muito bem recebidos. Sabe-se que brasileiro é problemático, que quando viaja para o exterior volta todo sensível, queixando-se do tratamento ruim que recebeu lá fora. Quer ficar rico? Monte um grupo de apoio voltado a esse público verde-amarelo amarelado. Sugiro um nome para o seu consultório: Bravimex: Brasileiros Vítimas de Maus Tratos no Exterior. Coitados, é de dar pena… Que pena que nada! Brasileiro é muito melindroso! Tem que ser mais reativo, igual aos italianos: se leva uma bronca desmotivada, bronqueia de volta. Não há agressor verbal que resista!
Aproveito este momento para me abrir com você, amigo leitor. Meu nome é Alessandro e sou um brasileiro melindroso. Sempre volto para casa cheio de casos sobre os “maus tratos” que sofri no exterior. Confesso que isso me aconteceu somente em Roma e em Praga, porém não me afasta da hipótese de procurar pela sua recém-aberta sucursal do Bravimex. Em Roma, já aprendi: se me xingam gratuitamente, rebato na velocidade da luz, com gritos, gestos e um sotaque improvisado. Quanto a Praga, ainda estou precisando de instruções para lidar com a “graciosidade” ímpar dos tchecos. Mas isso contarei em outro post. 🙂
O fim daquele dia na La Taverna de Barcelona foi muito bom. Não falávamos de outra coisa, senão do nosso recente encantamento com a capital da Catalunha. Regamos o papo com vinhos e cervejas espanhóis, muito bem acompanhados de jamón ibérico (presunto de porco preto), jamón serrano (presunto de porco branco), salaminhos, torradas com molho de tomate e, por fim, ovos estrelados com batatas fritas e jamón serrano frito.
SEGUNDO DIA – sexta-feira
ATRAÇÃO | AVALIAÇÃO | CUSTO*
Basílica Sagrada Família | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $ $
Arc de Trionf | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Parc de la Ciutadella | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Igreja Santa Maria del Mar | 🙂 🙂 🙂 | $
Museu Picasso | 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $ $
Catedral de Barcelona | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $
Museu d’Història de Barcelona | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $
Plaça del Rei | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Plaça de Sant Jaume | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Plaça de Sant Miquel | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Temple Romà d’August | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Catedral de Santa Maria del Pi | 🙂 🙂 🙂 | $
La Rambla | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Mercado La Boqueria | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Plaça de Catalunya | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
*(Em euros) 1 – 5: $ \ 6 – 10: $$ \ 11 – 15: $$$ \ 16 – 20: $$$$ \ acima de 20: $$$$$
Nossa primeira atração na cidade foi o Temple Expiatori de la Sagrada Família (Templo Expiatório da Sagrada Família), mais conhecido como Basílica Sagrada Família. Nas cidades que visito, tenho o hábito de começar os roteiros por uma das principais atrações, e a Sagrada Família é, na minha opinião, o principal ponto turístico de Barcelona. Aliás, era. Não porque eu não tenha adorado a basílica, é simplesmente maravilhosa, mas outros locais em Barcelona foram marcantes.
Originalmente projetada no estilo neogótico e redesenhada por Antoni Gaudí, a Sagrada Família é uma obra que se iniciou em 1883 e ainda não terminou. E tão cedo será finalizada. Estima-se que nem em 2026, centenário da morte de Gaudí, a basílica estará pronta. Assisti inclusive a um documentário que dizia que sua estrutura apresenta vários problemas difíceis de serem corrigidos, mas não acredito que as modernas tecnologias não consigam resolvê-los. Até pensava que esse atraso fosse proposital, uma espécie de estratégia para enaltecer o monumento. No entanto, lá pude ver o quanto é complexa a obra. Sua fachada estava coberta de telas e andaimes, além das gruas espalhadas pela edificação. Isso, obviamente, não deixava a Sagrada Família mais bonita, mas, indiscutivelmente, ela é espetacular. Seu interior é de uma beleza e de um exotismo sem iguais, todo inspirado em formas da natureza, especialmente na vegetação característica da região. Gaudí é um gênio! Parafraseando a colega Miriângelli, “Gaudí transita entre o inusitado e o medonho.” Fiquei tão encantado com a basílica que até me esqueci de fazer o Nome do Padre na entrada. Afe!
Da basílica seguimos para o Arc de Trionf (Arco do Triunfo), pórtico construído para a Exposição Universal de 1888. Pegamos o metrô L2 na estação Sagrada Família e descemos na Tetuan. O percurso a pé da basílica até o pórtico não é tão longo, mas queríamos otimizar o tempo ao máximo.
Passamos pelo Arc de Trionf e seguimos até o Parc de la Ciutadella (Parque da Cidadela). Durante muitas décadas, desde sua inauguração, no século XIX, o parque foi a única área verde da cidade. Suas instalações comportam o Zoo de Barcelona, o Parlamento de Catalunya, um lago, alguns museus e a Font de la Cascada (Fonte da Cachoeira), minha parte favorita.
Do Parc de la Ciutadella seguimos para o Mercat del Born, mas estava fechado para reforma. Além disso, naquele momento, estávamos nos deparando com um problema comum na Espanha, pelo menos para os turistas: o horário da siesta, quando os espanhóis interrompem suas atividades para um farto almoço – talvez acompanhado de um bom vinho – seguido de uma dormidinha vespertina de causar inveja a muito workaholic. Nesse intervalo, que pode variar das 13 às 17 horas, muitas das grandes atrações fecham suas portas, aí o turista tem que se virar para ter o que fazer. Felizmente, tínhamos uma lista grande de lugares para ir. Mesmo com o mercado fechado, antes da siesta havia, ainda, tempo para uma visita à Igreja Santa Maria del Mar. Para lá seguimos.
A Santa Maria del Mar é uma das principais igrejas góticas da Catalunha (mais tarde conversaremos sobre esse lance gótico). Foi construída em 1329 e não há um canto sequer que não esteja bem preservado. Muito bonita! O que me mais me animava durante a visita àquela igreja não era o fato de ela ser uma grande ou pequena atração turística, mas o envolvimento dos meus amigos em explorar Barcelona em cada pedacinho que fosse. É inevitável minha preocupação ao incluir ou excluir pontos turísticos em um roteiro, afinal de contas não é qualquer lugar que as pessoas têm vontade de conhecer. Entretanto, felizmente, viajo sempre com pessoas da melhor qualidade. Além dos locais que propus conhecer, para o Élcio e a Clarice, qualquer casinha, coisinha ou pracinha que aparecessem no caminho eram dignas de uma visita, de uma fotografia ou mesmo de uma simples admirada. Na Santa Maria del Mar, demonstravam interesse por tudo. Aí relaxei minha preocupação. Sei que muitos passeios propostos, como alguns museus, tendiam para meu gosto pessoal, mas mesmo assim eles curtiam tudo. E se curtiram só para me agradar, eles conseguiram. 🙂
Encantados com a atmosfera gótica da Santa Maria del Mar – afe, precisamos MESMO falar sobre o estilo gótico! –, seguimos para o Museu Picasso, na estreita Carrer Montcada, aberto durante a siesta. Sua exposição é muito bacana, o que é de se esperar de Pablo Picasso. Gostei bastante da parte em que está exposta uma série de pinturas baseadas no quadro Las Meninas, do artista espanhol Diego Velázquez. Na minha opinião, não é o trabalho mais bonito ou mais famoso daquele cubista, mas o enaltecimento da obra original e a imersão no espaço Velázquez-Picasso da história da arte são bastante inspiradores. Infelizmente, no museu, não se podem tirar fotografias, mas valeu o registro na memória.
Do museu aproveitamos a extensa siesta e fomos almoçar. Era nossa primeira grande refeição em Barcelona e a tivemos em grande estilo. Comemos em um restaurante próximo ao museu, na Carrer de la Princesa. A comida estava muito boa, e o vinho melhor ainda. Deu uma leve sonolência, mas como a siesta era somente para os espanhóis, encaramos o sono como um estado fisico e mental de relaxamento e revigoramento. Revigorados, então, seguimos para a Catedral de Barcelona.
Que coisa maravilhosa! Hoje, a igreja é a catedral católica de Barcelona. Sua história é marcada por construções e reconstruções que se iniciaram na era paleocristã, no século VI. Há quem diga que seja mais antiga ainda. Desde então, a catedral foi românica, gótica e neogótica, esta sua atual forma.
Do terraço da catedral tem-se uma vista incrível. E que céu azul! Inexplicável a sensação de ver a cidade em 360º logo no primeiro dia, iluminada por um sol hiper-acolhedor e pelos sorrisos de satisfação dos coleguinhas. É, o efeito revigorante do vinho era certo! Fez-me dizer “eu te amo” à capital da Catalunha logo no primeiro encontro.
Da catedral rumamos para o Museu d’Història de Barcelona. Eu não coloquei muita fé nesse museu, mas hoje reconheço que é visita obrigatória na cidade. Suas instalações, constituídas, principalmente, por partes do antigo Palau Reial Major (Palácio Real Maior), possuem um precioso acervo medieval, e seu subsolo abriga 4 km² de ruínas romanas e visigodas escavadas.
O Museo d’Història de Barcelona está localizado na Plaça del Rei (Praça do Rei), um pátio do antigo palácio, hoje cenário de alguns shows improvisados ou planejados. É um dos locais mais movimentados da cidade medieval. No entanto, naquele dia, estava bem calmo.
Da Plaça del Rei seguimos até a Plaça de Sant Jaume (Praça de São Tiago), local onde os romanos se fixaram há dois mil anos e hoje é o centro cívico de Barcelona. Em um lado está o Palau de la Generalitat, sede do governo regional da Catalunha, e no lado oposto está o Ajuntament de Barcelona, sede da prefeitura. A visita pública ao interior desses palácios só é permitida em dias especiais.
Rodamos mais um pouquinho pelas redondezas, passando rapidamente pela Plaça de Sant Miquel (Praça de São Miguel). Ali encontramos uma escultura formidável, uma espécie de torre de tela de arame que dava a impressão de que havíamos encolhido. Com seus 30 m de altura e 12 m de diâmetro, a Homenatge als castellers (homenagem às “torres humanas”) é uma criação do artista catalão Antoni Llena i Font, inaugurada em 2012. O monumento é dedicado aos castellers, um fenômeno cultural particular da Catalunha que consiste na formação de torres humanas. Essa tradição tem suas origens no fim do século XVIII.
Permita-me abrir um rápido parêntese: essa coisa de “generalitat“, “ajuntament“, “homenatge“, “trionf“, “exposiciò” etc. só confundia minha cabeça. A língua catalã é muito estranha! No início da frase, a gente acha que está entendendo, depois aparecem algumas palavras estranhíssimas, parecidas com as do alfabeto do Hopi Hari. Aí complica! Entender um diálogo é pior ainda. Felizmente, os barceloneses também falam espanhol.
Da Plaça de Sant Miquel fomos a uma atração pouquíssimo procurada em Barcelona: o Temple Romà d’August (Templo Romano de Augusto). Foi bem complicado encontrar o local. Ninguém sabia o que era, nem mesmo um cidadão cuja casa fica a dez metros da entrada do templo. Enfim, por mais simples que pareça, o pequeno monumento é formado por ruínas daquilo que foi o principal templo romano de Barcelona, dedicado ao imperador César Augusto.
O Temple Romà d’August fica na Carrer del Paradis, n.º 10, uma via bem estreita com entrada pela Plaça de Sant Jaume ou pela Carrer de la Pietat, a qual circunda os fundos da Catedral de Barcelona. Vale a visita!
Do templo seguimos para outra catedral: a Santa Maria del Pi, construída no século XIV e situada na praça de mesmo nome. Muito bonita tanto por fora quanto por dentro. Entretanto, já não era mais novidade. Assim como aconselho que se evitem vários museus em um só dia, o mesmo digo para as igrejas. O excesso de atrações parecidas em um curto período pode banalizar as mais importantes. Não sei quanto aos meus amigos, mas achei a Santa Maria del Pi mais ou menos. Um pecado eu dizer isso, mas depois de tanta maravilha em um dia intenso, aquela catedral foi apenas outro monumento bonito, visto que na Ciutat Vella (Cidade Velha), principalmente no Bairro Gótico, tudo é muito antigo e belo e qualquer monumento é pop star.
Para não ser injusto com a Santa Maria del Pi, na sua praça encontra-se uma feirinha bem simpática. O que se vendem por lá? Queijos! Além de outros bons artigos. É nessas horas que lembramos da Anvisa com muito ódio no coração. Uma lástima não podermos trazer queijos ou outros produtos de origem animal para o Brasil. Prefiro nem questionar essa medida, uma vez que é bem fundamentada, mas já que a vigilância sanitária é tão eficiente no Brasil, que a do município de Guarulhos inspecione os sanitários do seu aeroporto. Justo no dia em que a Anvisa recolheu e inutilizou as pastas para gatos industrializadas que eu trazia da França – e eu não sabia dessa restrição –, dava para entrar de jet ski nos banheiros próximos ao desembarque, de tanta urina no chão. Essa é a paridade do serviço público brasileiro. Ah, conforme observação feita por uma servidora da Anvisa, é importante que fique claro que a inspeção das instalações sanitárias dos aeroportos é função da vigilância sanitária dos respectivos municípios. A Anvisa apenas exerce o controle sanitário de todos os produtos e serviços nacionais ou importados.
E nossa jornada rendia! Depois de todas as atrações visitadas naquela sexta-feira, ainda havia tempo para mais alguma coisa. A nossa eficiência, junto ao bom humor da Clarice e do Élcio, favoreciam o cumprimento do roteiro sem problema algum. Dava até para adiantar algumas atrações que estavam previstas para outros dias. Nesse pique, seguimos para a mais conhecida das ramblas da cidade: a Rambla de Barcelona – ou La Rambla –, via que liga a Plaça de Catalunya ao Port Vell (Porto Velho). As ramblas são uma espécie de rua larga com grande movimentação de pessoas, típicas da Catalunha.
A La Rambla possui de tudo, desde lojas, cafés, restaurantes, floriculturas até artistas performáticos, com destaque para as “estátuas humanas”. Milhares de turistas e catalães tomam conta de toda a sua extensão, desde manhã cedo até altas horas da noite. O astral é muito bom!
É nessa rambla que se encontra o famosíssimo mercado municipal Sant Josep de la Boqueria. Para lá fomos, então.
O La Boqueria é um dos melhores locais para se comprar frutos do mar, carnes, condimentos, castanhas, sementes, frutas e vários outros alimentos, além de vinhos e artesanato. Já que a Anvisa põe o pé na nossa janta, para o turista estrangeiro, a melhor forma de aproveitar o mercado é comendo tudo isso ali mesmo. O hit do local – e de toda a Espanha – são tapas acompanhados de vinho, cerveja ou sangria. E os tapas são a melhor invenção dos espanhóis! Para a alegria dos brasileiros, que adoram um tira-gosto, os tapas consistem em uma grande variedade de aperitivos ou salgadinhos. São vários tipos de queijos, salames, salaminhos, presuntos, azeitonas, almôndegas, bacalhau, croquetes, batatas, camarões, picles, carnes, ENFARTEI! É muita coisa! Quer comer deliciosos petiscos acompanhados de uma cervejinha da melhor qualidade ou de um vinho do qual não se tem medo de errar na escolha? Vá à Espanha.
Do que mais gostei no La Boqueria são os sucos naturais. Você não tem loção da quantidade de sucos que se vende ali! São sabores de todo o tipo de fruta. O preço pode variar bastante entre uma banca e outra, portanto vale uma passeada pelo mercado antes de tomar um. Outra coisa de que gostei muito foi ver a cena de um pombo que sobrevoava o mercado até pousar em uma banca de castanhas. Ele caminhou um pouco sobre os alimentos até que o dono do estabelecimento descobriu e resolveu espantá-lo. Jesus Cristo, que pombo porco! No mais, só comprarei castanhas ou qualquer outro alimento no La Boqueria se a banca estiver com seus produtos cobertos. Ir a Barcelona e pegar doença de pombo, nunca!
Deixamos o La Boqueria e continuamos nossa caminhada pela Rambla de Barcelona até a já mencionada Plaça de Catalunya, principal praça da cidade, situada no ponto que separa a cidade antiga do Eixample (ensanche).
Considero a Plaça de Catalunya fundamental para o turismo em Barcelona. Ela é o ponto final e de partida do Aerobús, empresa que faz o transfer para o aeroporto. Está em meio às principais atrações da cidade. Dela se vai aos mais badalados pontos turísticos, seja de metrô ou por meio dos ônibus com partida e chegada no local, como o que leva a Tibidabo. Dali partem algumas das vias mais importantes de Barcelona, como a La Rambla, o Passeig de Gràcia, a Rambla de Catalunya, as rondas de la Universitat e de Sant Pere, a Carrer de Pelai e a Avinguda del Portal de l’Àngel. Possui um centro de informações turísticas bem estruturado, além das diversas lojas, bares e restaurantes que a circundam. Quer um wi-fi gratuito e com velocidade estratosférica? Vá à loja da Apple, em uma de suas esquinas. Nem mesmo as centenas de adolescentes que ficam plantados ali na porta conseguem abalar a velocidade da conexão. E, como quase tudo em Barcelona, a praça é maravilhosa. Por tudo isso, sugiro a hospedagem em suas redondezas. Assim fizemos, o que tornou nossa estadia bem prática, proveitosa e econômica.
Deveríamos retornar ao hotel para um banho e um brevíssimo descanso. Que descanso que nada! E nada de banho! Ainda estávamos empolgados, cheios de energia, aparentemente limpos, bonitos e cheirosos. Portanto seguimos direto para a Gran Via. Enquanto procurávamos por um bar, passamos por uma manifestação gigantesca de mulheres. E eram bravas! O movimento era encabeçado por uma faixa que dizia “Contra l’ofensiva patriarcal i capitalista. Desobediència feminista!“.
Desobediência civil, ok? Nada de imaginar aquele mundaréu de mulheres se rebelando contra seus maridos, filhos, patrões ou homens em geral. Aliás, manifestação é o que mais se vê na Espanha. Se você curte um protesto coletivo, vá às pricipais ruas do país e demonstre sua solidariedade. Entre os principais problemas do momento, você pode escolher ficar do lado daquelas mulheres, dos desempregados, contra a crise econômica, a favor da independência da Catalunha ou indignar-se com o caso que considero o mais grave, triste e absurdo: a lei de despejo espanhola, que coloca na rua uma família que não paga a hipoteca da casa. Importante destacar que a inadimplência não se deve à má administração das economias familiares, mas ao desemprego. É uma questão óbvia: se não tem emprego, não tem dinheiro para pagar a hipoteca. Se o cidadão comprou uma casa há dois meses ou há trinta anos, será despejado do mesmo jeito. Meus sinceros agradecimentos à legislação brasileira e suas garantias.
Enfim, chega de manisfestação! Era hora de encerrar o dia comendo e bebendo. Dá-lhe tapas!
TERCEIRO DIA – sábado
ATRAÇÃO | AVALIAÇÃO | CUSTO*
Plaça d’Espanya | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Font Màgica de Montjuïc (não estava funcionando) | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Museu Nacional d’Art de Catalunya | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $ $
Anella Olímpica | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Fundaciò Joan Miró | 🙂 🙂 🙂 | $ $ $
Teleféric de Montjuïc (ida e volta) | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $
Castell de Montjuïc | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
La Rambla | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Barri Gòtic (à noite) | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
*(Em euros) 1 – 5: $ \ 6 – 10: $$ \ 11 – 15: $$$ \ 16 – 20: $$$$ \ acima de 20: $$$$$
Novamente, o dia estava bem ensolarado. Começamos nossa jornada com uma caminhada até a Plaça d’Espanya (Praça da Espanha), onde estão localizadas a Les Arenes, uma arena de touradas desativada e que hoje abriga o Centro Comercial Arenas de Barcelona, e as Torres Venecianes (Torres Venezianas). Ali perto, na Carrer de Terragona, está o Parc de Joan Miró, não incluído em nosso roteiro por causa do tempo escasso.
Dali seguimos em uma pequena porém maravilhosa caminhada pela Avenida Reina Maria Cristina até o Palau Nacional (Palácio Nacional), um espetacular edifício no estilo renascentista espanhol que abriga o Museu Nacional d’Art de Catalunya (MNAC).
A subida até o MNAC parece coisa cinematográfica. Sabe aquela cena em que se avista um castelo e, para chegar até ele, deve-se passar por uma série de outros belos locais, mas sempre com o castelo visível no final do horizonte? Pois é, mais ou menos assim. O ponto máximo dessa curta mas rentável caminhada é a Font Màgica de Montjuïc. Para nossa tristeza, aquela fonte, que é um dos principais pontos turísticos da cidade, funciona somente à noite. Enquanto não retornamos a Barcelona, mate nossa vontade de ver a fonte majestosa e iluminada. Os dias e horários de funcionamento são:
De 7 de janeiro a 14 de fevereiro a fonte encontra-se fechada para manutenção. Entre 15 de fevereiro a 30 de abril, funciona somente nas sextas-feiras, nos sábados e no dia 31 de março, das 19h às 21h, com acompanhamento musical e luzes coloridas às 19h, 19h30, 20h e 20h30. De 1º de maio a 30 de setembro, a fonte funciona das 21h às 23h30, de quinta a domingo, com música e cores nas sessões das 21h, 21h30, 22h, 22h30 e 23h. E, finalmente, de 1º de outubro a 6 de janeiro – incluindo os dias 25 e 26 de dezembro e 1º de janeiro –, o show vai das 19h às 21h, com luzes e cores às 19h, 19h30, 20h e 20h30. Portanto, amigo turista, quando for a Barcelona, planeje seu roteiro de acordo com esses dias e horários e assista a um dos maiores espetáculos da cidade.
Após passarmos pela fonte – sossegada e apagada – subimos pelas escadas rolantes que levam ao MNAC. O turista pode optar por subir pelos trocentos degraus da suntuosa escadaria, mas, por uma questão de acessibilidade (dores provenientes da caminhada do dia anterior), preferimos ascender pelas escadas rolantes.
A cada estágio da subida tem-se uma vista de cair o queixo. Quando se chega ao topo, o panorama é sensacional! Para nossa alegria, não havia filas para o museu, então aproveitamos o tempo de sobra e espiamos Barcelona por alguns minutos. O local é tão inspirador e o céu estava tão azul, que um grupo do tipo zen se instalou numa parte daquele mirante para uma de suas sessões de meditação contemplativa. Confesso que queria ter participado um pouco do ritual. Queria inclusive ter feito a posição de “cadeirinha”, conforme expuseram em um determinado momento.
Enfim, chega de relaxamento. Era hora de muita arte! O MNAC possui uma exposição de obras que vão desde o início da Idade Média ao começo do século XX, com predominância da arte catalã.
Impressionantes os afrescos trazidos de algumas igrejas rurais do norte da Catalunha, reconstituídos completamente ou em fragmentos, representando o formato original dos espaços anteriormente ocupados. O tempo inteiro eu ficava imaginando o trabalho que deu montar aquilo tudo, desde estudos e técnicas de restauração à cautela no manuseio de peças e estruturas tão delicadas e antigas. Mais tarde, descobri que essa técnica se chama strappo, a qual permite o descascamento dos afrescos das paredes por meio de um tecido embebido de cola à base de cartilagem. Os afrescos são cobertos com esse material que, ao secar, possibilita a retirada da imagem da parede. Nota 1.000 para o MNAC! Sem mencionar o maravilhoso salão central abobadado, muitas vezes utilizado para concertos.
Depois de passarmos duas lucrativas horas no museu, seguimos para o Estádio Olímpico Lluís Companys, na colina de Montjuïc, atração incluída no roteiro com um certo pouco caso. Já que o estádio estava no caminho, por que não visitá-lo? Esse era meu raciocínio. No entanto, eu havia me esquecido das Olimpíadas de 1992, que tanto adorei. Havia me esquecido das provas do meu esporte favorito: saltos ornamentais de plataforma de 10 metros, em que a saltadora chinesa de apenas 12 anos, Fu Mingxia, preparava-se para saltar enquanto a Sagrada Família dominava a paisagem ao fundo. Havia me esquecido que o Élcio, assim como eu, não perde as coberturas integrais de todos os jogos olímpicos desde que se entende como gente. Ex-atleta que sou, como pude? Enfim, ao chegarmos ao estádio, deparamo-nos com um parque olímpico incrível. Que lugar bonito!
Ficava imaginando a emoção/tensão dos atletas chegando ali para disputar suas provas. A energia dos jogos de 92 parecia estar ainda ali, embora a chama olímpica já tivesse sido apagada há quase 21 anos. Esse meu entusiasmo não se deveu à nostalgia da minha carreira de atleta, mas ao lugar escolhido em Barcelona para receber os jogos. Parecia que tudo havia sido sincronizado propositalmente no planejamento daquele complexo esportivo: natureza, arquitetura e espírito olímpico. Então, amigo turista, a Anella Olímpica (Anel Olímpico) de Montjuïc é passeio obrigatório em Barcelona. Se você gosta de jogos olímpicos, sinta a atmosfera esportiva. Se não, apenas tibidabeie e curta paisagens sem igual vistas de vários pontos do complexo. E o sol só ajudava!
Ali perto está a Fundaciò Joan Miró (Fundação Joan Miró), criada em 1975 pelo próprio Miró e por seu amigo Joan Prats, inicialmente dedicada ao estudo e experimentação da arte contemporânea. Miró, além de outros artistas, doou várias de suas obras para a fundação. Sou um fã de artes, entretanto não tenho Miró como um dos meus artistas favoritos. Mesmo assim achei o museu muito bacana. Meus amigos, nem tanto.
Da Fundaciò Joan Miró descemos a Avenida Miramar em direção ao Teleféric de Montjuïc, que estaria por ali, em qualquer lugar. Quando pesquisei sobre as atrações de Barcelona, tive muitas dificuldades para entender onde era a estação desse teleférico e para onde ele iria exatamente. Na internet não existiam informações precisas, mas pensei que, ao andar por Montjuïc, descobriríamos isso facilmente. E assim foi. Avistamos a fachada da estação no outro lado da rua e para lá fomos. Porém, entramos na estação errada. Estranhamente, estávamos no funicular de Montjuïc. Lá fora, eu havia visto perfeitamente o termo “teleféric“, mas caímos no tal funicular. Sem saber dessa mancada, compramos o bilhete, passamos pela roleta e nos deparamos com um vagão sobre trilhos inclinados dentro de um túnel. Ai, meu Deus! Não era aquilo! Mas, já que estávamos ali, aproveitamos para ver onde o funicular daria. Não deu em nada, senão na estação de metrô Paral-lel. Subimos de volta. Saímos e logo avistamos a estação certa, bem ao lado. Graças a Deus! E não me culpo por essa mancada. Na internet, quando se pesquisa sobre o teleférico de Montjuïc, aparecem resultados mostrando o funicular. No frigir dos ovos daquela pesquisa confusa, funicular e teleférico já estavam sendo a mesma coisa (só na minha cabeça). Enfim, embarcamos no tal bondinho suspenso.
Quisera a Clarice que o teleférico fosse um funicular, pois a coleguinha tem aversão àquele tipo de transporte. Ela até nos avisou sobre isso, mas achei que fosse charminho. Sabe quando uma pessoa diz que tem pânico de avião, mas vive viajando? Pensei que seu medo fosse um desse tipo. Mas não! A pobre coitada, sem querer estragar o passeio do trio, engoliu tudo quanto é tipo de fantasma para não entrar em pânico. Esboçou um sorrisinho aqui e outro ali, mas, em 99% daquele percurso suspenso por cabos a uns trinta metros de altura, suas sobrancelhas não escondiam seu terror. Nem um kit anti-age da Mary Kay conseguirá eliminar as rugas derivadas do franzir de sua testa naquela tarde.
Quando incluí o teleférico no roteiro, pensei que fosse somente um passeio panorâmico de ida e volta. Ainda o confundi com outro teleférico da cidade, que embarca na Torre Sant Sebastià, em Port Vell, e desembarca sei lá onde. Enfim, o de Montjuïc poderia até ser somente um passeio de ida e volta, todavia era o principal meio de transporte até o Castell de Montjuïc (Castelo de Montjuïc), próxima atração do nosso roteiro. Portanto, para subir até aquela fortaleza e retornar, teríamos que pegar o bendito bondinho. Clarice, mil desculpas, mas não tinha nada que pudesse ser feito para evitar seu pânico, senão excluir o Castell de Montjuïc do passeio. Na verdade, poderíamos ter ido a pé, mas o morro era muito mais assustador. Brincadeira! A subida a pé até o castelo não era lá grande coisa, mas que andar de teleférico foi bem melhor, foi.
E que vista! Barcelona ia ficando cada vez mais bonita! A curta viagem de teleférico – pelo menos para mim e para o Élcio – proporcionava um panorama maravilhoso!
Chegamos ao castelo. Antes de entrar, passeamos um pouco ao seu redor. A vista, para onde fosse, era magnífica!
Quatro coisas de que gostei muito no Castell de Montjuïc: a fortaleza em si, o panorama, a companhia dos meus amigos e o valor do bilhete: ZERO EUROS! Eu teria incluído o teleférico nesse roll, mas isso seria nada solidário com a nossa querida cliente da Mary Kay.
Depois de visitar o castelo, descemos o monte de teleférico e pegamos novamente o funicular. Dessa vez, ele nos foi útil. Desembarcamos na estação de metrô Paral-lel e pegamos a linha L3 até Drassanes, que fica próximo à marina da cidade, onde iniciamos uma caminhada mais completa pela Rambla de Barcelona. Terminamos a andança somente no hotel, a um quilômetro e meio de onde começamos. Por uma mera falta de atenção, não sabíamos que existia uma estação de metrô bem de frente para onde estávamos hospedados. Aliás, mesmo se soubéssemos, iríamos dispensar essa praticidade. Estava sendo muito bom andar a pé. Conforme não me canso de dizer, só assim podemos ver e entender um pouco do estilo de vida dos cidadãos, algo que considero uma das melhores atrações turísticas, por mais abstrato que seja.
No hotel, paramos somente para um banho. Retornamos às Ramblas de Barcelona, mas passamos apenas por um pequeno trecho seu. Dali entramos no Barri Gòtic (Bairro Gótico), a parte mais antiga da cidade e de seu centro histórico. O nome do bairro é uma referência ao estilo gótico, predominante em suas construções. Na verdade, já tínhamos estado ali no dia anterior, quando visitamos a Catedral de Barcelona, a Santa Maria del Mar, A Plaça del Rei, o Temple Romà d’August, entre outros. Naquela noite de sábado, queríamos era comer e beber bem. E foi o que fizemos. Nada de monumentos!
TERCEIRO DIA – domingo
ATRAÇÃO | AVALIAÇÃO | CUSTO*
Parc Güell | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Casa de Les Punxes | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Casa Milà | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $ $ $
Casa Batllò | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | por fora: grátis – visita ao interior: $ $ $ $ $
Tibidabo | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Port Vell | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Aquarium de Barcelona | 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $ $ $ $
Plaça Reial | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Barri Gòtic (à noite) | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
*(Em euros) 1 – 5: $ \ 6 – 10: $$ \ 11 – 15: $$$ \ 16 – 20: $$$$ \ acima de 20: $$$$$
Mais uma vez, o dia amanheceu ensolarado. Fico insistindo nessa questão meteorológica porque, quando deixamos o Brasil, a previsão era de chuva em Barcelona. E chuva é phoda! É o terror do turismo! Mas estávamos tendo muita sorte até então. Barcelona, gràcies pel cel blau (Barcelona, obrigado pelo céu azul)!
Começamos o roteiro por um dos locais mais esperados por mim: o Parc Güell (Parque Güell). Para chegar lá, pegamos o metrô e descemos na estação Vallcarca. Eu esperava ingressar no parque pela entrada principal, na Carrer d’Olot, conforme planejei. Contudo, no percurso até lá, avistamos algumas placas que indicavam um caminho diferente do esperado. Por que não segui-las? Estariam mais certas do que meu palpite. Só sei que desembocamos numa via chamada Baixada de la Glòria, uma espécie de megaladeira, felizmente equipada com várias escadas rolantes ao ar livre. Nota 20 em acessibilidade! Interessante essa preocupação da prefeitura com os transeuntes, sejam moradores locais ou turistas.
Rapidinho chegamos ao Parc Güell, mas não ao portão principal. Começamos nossa visita pela entrada da Av. Coll del Portell esquina com a Baixada de la Glòria. Foi muito melhor assim, pois estávamos em um ponto do parque praticamente sem turistas, com uma vista magnífica e próximo ao Monumento ao Calvário ou Colina das Três Cruzes. Em meio a uma belíssima área verde, caminhamos até esse monumento e arriscamos uma subida ao seu topo. Literalmente arriscamos! O monumento era baixo, algo em torno de quatro metros de altura, porém sua escadaria NADA segura e os ventos fortíssimos quase nos jogaram morro abaixo, além de descabelar meus caros amigos, mas este problema foi só deles. Enfim, sujeitos a um despencar iminete ou a uma descabelada, subir ali compensou demais! O panorama era sem igual! Mais uma vez, tibidabeamos.
Do Monumento ao Calvário descemos em direção à parte mais célebre do parque: o ambicioso complexo arquitetônico concebido por Gaudí, sob encomenda do empresário Eusebi Güell. A construção data do início do século XX e é um verdadeiro show do modernismo catalão. As formas orgânicas, os mosaicos, as interpretações e tudo o que ladeia aquelas edificações são de uma qualidade artística fenomenal! Assim como na Basílica Sagrada Família e em todas as outras grandes obras de Gaudí, naquele complexo, a natureza desponta num simbolismo meticulosamente conceituado. Nenhuma forma foi definida ao acaso, como muitos pensam.
É nessas horas que se entendem os valores da arte e de sua técnica, fomentados por grandes mestres. Na busca pela inspiração, viajam mundo afora com a finalidade de observar de perto obras de expoentes do passado para, a partir disso, desenvolverem suas habilidades e marcarem seus nomes na linha da história da arte. Se o Parc Güell inspirou a mim, que não sou arquiteto ou paisagista, imagina a quem é da área.
Só me decepcionei com uma coisa, mas a culpa é dos fotógrafos e dos operadores de Photoshop. Do terraço da Plaça de la Natura, principal mirante daquele complexo, esperava por uma visão um pouco parecida com um conto de fadas, algo onírico, com prédios semicartunizados e um horizonte que só se vê em filmes da Disney. Essa imagem de Barcelona não foi criada na minha cabeça ao léu, mas se formou graças a obras de grandes profissionais manipuladores de imagens que retrataram o Parc Güell extrapolando a realidade. Sim, assumo que uso o Photoshop no tratamento das minhas fotografias, mas faço o possível para não criar expectativas ilusórias em meus leitores, além de que nem sempre o Photoshop consegue superar a beleza e a peculiaridade das coisas que vejo. Ah, quer saber?! Que bobagem essa minha de ficar questionando a atividade de quem tenta fazer o mundo ficar mais bonito! Parece até despeito. E me digo: quer ter uma visão onírica? Vá dormir e tenha bons sonhos! Quer ver coisas do tipo Disney? Vá à Disney! Ademais, entendo que as cenas devem ser vistas como elas merecem. Nesse caso, para fazer justiça à emoção do momento, o tratamento de imagens é imprescindível, desde que as mesmas continuem verossímeis.
As obras de restauração do parque também não me ajudavam. Ah se tudo estivesse descoberto e livre da poluição visual dos equipamentos de construção… Enfim, manutenções são necessárias. Que fique, então, a parafernalha, e demos um basta nessa minha resmungação. Afinal de contas, como diria minha amiga Esther, paguei zero dinheiros para passear por ali. Isso mesmo, a entrada no Parc Güell é gratuita!
De acordo com alguns relatos que li, foram sugeridas pelo menos três horas e meia para visitar o parque. Mas gastamos apenas uma hora e quinze minutos. Com essa generosa sobra de tempo, decidimos incluir no roteiro daquele dia uma ida a Tibidabo, aquela montanha de que falei no início deste post. Por ser um local mais distante e com poucas avaliações na internet, preferi não inserir essa atração no nosso passeio. Porém, dali do Parc Güell, Tibidabo parecia tão perto e tão bonita que decidimos ir lá mais tarde. Entretanto, por mais próxima que parecesse, para chegarmos lá teríamos que pegar um ônibus na Plaça de Catalunya, conforme nos orientaram. Ou seja, desceríamos até o centro da cidade para depois subir novamente. Mas não seria problema nenhum retornar ao centro. Nosso roteiro previa algumas atrações ali perto da Plaça de Catalunya, sem prejuízo de tempo ou de percurso. Para lá fomos, então.
Pegamos o metrô e descemos na estação Diagonal, localizada no belíssimo Passeig de Gràcia (Passeio da Graça), onde visitaríamos a Casa Milà. Antes, demos uma passadinha num edifício residencial ali perto, pouco conhecido pelos turistas, mas de uma beleza aqruitetônica sem igual. Chama-se Casa de les Punxes (Casa de Pregos), um prédio no estilo medieval construído em 1905. Seu nome se deve ao telhado em forma de pontas de pregos. Embora não seja aberto a visitações, vale uma espiada por fora. Fica na Avenida Diagonal esquina com Carrer del Rosselló.
Da Casa de les Punxes retornamos ao Passeig de Gràcia para visitar a Casa Milà, outro ícone de Barcelona e obra do grande mestre Gaudí. O valor do ingresso era um pouco salgado, e como a Clarice e o Élcio não tinham muito interesse no monumento, entrei sozinho.
A Casa Milà, também conhecida como La Pedrera, foi construída entre 1905 e 1907 para ser um edifício de apartamentos residenciais e de escritórios. Provocou muita polêmica na época em que foi concebida, pois muitos questionavam a funcionalidade e a estética daquela “pedreira” ondulada. Até mesmo a Senhora Comes i Abril, uma das moradoras do prédio, reclamou que não havia um espaço adequado para seu piano, devido às paredes de formas irregulares. Gaudí sugeriu que ela comprasse uma flauta. Fiquei ainda mais fã dele! Velha chata!
Na Casa Milà estão abertos para visitação o apartamento do último andar, o sótão, o terraço e o vão central. A parte de que mais gostei foi o terraço com suas chaminés, modeladas no formato de esculturas estranhíssimas, porém encantadoras, que mais parecem totens deixados por extraterrestres.
Além da Casa Milà, existem, em Barcelona, outras duas também projetadas por Gaudí, que são a Casa Batlló, localizada ali mesmo no Passeig de Gràcia, a três quarteirões da La Pedrera, e a Casa Vicens, localizada na Carrer de les Carolines. Por motivo de tempo, não incluí a Casa Vicens no roteiro. Descemos, então, até a Casa Batllò. O valor do ingresso era ainda mais temperado do que o da La Pedrera, e isso nos desanimou bastante. Preferimos não entrar. Embora eu não tenha conhecido seu interior, estou certo de que vale a pena a visita, principalmente para os amantes da arquitetura.
Com a exclusão da Casa Batlló do roteiro, sobrou ainda mais tempo para passear. Almoçamos ali mesmo no Passeig de Gràcia e em seguida descemos até a Plaça de Catalunya, onde pegamos o Tibibús T2A para ir à montanha de Tibidabo. O ponto de embarque desse ônibus fica na esquina da Ronda de la Universitat com Rambla de Catalunya.
Depois de uma viagem de 35 minutos, chegamos a Tibidabo, ponto culminante da Serra de Collserola. Se eu tivesse que ranquear as atrações de Barcelona, Tibidabo não ficaria em segundo lugar, mas empatada em primeiro com outros dois ou três pontos turísticos da cidade. Na minha opinião, é melhor até que a Basílica Sagrada Família, que pensei que reinaria sozinha no topo do meu ranque. E olha que achei aquela igreja sensacional!
Tudo contribuía para que Tibidabo fosse um dos nossos lugares favoritos. Primeiro, pela surpresa: não esperávamos que fosse tão interessante assim. Segundo, pelo astral do lugar: ali está o Parc d’Atraccions, que, com mais de 100 anos de idade, é um dos parques de diversões mais antigos do mundo e o mais antigo de Barcelona. Portanto, a atmosfera era muito boa. Terceiro, pela vista deslumbrante: em Barcelona, o que mais se têm são vistas deslumbrantes, mas a dali é única! Lembra que expliquei o neologismo tibidabear, criado pelo Élcio? Surgiu a partir do panorama exuberante que se tem de Tibidabo. Naquela altitude, os brinquedos do parque, além da adrenalina que proporcionam, são uma espécie de mirantes radicais que convidam à contemplação de um mundão de cidade e mar. Quarto, pela beleza do templo do Sagrat Cor (Sagrado Coração), uma igreja católica localizada no topo da montanha, visível de quase toda a cidade.
Além de todas essas qualidades, acrescento uma acessória: o dia ensolarado de céu azulzíssimo. Felizmente, fomos presenteados com um clima quase perfeito, prejudicado um pouco pelo vento. Aliás, estava perfeito! Não dava vontade de ir embora.
Tibidabo é passeio obrigatório para quem vai a Barcelona. De lá, pegamos o ônibus e descemos até o centro da cidade. Depois seguimos em direção ao Aquarium Barcelona, em Port Vell (Porto Velho), passando pelo Monumento a Colombo e pela Carrer del Mar, de onde se tem uma visão muito bacana de Port Vell.
O Aquarium Barcelona é o segundo maior aquário da Europa. Ali existem mais de 11.000 animais de 450 espécies. O ponto alto dessa atração é o passeio pelo túnel subaquático, de onde se vêem tubarões e outros peixes não tão assustadores. Honestamente, não sou fã de aquários ou zoológicos, muito menos de tubarões, mas indico essa visita. Meus companheiros de viagem gostaram muito. Pena o ingresso custar caro.
Do Aquarium Barcelona retornamos ao centro da cidade. Já não era tão cedo e decidimos emendar o roteiro do dia com a noite gastronômica levemente etílica. Seguimos, então, para a charmosa Plaça Reial (Praça Real). Ouvimos dizer que lá existem bons bares e restaurantes, mas achamos os preços um pouco altos e o movimento não era atraente. Queríamos ver muitas pessoas, fossem catalãs, estrangeiras, bonitas, feias, bem ou mal arrumadas, bêbadas, estranhas, doidas e por aí vai. A excentricidade nos diverte!
Então rumamos Barcelona afora, dali do Barri Gótic ao Eixample. Passamos pela belíssima Carrer Ferran e por outras belas ruas da Ciutat Vella.
Paramos em alguns bares. Eu tomava minhas cervejas e o Élcio e a Clarice ficavam com os vinhos. Entre outros tapas, comi mais ovos estrelados – dessa vez com linguiça – e os meninos finalmente experimentaram a paella, um prato espanhol à base de arroz misturado com vegetais e legumes da estação, frutos do mar, frango, temperos diversos e tudo mais que sobrar da refeição anterior. Este último ingrediente adicionei por minha conta, mas, tradicionalmente, a paella é mais ou menos assim: uma iguaria feita de arroz acrescido de alguns ingredientes fixos e de sobras disponíveis. O aspecto é ótimo, mas eu não comeria nem a porrete, pois odeio frutos do mar. Se não fossem os peixes, acho que iria adorar aquela gororoba. O Élcio e a Clarice não gostaram muito. Acharam o sabor meio estranho. Talvez fosse a receita daquele restaurante, mas em Madri eles arriscaram outra paella e novamente não foram bem-sucedidos. Enfim, meus ovos com batatas e linguiça estavam ótimos!
Confesso que a procura por um lugar bacana naquela noite foi meio complicada. É claro que existiam muitas opções, mas ficamos meio travados e não caímos nos melhores lugares. E a culpa é minha. Planejei o roteiro diurno com muita cautela, no entanto, fui um pouco displicente com a parte noturna. Achei que em Barcelona encontraria uma quebrada boa em cada esquina, porém em lugar nenhum no mundo é assim. Aliás, preciso retificar minha afirmação: fui cauteloso na pesquisa do roteiro noturno, mas irresponsável na sua execução.
Neste momento, acabei de me lembrar que estava prevista para aquela noite uma ida ao Raval, bairro que faz parte da Cidade Velha e tem suas origens na ampliação das muralhas medievais de Barcelona. Ali convivem pessoas de vários países e culturas, e a diversidade é inevitável. Passaríamos a noite na Rambla del Raval, um lugar cheio de arte, bares, restaurantes típicos e temperos 1.000. Nesse local, também existe uma escultura enorme de um gato gordo e pneusudo chamada “El gat del Raval“ (O Gato do Raval), do artista colombiano Fernando Botero. Meu Instagram iria pirar! Élcio e Clarice, mil perdões por notificá-los disso somente agora. Naquele dia, achei que havia o roteiro na ponta da língua, mas não. Deveria tê-lo conferido no Tripit. Para quem não sabe, o Tripit é um aplicativo planificador de viagens para tablets e smartphones, em que eu monto roteiros com datas e horários específicos e informações adicionais, bem como faço o uso de outras funcionalidades. Recomendo!
De qualquer forma, a noite foi boa. Se é em Barcelona, não tem como ser ruim.
QUARTO E ÚLTIMO DIA – segunda-feira
ATRAÇÃO | AVALIAÇÃO | CUSTO*
Palau de la Música Catalana | 🙂 🙂 🙂 🙂 🙂 | $ $ $ $
Mercat de Santa Caterina | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
El Cap de Barcelona | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Port Vell | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
La Barceloneta | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Praia de São Sebastião | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
Torres Gemelas | 🙂 🙂 | grátis
Port Olímpic | 🙂 🙂 🙂 | grátis
La Monumental | 🙂 🙂 🙂 | grátis (somente por fora)
Torre Agbar | 🙂 🙂 🙂 | grátis
Universitat de Barcelona | 🙂 🙂 🙂 🙂 | grátis
*(Em euros) 1 – 5: $ \ 6 – 10: $$ \ 11 – 15: $$$ \ 16 – 20: $$$$ \ acima de 20: $$$$$
Começamos o nosso último dia em Barcelona com uma caminhada até o Palau de la Música Catalana (Palácio da Música Catalã), um teatro projetado pelo arquiteto Lluís Domènech i Montaner e construído entre 1905 e 1908. Inicialmente, essa atração havia sido cancelada do nosso roteiro, mas, como tínhamos tempo disponível, resolvemos conhecer o local. Ainda bem que fomos lá! Que coisa espetacular! A beleza do teatro só não é mais estonteante porque é quase impossível admirar sua fachada, pois a Carrer de Sant Pere Més Alt, via onde o edifício se encontra, é apertadíssima. Se é difícil visualizar a fachada, tirar uma foto torna-se um desafio.
O tour pelo Palau de la Música Catalana é guiado e dura em torno de 50 minutos. O ponto alto do passeio é a visita à plateia. Seu palco é lindíssimo e sua acústica é bastante elogiada. Muitos dos maiores músicos contemporâneos se apresentaram ali, como Richard Strauss, Igor Stravinski, Monserrat Caballé, Ella Fitzgerald, Duke Ellington, Paco de Lucía e Norah Jones. Fomos muito bem representados por Gilberto Gil. Até Woody Allen se apresentou no local! Fazendo o que, eu não sei.
A claraboia do teatro foi desenhada por Antoni Rigalt i Blanch. Mesmo com as luzes apagadas, essa abertura no teto faz com que a claridade do dia penetre no palácio e dê à plateia uma luminosidade digna de um espetáculo ao ar livre.
Depois daquela bela visita ao palácio, fomos ao Mercat de Santa Caterina, a dois quarteirões dali. Esse mercado ainda não é muito cogitado em termos de turismo, embora eu não me lembre de ter visto algo tão excêntrico como seu telhado berrantemente colorido. Fui atraído por ele como um mosquito que corre para a luz. Arquitetura à parte, o Santa Caterina possui muita história. Durante uma grande reforma em suas instalações, em 2005, foram descobertas a fundação de um convento dominicano do século XV e ruínas de uma necrópole romana. O governo catalão decidiu que essas pérolas arqueológicas mereciam um museu. Foi criado, então, o Espai Santa Caterina, que fica na parte de trás do mercado. Como não tínhamos conhecimento desse museu, curtimos apenas o mercado, não tão badalado como o La Boqueria, mas com uma ótima variedade de produtos e preços mais atraentes.
Depois da Clarice escolher cuidadosamente um azeite para seu amado Lenir, deixamos o mercado e fomos em direção à praia. Seguimos pela Via Laietana, passando diante da Plaça Ramon Berenguer el Gran, onde se localiza parte da Muralha Romana. Nessa via, também vimos uns carrinhos muito práticos e interessantes. São da empresa Go Car, que fazem um tour em Barcelona guiado por meio de GPS. Possuem audio guide integrado e levam o turista aonde ele quiser. Cabem duas pessoas por carro.
No final da Via Laietana, próximo ao Port Vell, está uma escultura muito psicodélica. Chama-se El Cap de Barcelona (A Cabeça de Barcelona), obra surrealista do renomado artista pop americano Roy Lichtenstein, desenhada para os Jogos Olímpicos de 1992. Literalmente, a cara de Barcelona!
Passamos mais uma vez pelo Port Vell e adentramos a estreitíssima La Barceloneta, um bairro construído durante o século XVIII. Ali contemplamos uma visão docemente estereotipada de uma comunidade espanhola, onde roupas, fiações e bandeiras separatistas se amontoavam nas sacadas. Hum, parece ser ótimo morar ali! E é pertinho da praia!
Depois de atravessarmos o La Barceloneta, chegamos à Platja de Sant Sebastià (Praia de São Sebastião). Neste momento, abro um espaço para agradecer aos deuses por todos aqueles dias ensolarados em Barcelona. O tempo colaborou demais!
Chegamos à praia e fomos logo colocando nossos trajes de banho. A Clarice, com seu chapelão e ocscuro (óculos escuros em mineirês), estirou-se para um delicioso banho de sol mediterrâneo. O Élcio, ao som de uma música pop praiana espanhola, logo se enturmou com alguns barceloneses e se jogou em uma partida de vôlei de praia. Eu, de pele levemente bronzeada e musculatura atlética, peguei uma prancha de surf, parafinei o cabelo e segui para o mar. Não pude fotografar isso tudo, porque é mentira, mas que dava vontade de passar uma tarde assim, dava! Embora o céu estivesse azulzinho, o frio castigava um pouco. E eu daria um milhão de dólares por essas fotos, principalmente por uma minha parafinando a vasta cabeleira. Enfim…
Na Praia de São Sebastião existe uma escultura que lembra um prédio todo desalinhado. Chama-se Homenatge a la Barceloneta (Homenagem a La Barceloneta), da artista alemã Rebecca Horn. Adorei a obra! Eu e uns quatro elementos sentados à sua base, que fumavam um tipo de cigarrinho de artista.
Caminhamos pela orla em direção ao Port Olímpic (Porto Olímpico). No percurso, paramos para alomçar em um restaurante que fica debaixo do calçadão. Já bem alimentados, continuamos a caminhada, passando pelas Torres Gemelas (Torres Gêmeas).
Assim que chegamos ao Port Olímpic, viramos à esquerda para uma caminhada um pouco longa pela Carrer de la Marina até a Plaça de Braus de la Monumental.
A La Monumental, como é mais conhecida, foi a última arena de touradas em funcionamento na Catalunha. Suas atividades se encerraram em 2012, graças – e eu digo graças – a uma votação popular de 2010 que proibiu a matança de touros. Hoje, o local é destinado a eventos musicais e espetáculos circences. Os bovinos agradecem.
Da La Monumental rumamos em outra caminhada até a fálica Torre Agbar, prédio onde está instalada a Aigües de Barcelona, companhia de águas da cidade. O edifício não está aberto a visitações. É bem interessante por fora, e, à noite, sua iluminação é espetacular. Entretanto, não acho que valha a pena uma ida até lá, caso o turista tenha poucos dias em Barcelona.
Nossa, como havíamos andado naquele dia! O cansaço tentou nos derrubar, mas bastou uma repousada ali de frente para a Torre Agbar que logo estávamos prontos para seguir adiante. No mais, nosso roteiro em Barcelona estava quase cumprido.
Da Torre Agbar pegamos o metrô na estação Glòries e fomos para o hotel arrumar as malas. Queríamos deixar tudo prontinho para aproveitar mais da nossa última noite na cidade. No entanto, logo que chegamos à porta do hotel, deu muita vontade de esticar o roteiro. O Élcio, que adora uma escola (???), vinha insistindo em uma visita à Universitat de Barcelona (Universidade de Barcelona), que fica na Gran Via, logo ao lado de onde estávamos hospedados. Para lá seguimos, então.
A universidade é pública e foi fundada em 1450, mas não sei se aquele edifício é dessa época. Parece ser. É espetacular! Entrar foi muito fácil, não fossem os imensos e pesados portões de madeira. Naquele campus estava acontecendo uma exposição de arte contemporânea. Em um determinado momento, fomos atraídos por um vídeo artístico muito bacana, quando chegou uma professora do tipo curadora de arte e nos deu um show de aula, explicando cada momento do vídeo e da vida da criadora da peça. Quanta educação!
Depois daquela visita à universidade, fomos arrumar as malas. Tomamos um banho e zarpamos para o Barri Gòtic, mas, dessa vez, iríamos a uma outra parte, mais próxima do Port Vell. Naquele ponto é que encontraríamos os bares de que mais gostamos na cidade.
Antes de sair do hotel, pesquisei na internet e descobri o Milk Barcelona, um bar muito interessante da Calle Ample. Mas custaaaaaaamos a achar o local! Pegamos o metrô e descemos na estação Jaume. Rodamos, rodamos, rodamos e nada de achar o bar. Encontramos até a Can Paixano, uma champanheria simpatissíssima sugerida pela nossa amiga Flávia, mas estava lotada! O lugar é pequeno e o povo disputava cada quadrado. Enfim, somente depois de achar um ponto gratuito de wi-fi é que descobrimos com precisão onde era o tal Milk Barcelona. A procura valeu muito a pena! Os preços eram excelentes, melhores até que os daqui de Belo Horizonte. Deixei a cerveja de lado e tomei uns drinques de primeiríssima qualidade. Os meninos pediram vinho, e comemos feito três leitões! Clarice, desculpe-me a indelicadeza ao falar assim de uma mocinha como você, mas diz que não é verdade! E como aquele era o último dia em Barcelona, bebemos um pouco mais do que nos outros dias.
Lembra de quando mencionei que precisávamos falar de um lance gótico? Pois é, para homenagear aquela parte da Cidade Velha, incorporamos um estilo gótico de ser. Antes de mais nada, é importante saber o conceito de estilo gótico. Na sua primeira concepção, foi uma fase da história da arte ocidental que surgiu como uma resposta à austeridade do estilo românico, com características sociais, políticas e religiosas muito próprias. Persistiu durante a Idade Média e teve seu fim na Renascença. Entre outras palavras, pouco tem a ver com a obscuridade psicológica e visual dos góticos da década de 80. Ou no período medieval usavam-se lápis nos olhos, batons pretos, roupas de couro e cabelos modelados com sabão? Acho que não. No máximo, a única coisa que tinham em comum eram as velas. Mas, alcoolizados que estávamos, preferimos fazer a linha gótica obscura da década de 80, sem nenhuma pretensão política, religiosa ou social da era medieval.
E que bobajada! Naquela nossa manifestação equivocada de estilo, regressamos uns 30 anos de imaturidade, e, depois de curtir os bares das redondezas, saímos arruaçando Barri Gòtic afora. Era foto na calçada, foto no meio da rua, foto no metrô, foto na escada rolante etc. Pelo que eu saiba, os góticos não curtiam muito essa coisa de fotografia. Estávamos mais para emos jacus fazendo fotos para o Orkut.
Gótica, emo ou jacu, aquela noite foi muitíssimo divertida. Que maneira de se despedir daquela cidade maravilhosa! Como ainda havíamos dezoito dias de Europa pela frente, a despedida da Catalunha não tinha motivos para ser triste. A juventude e alegria de Barcelona nos inspirou em seguir nossa viagem com mais vigor e espectativas positivas. Que venham Madri, Toledo, Praga e Amsterdam!
contato@fuievouvoltar.com
Muito legal seu post sobre Barcelona! Estive lá por mais tempo que vocês (5 dias), mas não consegui ver tantas coisas como você… o clima parece ter ajudado bastante (quando fui choveu), mas mesmo assim seus dias foram bem intensos!
Fiquei com muita dor de cotovelo por não ter conseguido ir no Castel Montjuic nem nas montanhas do Tibidado… Mas tudo bem, assim fica uma desculpa para que eu possa “fazer o maior elogio que uma cidade pode receber”! Quem sabe não volto lá…
Grande abraço Xará!
Ôpa! Blz, Xará?! Valeu pelo comentário! Realmente o tempo nos ajudou bastante. E Barcelona é bom demais, né! Também estou doido para voltar, mas para ficar mais dias, como você fez. Lá é um lugar para se visitar com calma. Grande abraço!
Concordo contigo a respeito das impressões sobre Barcelona. Eu tambem me encantei com cidade e as pessoas. Conheci uma boa parte dos locais que vocês visitaram. Obrigada por compartilhar tantas imagens e informações para aproveitar melhor a cidade e ainda com dicas de custos. Fiquei com uma vontade imensa de voltar para conhecer mais e rever os atrativos de Barcelona. Abraços!
Oi, Suzana! Muito obrigado! Que voltemos todos a Barcelona 🙂 Tenho muitas saudades de lá…
Abraço!
Adorei, Alessandro, ficou ótimo!!!!! Tudo bem que tiraria umas fotos que foram postadas aí, minhas, é claro, mas me relembraram momentos maravilhosos!. Nossa, como fiquei com saudades de tudo. Barcelona realmente é uma cidade maravilhosa, valeu muito!!
Rsrsrs! E olha que poupei você do drama da mala, com vídeo para provar 🙂 Obrigado pelo comentário e pela ótima companhia durante a viagem.
Adorei o blog, Alessandro! Parabéns! Viajei de novo pra Barcelona lendo esse post! Vi que vou ter que voltar para conhecer mais maravilhas dessa cidade tão linda! Bjão
Muito obrigado, Isabella! Desejo a você um retorno a Barcelona 🙂 Abraço!
Ei, Alessandro…,parabéns pelo blog e pelas postagens….mais uma vez me auxilou no meu roteiro de viagem…a Font Mágica de Montjuic foi a dica da vez, viu? Se não fosse pelo seu blog não teria ido….espero que você possa retornar e assistir ao espetáculo noturno que é aquilo……..um abraço.
Ah, Roberta, você é fina demais 🙂 Eu é que agradeço a visita. Juro que um dia volto a Barcelona, e a primeira coisa que vou conferir é a fonte de Montjuïc.
Abração!
seu blog é mt bom Alessandro, na realidade o descobrir sem querer pesquisando o que fazer em Roma e agora estou em Barcelona e já estou pegando as dicas, porque tudo que vc posta é mt válido p viagem.Não dá mais para viajar sem antes consultar seu blog, vc é o cara!! ah, eu e meu esposo morremos de rir com a história do Élcio em Roma…mt engraçado,apesar de trágico rsrs
Oi, Simone! Obrigado pelo comentário! Aproveita bastante sua viagem. Espero que vocês não passem pelo constrangimento do Élcio, rsrsrs! Na verdade, aquela história foi bem mais dramática do que relatei, rsrsrs! O rapaz sofreu, viu 🙂 Abraço!
Estive aí uma semana em 2011 e fica sempre tanto por ver numa cidade maravilhosa para se viver. Muito bonita a cidade. Pena que em Barcelona comi muito mal Comentei a página de Praga, para mim superior. Voltava aí, ao ver imagens que guardamos dá-nos imensas saudades de voltar aos sitios.
Cumprimentos
Helder Alves – Açores (Portugal)
Vi seus comentários, Helder. Muito obrigado pelo apoio! Pelo visto, você viaja bastante. Barcelona é uma das minhas cidades favoritas. Até que comi bem por lá, pois adoro tapas. Aqui no Brasil eles são chamdos de tira-gosto, e nós brasileiros amamos isso, ehehehe!
Abraço!
Oi!! Muitas dicas que aproveitarei para 3 dias inteiros para Barcelona e um dia em Mont Serrat. Ficarei satisfeita se conseguir fazer a metade do que vcs fizeram.
Oi, Mieko! Não se preocupe. Barcelona é uma cidade fácil de andar. Os pontos turísticos são próximos e o metrô atende bem. Das atrações, as mais distantes são o Park Güell e Tibidabo. Com um bom planejamento, você verá muita coisa 🙂 Abraço!
Também estive em Barcelona, infelizmente. A beleza da cidade obscurece o quão perigosa ela é .O metrô é uma verdadeira armadilha para o turista; eles, os ladrões, para a escada rolante para de furtar a carteira. A praça Cristovão Colombo é verdadeira arapuca. O policiamento se limita a fazer Boletim de Ocorrencia. Cuidado ao sentar-se em uma mesa ao lado da “Sagrada Familia”….te cobram 9 euros de consumação.
Barcelona nuca mais.
Vixe! Bom saber disso, João! E eu andava tranquilamente por Barcelona, nem parecia brasileiro, rsrsrs! Abraço e obrigado pela dica!
Olá, primeiramente parabéns pelo Blog. Excelentes dias e roteiros turísticos!!
Estou programando minha viagem e tomando por inspiração vários lugares visitados por vocês.
Porém, possuo pouco tempo… viagem de 10 dias entre Portugal e Espanha.
Assim, objetivo maior é conhecer em Portugal Lisboa (Tempo de 4 dias) e Barcelona juntamente com Valencia, mais 4 dias, resta 1 dia para Madri ou Toledo. O que sugeres em pouco tempo? (Se o tempo for de 1 dia e meio, valeria dividir esse tempo entre Toledo e Madri? )
Obrigada!!
Oi, Priscila! Obrigado pelo prestígio ao blog 🙂
Sua viagem está um pouco corrida em alguns pontos, mas dá para tirar proveito. O único problema é o tempo que você reservou para Madri/Toledo. Um dia em Toledo é suficiente, mas a cidade fica mais perto de Madri que de Valência ou Barcelona. Não sei se existe passagem direto de Barcelona ou de Valência até Toledo. Talvez você tenha que ir até Madri e de lá se deslocar para Toledo. Esse trecho é curto, mas qualquer 40 minutos viram duas horas no final do dia. Na minha opinião, eu iria a Toledo, pois Madri demanda alguns dias para se conhecer as principais atrações. É sem dúvidas muito bonita, mas possui muitos museus (demandam tempo), e os pontos turísticos não são próximos uns dos outros como em Toledo. E baseando pelas estatísticas daqui do blog, a cidade mais procurada pelos leitores é Toledo, comparada não só com Madri, mas com todos os relatos que escrevi.
Espero que faça a melhor escolha. Na verdade, prefiro Madri. Gosto de cidades grandes e roteiros de mais de 4 dias, mas Toledo é sensacional. É uma cidade medieval, linda em todos os aspectos.
Uma ótima viagem, tome muito vinho, coma muitos frutos do mar, passeie bastante e retorne sempre 🙂
Volto mais uma vez só para agradecer pelo post! como sempre, antes de viajar venho aqui olhar se vc já foi e pegar suas dicas 😀
volta a escrever, vai!!
:-)))) Muito obrigado!!! Um dia volto, um dia, rsrsrs! Abraço!