Doh je, Hong Kong!

Eu, no mirante The Sky Terrace 428 - Victoria Peak, Hong Kong

Eu, no mirante The Sky Terrace 428 – Victoria Peak, Hong Kong

Já era hora de procurar um lugar diferente para conhecer. A experiência mais exótica até então tinha sido Istambul, portanto precisávamos “ousar” um pouco mais. Sabíamos que seriam inevitáveis as máximas “Mas por que Hong Kong?”, como se aquela ex-colônia do Império Britânico não tivesse nada a oferecer.

Sim, Hong Kong. Primeiro, porque é fascinante a ideia de que o “oriente encontra o ocidente”, conforme descrevem a ilha chinesa, onde os costumes sofreram algumas transformações devido à influência britânica. Segundo, pela possibilidade de usufruir da economia menos restrita do mundo, basicamente livre de taxas. Muitos de nós estávamos de olho nas bugigangas e nos produtos diferenciados (bem como no excesso de bagagem!). Terceiro, para ver de perto como funciona uma região com alto grau de autonomia em relação à China continental, esta bem mais autoritária e restritiva. Embora HK seja uma cidade-estado chinesa, é uma região administrativa especial (RAE), que possui moeda, políticas de imigração, processos de extradição e Poder Judiciário próprios, responsável por todas as questões locais, exceto por atos como política externa e defesa nacional, estes a cargo da República Popular da China (RPC). Quarto – e já excluída esta hipótese –, pela culinária local. Jesus, dai-me pão de queijo!

Nesta “excursão particular” de virada de ano, éramos seis integrantes: eu, minha mãe (Norma), minha irmã (Yáskara), meu cunhado (Tião), o Élcio e sua mãe (Maria).

Pai Lau

Tião, Yáskara, Maria, minha mãe, Élcio e eu, no Pai Lau, pórtico da Ngong Ping Piazza, em Ngong Ping

A viagem de ida foi um “pouco” longa. Para aproveitar o melhor preço ofertado na época, voamos pela Ethiopian Airlines. Saímos de Belo Horizonte, passamos em Brasília, seguimos para São Paulo (o voo doméstico também era promocional) e, depois de duas horas de atraso, já pela Ethiopian Air Lines, embarcamos para Lomé, no Togo, onde permanecemos uma hora em solo. De lá, seguimos para Adis Abeba, na Etiópia. Trocamos de aeronave e, finalmente, voamos para Hong Kong. Se você estiver cansado só de ler, precisa saber como foi o retorno, no qual partimos de Kuala Lumpur, cidade em que estivemos por quatro dias. De lá, voamos de volta a Hong Kong para pegar o voo da Ethiopian Air Lines; fizemos todo o trajeto da ida, dessa vez desembarcando no Rio, onde perdemos o voo para Belo Horizonte; fomos para a rodoviária; não tinha mais ônibus para aquela noite; dormimos no chão; embarcamos no ônibus para Belo Horizonte 12 horas depois, e curtimos 7 horas de estrada. Delícia de 62 horas de viagem!

PRIMEIRO DIA – Segunda-feira (30/12/2013)

Connaugh Road e Temple Street

Chegamos a Hong Kong numa segunda-feira, véspera de Ano Novo, às 14h. No percurso do aeroporto até o hotel, nossas reações diante de tudo o que se via no caminho eram caricatas. Parecíamos com a Cuca, num episódio do Sítio do Picapau Amarelo, em que ela vai à cidade grande e se assusta com tanta novidade. A Maria, por exemplo, ficou procurando pelo motorista. Mais ou menos em suas palavras, ela perguntou “Que raio de ônibus é esse que anda sem motorista?!”. Sentada no lado direito do veículo, ela não viu o condutor, que guiava na mão inglesa.

No traslado do aeroporto para o hotel, Maria procura pelo motorista, que dirigia na mão inglesa

No traslado do aeroporto para o hotel, Maria procura pelo motorista, que dirigia na mão inglesa

Mais adiante, torcíamos os pescoços para conseguir enxergar o topo dos altíssimos edifícios que beiravam a rodovia e que se empoleiravam montanhas acima.

Edifícios residenciais de Hong Kong

Edifícios residenciais de Hong Kong

Quando passamos pelo porto de Hong Kong, ficamos aterrorizados com sua imensidão. Naquele momento, entendemos como a cidade consegue suprir o mundo com suas manufaturas. Era muita grua, muito container, muito navio! E as pontes?! Já do avião era possível avistá-las. Enfim, aquele traslado em si era um city tour e tanto.

Detalhe do porto de Hong Kong

Detalhe do porto de Hong Kong

Fizemos o check-in no Ibis às 16h. Mesmo com a integridade física abalada pela longa viagem de avião, tomamos um banho e saímos para conhecer a cidade.

Região de Sheung Wan vista do quarto do Ibis Hotel

Região de Sheung Wan vista do quarto do Ibis Hotel

Começamos nossa caminhada por um pequeno trecho da Des Voeux Road, rua do Ibis. Viramos à direita na Connaught Road e seguimos até o observatório do edifício do IFC (International Finance Center). Como o bairro é lotado de estabelecimentos especializados em frutos do mar desidratados, o cheiro durante o trajeto não era dos melhores para mim, que detesto peixes, répteis e anfíbios.

Ônibus do tipo double-decker, na Des Vouex Road (via Instagram)

Bonde do tipo double-decker, na Des Vouex Road (via Instagram)

Comércio de frutos do mar desidratados

Comércio de frutos do mar desidratados (via Instagram)

Vimos lagartos e cobras esticados, polvos ressecados, pepinos do mar, patas de animais não identificados (cachorro?), chips de camarão e tantas outras criaturas prontas para o preparo. Eu ficava só pensando no pobre coitado do funcionário encarregado de abrir uma loja daquelas pela manhã. Imagina o odor concentrado que sai!

Cobras desidratadas

Cobras desidratadas

Polvo desidratado

Polvo desidratado

Pepinos-do-mar desidratados

Pepinos do mar desidratados

Patas de animal não identificado

Patas de animal não identificado

Chips de frutos do mar

Chips de camarão

Lagarto desidratado

Lagarto desidratado

De qualquer forma, ainda não tínhamos dispensado a culinária exótica local. Estávamos até a fim de comer uns escorpiões, grilos, gafanhotos, formigas e insetos do gênero, mas não encontramos isso por lá. A TV a cabo e seus programas de comidas estranhas nos enganaram.

A Connaught Road ficava cada vez mais interessante. A cidade e seus arranha–céus iluminados fascinavam a cada quarteirão.

Connaugh Road

Connaugh Road

Depois de uns 20 minutos, chegamos ao IFC, atração sugerida pelo TripAdvisor City Guides. Infelizmente, a visita ao observatório desse edifício havia se encerrado às 17h. De qualquer forma, na manhã seguinte, visitaríamos o Victoria Peak (Pico Vitória), montanha que possui, na minha opinião, o melhor mirante da cidade.

Abaixo do IFC, está a Central, principal estação de metrô de Hong Kong. Orientados pela moça do guichê de informações, embarcamos na linha Tsuen Wan (linha vermelha) no sentido Tsuen Wan e descemos na estação Mong Kok, de onde seguimos a pé até a Temple Street, rua que abriga um mercado de pulgas noturno. No entanto, deveríamos ter desembarcado nas estações Jordan ou Yau Ma Tei, antes de Mong Kok. Na pesquisa feita ainda no Brasil, eu havia encontrado a informação certa de como chegar ao mercado, que estava anotadinha no roteiro. Porém, o cansaço da viagem me fez pedir informação. Enfim, andamos bastante até chegar à bendita rua. E não posso dizer que não foi interessante entranhar pelas redondezas. Aliás, adorei o movimento local e o caos das placas luminosas espalhadas por todas as ruas.

Portland Street, a caminho da Temple Street

Portland Street, a caminho da Temple Street

Portland Street, a caminho da Temple Street

Portland Street, a caminho da Temple Street

No mercado noturno da Temple Street, havia um monte de bugiganga, a maioria produtos falsificados. Que decepção! Achei isso estranho, pois, em alguns vídeos que assisti, os turistas deliravam ao falar desse mercado, como se ali vendessem os melhores artigos de Hong Kong, ao melhor custo–benefício. Que nada! O que vimos foram barracas de produtos de segunda linha, capas de celulares cafonas, bolsas e roupas falsificadas, iPads e iPods – ou melhor, hiPads e hiPods – e várias outras muambas encontradas em qualquer cidade brasileira.

Mercado noturno da Temple Street, entre a Man Ming Lane e a Public Square Street

Mercado noturno da Temple Street, entre a Man Ming Lane e a Public Square Street

Talvez valha a pena dar uma passada ali para uma leitura de mão em uma das muitas barraquinhas de videntes localizadas na Shanghai Street.

Barracas de leitura de mão, na Shanghai Street

Barracas de leitura de mão, na Shanghai Street

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaPonto turístico é ponto turístico, então não posso apedrejar a Temple Street com críticas motivadas por impressões pessoais. Se a rua é famosa por seu mercado noturno, merece, pois, ser visitada, seja para comprar artigos de segunda ou terceira linha – há quem goste –, seja para admirar o movimento local, que é bacanérrimo! É importante frisar que a Temple Street é dividida em duas partes: uma que começa na Man Ming Lane e termina na praça Yung Shue Tau, na Public Square Street, e outra, a dois quarteirões, que se inicia na Kansu Street e se estende até a Jordan Road. Naquela noite, visitamos somente a primeira parte. Dias mais tarde, fomos à segunda, e a qualidade dos produtos era a mesma da primeira: uma porcariada só! Porém, amigo turista, não se preocupe. Nos dias seguintes, encontramos vários mercados interessantes para gastar nossos dólares de Hong Kong.

Decepcionados com o mercado noturno, bastante cansados e receosos de experimentar a culinária típica, acabamos usufruindo da praticidade de um McDonald’s. Em seguida, cama!

SEGUNDO DIA – Terça-feira (31/12/2013)

Bank of China Tower, Victoria Peak, Saint John’s Cathedral, Statue Square, Stanley Street, Soho, Hollywood Road, Man Mo Temple, Hollywood Road Park, Golden Bauhinia Square

Acordamos cedo naquele último dia do ano. Nada melhor que levantar da cama, abrir a cortina e ver o dia ensolarado. A vista do nosso quarto era fenomenal!

Porto de Vitória visto do quarto do hotel

Vitctoria Harbour visto do quarto do hotel. Horizonte

Mesmo com o céu claro, nos dias em que estivemos em HK havia uma névoa seca de coloração acinzentada. Como o Élcio explicava, talvez a poluição produzida pela cidade adicionada à poluição que vinha da China continental deixavam o horizonte embaçado, difícil de se ver. Meus olhos viviam irritados por causa disso. Além da precaução contra a SARS (síndrome respiratória aguda severa) e contra a gripe, acredito que os honcongueses e chineses usam aquela máscara respiratória para se protegerem também desse nevoeiro. De qualquer forma, isso não atrapalhou nosso passeio.

Nossa diária de hotel não incluía café da manhã, então tivemos que procurar um lugar para comer. Não demorou e achamos uma pequena padaria que vendia pães e bolos bem parecidos com os que se comem no Brasil. Muito gostosos, por sinal. Opção, havia muita, mas comprar não foi fácil. Acontece que, em Hong Kong, a fila anda. Anda e empurra! Quem fica de bobeira é atropelado. Achamos que estávamos no Brasil, e começamos a analisar as opções, até que alguns fregueses nativos entraram na lojinha e, já decididos do que iriam comprar, começaram a passar por nós como uma manada enlouquecida. E para pagar também tem que ser ligeiro, senão o funcionário do caixa abre as narinas de tanta impaciência. Nada de ficar com a cara de bocó catando moedinhas, o dindim tem que estar na mão! É, aquela primeira experiência em um mercadinho honconguês foi para a vida! Como meu pai mesmo diria, tivemos uma aula de civilização.

Já alimentados, começamos nosso passeio por um dos lugares mais fascinantes de Hong Kong: o Victoria Peak (Pico Vitória), ou The Peak, como também é conhecido. Pegamos o metrô na estação Sheung Wan, a poucos quarteirões do hotel, e descemos na Admiralty, estação mais próxima do Peak Tram, funicular que leva ao observatório do pico. Na caminhada até o funicular, passamos diante de um dos edifícios mais emblemáticos da cidade: o Bank of China Tower.

Bank of China Tower

Bank of China Tower

A fila para embarcar no funicular estava um pouco grande, mas andava rápido. Como possuíamos o Octopus Card, não precisamos enfrentar fila e fomos direto ao embarque.

Octopus Card

Octopus Card

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaA melhor invenção de Hong Kong é o Octopus Card. A princípio, eu pensava que fosse somente um cartão de transporte, mas não. Também é aceito em máquinas self–service, supermercados, lojas de conveniência, restaurantes fast–food, centros de lazer, lojas de telecomunicações, outlets, entre outras facilidades. É muitíssimo prático, basta encostar o cartão no leitor e o pagamento é efetuado automaticamente. Pode ser adquirido, principalmente, nas estações de metrô (MTR). Para tanto, deve-se efetuar um depósito de HK$ 50 e uma carga inicial de, pelo menos, HK$ 100. As recargas podem ser realizadas nos pontos de venda e nas diversas lojas do 7 Eleven, McDonald’s, Starbucks, Vingo, entre outros. Ao devolver o cartão, o depósito caução de HK$ 50 é restituído ao usuário. Adquirimos o Standard Octopus. Aproveitando a dica, oriento quanto ao seu uso no metrô: na entrada, deve-se encostar o cartão no leitor da catraca, que será liberada. Entretanto, o valor da viagem, que varia de acordo com a distância percorrida, será debitado somente na estação de desembarque, em que o usuário deverá passar o cartão no leitor da catraca da saída.

O passeio de funicular é muito bacana. Além da emoção da subida bastante íngreme, a vista é sensacional. Como eu estava sentado no lado esquerdo do vagão, não pude ver muita coisa, mas não me importei, pois sabia que lá no topo eu veria aquilo tudo e muito mais.

O funicular desembarca na Peak Tower, uma torre muito bonita que abriga restaurantes, lojas, uma filial do Madame Tussauds e o Sky Terrace 428, um mirante a 428 metros acima do nível do mar, onde estive diante de uma das vistas urbanas mais espetaculares da minha vida. Era hipnotizante observar o Victoria Harbour (Porto de Vitória) margeado pelos imensos arranha–céus.

Peak Tower

Mirante do Sky Terrace 428, na Peak Tower

O Sky Terrace 428 oferece uma visão de 360°, portanto era possível avistar, além de Hong Kong e Kowloon – esta a parte continental de HK –, as ilhas de Cheung Chau, Lamma e Lantau.

Vista do mirante The Sky Terrace 428 - Hong Kong (abaixo) e Kowloon (acima) divididas pelo Porto de Vitória

Hong Kong (em destaque) e Kowloon (acima) divididas pelo Victoria Harbour

Hong Kong (abaixo) e Kowloon (acima) divididas pelo Porto de Vitória

Hong Kong e Kowloon divididas pelo Victoria Harbour

Vista do mirante The Sky Terrace 428

Edifício Two International Finance Centre

Depois de apreciar bastante o panorama, retornamos ao interior da Peak Tower, onde nos deparamos com algumas lojas de souvenirs. De início, pensamos que aquele camelódromo requintado fosse armadilha para turista, que deveríamos guardar nosso consumismo para outra feira mais tradicional e mais barata. Mas foi difícil nos conter diante de uma infinidade de artigos típicos e quinquilharias, a preços muito em conta. Compramos muito! E fizemos certo. Nos dias que se seguiram, visitamos alguns locais onde os preços não estavam muito diferentes dos ofertados na Peak Tower. O mais interessante é que essas bugigangas eram vendidas em todo lugar, até nos pontos turísticos mais sofisticados, sempre ao mesmo preço. Lembrando a decepção da noite anterior, a Temple Street foi o local onde compramos menos – ou quase nada –, pois estava mais para um mercado de falsificados do que para uma feira de artigos típicos e souvenirs.

Tião luta contra estátua de cera de Bruce Lee, próximo à entrada do Madame Tussauds

Tião luta contra estátua de cera de Bruce Lee, próximo à entrada do Madame Tussauds

Da Peak Tower, fizemos uma pequena caminhada ecológica pelos seus arredores. Em seguida, pegamos o funicular para retornar à cidade.

A alguns metros do desembarque, na Garden Road, está a Saint John’s Cathedral (Catedral de São João), uma igreja anglicana construída em 1849. É a sede do arcebispo de Hong Kong. Simples, mas bonita. Mais que por sua beleza, atrai pela curiosidade de ser uma diocese em uma cidade cheia de templos budistas.

Interior da Catedral de Saint John

Interior da Saint John’s Cathedral

Da Saint John, continuamos descendo a Garden Road, passamos pelo Chater Garden (Jardim Chater) e pela Statue Square (Praça das Estátuas da Imperatriz).

Statue Square

Statue Square

Em seguida, procuramos um lugar para almoçar. Aquelas imediações abarrotadas de lojas de grifes de luxo seriam o último lugar da Terra em que nos candidataríamos a pagar por um prato de comida. Então decidimos andar um pouco mais no sentido do Soho, não muito longe dali. Passamos pela movimentada Queen’s Road, tentamos alguns restaurantes, mas acabamos comendo numa rua paralela chamada Stanley Street, no trecho situado entre as ruas Wellington e Gutzlaff. Ali, existem barraquinhas de comida ao ar livre e restaurantes imaculadamente chineses, sem batatas fritas, pizzas, sanduíches ou qualquer outra iguaria mais internacionalizada. É a mais pura representação da gastronomia cantonesa.

Queen's Road

Queen’s Road

Stanley Street (Soho)

Stanley Street (Soho)

Escolhemos um restaurante popular do qual não lembro o nome, onde havia clientes de todo o tipo: funcionários de escritório, hipsters, senhoras de idade, mestres de obra e outras figuras, todos honcongueses. Incorporando o estilo do apresentador de TV americano Anthony Bourdain, embebi-me da aura do local, tentei fazer a linha degustador cult e pedi a primeira refeição exótica da viagem. Meu prato era uma nada pretensiosa carne de boi com arroz e vegetais.

Carne de boi com arroz e vegetais

Carne de boi com arroz e vegetais

A Maria e a minha mãe pediram um frango, que também vinha acompanhado de arroz e vegetais.

Frango com arroz e vegetais

Frango com arroz e vegetais

Já o Élcio e a Yáskara tomaram uma sopa de noodle com carne. O Tião pediu a mesma coisa, substituindo a carne por peixe. Gostaram muito de suas refeições.

Noodle com carne

Noodle com carne

O arroz estava muito bom, mas a carne do meu prato estava estranha. Vinha envolvida numa muxiba esquisita e o gosto não era lá dos meus favoritos. Pelo menos estava comível. O importante era esnobar no manejo dos hashis. Enquanto isso, os papéis de mães e filhos eram invertidos, em que eu, minha irmã e o Élcio chamávamos a atenção das nossas progenitoras, que só reclamavam da comida. Pareciam crianças pirracentas, achavam tudo doce e resmungavam muito a cada garfada. Segundo a Maria, o seu frango estava como um pudim, em que foi derramado uma farta calda caramelada. Minha mãe arrepiava e virava os olhos, insistindo na ideia de que chinês não sabe cozinhar e de que aquele frango adocicado iria provocar-lhe diabetes.

É, a experiência foi tensa! Pelo menos ali servia Skol. Embora eu não seja muito fã dessa cerveja, era algo familiar ao meu paladar e ajudou a empurrar o resto da pelanca goela abaixo.

Skol, servida na Stanley Street

Skol, servida na Stanley Street (via Instagram)

Mesmo com todo o acesso de frescura de alguns de nós, ainda estávamos dispostos a dar outra chance à comida cantonesa. Talvez aquele restaurante fosse de quinta categoria, e, mais adiante, encontraríamos refeições espetaculares (vai nessa!).

Do almoço, continuamos nossa trajetória pelo Soho. Em Nova Iorque, Soho é um termo derivado de “South Houston“, indicando que o bairro está localizado na região ao sul da rua Houston. É, na verdade, um trocadilho com o famoso Soho de Londres. Na cidade de Hong Kong, Soho também é uma abreviação de sua localização: “South of Hollywood Road” (sul da Hollywood Road). Semelhanças à parte, o bairro honconguês é um dos meus lugares favoritos na cidade.

Wellington Street, no Soho

Wellington Street, no Soho

Passamos por galerias de arte, antiquários, camelódromos, cafés, bares (a noite seria promissora!) e por uma miríade de locais sofisticados, alternativos e decadentes. Era fascinante dobrar as esquinas e deparar com ladeiras cravejadas de prédios altíssimos, uns de arquitetura impecável, outros com fachadas completamente descuidadas urgindo por reparo. Sem falar nas roupas surradas penduradas em varais improvisados, cenário complementado por fiações embaraçadas, encanamentos expostos e aparelhos de ar condicionado espalhados desordenadamente. Por mais que isso soe terrível, eu estava em alfa!

Graham Street, no Soho

Graham Street, no Soho

Beco decadente, no Soho

Beco decadente, no Soho

Ladder Street vista da Hollywood Road

Ladder Street vista da Hollywood Road

Fachada de edifício da Holywood Road

Fachada de edifício da Holywood Road

Hollywood Road

Hollywood Road

Chegamos à conclusão de que com pedreiro chinês não tem frescura. Nas reformas ou construções, nada de andaime de ferro super-resistente. O negócio é se apoiar nas estruturas feitas de bambus amarrados por fitas pet strap. Se em Hong Kong constroem-se arranha–céus dessa maneira, quem somos nós para argumentar seus aparatos.

Andaime de bambu

Andaime de bambu

Seguindo pela Hollywood Road, praticamente na região de Sheung Wan, entramos no Man Mo Temple, o maior dos vários templos construídos em Hong Kong em honra a Man Tai e Mo Tai, deuses da literatura e da guerra, respectivamente. Ambos eram adorados por estudantes ambiciosos da China Imperial, que almejavam aprovação nos exames civis daquela época, prova que selecionava rigorosamente os melhores candidatos para servir como oficiais administrativos. Esses estudantes nada mais eram que os nossos concurseiros de hoje. Se essa onda mística pega no Brasil, vai ser um templo Man Mo em cada esquina. Eu, o Élcio, a Yáskara e o Tião que o digamos e façamos uma oferta a esses deuses.

Man Mo Temple

Man Mo Temple

No Man Mo Temple, descobri o real motivo da poluição com névoa seca em HK: os incensos. Meu Buda, quanta fumaça ardida! Aproveitando aquela velha piadinha, chinês não tem o olho puxado por causa da fritura de pasteis, e sim por causa dos incensos. Vivíamos apertando as pálpebras, de tanto que nossos olhos se irritavam.

Incensos no Man Mo Temple

Incensos no Man Mo Temple

Incensos espirais no Man Mo Temple

Incensos espirais no Man Mo Temple

Man Mo Temple

Man Mo Temple

Mesmo com a fumaceira, adorei o templo. A decoração peculiar e a devoção silenciosa encantam até os menos religiosos, agnósticos e ateus.

O Man Mo Temple fica na 126 Hollywood Road. De lá, andamos alguns quarteirões e encontramos, na altura do número 230, o Hollywood Road Park, um pequeno parque público no estilo arquitetônico chinês.

Pórtico de entrada do Hollywood Road Park

Detalhe do pórtico de entrada do Hollywood Road Park

O parque foi uma ótima surpresa, pois não estava planejado no nosso roteiro. Além de admirar seus belos jardins, compostos por pavilhões e por um lago de carpas, pudemos ver uma pequena amostra do estilo de vida dos honcongueses. Alguns idosos jogavam cartas, enquanto crianças aprendiam Kung Fu, graciosamente intimidadas com a nossa presença. Era um local de relaxamento, mesmo que seu entorno fosse cercado de altos edifícios e movimentado pelo comércio local.

Hollywood Road Park

Hollywood Road Park

O mais interessante do parque – e disso não sabíamos – é que ele é o local exato onde os britânicos levantaram sua primeira bandeira em Hong Kong, em 26 de janeiro de 1841, durante a Primeira Guerra do Ópio (1839–1842).

Do parque, seguimos para o hotel. Descansamos e, por volta das 21h, rumamos para a Golden Bauhinia Square, onde assistiríamos à queima de fogos da virada do ano.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaA Golden Bauhinia Square é uma área aberta localizada na região de Wan Chai, de frente para o Hong Kong Convention and Exhibition Centre, às margens do Victoria Harbour. É um dos locais escolhidos pelos honcongueses para celebrar o Ano Novo. O show de fogos acontece do outro lado do Victoria Harbour, em Kowloon. Já vi vídeos em que o espetáculo pirotécnico ocorre no lado da ilha de Hong Kong. De qualquer forma, ambas as partes são avistadas da Golden Bauhinia Square. Para chegar lá, pegamos a linha de metrô Island (linha azul) até Wan Chai, no sentido Chai Wan. Deixamos a estação pela saída A5 e começamos uma caminhada de 15 minutos pela passarela coberta e por um pequeno trecho de rua, sempre seguindo a sinalização que leva ao local. E como aquela era uma noite festiva, o metrô ficaria aberto até mais tarde, o que nos proporcionou um retorno tranquilo ao hotel.

Como não conhecíamos a Golden Bauhinia Square, decidimos ir para lá mais cedo, assim garantiríamos um lugar com vista privilegiada para o espetáculo de fogos. Mas nos enganamos. Chegamos lá às 21h50, e o lugar estava abarrotado de gente! Conseguimos até encontrar uma brecha junto à balaustrada, mas, para manter nosso canto reservado, tivemos que ficar de pé pelas 2 horas restantes.

Pessoas ocupam seus lugares para assistir ao show de fogos, na Golden Bauhinia Square

Pessoas ocupam seus lugares para assistir ao show de fogos da virada do ano, na Golden Bauhinia Square

Dores nas costas à parte, ficar plantado ali foi muito divertido. Os honcongueses são empolgados e civilizados. Ao contrário do que acontece no réveillon brasileiro, não éramos importunados por bêbados suados cantando “Viver e não ter a vergonha de ser feliz…“, nem mesmo nos preocupávamos com os flanelinhas no lado de fora, que extorquem nosso dinheiro por um serviço não prestado. Ademais, eu estava ao lado de familiares e amigos preciosos, portanto a festa só poderia ser muito boa.

Hong Kong vista da Golden Bauhinia Square

Hong Kong vista da Golden Bauhinia Square

Hong Kong vista da Golden Bauhinia Square

Hong Kong vista da Golden Bauhinia Square

Após a longa, porém agradável espera, começou a contagem regressiva para 2014, liderada por meio de luzes animadas na fachada do imenso ICC Tower, edifício de 484 metros de altura, localizado em Kowloon. Em seguida, estouraram-se os fogos. Sem dúvidas, um espetáculo!

Show pirotécnico da virada do ano, em Kowloon

Show pirotécnico da virada do ano, em Kowloon

Yáskara

Yáskara

Com o fim do show pirotécnico, as pessoas foram se retirando do local. Ficamos impressionados com os funcionários da limpeza municipal, que varriam e catavam lixos como formiguinhas. Não demorou muito e a Golden Bauhinia Square estava praticamente limpa. Ponto para os honcongueses!

Do show, fomos comer algo. Não havia um lugar que não estivesse lotado, então acabamos em um 7 Eleven. Porém, por mais que conseguíssemos um lugar para esticar a noite de réveillon, estávamos pregados. Ainda carregávamos os efeitos do fuso horário nas costas e nas pálpebras. Mas nada que nos impedisse de chegar ao hotel, acessar o Facebook e postar “Feliz Ano Novo, meu povo do passado! Já estou em 2014.” Lembrando que Hong Kong encontra-se 10 horas na frente do Brasil, considerando nosso horário de verão.

TERCEIRO DIA – Quarta-feira (1/1/2014)

Ngong Ping 360 (Cable Car e Ngong Ping Village), Tai O, Grande Buda, Po Lin Monastery, Citygates Outlet

Começamos nossa primeira jornada de 2014 às 10 da matina. Iríamos a um dos locais imprescindíveis em Hong Kong: a ilha de Lantau, localizada no delta do Pearl River (Rio das Pérolas). Era originalmente habitada por pescadores, mas o progresso econômico e turístico fomentou vários megaprojetos como o Aeroporto Internacional de Hong Kong, construído em 1998, a Disneylândia, construída em 2005, e o Ngong Ping 360, de 2006, uma das atrações que visitaríamos naquele dia. Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaO Ngong Ping 360 é um projeto formado pelo teleférico Cable Car e pela Ngong Ping Village, esta um complexo de entretenimento concebido para propagar e defender a veracidade cultural e espiritual da área de Ngong Ping. Suas dependências dão acesso, entre outros, ao Grande Buda, ao Po Lin Monastery (Monstério de Po Lin) e ao ponto do ônibus que leva a Tai O, uma típica vila de pescadores. Mesmo sendo um lugar distante, chegar ao Ngong Ping 360 é muito fácil. Basta pegar a linha de metrô Tung Chung (linha laranja) no sentido Tung Chung e descer nesta que é a última estação, já em Lantau. A estação do teleférico localiza-se próximo a Tung Chung. Nela, adquirimos os bilhetes para as atrações do Ngong Ping 360. Compramos o 360 Sky-Land-Sea Day Pass, um pacote que dá direito à viagem de teleférico (ida e volta), à passagem de ônibus para Tai O, ao passeio de barco nessa vila de pescadores e à atração Walking with Buddha, que poderia ser substituída por um voucher de HK$ 20 em compras na loja de souvenir do complexo. O pacote custou HK$ 225, que, na cotação daquele dia, daria algo em torno de R$ 70. Valeu muito a pena!

O passeio de teleférico é espetacular! Eu não cansava de me lembrar da minha amiga Clarice e do seu pânico no teleférico de Barcelona, este bem mais curto e bem mais baixo. O de Ngong Ping percorre uma distância de 5,7 km, numa viagem de 25 minutos. Em alguns pontos, atinge uma altura que eu não me arrisco mensurar, de tão longe do solo ou da água.

Teleférico do Ngong Ping 360

Teleférico Ngong Ping Cable Car

Lá de cima, era possível avistar o Aeroporto Internacional de Hong Kong, a topografia montanhosa de Lantau, o Buda Gigante e, mais afastado, o vasto Mar do Sul da China.

Teleférico do Ngong Ping 360

Teleférico Ngong Ping Cable Car

Teleférico Ngong Ping Cable Car

Teleférico Ngong Ping Cable Car

Assim que desembarcamos na Ngong Ping Village, percebi que aquilo tudo se tratava de uma Disneylândia budista. As lojas de souvenirs e as franquias americanas de fast–food estavam por toda parte. Contudo, os preços não eram ruins. Na maioria das lojas, encontravam-se artigos com o mesmo custo praticado no centro da cidade e nas demais atrações turísticas.

Pretendíamos começar o passeio em Ngong Ping pelo Grande Buda, mas, para otimizar nosso tempo, preferimos conhecer Tai O primeiro. Enquanto esperávamos pelo ônibus, comemos um sanduíche e, 40 minutos mais tarde, embarcamos na linha 21, que leva à vila.

Tai O é sensacional! A simplicidade de suas ruelas e de suas casas, aliada ao dia a dia dos nativos, oferece uma jornada memorável. Assim que chegamos lá, embarcamos no passeio de barco. Nele, pudemos navegar pelos canais ladeados pelas feiosinhas mas digníssimas casas de palafita e adentrar em um pequeno trecho do Mar do Sul da China.

Casas de palafita, em Tai O

Casas de palafita vistas do passeio de barco em Tai O

Casas de palafita vistas do passeio de barco em Tai O

Casas de palafita vistas do passeio de barco em Tai O

Casas de palafita vistas do passeio de barco em Tai O

Casas de palafita vistas do passeio de barco em Tai O

Casas de palafita vistas do passeio de barco em Tai O (via Instagram)

Casas de palafita vistas do passeio de barco em Tai O (via Instagram)

Passeio de barco em Tai O

Passeio de barco em Tai O

Depois do passeio de barco, atravessamos a vila pela Tai O Wing On Street, uma ruela bastante simples, movimentada por um comércio bastante interessante. Logo no começo dessa caminhada, fomos atraídos por uma senhora que fervia um chá à base de gengibre – bastante gengibre! –, limão e, se não me engano, chá verde. Para testar a credibilidade da medicina chinesa, indicamos o chá para minha mãe, que sentia muita dor de garganta e teve princípio de febre na noite anterior. Saldo do chá: Norminha se curou na hora! Ponto para os chineses! O Élcio detestou a bebida, pois a achou muito forte e doce. Eu gostei muito.

Tai O Wing On Street

Tai O Wing On Street

A vila é um resumo de boa parte da tradição chinesa. Na estreita Tai O Wing On Street, além do comércio de frutos do mar, de comidas típicas e de artesanato, vimos um pequeno templo e cantos de adoração budista; cruzamos com nativos em suas bicicletas, protegidos pelos tradicionais chapéus de palha, e com idosos e animais que se esquentavam ao sol; passamos diante dos interiores escancarados das residências, em que grupos de pessoas se divertiam com um jogo de peças que não consegui identificar; compramos alguns souvenirs, e, inevitavelmente, vimos mais frutos do mar. Era o mínimo que se poderia esperar de uma vila de pescadores.

Tai O Wing On Street

Tai O Wing On Street

Canteiro de adoração budista, na Tai O Wing On Street

Canteiro de adoração budista, na Tai O Wing On Street (via Instagram)

Tai O Wing On Street (via Instagram)

Pequeno templo na Tai O Wing On Street (via Instagram)

Da vila, retornamos a Ngong Ping. Seguimos direto ao Grande Buda, ou Tian Tan Buddha, como também é conhecido. Não somos budistas nem mesmo participávamos de qualquer manifestação religiosa, mas, como numa promessa, tivemos que escalar os 268 degraus que levam até aquela maravilhosa estátua de bronze de 34 metros de altura. Esforço compensado! Caso o turista seja portador de necessidades especiais, existe uma pequena estrada sinuosa para subir ao topo de carro.

Buda Gigante, em Ngong Ping

Grande Buda, em Ngong Ping

Buda Gigante, em Ngong Ping

Grande Buda, em Ngong Ping

Assim como o Grande Buda de Leshan, construído na Dinastia Tang (618–907), eu pensava que o de Ngong Ping fosse um monumento secular. No entanto, foi construído em 1993.

Buda Gigante, em Ngong Ping

Buda Gigante, em Ngong Ping

O imponente Buda encontra-se sentado em uma flor de lótus e rodeado por um conjunto de seis estátuas menores conhecido como A Oferta das Seis Deusas, que posam oferecendo flores, incenso, luz, pomada, fruta e música ao Buda. Essas oferendas simbolizam caridade, moralidade, paciência, zelo, meditação e sabedoria, elementos fundamentais para se atingir o nirvana. Vixe, estou longe!

Uma das seis estátuas do conjunto

Uma das seis estátuas do conjunto “A Oferta das Seis Deusas”

Uma das seis estátuas do conjunto

Três das seis estátuas do conjunto “A Oferta das Seis Deusas”

Dentro da estátua, existe uma exposição paga, que preferimos não visitar. Lá, podem ser vistos, entre outros itens, os supostos restos mortais cremados de Siddhārtha Gautama, o Supremo Buda. Somente os visitantes que fizerem uma oferenda – em dinheiro – a esse sábio fundador do budismo é que poderão ver suas cinzas. Hum, em Istambul, vi o suposto cajado de Maomé e os supostos pelos da barba desse profeta. É tudo muito suposto, e suposição não atrai minha atenção. Se Buda se desligou de tudo e de todos para chegar aonde chegou, ao pagar para ver seus restos, eu não estaria seguindo seus ensinamentos, certo?

Po Lin Monastery visto do Buda Gigante

Po Lin Monastery visto do Buda Gigante

Deixamos o Grande Buda e descemos para conhecer Po Lin, um monastério budista fundado em 1906 por três monges da província chinesa de Jiangsu. É maravilhoso, porém estava em reformas e não conseguimos ver sua fachada direito. Contudo, seu entorno é bem interessante, com jardins coloridos e megaincensos bem mais poderosos do que aqueles do Man Mo Temple, que nos fizeram chorar de ardor nos olhos.

Fotografo incensos no Po Lin Monastery

Incensos no Po Lin Monastery

Incensos no Po Lin Monastery

Incensos no Po Lin Monastery

Monges no Po Lin Monastery

Monges no Po Lin Monastery

Do Po Lin Monastery, seguimos em direção à Ngong Ping Village, passando por algumas lojas de souvenirs. Depois disso, assistimos à apresentação multimídia Walking with Buddha, que conta a história de Siddhārtha Gautama e sua trajetória até a fundação do budismo. Achei bem interessante e explicativo. Porém, para compreender a história, o visitante precisa saber inglês.

Era hora de ir embora. Da apresentação multimídia, seguimos para a estação do teleférico. Entramos na enorme fila às 16h57, e somente às 18h11 é que embarcamos no Cable Car. A viagem de volta também foi espetacular, com vistas para a cidade já se iluminando e a companhia de um simpático casal de indianos, que nos ensinou um pouco mais sobre a história do Buda.

Ao descer em Tung Chung, deveríamos ter nos dirigido à estação de metrô, mas a consumista da minha irmã descobriu um shopping outlet ali ao lado, chamado Citygates Outlets. O resto você já sabe: muitas compras! Mesmo bastante cansados, não fizemos pouco caso das ofertas de roupas, calçados, cosméticos, doces, entre outros. Com as sacolas cheias e os bolsos vazios, pegamos o metrô de volta para o hotel.

No metrô, após compras no Citygates Outlets

No metrô, após compras no Citygates Outlets

Para complementar o roteiro daquele primeiro dia do ano, poderíamos ter tentado uma atividade noturna, mas, devido ao fuso horário, nosso ritmo circadiano ainda não estava regulado. Para quem não sabe – eu não sabia –, ritmo circadiano é o período de 24 horas em que o ciclo biológico de quase todos os seres vivos se baseia. Nesse processo fisiológico, somos influenciados pela variação da luz, da temperatura, das marés e dos ventos que sopram entre o dia e a noite. Isso influi na digestão, no sono, no estado de vigília, na temperatura corporal e na renovação das células, portanto pode cansar a beleza. Desajustados, pois, aquele não seria o dia mais indicado para uma esticada noite afora. Comemos um lanche mais reforçado e encerramos o dia.

QUARTO DIA – Quinta-feira (2/1/2014)

Nan Lian Garden, Chi Lin Nunnery, Wong Tai Sin Temple, Kowloon Walled City Park, Temple Street, Avenue of Stars

Com nossos relógios biológicos praticamente acertados, acordamos cheios de vigor e seguimos para o Nan Lian Garden, um jardim localizado em Kowloon, na região de Diamond Hill. Desenhado no estilo da Dinastia Tang, possui um dos projetos paisagísticos mais bonitos que eu tenha visto.

Entrada do Nan Lian Garden

Entrada do Nan Lian Garden

O jardim está repleto de valiosas árvores antigas que mais parecem bonsais gigantes. Os pequenos lagos e impecáveis construções complementam a beleza do lugar.

Nan Lian Garden

Nan Lian Garden

Nan Lian Garden

Nan Lian Garden

Junto ao jardim, existe uma exposição de maquetes de casarões meticulosamente trabalhadas em madeira, além de uma loja de souvenir, de uma lanchonete e de uma casa de chá.

Atrás do Nan Lian Garden está o Chi Lin Nunnery, um belíssimo convento fundado em 1934. Também possui o estilo arquitetônico da Dinastia Tang. Seus elegantes prédios de madeira acolhem tesouros budistas e uma série de templos que abrigam estátuas de divindades constituídas de ouro, barro e madeira.

Chi Lin Nunnery

Chi Lin Nunnery

Estranhamente, tanto no Nan Lian Garden quanto no Chi Lin Nunnery havia pouquíssimos turistas, mesmo sendo atrações gratuitas. Para chegar lá, pegamos a linha de metrô Kwun Tong (linha verde) no sentido Tiu Keng Leng e descemos na estação Diamond Hill.

Encantados com as atrações que havíamos acabado de visitar, rumamos para o Wong Tai Sin Temple. No roteiro, eu tinha planejado de ir a pé até lá, mas, para ganhar tempo, decidimos pegar o metrô. Portanto, retornamos à Diamond Hill e embarcamos no sentido Yau Ma Tei, descendo na estação Wong Tai Sin. Rente a essa estação, está o shopping Wong Tai Sin Plaza, onde resolvemos dar uma pausa para comer. Aquele almoço foi a nossa última tentativa de se ajustar aos sabores de Hong Kong. Na praça de alimentação, havia opções interessantes de restaurantes, mas preferimos escolher um fast–food, sentindo-nos seguros de que esse tipo de estabelecimento nos serviria uma comida de sabor mais universalizado, mesmo que tipicamente cantonesa. Enfim, a comida estava pior do que a que comemos na Stanley Street, no Soho. Todos saímos traumatizados do lugar. Nem lembro o que meus companheiros de viagem pediram, só sei que a iguaria principal do meu prato era carne de boi, que lá eles chamam de beef, ou, conforme termo aportuguesado, bife. Se é bife, que seja bife. Mas o bife era bofe, um emaranhado visceral que misturava pedaços de carne com pele, pelanca e gordura. Desculpe-me a frescura, amigo leitor, mas aquilo estava indigerível! Mais uma vez, enfiei minha fantasia de Anthony Bourdain no saco e desisti de ser um explorador gastronômico. Essa profissão é uma cilada! Enfim, há quem goste, e longe de mim ser um cerceador de práticas turísticas, principalmente as que envolvam culinária local.

Que nutrólogos, nutricionistas e meu colega Eduardo me atirem várias pedras, mas, com base no desastre gastronômico acima, friso que todos os pais deveriam ensinar seus filhos a comer no McDonald’s. À parte o fato da criança crescer obesa, com taxas de glicose, triglicérides e colesterol altas, com tendências a uma má formação óssea e probabilidade de sofrer de distúrbios emocionais e cardíacos, o McDonald’s torna-se uma mãe quando o assunto é comida esquisita. No desespero, não há estrangeiro que sucumba a uma corrida até um dos restaurantes da malfalada rede de fast–foods. Além do McDonald’s, nessa deseducação gastronômica voltada ao consumo de junk food, Subway pode, Burger King Pode, Pizza Hut pode e Starbucks também pode. Não são mães, mas são tias. Pensando melhor e já tentando me redimir, ensine seu filho a comer comida nutritiva ruim. Será mais fácil para ele quando for à China e eu não morro apedrejado.

Depois almoço – e da compra de alguns pares de tênis –, fomos ao Wong Tai Sin Temple, logo ao lado do shopping.

Pórtico do Wong Tai Sin Temple

Pórtico do Wong Tai Sin Temple

Esse templo, junto às outras atrações já visitadas naquela quinta-feira, fazia do dia a jornada arquitetônica paisagista mais bacana da viagem. Que lugar maravilhoso!

Wong Tai Sin Temple

Wong Tai Sin Temple

Wong Tai Sin Temple

Wong Tai Sin Temple

Pátio do Wong Tai Sin Temple

Pátio do Wong Tai Sin Temple

De frente para o templo, existe um pequeno pátio lotado de pessoas ajoelhadas sacudindo um copo de bambu com 100 palitos numerados dentro. Essa prática chama-se Kau Cim, um ritual de adivinhação em que a pessoa que sacode o copo deve fazer uma pergunta silenciosamente. A resposta estará no primeiro palito que cair no chão. O indagador deverá apresentar o palito a um vidente. Este, por meio do número identificado, responderá à pergunta. Os videntes de Wong Tai Sin ficam num setor ao lado do pátio.

Maria, Yáskara e minha mãe fazem pergunta enquanto chacoalham copo com palitos

Maria, Yáskara e minha mãe praticam o Kau Cim

A aura mística do Kau Cim desaparece quanto a pessoa descobre que a leitura de sua sorte é paga, e o vidente, enquanto conversa com o cliente já sentado, fica convidando outros que passam por ali para lerem a sorte na sua barraca, sem concentrar muito no que está propagando. A minha mãe não resistiu àquela prática religiosa e achou que ouviria belas mensagens, mas a vidente foi curta e grossa: “Não selá um bom ano pala você” (sotaque chinês por minha conta). Pobre mamis!

Na prática do Kau Cim, vidente responde à pergunta da minha mãe

Na prática do Kau Cim, vidente responde à pergunta da minha mãe

Após a leitura da sorte – ou do azar –, fizemos um passeio pelas dependências do Wong Tai Sin, formadas por jardins, lagos e construções fantásticos. Nota 10 para a equipe de manutenção do templo!

Good Wish Garden, no Wong Tai Sin Temple

Dependências do Wong Tai Sin Temple

Good Wish Garden, no Wong Tai Sin Temple

Dependências do Wong Tai Sin Temple

Como já de praxe, compramos belos souvenirs, encerrando nossa visita ao local. De lá, rumamos para o Kowloon Walled City Park (Parque da Cidade Murada de Kowloon). Caminhar a pé de Wong Tai Sin até lá não seria um monstro de sete cabeças, mas, novamente, preferimos ir de metrô. No entanto, a estação Lok Fu, onde desembarcamos, não é tão perto do parque, o que nos rendeu uma pequena batida de perna. Existem linhas de ônibus que servem o local, mas eu não havia pesquisado sobre isso.

Hoje, o Kowloon Walled City Park é apenas um belo parque, mas visitá-lo é imprescindível. Aquele local de muita paz e belos jardins já foi uma área densamente povoada e sem governo, de prédios superdecadentes praticamente colados uns aos outros e com instalações sanitárias bastante precárias. Originalmente, era uma fortaleza militar chinesa, mas, após a ocupação inglesa em 1898, transformou-se em um território de características culturais e sociais próprias dentro de Hong Kong. Com a ocupação japonesa durante a Segunda Guerra Mundial, sua população aumentou consideravelmente, chegando a mais de 33.000 habitantes no final da década de 1980. Entre as décadas de 1950 e 1970, era controlada por megaorganizações criminosas, e os índices de prostituição, de uso de drogas e de jogos de azar eram altíssimos. Foi considerada a maior favela vertical do mundo.

Maquete da Cidade Murada de Kowloon, no Kowloon Walled City Park

Maquete da Cidade Murada de Kowloon, no Kowloon Walled City Park

Em 1987, o governo de Hong Kong decidiu demolir a Cidade Murada. Em 1993, após um longo e complicado processo de despejo, iniciou-se a derrubada daquele monstruoso e insalubre complexo habitacional, sendo concluída um ano depois, em abril de 1994.

Além de seus jardins, o Kowloon Walled City Park abriga uma exposição bem bacana, composta por vídeos e alguns poucos elementos históricos remanescentes dessa antiga comunidade.

Ruínas do portão sul da Cidade Murada de Kowloon, no Kowloon Walled City Park

Ruínas do portão sul da Cidade Murada de Kowloon, no Kowloon Walled City Park

De lá, iríamos ao Tin Hau Temple, em Yau Ma Tei. Estava previsto para irmos de metrô, mas a estação ficava um pouco distante. Então, aconselhados por um funcionário do Kowloon Walled City Park, fomos pegar um ônibus.

Na caminhada até o ponto, entre as ruas Carpenter e Prince Edward, as fachadas dos prédios não ficavam mais bonitas e nem mais organizadas, mas era um cenário de que eu gostava muito. É uma Hong Kong ainda mais rude, aparentemente influenciada pela arquitetura caótica da Cidade Murada.

Fachadas de edifícios da Tak Ku Ling Road, a um quarteirão da Cidade Murada de Kowloon

Fachadas de edifícios da Tak Ku Ling Road, a um quarteirão do Kowloon Walled City Park

Não me lembro por que, mas ficamos muito confusos no ponto de ônibus, localizado na Prince Edward Road. As linhas pareciam se dirigir na direção contrária a Yau Ma Tei, portanto preferimos pegar um táxi. Os motoristas (foram dois táxis) nos deixaram na praça Yung Shue Tau, que é exatamente onde o Tin Hau Temple se localiza. Mesmo estando ali ao lado, não avistamos o templo e nos afastamos. No bater de pernas, acabamos na Temple Street, a rua do mercado noturno que nos decepcionou no primeiro dia. Depois de muito giro, descobrimos que o Tin Hau Temple é um templo pelo qual havíamos passado no primeiro dia em Hong Kong. Infelizmente, estava fechado. E já que estávamos próximos à Temple Street, para lá nos dirigimos. Era preciso dar uma segunda chance ao seu mercado noturno, mesmo que às 16h30. Nessa segunda ida à rua, conhecemos sua outra parte, que se inicia na Kansu Street e se estende até a Jordan Road.

Pórtico da Temple Street visto da Kansu Street

Pórtico da Temple Street visto da Kansu Street

Não fossem os belíssimos artigos de cama adquiridos pela Maria, eu diria que o retorno à Temple Street teria confirmado a decepção da nossa primeira visita ao lugar. Reafirmo a ideia de que ninguém deve prescindir a atração com base nas minhas críticas, principalmente por ser um ponto turístico bastante conhecido, mas, novamente, não vimos nada mais que um camelódromo ruim. De qualquer forma, o movimento era bacana.

Temple Street
Temple Street

Ainda teríamos que ir ao Kowloon Park, mas alguns imprevistos ao longo do dia atrasaram nosso roteiro. Já era um pouco tarde e decidimos voltar ao hotel para um breve descanso.

Mais à noite, quase revigorados e sem a Maria e o Élcio, retornamos a Kowloon para assistir ao Symphony of Lights (Sinfonia de Luzes), espetáculo que acontece todos os dias às 20h, na ilha de Hong Kong. O show é visto da Avenue of Stars (Avenida das Estrelas), um calçadão que homenageia a indústria cinematográfica de HK, situado às margens do Victoria Harbour.

Chegamos 20 minutos antes do show, e o calçadão estava lotado! Ficamos petrificados com a beleza da ilha de Hong Kong iluminada! Embora tivéssemos contemplado um cenário noturno parecido na noite de réveillon, aquele visto da Avenue of Stars era imbatível. Que começasse, pois, o Symphony of Lights!

Ilha de Hong Kong vista da Avenida das Estrelas

Ilha de Hong Kong vista da Avenue of Stars

Ilha de Hong Kong vista da Avenida das Estrelas

Ilha de Hong Kong vista da Avenue of Stars

O show foi um pouco decepcionante. Ao som de uma música orquestrada, as luzes das dezenas de edifícios de Hong Kong se sincronizavam à melodia, mas o impacto visual não era grande coisa. Eu esperava por algo mais agressivo, com iluminações mais rápidas e ostensivas. No entanto, o ápice da apresentação foi uma simples projeção de raios laser.

Projeção de laser no espetáculo Symphony of Lights, na ilha de Hong Kong

Projeção de laser no espetáculo Symphony of Lights, na ilha de Hong Kong

Ouvi dizer que parte do espetáculo é composto por um show pirotécnico, mas isso não aconteceu. De qualquer forma, o Symphony of Lights possui suas qualidades. Imagine sincronizar uma música ao piscar de luzes de edifícios que se localizam a centenas de metros uns dos outros, numa precisão de milésimos de segundos!

O show durou uns 15 minutos. Depois dele, caminhamos pela Avenue of Stars. Sua extensão expõe 100 anos de história do cinema de Hong Kong, contada por meio de inscrições gravadas em nove pilares. Pelo chão, as celebridades são homenageadas em placas que possuem suas assinaturas e as palmas das mãos gravadas no cimento. A honra maior é atribuída ao ator e mestre das artes marciais Bruce Lee, para quem foi erguida uma estátua de bronze de 2 metros e meio. Impossível não se irritar com os turistas que levam 900 minutos para elaborar suas poses e fotografá-las junto à estátua, como se ninguém mais quisesse uma foto ali. E cada pose…

Estátua de Bruce Lee, na Avenida das Estrelas

Estátua de Bruce Lee, na Avenue of Stars

Também na Avenue os Stars, estão localizados o Hong Kong Museum of Art (Museu de Artes de Hong Kong), o Space Museum (Museu Espacial), o Cultural Centre (Centro Cultural) e a Clock Tower (Torre do Relógio).

Caravela utilizada em passeios turísticos vista da Avenida das Estrelas

Junco utilizado em passeios turísticos pelo Victoria Harbour, visto da Avenue of Stars

Poderíamos ter dado uma esticada até a Haiphong Road, a poucos quarteirões dali, de frente para o Kowloon Park. Essa rua é famosa pelos seus dai pai dong e cha chaan teng, que são, respectivamente, restaurantes ao ar livre a casas de chá. O lugar, certamente, não é luxuoso, mas dizem que a comida é deliciosa, barata e demonstra um pouco de uma cultura quase extinta. Entretanto, estávamos bem cansados – e ainda assustados com a culinária cantonesa –, então decidimos voltar para o hotel. Além de que iríamos a Macau no dia seguinte, e, para isso, teríamos que acordar bem cedo. Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaMesmo tendo passado por experiências não muito boas com a culinária cantonesa, não posso deixar de indicar uma visita à Haiphong Road. Assente-se em uma modesta cadeira de plástico, apoie os cotovelos em uma mesa dobrável e escolha entre uma variedade de pratos de arroz, noodles, carnes ou frutos do mar. Para chegar lá, pegue a linha vermelha do metrô e desça na estação Tsim Sha Tsui. 

QUINTO DIA – Sexta-feira (3/1/2014)

Macau e Hollywood Road

Escolhemos este dia para uma ida do tipo bate e volta a Macau, uma das regiões administrativas especiais da República Popular da China. Essa curta viagem é passeio obrigatório para quem vai a Hong Kong, portanto tivemos que incluí-la no nosso roteiro.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaIr a Macau partindo de Hong Kong é superfácil e barato. A viagem de ferry boat dura pouco mais de 1 hora e custa a partir de HK$ 124, que, naquela época (janeiro de 2014), valia por volta de R$ 38. Existem dois terminais de ferry boat em Hong Kong: o Shun Tak (Central), localizado na região de Sheung Wan, na ilha de Hong Kong, e o China Ferry Terminal, situado na região de Tsim Sha Tsui, em Kowloon. Os ferries de Shun Tak partem de 15 em 15 minutos, das 7h às 24h, enquanto os de Tsim Sha Tsui partem a cada meia hora, também das 7h às 24h. Para comprar bilhetes online, acesse o site da TurboJET, empresa de ferry boats (www.turbojet.com.hk).

O passeio por Macau foi bem bacana, embora corrido. Clique aqui e veja como foi nossa jornada pela “Monte Carlo do Oriente”.

Embarcamos de volta para Hong Kong às 16h15. Como chegamos cedo, aproveitamos para finalmente conhecer a noite na cidade. Percorrer os bares da Hollywood Road era um desejo já consolidado, e não vimos outro momento senão aquele para uma boemizada na nossa viagem.

Enquanto as mães e a minha irmã faziam compras no ICF Mall, shopping situado no edifício de mesmo nome, eu, o Élcio e o Tião subíamos a Hollywood Road desde seu início, na altura do Holywood Road Park, bem próximo ao hotel. Não demorou e encontramos um restaurante tailandês que nos interessou bastante: o Chachawan. Embora seja um restaurante, fizemos um happy hour curto e da melhor qualidade.

Happy hour no Chachawan

Happy hour no Chachawan

Durante o tempo em que bebíamos, eis quem aparece: minha irmã. Quem disse para ela que estaríamos ali?! Ela nem tem conta no Foursquare para ver que fiz check-in no local… Enfim, diz ela que deixou as mães no hotel e seguiu à nossa procura. Achou!

Do Chachawan, continuamos nossa subida pela Hollywood Road. Passamos diante de vários bares, bistrôs, restaurantes, cafés, todos cheios de pessoas interessantes e, infelizmente, caros. Como em todo estabelecimento bem frequentado, os preços são, inevitavelmente, altos. Mas encontramos alguns lugares em conta, como o French American Bistro (F.A.B.) e o The Wheel, sports bar onde encerramos a jornada pela rua.

Satisfeitos com a Hollywood Road e com vontade de retornar ali no dia seguinte, fomos embora dormir.

SEXTO DIA – Sábado (4/1/2014)

Stanley (Tin Hau Temple, Murray House, Blake Pier, Ma Hang Park, Pak Tai Temple e Stanley Market)

Começamos aquela manhã pela cidade de Stanley, uma das principais atrações turísticas de Hong Kong. Não fica perto do centro, mas chegar lá é bem fácil.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaAs linhas de ônibus que servem Stanley são a 6, 6A, 6X, 66 e 260, todas partindo do terminal que fica próximo à estação de metrô Central. Quem pega o metrô deve deixar a estação Central pelo portão A, atravessar a Queensway pela passarela e seguir até o terminal. A passagem do ônibus pode ser paga com o Octopus Card. A viagem dura por volta de 40 minutos e a paisagem é bem interessante.

O astral de Stanley é sensacional! Não tem nada a ver com o frenesi de Hong Kong, e está mais para uma cidade litorânea Catarinense do que para uma lugarejo chinês. A paz e a tranquilidade, aliadas à evidência de alta qualidade de vida – ricos –, faz daquela cidadezinha uma atração obrigatória para quem vai a HK.

Stanley

Stanley

Lá, começamos com uma rápida visita ao Tin Hau Temple, que, assim como seu homônimo em Yau Ma Tei, é um dos templos dedicados a Mazu, deusa do oceano e da mitologia chinesa. É pequenininho, mas bem bacana.

Tin Hau Temple, em Stanley

Tin Hau Temple, em Stanley

Altar do Tin Hau Temple, em Stanley

Altar do Tin Hau Temple, em Stanley

Do templo, passamos pela Murray House, um casarão vitoriano construído em 1844 para servir de alojamento para os oficiais britânicos. Foi também um local de execução de cidadãos chineses durante a ocupação japonesa, na Segunda Guerra Mundial. Depois disso, vários departamentos governamentais se instalaram ali, mas acredito não terem havido uma boa estadia. Sentenciado como mal assombrado – não era por menos! – o edifício foi oficialmente exorcizado duas vezes pelo Governo. De 2005 a 2013, seu subsolo abrigou o Hong Kong Maritime Museum (Museu Marítimo de Hong Kong), atualmente situado no Central Pier 8 de HK.

Murray House

Murray House

A impressão que tenho é de que o passado da Murray House é algo para ser esquecido. Talvez a angústia de sua história seja um incômodo para os honcongueses, que preferem que o casarão não seja visto como algo além de um mero edifício, que hoje abriga apenas um restaurante.

De frente para a Murray House, está o Blake Pier, um cais público construído em 1909. Localizava-se, originalmente, no final da Peddar Street, no distrito central de Hong Kong, onde servia de ancoradouro para VIPs como chefes de estado e dignitários da realeza britânica. Em 1965, o Governo de Hong Kong decidiu desmontá-lo, reconstruindo-o no Morse Park, em Kowloon, onde funcionou como pavilhão por 40 anos. Em 2006, foi transferido para Stanley, seu posto atual, onde voltou a ser um cais público.

Blake Pier

Blake Pier

Depois da visita ao Blake Pier, fizemos um brevíssimo passeio ecológico pelo Ma Hang Park, uma área verde localizada ao lado da Murray House. Seguimos até o Pak Tai Temple, um templo minúsculo dedicado ao deus protetor dos pescadores, construído em 1805 quando Stanley era uma grande aldeia pesqueira. A vista de lá é bem bacana.

Blake Pier visto do Stanley Ma Hang Park

Blake Pier visto do Ma Hang Park

Yáskara, na orla do Stanley Ma Hang Park

Yáskara, na orla do Ma Hang Park

Depois da breve visita ao Pak Tai Temple, chegara o momento do dia mais esperado pela minha mãe: compras no Stanley Market. Na verdade, todos estávamos à espera dessa atração. Por mais que tivéssemos passado em várias feiras daquele tipo, sentíamos que naquela encontraríamos os melhores artigos. E não nos decepcionamos! Os preços estavam ótimos e havia uma boa variedade de barracas. Gastamos mais de duas horas comprando souvenirs, roupas, artesanatos, malas e uma infinidade de outras bugigangas made in China.

Stanley Market

Stanley Market

Não temo em afirmar que o Stanley Market é a melhor feira de Hong Kong. Compramos tanto que até esquecemos de almoçar. E olha que já passavam das 16h! Mesmo assim, encontrar um bom lugar para nos abastecer não foi difícil. Ao longo do calçadão de Stanley, existem várias opções de restaurante. Comemos bastante, bebemos uma cervejinha, passeamos mais um pouquinho pelo balneário e pegamos o ônibus de volta para o centro.

As caminhadas noturnas até o hotel eram sempre interessantes, mesmo após uma jornada cansativa, como aquela em Stanley. Era um curto espaço de tempo que tínhamos para observar parte do cotidiano dos honcongueses da região de Sheung Wan. No trajeto, passávamos nas confeitarias e comprávamos pães, tortas e biscoitos variados para comer no quarto. Conforme eu já disse, essas iguarias são praticamente iguais às que encontramos nas padarias brasileiras. Algumas um pouco adocicadas, como o pão de queijo, mas deliciosas, mesmo assim.

Retornando para o hotel, na Des Voeux Road Central

Retornando para o hotel, na Des Voeux Road

Ônibus do tipo double-decker, na Des Voeux Road Central

Ônibus do tipo double-decker, na Des Voeux Road

Des Voeux Road Central

Des Voeux Road

Mais à noite, saímos para jantar eu, a Yáskara e o Tião. Mesmo com os incidentes gastronômicos que tivemos na viagem, ainda acreditávamos que comeríamos uma deliciosa refeição típica. Minha irmã inclusive vinha desde o Brasil com a vontade de comer os saborosos – ou não – dim sum, que são pequenas porções de delicados pasteis cozidos no vapor ou fritos. Seu recheio pode ser feito de ingredientes como frango, porco, boi e camarão, além das opções vegetarianas. A iguaria surgiu na China há mais de mil anos, e passar uma temporada em Hong Kong sem experimentar um dim sum é a mesma coisa de ir ao Brasil e não comer arroz com feijão, tropeiro, feijoada, moqueca, coxinha de frango, pão de queijo ou churrasco. Já adiantando parte do final infeliz da nossa aventura gourmet por HK, não provamos o bendito pastel. Sei lá se faltaram oportunidades, só sei que não senti nem o cheiro da belezura. Talvez o dim sum seria a redenção, que nos recompensaria por todo o drama sofrido a cada prato rejeitado durante a viagem. Mas não.

Procuramos por um lugar próximo ao hotel e acabamos num restaurante fast–food chamado Cafe de Coral, situado na esquina das ruas Wing Lok e Morrison. O resto você já sabe: não comemos bem. Dez a zero para a comida cantonesa! 40% do nosso insucesso se deveu à moça do caixa, que falava inglês para dentro e balbuciou um monte de informações confusas sobre o menu. Os outros 60% atribuo à refeição.

Do Cafe de Coral, fomos embora. Para não frustrar o resto do dia, comprei umas cervejas no 7 Eleven, levei para o quarto, dividi com o Élcio e fui dormir excelentemente bem.

SÉTIMO E ÚLTIMO DIA – Domingo (5/1/2014)

Ocean Park e Hollywood Road

Reservamos o último dia da nossa viagem para conhecer o Ocean Park, um complexo formado por um parque de diversões e por diversos parques temáticos voltados aos animais, sejam marinhos ou terrestres, além de outras pequenas atrações. Enfim, é diversão que não acaba mais! Confesso que eu estava bem resistente a esse passeio, na crença de que seria uma jornada cansativa por zoológicos maçantes e brinquedos triviais. Amigo leitor, ainda bem que não deixei de ir! O Ocean Park é sensacional, atração obrigatória para todas as idades em Hong Kong.

Entrada do Ocean Park

Entrada do Ocean Park, no setor The Waterfront

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaO Ocean Park está localizado na região de Wong Chuk Hang e na colina de Nam Long Shan. O bilhete, que custa HK$ 320 (por volta de R$ 99 naquela época), não é caro, principalmente se for levado em consideração o tanto de atrações que ele dá direito. Para chegar lá, basta pegar as linhas azul ou vermelha do metrô e descer na estação Admiralty. Na saída B está o ponto do Citybus Route 629, ônibus que leva ao parque. A passagem pode ser paga com o Octopus Card.

A entrada do parque é em Wong Chuk Hang, na parte chamada The Waterfront. Preferimos conhecer primeiro a parte The Summit, na colina de Nam Long Shan, onde estão as montanhas russas e brinquedos mais legais. Para chegar lá, pode-se ir de teleférico ou por meio de um funicular subterrâneo chamado Ocean Express. É claro que de teleférico é bem mais interessante, afinal a vista é espetacular!

Teleférico do Ocean Park

Teleférico do Ocean Park

No teleférico do Ocean Park

No teleférico do Ocean Park

No teleférico do Ocean Park (via Instagram)

No teleférico do Ocean Park (via Instagram)

Ainda do teleférico, avistamos a Hair Raiser, uma montanha russa de levantar até os meus cabelos. Como crianças, assim que desembarcamos em The Summit, eu, o Élcio, o Tião e a Yáskara corremos para aquela atração. Foi sen-sa-cio-nal! Deixamos o brinquedo com um grito de “de novo” reprimido, pois ainda havia muito o que visitar no parque.

Montanha russa Hair Raiser, no setor The Summit do Ocean Park

Montanha russa Hair Raiser, no setor The Summit do Ocean Park

Área Thrill Mountain, no setor The Summit do Ocean Park

Área Thrill Mountain, no setor The Summit do Ocean Park

Entre brinquedos e exposições de animais, vimos pinguins, focas e outros animais marinhos e embarcamos em montanhas russas bem menos radicais que a Hair Raiser, mas emocionantes, mesmo assim.

Pinguins do South Polar Spectacular, atração da área Polar Adventure

Pinguins do South Polar Spectacular, atração da área Polar Adventure

Nesse meio tempo, eu via pessoas caminhando pelo parque com as calças molhadas. Pensei na hipótese de bexigas soltas, mas ali havia tanto banheiro que a minha cogitação não procedia. Somente fui entender isso quando embarcamos no The Rapids, um bote que trafega por uma corredeira artificial. O brinquedo, em si, não é radical, mas levar guichadelas d’água foi bastante divertido, conforme você pode ver no vídeo que segue.

A receita para tanta diversão é bastante simples: aposte no pão-durismo, recuse pagar R$ 13 em uma capa de chuva e saia do The Rapids tão “mijado” quanto às pessoas que eu havia visto pelo caminho.

Depois do The Rapids, aventuramo-nos por outras atrações, onde inclusive nossas mães despencaram de elevador, gritaram em montanha russa, mergulharam em trenó aquático e tudo mais que todas as idades têm direito.

Eu, Élcio e Tião, na montanha russa The Dragon, área Marine World

Eu, Élcio e Tião, na montanha russa The Dragon, área Marine World

Em meio a tanta adrenalina, tínhamos à disposição uma visão excepcional do mar e de algumas ilhas e baías de Hong Kong.

Ilha Middle Island, entre as baías Deep Water Bay e Repulse Bay, vista do The Summit, Ocean Park

Ilha Middle Island, entre as baías Deep Water Bay e Repulse Bay, vista do The Summit, Ocean Park

Canal de Aberdeen visto do The Summit, Ocean Park

Canal de Aberdeen visto do The Summit, Ocean Park

O momento mais fuefo do passeio foi o Ocean Wonders, um show estrelado por golfinhos e leões marinhos na arena aquática do Ocean Theatre. Eu ainda continuo com pena daqueles bichinhos, que, involuntariamente, são sujeitados a uma vida estressante de apresentações diárias em troca de sardinhas. Porém, confesso que fiquei encantado com suas performances.

Apresentação dos golfinhos do Ocean Wonders

Apresentação dos golfinhos do Ocean Wonders

Apresentação teatral com o leão marinho do Ocean Wonders

Apresentação teatral com o leão marinho do Ocean Wonders

Depois do show dos mamíferos, fomos a alguns brinquedos no The Summit e embarcamos no teleférico de volta para The Waterfront, onde visitamos o Grand Aquarium, vimos alguns pandas e passeamos por outras pequenas atrações.

Grand Aquarium

Grand Aquarium, no The Waterfront

Grand Aquarium, no The Waterfront

Grand Aquarium, no The Waterfront

Panda gigante do Hong Kong Jockey Club Sichuan Treasures, no setor The Waterfront, Ocean Park

Panda gigante do Hong Kong Jockey Club Sichuan Treasures, no setor The Waterfront, Ocean Park

Finalizamos o passeio pelo Ocean Park contentíssimos. Gastamos um dia inteiro para conhecer quase todo o parque, e valeu muito a pena. Um bilhete barato com direito a tanta diversão não se vê nem aqui nem na China! Mas se vê em Hong Kong (quem sabe na China).

Retornamos ao hotel para dar uma ajeitada nas bagagens. No dia seguinte, partiríamos para Kuala Lumpur, e seria necessária uma certa habilidade para encaixar nas malas toda a tralha adquirida naqueles memoráveis sete dias em Hong Kong. Com as bagagens já no ponto, tomamos um banho, ficamos bonitos e rumamos mais uma vez para a Hollywood Road.

Na altura do número 83, existe um restaurante vietnamita muito legal chamado H.E.A.T. Na primeira ida àquela rua, havíamos passado pela porta desse local, mas achamos que talvez fosse muito caro e seguimos adiante. Nesta segunda ida à Holywood Road, motivados por um quadro do H.E.A.T. que anunciava rodada dupla de bebidas, não titubeamos e ali escolhemos uma mesa para passar a noite. No mais, não era tão caro assim. Para tornar nossa noite ainda mais bacana, fomos atendidos pela Rita Au, uma honconguesa simpatissíssima que logo logo se tornou a nossa mais nova amiga de infância. Lovely Rita!

No H.E.A.T, com Rita Au

No H.E.A.T., com Rita Au

Depois de uma interessante discussão sobre cultura chinesa, de uma curta aula de alfabeto cantonês e de degustar tantos bons drinques, fomos embora para o hotel, despedindo de cada metro quadrado da cidade. Nesse percurso, eu refletia sobre a ideia de que todo estrangeiro deveria passar pelo menos três dias em Hong Kong, tempo suficiente para iniciar ponderações lucrativas sobre diversidade, dinamismo e eficiência. A tradição e a disciplina chinesas, aliadas à interferência britânica, deram origem a uma civilização de altíssimo nível, ciente de seus direitos e deveres e disposta a contribuir para o desenvolvimento. Por mais utópico que isso possa soar, foi o que percebi.

Eu acreditava que Hong Kong fosse apenas mais um lugar bacana, mas não imaginava que deixaria o país com o coração cheio de nostalgia. Antes de partir, já estava com saudades não só da sua beleza natural e do seu exotismo urbano, mas também de boa parte do seu modo de viver. E estou certo que voltarei lá, com menos frescura para comer e mais disposição para devorar sua cultura. Quero viver novamente a sensação de ser um brasileiro sem ter que ser abordado com menções estereotipadas do tipo “samba“, “Neymar” ou “ai se eu te pego“. Em Hong Kong, éramos estrangeiros não estigmatizados e respeitados pelas nossas diferenças, as quais não despertavam interesse constrangedor nem desprezo. Por tudo isso – ensinado pela nova amiga Rita Au sobre como dizer “obrigado” em cantonês –, para Hong Kong deixo o meu mais sincero doh je.

Doh je, Hong Kong!

Fui e vou voltar - Alessandro Paiva contato@fuievouvoltar.com

Sobre Alessandro Paiva

A graphic designer who loves cocktail and travelling. Check my cocktail blog at pourmesamis.com, my travelling blog at fuievouvoltar.com and my graphic design portfolio at www.alessandropaiva.com.

Um Comentário

  1. alexandre

    Texto 10 como sempre! Acho me sentiria completamente perdido em Hong Kong. Desmaiei só de ler a odisseia que foi ir e voltar. Meu Deus, eu piraria que nem a chinesa no aeroporto!
    Minha irmã está morando numa cidade vizinha a Hong Kong e invariavelmente vai passear e fazer compras. Engraçado que até agora (ela foi no final de dezembro) ela não se aventurou a comer nada local. Só vai a restaurantes não chineses. Quer dizer, vai comer um dim sum e só, então vocês foram corajosos. Eu confesso que amarelaria bonito.

    • Alessandro Paiva

      Ahahahahahahaha! Que vídeo é esse?!?! Ahahahaha! Afe-Maria! Enfim, não criticaria sua irmã, Alexandre, porque, como você pôde perceber, não gostamos muito da comida de HK, mas muito estrangeiro adora. No mais, nossa atitude foi pouco aventureira, e acho que deveríamos ter tentado mais. Ontem mesmo vi o episódio de HK, do Cidades Bacanas, do canal TLC (http://www.tlctv.com.br/na-tv/vi-gostei-e-voltei/). Teve coisa que o apresentador não conseguiu comer, como a sopa de cobra, mas, no geral, a comida era muito boa na opinião dele. Tem, por exemplo, o tal do pão abacaxi – que não leva abacaxi na receita –, que é bem interessante. Ele também passou por alguns dai pai dongs (comida de rua) e gostou muito. Fora o tanto de coisa legal que ele contou como vida noturna e cotidiano de uma forma geral.

      No mais, muito obrigado pelo comentário. Abraço!

  2. Pingback: O curry multissensorial de Kuala Lumpur | Fui e vou voltar

  3. GUSTAVO

    Alessandro, bom dia?

    Vc aprovou o IBIS? E a região de Sheung Wan?

    Obrigado!

    • Alessandro Paiva

      Oi, Gustavo! Gostei demais do IBIS. É o de Sheung Wan sim, de janelas coloridas. É confortável, possui duas lojas de conveniência ao lado, além de um restaurante da Starbucks, é próximo ao início da Hollywood Road, próximo ao porto (para ir a Macau) e o metrô não fica muito distante. Abraço e obrigado pela visita ao blog!

  4. Cristiana

    Bom dia, Alessandro.
    Também sou de BH e coincidentemente chegarei a Hong Kong no dia 30/12/15. A unica diferença é que ficaremos uma semana a mais que vcs (voo de volta 12/01).
    Tenho algumas dúvidas… Se vc puder me ajudar seria ótimo.
    Quanto vc acha que seria uma boa carga inicial para o octopus? O Ocean Park vcs tambem usaram o octopus para entrar? os preços sao mais baratos/desconto com o octopus? ou é a mesma coisa e a unica facilidade e realmente a forma de pagar? Ulima pergunta sobre o octopus vc comprou assim que chegou no aeroporto?
    Um abraço e obrigada.

    • Alessandro Paiva

      Oi, Cristiana! Que vontade de ir também! Hong Kong é sensacional!

      Quanto ao Octopus, além do seu uso no transporte público, é um cartão aceito em quase todo lugar como nas lojas de conveniência, supermercados, restaurantes, estacionamentos, etc. É superprático, uma vez que dispensa senha, basta encostar no leitor e o pagamento é efetuado. O nosso, adquirimos numa estação do metrô. Na época, tivemos que efetuar um depósito caução de HK$ 50 (valor a ser restituído na entrega do cartão, ao final da sua estadia em HK) e uma carga inicial de, pelo menos, HK$ 100. As recargas podem ser realizadas nos pontos de venda e nas diversas lojas do 7 Eleven, McDonald’s, Starbucks, Vingo, entre outros. Achamos tão prático que resolvemos efetuar mais recargas. É aceito no Ocean Park também. Não há descontos pelo uso, pelo menos não me lembro disso. É apenas um serviço prático. Nunca vi nada mais inteligente! Quanto às recargas, acho melhor você ir controlando isso ao longo da sua estadia. Como vai ficar muitos dias, sugiro uma carga inicial de HK$ 300. Se você vir que está gastando pouco, concentre suas compras nele até esgotar o valor. Se não, a recarga é muito fácil. Só tem que estar atenta às entradas e saídas do metrô: passe o cartão quando cruzar a roleta para entrar e quando cruzar para sair.

      No mais, é isso. Qualquer coisa, é só perguntar 🙂

      Abraço e muito obrigado pela visita ao blog!

Deixe um comentário