O curry multissensorial de Kuala Lumpur

Estação Ferroviária de Kuala Lumpur (Stesen Keretapi Kuala Lumpur)

Estação Ferroviária de Kuala Lumpur (Stesen Keretapi Kuala Lumpur)

Embalados na ideia de diversificar nossos destinos turísticos, além de Hong Kong, escolhemos Kuala Lumpur para dar uma temperada no exotismo da nossa “excursão familiar” à Ásia, em janeiro deste ano. Na verdade, a proposta foi feita pelo Élcio, que encontrou um pacote super em conta para a capital da Malásia, partindo de Hong Kong. Embarcamos portanto eu, ele, sua mãe (Maria), minha mãe (Norma), minha irmã (Yáskara) e o Tião (meu cunhado).

Minha mãe, Maria, Tião, Yáskara, Élcio e eu, nas dependências do Palácio Nacional (Istana Negara), em Kuala Lumpur

Minha mãe, Maria, Tião, Yáskara, Élcio e eu, no Istana Negara (palácio Nacional), em Kuala Lumpur

Tempero é um termo que condensa todas as minhas impressões de Kuala Lumpur. Neste blog, já falei do conceito de imagem única, que defino como aquela forma, quase sempre distorcida, que vem às nossas mentes em uma fração de segundo quando pensamos em um local. Se penso em Kuala Lumpur, ou KL, como é conhecida por lá, tempero é a imagem única que me vem. Nessa concepção pessoal, sirvo-me de um “curry multissensorial”, preparado a partir da combinação de costumes, culturas, raças, línguas, comidas, cores, estilos arquitetônicos, aromas e sons.

PRIMEIRO DIA – Segunda-feira (6/1/2014)

Jalan Petaling

Chegamos a KL à noite. Fizemos check-in no Swiss Inn, em Chinatown, por volta das 20h30. Não demorou e já estávamos passeando pelas redondezas do hotel. Ficamos hospedados a um quarteirão da Jalan Petaling, rua que abriga um camelódromo de produtos em sua maioria falsificados. Entretanto, é muito interessante, que o digam os vários turistas estrangeiros que se acomodavam nos diversos restaurantes e barracas de comida do local. Ali, com o acompanhamento de uma cerveja, degustavam, principalmente, hokkien mee (espécie de macarrão oriental com vegetais, ovo, carnes e frutos do mar), ikan bakar (peixe na brasa), asam laksa (sopa à base de caldo de peixe) e macarrão ao curry.

Decoração da Jalan Petaling

Decoração da Jalan Petaling

Comércio na Jalan Petaling

Comércio na Jalan Petaling

Embora o comércio da Jalan Petaling e adjacências seja dominado pelos comerciantes chineses, havia também indianos, malaios e bangladeshianos. Fizemos um giro pela feira, para, em seguida, experimentar a culinária local em um restaurante do tipo espelunca. Aliás, na Petaling, todos os restaurantes podem ser classificados dessa forma. Se eram limpos, não posso afirmar com 100% de certeza, mas pirar em paranoia higiênica estava fora de cogitação. Aprendi nos programas de comidas exóticas que esse tipo de frescura não se aplica a esses locais, chegando a ser uma ofensa – é claro – aos comerciantes. Então, sem medo de sofrer uma futura diarreia, sentamo-nos à mesa branca de plástico forrada com um pano cor de rosa e solicitamos o menu.

O trauma provocado pela comida de Hong Kong fazia com que analisássemos o cardápio de cabo a rabo a fim de se evitarem escolhas desastrosas. Estávamos em um restaurante chinês, mas, diferentemente de Hong Kong, onde havíamos experimentado a culinária cantonesa, a comida chinesa da Petaling estava idêntica àquela que comemos no Brasil. Aliás, estava melhor!

Rolinho primavera servido em restaurante chinês da Jalan Petaling

Rolinho primavera servido em restaurante chinês da Jalan Petaling

Macarrão oriental servido em restaurante chinês da Jalan Petaling

Macarrão oriental servido em restaurante chinês da Jalan Petaling

De lá, fomos embora dormir.

SEGUNDO DIA – Terça-feira (7/1/2014)

Instana Negara, Lake Gardens, Hibiscus Garden, Bird Park, Orchid Garden, Masjid Negara, Dataran Merdeka, Petronas Twin Towers, Suria KLCC, KL Tower, Jalan Petaling

Eu havia definido um roteiro para aquele dia, mas o pessoal achou interessante experimentar a praticidade do ônibus sightseeing da empresa KL Hop-on Hop-off, que, como qualquer ônibus turístico do tipo, faz um trajeto cíclico com paradas nas principais atrações da cidade, onde se pode embarcar e desembarcar a qualquer momento. Como o bilhete é válido para uma jornada, teríamos que visitar o máximo de atrações possível.

Tião, Yáskara e Élcio, a bordo do ônibus sightseeing

Tião, Yáskara e Élcio, a bordo do ônibus sightseeing

Nossa primeira parada foi no belíssimo Istana Negara (Palácio Nacional), residência oficial do chefe de estado da Malásia, localizado na Jalan Duta, ao norte da cidade. Não é permitido visitar o palácio e seus jardins, então tivemos que nos contentar com a vista por trás do imenso portão.

Palácio Nacional

Istana Negara

Portão de entrada do Palácio Nacional

Portão de entrada do Istana Negara

A construção do palácio foi concluída em 2011. Seu estilo mistura elementos das arquiteturas islâmica e malaia, constituindo um complexo imponente.

Depois de fazer algumas fotos, embarcamos no próximo ônibus e seguimos nossa trajetória pela cidade.

Proximidades do Palácio Nacional. KL Tower ao fundo

Detalhe de letreiro que diz Daulat Tuanku (direito divino dos reis), próximo ao Istana Negara

Nossa próxima parada foi no Perdana Botanical Garden, também conhecido como Lake Gardens, um cinturão verde constituído por várias atrações ecológicas como o Hibiscus Park (parque dos hibiscos), o Orchid Garden (jardim das orquídeas), o Bird Park (parque dos pássaros), o Butterfly Park (parque das borboletas), entre outros. Primeiro, visitamos o Hibiscus Park. Não achei grande coisa, mas nossas mães jardineiras gostaram bastante.

Maria e Norma, no Hibiscus Garden

Maria e Norma, no Hibiscus Park

Maria, no Hibiscus Garden

Maria, no Hibiscus Park

Jardim dos Hibiscos

Hibiscus Park

Depois de apreciar os hibiscos, seguimos caminhando até a melhor atração do Perdana Botanical Garden: o Bird Park. Ali, existem cerca de 3.000 pássaros representando mais de 200 espécies.

Coruja do Bird Park (via Instagram)

Coruja do Bird Park (via Instagram)

Algumas aves ficam soltas pelo parque, com as quais é possível uma tímida interação.

Interajo tranquilamente com a garça-vaqueira, no Bird Park

Interajo tranquilamente com a garça-vaqueira, no Bird Park

Garça-vaqueira, no Bird Park

Garça-vaqueira, no Bird Park

Élcio e tântalo-branco tomam suas águas de coco, no Bird Park

Cegonha e Élcio tomam suas águas de coco, no Bird Park

Do Bird Park seguimos para o Orchid Garden. Assim como o parque dos hibiscos, não o achei muito interessante, principalmente por não estar tão florido. No entanto, mesmo assim, meus companheiros de viagem gostaram do local.

Orchid Garden

Orchid Garden

Tião, no Orchid Garden

Tião, no Orchid Garden

A parte mais interessante da ida àquele jardim foi poder assistir a uma breve encenação para uma novela malaia, que estava sendo filmada no local. Com certeza o casal que protagonizava a cena estava com problemas seríssimos de relacionamento. A mocinha encontrava-se desolada! Se não era por causa do namoro em frangalhos, talvez fosse por causa do calor. Fazia 8.376 °C e ambos estavam com roupa apropriada para um outono europeu.

É, fazia muito calor! Muito, muito calor! E nesse meio tempo, a Maria começou a se sentir mal. Era nítido seu desespero, pois estava a meio mundo de casa e adoecer ali seria terrível. O Élcio resolveu levá-la de volta ao hotel para que ela descansasse, esperando um pouco para avaliar se iriam ou não a um hospital. Conforme suspeitado, estava desidratada. Bastou muita água para o desconforto passar.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaSó não nos sentimos mais assustados com o problema da Maria porque tínhamos adquirido o seguro de viagem. Se ela tivesse piorado, bastaria conferir as instruções do documento do seguro e correr para um hospital. Por isso insisto que esse seguro nunca deve ser ignorado. Adoecer longe de casa, além do desconforto do paciente e do transtorno causado à viagem, pode custar muito caro. Portanto, amigo turista, jamais deixe de adquirir o seguro de viagens. Leia o contrato com bastante atenção e saiba como proceder numa situação de emergência.

Sem a Maria e o Élcio, embarcamos no próximo ônibus de frente para o Orchid Garden e seguimos até a Masjid Negara (Mesquita Nacional), situada não muito longe dali, na Jalan Lembbah Perdana. Eram 13h30 e a mesquita estava fechada para culto, sendo aberta aos não muçulmanos somente às 15h. Como nosso tempo era curto, conhecemos apenas a parte externa do templo.

Masjid Negara

Masjid Negara

A Masjid Negara foi fundada em 1965 em comemoração à independência da Malásia do domínio do governo Britânico. É a principal mesquita do país, o qual possui maioria islâmica, religião praticada primariamente pelos malaios e pelos grupos de indianos muçulmanos. Já em Kuala Lumpur, existe uma grande concentração de outras etnias, as quais têm seguidores de outras religiões como o budismo maaiana, o confucionismo e o taoísmo (praticadas pelos chineses), o hinduísmo (pelos indianos), e o cristianismo. A impressão que tive é que vivem em harmonia.

Como ficamos pouco tempo na Masjid Negara, teríamos que esperar um bocado pelo próximo ônibus turístico, que havia acabado de passar. Decidimos então seguir a pé pela Jalan Sultan Hishamuddin até a Dataran Merdeka (Praça Merdeka). O trajeto não foi tão longo, mas o calor castigava. Kuala Lumpur é uma sauna!

Dataran Merdeka

Dataran Merdeka

A Dataran Merdeka foi o local onde a bandeira do Reino Unido, a Union Jack, foi baixada para que se hasteasse a bandeira da Malásia, à meia-noite do dia 31 de agosto de 1957, quando esse país se tornou independente. Até essa data, a praça simbolizava a soberania britânica. Acomodava um campo de críquete para os administradores da colônia e sediava, em uma de suas extremidades, o Royal Selangor Club, o mais exclusivo clube para brancos.

De frente para a praça, está o belíssimo Bangunan Sultan Abdul Samad (edifício Sultão Abdul Samad), que abriga os ministérios da Informação, da Comunicação e da Cultura.

Bangunan Sultan Abdul Samad

Bangunan Sultan Abdul Samad

Naquele momento, estávamos nos contorcendo de calor. Eu não tinha paciência nem para fotografar! A praça é imensa, porém não havia uma sombra sequer, a não ser uma projetada pelo gigantesco mastro da bandeira nacional, onde parei para me recuperar da quentura. E olha que vi gente de paletó por ali!

À sombra da haste da bandeira, na Dataran Merdeka

À sombra da haste da bandeira, na Dataran Merdeka

Minha mãe, na Dataran Merdeka

Minha mãe, na Dataran Merdeka. Edifício colonial do Royal Selangor Club ao fundo

Demos uma parada para almoçar ali ao lado, onde acessamos a internet e tivemos notícias de que a Maria estava bem. Logo depois, seguimos em busca do ponto do ônibus turístico na Merdeka. Somente depois de muita procura debaixo do sol esturricante é que descobrimos que o ponto fica no início da praça, próximo à bandeira. Estávamos na outra extremidade daquela sauna ao ar livre, e, para esquentar o momento, o ônibus estava prestes a partir. Então corremos desesperados por uns 100 metros. Complementando a estadia não tão perfeita pela região, somente agora descobri que deixamos de visitar a Masjid Jamek, uma das mesquitas mais antigas e belas da Malásia, situada na confluência dos rios Kelang e Gombak, a um quarteirão da praça quente. Que merd…eka, viu! Enfim, bastante suados, pegamos o ônibus e continuamos o roteiro.

Cada quarteirão percorrido era uma afirmação dos contrastes de Kuala Lumpur. Deixamos para trás uma cidade verde e de áreas abertas para entrar em uma selva de belos arranha-céus.

Arranha-céus de Kuala Lumpur

Arranha-céus de Kuala Lumpur (via Instagram)

Horizonte de arranha-céus de Kuala Lumpur. Destaque para as Petronas Twin Towers

Horizonte de arranha-céus de Kuala Lumpur. Destaque para as Petronas Twin Towers

Enquanto nuvens carregadas se formavam nos céus de Kuala Lumpur, descemos do ônibus para conhecer as famosas Petronas Twin Towers, que figuram entre os edifícios mais altos do mundo, símbolo máximo daquela selva de arranha-céus. Essas torres gêmeas possuem 88 andares distribuídos por 452 metros de altura. São fascinantes!

Petronas Twin Towers

Petronas Twin Towers

Debaixo daquilo tudo, tive que reservar um instante para olhar para cima e entender tanta imensidão. Juro que fiquei confuso! São tão altas, mas tão altas, que, para mim, pareciam baixas. Eu precisava de algo – tipo um caminhão – para colocar no topo dos prédios e assim compreender suas reais dimensões. Talvez essa ilusão de ótica me foi causada pela fachada inusitada, com variações complexas inspiradas na arte islâmica. Enfim, acho que eu estava era tendo um surto de deslumbre à mineira.

Eram 16h20 quando tentamos subir ao topo de uma das torres, mas, infelizmente, as visitas para aquele dia haviam se esgotado. Uma funcionária do local nos orientou a voltar num outro dia, às 8h30, horário de abertura da bilheteria, pois o número de ingressos são limitados.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaA visita às Petronas Twin Towers pode ser feita de terça a domingo, das 9h às 21h, exceto nas sextas-feiras, das 13h às 14h30 – provavelmente em razão dos cultos islâmicos, que acontecem nesse período. O turista pode comprar o ingresso na própria bilheteria ou através do site www.petronastwintowers.com.my. Se você é uma pessoa preguiçosa como eu, que detestaria ter que chegar às 8h30 da madrugada só para comprar um ingresso, seja prático e garanta sua subida nas Petronas pela internet.

Sem poder subir nas torres, aproveitamos e demos uma passada no shopping center Suria KLCC, localizado debaixo das Petronas, onde fizemos uma visita que deveria ter sido breve. Contudo, tivemos que esticar nossa permanência no local. Ao nos dirigirmos à saída do shopping, demos de cara com um dilúvio do tipo mitológico. Impossível atravessar aquele paredão esbranquiçado! Só não ficamos muito frustrados porque esperávamos por isso. Em Kuala Lumpur, chove muito, e seria como ganhar na loteria passar alguns dias por lá sem que um temporal encharcasse nosso passeio.

O aguaceiro diminuiu, mas não cessou. Já estava passando da hora de ir para a próxima atração. Então, debaixo de chuva e pisando em poças, embarcamos no ônibus turístico – cheio de goteiras – e descemos no ponto da Menara Kuala Lumpur (ou KL Tower), uma torre de comunicações cuja antena atinge 421 metros.

À medida em que caminhávamos em direção à KL Tower, parcialmente escondida entre as nuvens herdadas da chuva que acabara de desabar, nossas expressões desiludidas se acentuavam. A melancolia era exponenciada por uma Maria doente, uma mesquita fechada, uma praça em que o sol escaldava, uma subida frustrada às Petronas e um dilúvio que resultou em pés atolados e num ônibus gotejante. Para encerrar essa sequência desastrada, tínhamos aquele cenário nublado, sem direito a uma vista panorâmica lá de cima da torre.

KL Tower, parcialmente coberta pelas nuvens

KL Tower, parcialmente coberta pelas nuvens

Fazer o quê… Já que estávamos ali, por que não subir e conhecer o observatório da torre, mesmo sem ter nada para ver lá de cima? Até a moça da bilheteria, num tom de I book my face (livro a minha cara), orientou-nos a esperar para que as nuvens se fossem, pois não veríamos nada e nosso dinheiro não seria devolvido por isso. Não hesitamos e subimos mesmo assim, desconsiderando o conselho da bilheteira pessimista. Opção correta! Aquele foi o melhor momento do século para estar ali! Fomos surpreendidos por um panorama espetacular de prédios imersos numa névoa que se dissipava rapidamente. Aos poucos, a cena urbana ia se transfigurando e a beleza da cidade surgia gradativamente.

Kuala Lumpur vista da KL Tower

Kuala Lumpur vista da KL Tower

Petronas Twin Towers vistas da KL Tower

Petronas Twin Towers vistas da KL Tower

A torre também serve como um observatório, onde religiosos muçulmanos contemplam a lua crescente que marca o início do Ramadã, do Syawal, e do Dhu al-Hijjah, nono, décimo e décimo segundo meses do calendário islâmico, respectivamente.

Kuala Lumpur vista da KL Tower

Kuala Lumpur vista da KL Tower

No observatório, existem várias lojinhas de souvenir. Os preços eram até bons, por isso aproveitamos para comprar algumas lembrancinhas. Um outro andar abriga um restaurante giratório, mas que preferimos não visitar. Essas atrações costumam ser armadilhas para turistas até mesmo ali, em Kuala Lumpur, cidade de baixo custo.

Kuala Lumpur vista da KL Tower

Kuala Lumpur vista da KL Tower

Lá de cima, também era possível ver o caos em que o trânsito havia se transformado. Não foi por causa da chuva, mas porque Kuala Lumpur é assim: congestionada. Para agravar a confusão, a cidade vem passando por grandes obras de reestruturação do transporte público – disso eu morro de inveja –, com interdição de algumas ruas e grandes avenidas. Sem esquecer dos motoqueiros de lá, que não são os melhores condutores do mundo. Avançam sinais, invadem as calçadas (é preciso estar atento!) e tudo mais que se sentem no direito de fazer. Enfim, isso faz parte do curry multissensorial.

Trânsito de Kuala Lumpur visto da KL Tower

Trânsito de Kuala Lumpur visto da KL Tower

Deixamos a torre e nos dirigimos ao ponto do ônibus turístico, que demorou para chegar devido ao trânsito engarrafado. Ao embarcar, ficamos sabendo que ele funcionaria até as 20h e que, nesse horário, iria parar de rodar onde estivesse. Como as ruas estavam congestionadas, praticamente paradas, começamos a ficar tensos. O ponto do hotel estava bem distante, considerando o trajeto circular que o ônibus ainda tinha que cumprir. Quanto mais rodávamos, mais nos afastávamos geograficamente do nosso destino final. Preferimos portanto desembarcar antes que o ônibus encerrasse seu expediente e as coisas piorassem, pois não havia outra alternativa de transporte, senão arriscar um táxi naquelas ruas embananadas. Isso estava fora de cogitação. Sem solução e exaustos até para começar uma resmungação em família, engolimos a impaciência, ativamos o ungido Point Me There no iPhone e seguimos a pé em direção ao hotel. Esse recurso do aplicativo TripAdvisor City Guides salvou nossas vidas! É uma espécie de bússola, que você seleciona o destino e ele aponta a direção a ser seguida, mostrando inclusive a distância restante em metros ou quilômetros. Nossa caminhada durou 45 minutos, então você consegue imaginar a alegria em que ficamos quando o Point Me There “disse” que faltavam apenas 200 metros.

Já passavam das 20h30 quando chegamos ao hotel. Eu estava pregado, mas não dispensava uma janta ali ao lado nos restaurantes toscos da Jalan Petaling. Juntei-me ao Élcio e ao Tião e para lá fomos. As mocinhas preferiram ficar no hotel descansando.

Comemos uma espetacular e extra picante comida chinesa acompanhada de uma cerveja malaia supergelada. Satisfeitos, retornamos para o hotel.

Quando lembro das viagens que já fiz, aquele dia estava longe de ser um dos meus favoritos. As coisas não correram conforme o planejado, fomos surpreendidos com alguns incidentes e o improviso foi deficiente. Eu já olhava torto para Kuala Lumpur e torcia para que os outros dias fossem melhores. E foram!

TERCEIRO DIA – Quarta-feira (8/1/2014)

Batu Caves, Central Market, fish spa, Sri Mahamariamman Temple, Guan Di Temple, Jalan Petaling, Bukit Bintang, Jalan Alor

Começamos o roteiro daquela quarta-feira por uma das atrações mais bacanas e exóticas da Malásia: Batu Caves, uma colina de rocha calcária que possui uma série de cavernas e templos, localizada no distrito de Gombak, 13 quilômetros ao norte de Kuala Lumpur. É um local de adoração hinduísta, ponto turístico imprescindível para quem visita a cidade.

Dica - Fui e Vou Voltar - Alessandro PaivaPara chegar lá é simples. Basta pegar a linha vermelha do trem KTM Komuter em direção à estação Batu Caves e descer nesta, que é a última parada. O bilhete custou 1RM, que na cotação do dia valia baratos R$ 0,72. A viagem durou mais ou menos meia hora, considerando que partimos da estação Kuala Lumpur.

O passeio ficou interessantíssimo logo no desembarque. Na saída da estação, é quase impossível se desvencilhar da estátua de 15 metros de Hanuman, um deus macaco do hinduísmo.

Estátua de 15 metros do deus hindu Hanuman

Estátua de 15 metros do deus hindu Hanuman, em Batu Caves

Mesmo tendo achado a estátua de Hanuman sensacional, declaro a minha aversão a macacos. No entanto, era preciso entrar em alfa, pois cruzaríamos com centenas de símios naquela manhã. Batu Caves é lotada deles! Quando pesquisei sobre o local, fiquei sabendo a região é habitada pela espécie Macaca fascicularis, e que a interação com esses primatas tem que ser cautelosa. Ouvi dizer que eles furtam sacolas e demais pertences dos turistas, além de possuir um comportamento agressivo. Visitante que dá bobeira acaba virando vítima dessas gracinhas feiosas. São safados! Pior: se o turista tentar puxar a sacola de volta, o macaco entende aquilo como guerra declarada, que pode culminar numa mordida sinistra. Ah, e nem pensar de fazer contato visual! Eles enlouquecem.

Macaca fascicularis, em Batu Caves

Macaca fascicularis, em Batu Caves

Macaca fascicularis com filhote, em Batu Caves

Macaca fascicularis com filhote, em Batu Caves

Minha mãe estava achando que a macacada era que nem os cachorros daqui de casa. Faltou abraçá-los! “Mãe, cuidado com esse bicho! Isso não presta!”. Enfurecida com a minha rabugice, retrucou: “Deixe de ser implicante! Coitadinhos! Olha que lindos!” E começou a alimentá-los com frutas oferecidas por um cidadão local, que também os dava de comer.

Segui caminho afora alertando para o risco de um ataque, recebendo respostas do tipo “você é chato”, “para de implicar com os bichinhos”, “não te eduquei dessa maneira” etc. Até que, mais adiante, um grupo de indianos teve sua sacola furtada por um macaco. Vitorioso, olhei de soslaio para minha mãe e vi que ela abraçava seus pertences, tensa, embora tentasse esconder isso.

Macaco rouba sacola de turista em Batu Caves

Macaco rouba sacola de turista em Batu Caves

Essa minha paranoia é só porque não gosto de macacos, muito menos me simpatizei com o tal Macaca fascicularis. Ele não transmite o efeito fofura, é feio de dar dó e suas expressões e abordagens não me inspiravam confiança (o que foi confirmado). Porém, eram um dos principais atrativos de Batu Caves. Como não rir das turistas adolescentes que gritavam aterrorizadas ao mínimo movimento daqueles animais? Ou da cara de ódio das pessoas que foram furtadas ou apenas sofreram uma tentativa de furto? Diverti-me um bocado.

Continuamos nossa curta caminhada rumo às cavernas, embelezada pela decoração dos templos e dos santuários e pela tradição hindu.

Decoração de templo hindu, em Batu Caves

Decoração de templo hindu, em Batu Caves

Batu Caves

Cave Villa, em Batu Caves

Chegamos à atração mais emblemática de Batu Caves: a majestosa estátua de Murugan, o deus hindu da guerra, da vitória, da sabedoria e do amor.

Estátua de Murugan, em Batu Caves

Estátua de Murugan, em Batu Caves

Completamente dourada, a estátua possui 42,7 metros e sua construção foi concluída em 2006.

Estátua de Murugan, em Batu Caves

Estátua de Murugan, em Batu Caves

O complexo de Batu Caves é composto por três cavernas principais e por outras menores, descobertas em 1892. Para chegar a elas é preciso escalar intermináveis 272 degraus, que se iniciam aos pés de Murugan. A subida é tortuosa, porém o turista tem a opção de parar para assistir às artimanhas dos queridos macacos, que espalham um pouco de pânico por ali. Só tem que ficar atento às bolsas!

Escadaria que leva às cavernas de Batu Caves

Escadaria que leva às cavernas de Batu Caves

A maior das cavernas é conhecida como Cathedral Cave ou Temple Cave. Possui 100 metros de altura, sendo iluminada pela luz que entra por uma enorme abertura ao fundo.

Temple Cave

Temple Cave

Temple Cave

Temple Cave

Alguns santuários dão um toque superespecial ao local, representando exotismo para os turistas e fé para os hindus.

Decoração de um dos santuários da Temple Cave

Decoração de um dos santuários da Temple Cave

Decoração de um dos santuários da Temple Cave

Decoração de um dos santuários da Temple Cave

Maria, em santuário dedicado a Shiva Nataraja, na Temple Cave

Maria, em santuário dedicado a Shiva Nataraja, na Temple Cave

E dá-lhe macacos! Estou até sendo um pouco injusto com os pobres coitados. Não são tão ordinários assim, mas todo cuidado é pouco.

Macaco prepara-se para furtar sacola de turista, na Temple Cave

Macaco prepara-se para furtar sacola de turista, na Temple Cave

Logo abaixo da Temple Cave está a Dark Cave. O passeio ao seu interior é guiado e dura cerca de 45 minutos. Preferimos não fazê-lo.

Nosso tour em Batu Caves durou cerca de uma hora e meia. De lá, pegamos o trem de volta até estação Kuala Lumpur. Desembarcamos e caminhamos até o Central Market, o mercado central da cidade, situado às margens do rio Kelang, na Jalan Benteng.

Central Market

Central Market

Vi boas referências quando pesquisei sobre o mercado central, mas as expectativas foram superadas. Depois de almoçar em um de seus restaurantes, descambamos numa compração fora do comum de roupas, souvenirs, acessórios e bugigangas em geral. Os preços são muito bons e a variedade de artigos enche os olhos até dos menos consumistas.

Central Market

Central Market

Para desestressar após um dia cheio de macacos, escadarias e compras, presenteamo-nos com um extraordinário tratamento feito por peixes pedicure (ou peixes médicos) num fish spa do Central Market. O procedimento consiste em mergulhar os pés numa pequena piscina cheia desses peixes, que consomem a pele morta e deixam os pés macios e prontos para uma nova batida de perna. Aquilo é programa obrigatório em Kuala Lumpur!

Eu, no Fish spa do Central Market

Eu, no fish spa do Central Market

No começo, sente-se uma aflição do cão, mas bastam 5 minutinhos para que o cliente se deleite com as mordiscadas dos famintos pedicures. E foi divertidíssimo sentarmos os cinco juntos ao redor daquela piscina tipo Regan – era um fish spa popular –, assistindo aos clientes recém-chegados que manifestavam o mesmo ataque de faniquitos que tivemos assim que enfiamos os pés na água.

Peixes pedicure cuidam dos meus pés, no fish spa do Central Market

Peixes pedicure cuidam dos meus pés, no fish spa do Central Market

Deixamos o mercado. Estávamos bem próximo ao hotel e ainda visitaríamos algumas atrações por ali. Primeiro, fomos ao belíssimo Sri Mahamariamman Temple, o mais antigo e mais rico templo hindu da Malásia. Localiza-se na Jalan Tun H. S. Lee, rua paralela à Jalan Petaling, em Chinatown.

Entrada do Sri Mahamariamman Temple

Entrada do Sri Mahamariamman Temple

Sri Mahamariamman Temple

Sri Mahamariamman Temple

Como todo templo hindu, é preciso que se tirem os sapatos. Os desavisados serão advertidos pelos fiéis do local.

Sri Mahamariamman Temple (via Instagram)

Deus Murugan, no Sri Mahamariamman Temple (via Instagram)

Sri Mahamariamman Temple

Sri Mahamariamman Temple

Sri Mahamariamman Temple

Sri Mahamariamman Temple

Bem próximo ao Sri Mahamariamman, também na rua Tun H. S. Lee, está o templo taoista de Guan Di, o deus da guerra. Ali, existe um mastro de 59 quilos feito de cobre chamado Guan Dao, que, segundo muitos fiéis, possui poderes especiais para abençoar e proteger aquele que o tocar ou mesmo o levantar. Fiquei sabendo disso somente agora.

Guan Di Temple

Guan Di Temple

Detalhe da decoração do Guan Di Temple

Detalhe da decoração do Guan Di Temple

O templo é uma atração certamente espetacular, mas, uma semana antes, estivemos em Hong Kong, onde visitamos tantos outros templos daquele tipo. Portanto, o Guan Di já não era novidade. Contudo, é atração obrigatória para quem vai a Kuala Lumpur, bem como outros templos chineses, hindus e islâmicos. Acredito que parte da essência daquilo que defini como curry multissensorial advém da influência dos diversos grupos religiosos da cidade. Para o turista ocidental, a curiosidade – muitas vezes a satisfação – não reside em uma questão de fé ou de crença, mas no fato de se intrigar com o contraste que essas culturas proporcionam. Num determinado momento, o visitante encontra-se imerso em um universo muçulmano, mas basta dobrar uma esquina para se deparar com um local de adoração hindu, ou atravessar uma rua para entrar em um templo chinês. Para mim, esse é um dos principais motivos para se visitar Kuala Lumpur, cidade predominantemente islâmica, que possui, entre outras comunidades menores, a Little India e a Chinatown. É claro que ali existem os atritos dessa convivência multiétnica e plurirreligiosa, mas não tive tempo para percebê-los. Talvez sejam mesmo insignificantes.

Antes de retornar ao hotel, demos uma passada rápida na Jalan Petaling para esmiuçar a feira e tentar achar algo de qualidade para comprar. Esforço em vão, conforme esperado.

Jalan Petaling
Jalan Petaling

Reservamos a noite para uma ida a Bukit Bintang. Também conhecida como Bintang Walk ou Starhill, é um lugar de compras e entretenimento, onde a Jalan Bukit Bintang é a rua principal – daí o nome da região – e as imediações complementam com suas atrações variadas. Os belorizontinos vão me entender melhor: Bukit Bintang é a Savassi de Kuala Lumpur. Para ir lá, pegamos o monorail (MR) na estação Maharajalela, que fica próxima ao hotel, e descemos na Bukit Bintang. Super prático!

Crystal Fountain do Pavilion Mall, em Bukit Bintang

Crystal Fountain do Pavilion Mall, em Bukit Bintang

As mães preferiram ficar no hotel, então os adolescentes aproveitaram para beber mais do que o normal. Como não conhecíamos o bairro, resolvemos dar uma circulada. Na procura por um lugar para passar a noite, acabamos achando a Jalan Alor, um local voltado à gastronomia de rua. É uma das atrações imperdíveis de Kuala Lumpur. Seus inúmeros restaurantes e barracas de comida encontram-se espalhados ao longo da rua, enquanto mesas e cadeiras invadem o asfalto e disputam o espaço com os poucos carros que tentam transitar por ali. Eu havia reservado essa atração para o dia seguinte, mas já que estávamos ali diante de tanta opção de comida – e famintos! –, por que não puxar uma cadeira de plástico para degustar um delicioso prato típico?

Jalan Alor

Jalan Alor

Os restaurantes e barracas da Jalan Alor são, em sua grande maioria, tipicamente chineses. Os cardápios são bem variados e mostram a foto dos pratos. Os preços são muito bons e a comida é melhor ainda. A rua não prima pela elegância, de fato é uma coisa meio copo-sujo. Durante o dia, seu movimento é morto, mas basta escurecer para empapuçar-se de gente disposta a sair dali impregnada pelo delicioso perfume da melhor comida de Kuala Lumpur.

Comemos bastante, é claro! Eu e o Élcio pedimos um prato hiperpicante – nada que uma cerveja gelada não resolvesse –, enquanto a Yáskara e o Tião fizeram a linha oriental light, escolhendo um menu à base de frutos do mar, com pratos sofisticados para os padrões internacionais, mas tradicionais e de certa forma acessíveis para o cidadão malaio. Cinco estrelas para a Jalan Alor! Aquela rua é uma das mais deliciosas representações do curry multissensorial de Kuala Lumpur.

Frango picante com legumes, na Jalan Alor

Frango picante com legumes, na Jalan Alor

Prato feito de escargot, na Jalan Alor

Prato de escargots, na Jalan Alor

Satisfeitos, deixamos a Jalan Alor e voltamos à Jalan Bukit Bintang, onde entramos em um bar ao ar livre chamado Piccolo Mondo, que parecia ter um movimento interessante. Sim, bem interessante! Havia alguns poucos turistas por lá. A maioria dos clientes era composta por cidadãos locais. Enquanto uns fumavam narguilé, duas ou três garotas ficavam à espera de uma oportunidade para fazer negócios, e outras, já sucedidas naquela noite, iam e vinham com seus contratantes. Nesse meio tempo, um rapaz iraniano apresentava, por sua conta e risco, uma espécie de dança do ventre na calçada e entretinha os transeuntes. Como nos divertimos! Era um bar pouco familiar, mas antropológico.

Com o funcionamento do monorail já encerrado, pegamos um táxi e fomos embora. Felizmente, não tivemos problemas com o taxista, conforme acontece em várias capitais estrangeiras.

QUARTO E ÚLTIMO DIA – Quinta-feira (9/1/2014)

Komplex Kraft, Aquaria KLCC, KLCC Park, Petronas Twin Towers, Lake Symphony, Bukit Bintang, Jalan Alor

Começamos aquele último dia em KL com uma visita ao Komplex Kraft Kuala Lumpur, um centro de artesanato localizado na 63 Jalan Conlay, próximo à região de Bukit Bintang, a alguns quarteirões do Pavilion Mall. Para chegar até lá, pegamos o monorail e descemos na estação Bukit Bintang. Mas se tivéssemos descido na Raja Chulan, uma estação depois, teríamos andado menos. Erros de planejamento acontecem. Aproveito e recomendo aos turistas que embarcarem no monorail para ficar à esquerda do vagão, de onde se tem uma vista da belíssima mesquita Al-bukhari, localizada um pouco antes da estação Hang Tuah.

Mesquita Al-bukhary

Mesquita Al-bukhari

Por estar um pouco escondido, o Komplex Kraft não atrai muitos turistas – ali éramos somente nós cinco –, mas vale a pena a visita, principalmente para aqueles que gostam de comprar artigos típicos ou souvenirs.

Komplex Kraft Kuala Lumpur

Ateliers do Komplex Kraft Kuala Lumpur

Tão bacana quanto comprar algumas bugigangas é poder descer até os ateliers e ver alguns artistas produzindo seus artefatos. São ceramistas, pintores, escultores e tantos outros profissionais dispostos a mostrar seu modo de fazer e a vender seus produtos. Minha mãe mesmo comprou umas tintas especiais e demais instrumentos para pintar tecidos finos.

Deixamos o Komplex Kraft e seguimos caminhando até o Aquaria KLCC, um oceanário que abriga mais de 5.000 animais terrestres e aquáticos da Malásia e do mundo. KLCC é a sigla para Kuala Lumpur City Centre, uma área projetada para ser uma cidade dentro de uma cidade, ocupada por enormes arranha-céus, um shopping center, hotéis, escritórios, um parque público, uma mesquita, entre outros. É coisa de altíssimo nível! Então o Aquaria KLCC não poderia ser diferente.

Já estive em oceanários como o de Lisboa, o de Barcelona, o de Nova Orleans e o de Hong Kong. Se aquele de Kuala Lumpur não for o melhor, é o segundo melhor. O ponto alto da visita ao Aquaria foi assistir ao mergulhador que entrou em um dos aquários e alimentou milhares de peixes, tartarugas pidonas e arraias aparecidas, estas dando um show de carisma ao nadar bem rente ao vidro e “sorrir” com suas as fendas branquiais. Os espectadores murmuravam “ówwnnn!”.

Arraia aproxima-se do vidro, no Aquaria KLCC

Arraia aproxima-se do vidro, no Aquaria KLCC

Ao final da apresentação, o mergulhador, ainda dentro do aquário, posou para fotos com cada um da plateia que quisesse um retrato.

Yáskara posa junto ao mergulhador, no Aquaria KLCC

Yáskara posa junto ao mergulhador, no Aquaria KLCC

Após visitar o oceanário, almoçamos em uma praça de alimentação localizada logo na saída. Em seguida, subimos as escadas rolantes e nos deparamos com o KLCC Park, uma área verde projetada pelo nosso célebre conterrâneo Roberto Burle Marx. Segundo ele, O KLCC Park foi criado para “deixar o mundo um pouco mais sensibilizado e um pouco mais educado em relação à importância da natureza.”

KLCC Park

KLCC Park

O parque é um projeto paisagístico que integra a natureza tropical e a influência humana, inserindo uma atmosfera de muita calmaria e relaxamento em um espaço dominado pelo alvoroço urbano. Caminhando por ali, eu tinha a sensação de que as irmãs Petronas tentavam a todo momento roubar a cena protagonizada pelo parque, mas elas eram só um complemento. Aliás, a principal função do KLCC Park é prover área verde para as imediações das torres gêmeas.

Petronas vistas do KLCC Park
Petronas vistas do KLCC Park

No parque, há uma piscina de livre acesso. Não sei se o visitante pode banhar-se completamente, mas caminhar pelas águas é permitido. Existe um espaço delimitado nas margens onde não se pode usar sapatos, e quem burla essa regra é energicamente advertido pela inflexível fiscal do parque. Enquanto estávamos ali, uma dupla de árabes – talvez desavisados – posava calçada para fotografias. Não demorou para a senhora de modos grotescos bradar de peito aberto. Mêda!

Piscina do KLCC Park

Piscina do KLCC Park

Deixamos o KLCC Park e seguimos para mais uma visita às Petronas Twin Towers, mesmo sem subir ao topo. Conseguimos inclusive assistir a uma palhinha do que seria o show da fonte do Lake Symphony, um lago artificial localizado atrás do shopping Suria KLCC, na base das torres. A fonte esguicha água a uma altura de 42 metros, com espetáculos diários ao meio-dia e à noite. Ainda era de tarde, então não vimos a apresentação completa, com música e luzes coloridas sincronizadas. Uma pena! Na próxima ida a Kuala Lumpur – tomara que eu volte lá –, é certo que reservarei uma noite para assistir ao show do Lake Symphony. Pelo que acabo de ver pela internet, é algo sensacional!

Fonte do Lake Symphony, no KLCC Park
Fonte do Lake Symphony, no KLCC Park

Deixamos as torres gêmeas e voltamos para o hotel. Tínhamos que organizar nossas malas, afinal partiríamos de volta para o Brasil no dia seguinte. Logo depois, fomos mais uma vez a Bukit Bintang para que nossas mães conhecessem o local. É claro que demos uma esticada até a Jalan Alor! Precisávamos celebrar aquele finalzinho de viagem com muita comida boa e cerveja.

Na Jalan Alor

Na Jalan Alor

Igual na noite anterior, após encher a barriga de comida na Jalan Alor, tomamos uma no Piccolo Mondo, aquele bar pouco familiar de Bukit Bintang. Falamos tanto do dançarino iraniano que minha mãe queria muito vê-lo fazendo sua performance. Mas, como toda senhora conservadora, não gostou do estabelecimento. Voltamos então para o hotel. Nosso passeio em KL havia chegado praticamente ao fim.

Embora tivéssemos visitado bastante coisa, acredito que, para conhecer bem a cidade, precisaríamos de mais um dia. Deixamos de ir a lugares como a comunidade indiana Little India, o templo chinês de Thean Hou, o templo indiano Sri Kandaswamy Kovil, o Islamic Arts Museum (Museu de Artes Islâmicas), o Muzium Negara (Museu Nacional da Malásia) e Putrajaya (capital administrativa), todos atrações importantes de Kuala Lumpur. Sem falar dos locais que tentamos visitar, mas que estavam fechados. Contudo, nosso roteiro foi bem sucedido, mesmo com todos os intempéries. E voltamos para casa felizes. Hong Kong e Macau tinham sido um sucesso e Kuala Lumpur finalizou nossa viagem temperando-a com seu delicioso curry multissensorial, especiaria não exportável, disponível somente naquela que é uma das cidades mais exóticas que já conheci.

Fui e vou voltar - Alessandro Paiva

contato@fuievouvoltar.com


Para ajudá-lo no planejamento do seu roteiro, marquei no mapa abaixo as atrações discorridas neste post e algumas não visitadas. Acesse o mapa e escolha os pontos turísticos desejados. Não se esqueça de calcular o tempo de permanência em cada local, levando em consideração se a visita é interna ou somente externa. Para visualizar o mapa no Google Maps, clique em “View Larger Map“.

Sobre Alessandro Paiva

A graphic designer who loves cocktail and travelling. Check my cocktail blog at pourmesamis.com, my travelling blog at fuievouvoltar.com and my graphic design portfolio at www.alessandropaiva.com.

Um Comentário

  1. Letícia

    Muito lindas as fotos e os lugares! Achei muito interessante a dica que você colocou sobre o seguro de viagem! Eu também já passei um sufoco por que viajei sem! Agora não viajo se não tiver meu seguro viagem! Eu uso o da Turistcard, é muito bom mesmo! Segue o link se você quiser dar uma olhada: http://bit.ly/touristcard

    • Alessandro Paiva

      Oi, Letícia! Valeu a dica! As pessoas não sabem que existem várias empresas que oferecem o seguro e acabam optando pelo mais caro.

      Grande abraço e muito obrigado 🙂

  2. Alfredo Lemos

    Belas fotos!
    Parabéns pelo relato!

  3. Idenize Cruz

    Ola! Fiquei encantada com o seu texto, vou pra hong kong e pretendo ir a Kl tbm, gostaria de saber como vcs arrumaram a excursão pra lá, como vc conentou! Obrigada..

    • Alessandro Paiva

      Oi, Idenize! Muito obrigado, seja sempre bem-vinda ao blog.

      Na verdade, compramos apenas o pacote da passagem e o hotel por conta própria, não fomos de excursão. Se não me engano, foi pelo booking.com. Ficou bem em conta.

Deixe um comentário